Introdução
Muitas vezes é difícil entender o cenário político. Existem vários fatores que influenciam as posições e interesses das forças em atuação, e transcendem as explicações simplistas que tentam reduzir tudo a economia ou outros elementos deterministas. Há, concordemos ou não, ideologia.
É claro, um setor pode adotar a concepção ideológica que lhe é mais conveniente, no entanto compreender as visões de mundo das diversas organizações – incluindo nossas adversárias e inimigas – é fundamental para uma boa análise. E é isso que pretendo fazer nesse texto, jogar luz sobre a direita brasileira, suas correntes, divisões e, principalmente, suas compreensões de mundo.
Vou excluir a chamada “direita fisiológica”, ou seja, os políticos voltados a negociatas, tais como Paulo Maluf, José Sarney ou Fernando Collor. Apesar deles serem desse lado do espectro político, suas atuações se embasam mais em oportunismo pessoal do que numa doutrina mais ou menos clara. Também não pretendo abordar agora a “Direita Cristã”, em suas manifestações evangélicas ou católicas, pois o fator “Religião” pode estar presente para justificar quaisquer uma das tendências explanadas aqui.
Dito isso, irei explanar algumas correntes políticas que ganharam, em maior ou menor grau, holofotes nos últimos anos. Começarei da maior e mais forte até as linhas minoritárias e com menor relevância.
1 – Conservadorismo-liberal e variantes
Não é fácil datar as origens dessa posição de pensamento, pois se inspira em diversos autores diferentes, tendo influência de conservadores (Edmund Burke, Russel Kirk) bem como de liberais ( John Locke, Stuart Mill).
A origem dessa ideologia se encontraria, falando de forma ampla, em um ponto de encontro entre a Burguesia ascendente e a Aristocracia decadente dos Séculos XVIII, XIX e XX. É hoje, também, um dos principais pilares ideológicos do Capitalismo atual. Essa visão política se baseia em um conservadorismo moral flexível, em uma visão elitizada de defesa do empresariado e do empreendedorismo individual. Um mundo globalizado, mas com a “ordem” mantida pela tolerância zero.
Se tornou predominante após o Consenso de Washington e é a doutrina política central do Neoliberalismo, trazendo como ídolos os nomes de Friedman, Hayek e Mises, e vendo o keynesianismo e o Estado de Bem Estar social como novos inimigos a serem demolidos.
Dois grandes partidos conservadores-liberais são o Republican Party norte-americano e o Conservative Party britânico, mas podemos ver elementos dessa ideologia – ainda que com variações -, na maioria dos partidos ditos liberais e conservadores, como Os Republicanos dos franceses Fillon e Sarkozy ou a União Democrata Cristã de Angela Merkel.
A maioria desses partidos estão organizados nas “Internacionais Conservadoras”, como a Internacional Democrata Centrista e a União Internacional Democrata (UID), incluindo o DEM aqui no Brasil. Há outras articulações, como a Internacional Liberal e a IALP.
Nos Estados Unidos, o Conservadorismo-liberal era a ideologia predominante no Republican Party, pelo menos até a recente ascensão da “Alt-Right” (que não abordaremos aqui por ser inexistente no nosso país). Outro partido que, no entanto, possui elementos ideológicos semelhantes é o Libertarian Party, sendo ambos ligados a Atlas Network.
E é por esse caminho que chegamos no Brasil.
Há vasto material explanando as redes e conexões do conservadorismo-liberal por aqui, remontando suas origens aos interesses dos irmãos Koch, grandes patrocinadores das causas do livre mercado e da negação do aquecimento global.
O Conservadorismo-liberal, assim como todas as outras correntes políticas, possui elementos de discordância interna: quão mínimo deve ser o papel do Estado na economia, a preservação ou não de um moralismo social nos costumes, a radicalização na luta contra a esquerda.
A organização mais famosa dessa concepção política sem dúvidas hoje é o Movimento Brasil Livre. O MBL começa a ganhar destaque após as eleições de 2014, onde ganha musculatura ao fazer oposição ao Governo do PT, recrutando quadros principalmente no eleitorado tucano. Tendo entre seus principais nomes Fernando Holliday (DEM), Kim Kataguiri e Renan Santos, esse grupo foi um dos articuladores do Impeachment da Dilma e também dos ataques às ocupações de escolas por secundaristas. Em 2016, conseguiu eleger vereadores, incluindo pelo PSDB e PMDB. É assumidamente de direita e defende um radicalismo de livre mercado, além do combate incessante às esquerdas.
Em uma linha mais “light”, e se opondo ao excessivo conservadorismo do MBL, está o LIVRES, tendência do Partido Social Liberal.
