Flávio Gomes escreveu isto no seu Blog da Copa. O Rob Gordon achou bom, mas quixotesco; o Gravataí Merengue achou que era um monte de merda e devolveu com isto. E eu? Eu vou de mundo corporativo, sindicatos, verminose e outros bichos.
A CNI (todos devem saber) é a Confederação Nacional das Indústrias, entidade sem fins lucrativos que congrega as Federações das Indústrias estaduais (FIESP, FIRJAN, etc.). O mesmíssimo esquema que temos na CBF, a entidade que congrega as federações futebolísticas. Mas existe uma diferençazinhaaí: A CNI existe para defender os interesses das indústrias, e a CBF existe para defender os interesses DELA MESMA (como se autônoma fosse).
A CBF é uma fábrica de futebol disfarçada de entidade de classe que ganha MUITO dinheiro arrancando temporariamente jogadores dos clubes e vendendo sua própria imagem – construída, é claro, pelos clubes e seus atletas -, mas dá uma banana a todos eles.você, que torce pro teu time de coração (NINGUÉM aqui TORCE PRA CBF, ok?), se contenta com a sobra (Washington, Souza, Marquinhos…). Aí, a cada quatro anos, você pode se deleitar com os craques que nunca viu ou verá jogar no estádio. Exatamente como as seleções africanas, não? Afinal, quem elege o presidente da CBF são as entidades regionais. Para a CBF, TANTO FAZ ONDE O CARA JOGUE, ela convoca do mesmo jeito. Se os clubes brasileiros quebrarem, FODA-SE, aqui é um criadouro de craques, exporta pra quem pagar melhor e
Em última análise, não faz sentido a qualquer um ser representado por alguém que visa ao lucro ou obtém superávits absurdos praticando a mesma atividade que você (a CBF “não visa ao lucro”, mas superávit não falta por lá e ela “tem um time”), pois, em vez de representante, o ente classista pode tornar-se inimigo do associado que diz representar, caso seu próprio interesse assim exija. Alguém imagina a CNI montando uma “fábrica temporária” de carros com empregados e máquinas “convocadas” da FIAT, VW, Ford? Pois é, então.
Ah, mas quem elege as federações regionais são os clubes! Claro, naquele velho esquema onde o votodo SPFC, do SCCP ou qualquer clube grande vale o mesmo que o do Atlético Sorocaba do Reverendo Moon. E é exatamente aí que reside a diferença entre a CNI e a CBF: se entre as indústrias existe articulação política para que o presidente da FIESP seja alguém comprometido com os associados e eleja, consequentemente, para a CNI alguém com as idéias desses mesmos associados,para a FPF é eleito alguém de interesse DA PRÓPRIA CBF. E como ela é a única entidade classista capaz de gerar receita “própria” e é fiscalizada por ninguém, quem entra não larga o osso! Isto explica o porquê do Ricardo Teixeira estar lá há 21 longos anos. E ficará quanto mais tempo desejar. E colocará em seu lugar quem ele quiser. E os clubes permanecerão na pindaíba que estão, dependendo, de tempos em tempos, de “operações salvadoras” como timemanias, REFIS e outras benesses governamentais. As indústrias também quebram – e também recebem benesses governamentais -, mas não por ingerência ou CONCORRÊNCIA da CNI ou da FIESP.
E a solução? os CLUBES têm de eleger seus representantes de classe. Mas como, se a estrutura não muda? ORA, CORROMPA-SE a estrutura! Os grandes clubes têm de se ASSOCIAR aos pequenos,montando células à prova de corrupção Cebeefense e lançar candidatos próprios, que contarão com os votos dos grandes E dos pequenos associados. Uma maioria constituída fora dos corredores das federações. É muito mais fácil, rápido e democrático do que ficar lutando contra o “voto unitário”, coisa que alguns fazem há 20 anos e não dá em nada.
Do jeito que está aí, os clubes ficarão sempre fracos, mas a CBF será cada vez mais forte, como uma lombriga que enfraquece o hospedeiro e cresce sem parar dentro de seu intestino. Dizem que lombriga mata o homem, mas demora bastante. Vão esperar até quando?
By: Com Fel e Limão, via Com textolivre
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