O PSL, originalmente apenas um partido de aluguel envolvido com negociatas, decidiu dar uma guinada ideológica e iniciar um processo de “desfisiologização”, adotando as pautas de livre mercado. Apesar de ainda não ser hegemonico no partido, o Livres busca promover o neoliberalismo com um discurso mais amigável, até mesmo tentando disputar as juventudes progressistas normalmente alinhadas aos grupos de esquerda. O Livres, longe do discurso direitista do MBL, tenta se apresentar como moderado, defensor das liberdades individuais e minorias, que só podem ser alcançadas através do empreendedorismo e do mercado. Apesar disso, a proximidade teórico-ideológica é inegável, conforme demonstrada numa entrevista de Fábio Ostermann [http://zip.net/bntF3T], um dos fundadores de ambos os grupos.
No campo dos think tanks (ideólogos), há vários institutos de apologistas do livre mercado, como o Instituto Mises ou o Instituto Liberal, mas sem dúvida o mais poderoso é o Instituto Millenium.
Segundo a linha editorial, o Instituto presa pela “meritocracia” e tem como um dos seus temas prioritários a “economia de mercado”. O que surpreende, no entanto, são os seus membros, pois são personalidades chaves em nossa sociedade.
Na sua lista de “especialistas”, temos: Bernardo Santoro (diretor do Instituto Liberal do RJ e direitista ligado à Bolsonaro); Gustavo Franco (ex-presidente do Banco Central); Helio Beltrão (“anarcocapitalista”, presidente do Instituto Mises e membro do conselho do Grupo Ultra); Ives Gandra(Professor da Mackenzie e membro da Opus Dei); Judith Brito (diretora-superintendente do Grupo Folha); Leandro Narloch (autor dos “Guias Politicamente Incorretos”); Marcel van Hattem (Deputado estadual gaucho pelo PP e promotor do projeto “Escola Sem Partido”); Rodrigo Constantino (presidente do Instituto Liberal); e a blogueira cubana Yoani Sánchez.
Na sessão de colunistas “convidados” temos mais alguns nomes: Ali Kamel (Editor-chefe da Globo); Andre Franco Montoro Filho (ex-presidente do BNDES); Carlos Alberto Di Franco (consultor do Estadão e membro influente da Opus Dei); Demétrio Magnoli (colunista da Folha e d’O Globo); Fábio Ostermann (do PSL); Ilan Goldfajn (consultor do FMI, Banco Mundial e presidente do Banco Central de Temer); Jorge Gerdau(presidente da Gerdau); José Padilha (diretor de ambos Tropa de Elite e de Narcos) e Wagner Lenhart (associado do Instituto de Estudos Empresariais-IEE, diretor de conteúdo do Instituto Liberdade).
Entre os mantenedores do Instituto Millenium, se destacam João Roberto Marinho (vice-presidente do Grupo Globo) e Nelson Sirotsky(membro do Conselho de Administração do Grupo RBS). É por essa razão que o Instituto Millenium, dentre todas as forças conservadoras-liberais, é o mais poderoso: sua rede de apoiadores engloba quase toda a mídia brasileira, de jornais e revistas à radios e o maior canal de televisão.
2 – Reacionarismo difuso
Um fenômeno que ganhou força com a crise do PT foi um visceral “anti-esquerdismo”. Sem muita coerência, essa posição com elementos macartistas passou a desejar o fim e a destruição de tudo que fosse associado a socialismo e esquerda, e em cima disso algumas personalidades conseguiram se destacar.
Ao contrário dos conservadores-liberais, que possuem uma certa coerência ideológica, o reacionarismo brasileiro não. Enquanto os primeiros possuem propostas políticas claras de mercado (ainda que criticáveis), aqui não há quaisquer coerência ou consistência além da oposição pela oposição.
Há uma conspiração comunista em andamento que teria assumido o controle do Governo e da Mídia, e é necessário destruí-la. Essa é a única coisa que todos os reacionários brasileiros concordam. Fora disso, é uma complexidade de posições.
O mais próximo de alguma teoria vem das ideias de Olavo de Carvalho.
Elas consistem em um apanhado de discursos dos Republicanos norte-americanos, mas voltados mais para o campo dos costumes do que de economia. Apesar de se aproximar de algumas organizações conservadoras-liberais (exemplo:o MBL) em pautas específicas, tais como o fim do Estatuto do Desarmamento, em diversos pontos se afastam. A maioria dos conservadores-liberais não se preocupam que as pessoas LGBT+ apareçam se beijando na televisão, enquanto para Olavo isso é uma prova da vitória do “gayzismo” e do “marxismo cultural”.
Segundo Olavo de Carvalho, forças globalistas tentam destruir a cultura judaico-cristã ocidental, e por isso é preciso protegê-la de muçulmanos, comunistas e gays. E é por isso que Olavo apoia Donald Trump, que assustou tanto os conservadores-liberais norte americanos.
Segundo Olavo de Carvalho, forças globalistas tentam destruir a cultura judaico-cristã ocidental, e por isso é preciso protegê-la de muçulmanos, comunistas e gays. E é por isso que Olavo apoia Donald Trump, que assustou tanto os conservadores-liberais norte americanos.
A situação fica mais instável quando colocamos Jair Bolsonaro sob os holofotes. Ele, um populista nato, altera o seu discurso conforme a conveniência. Enquanto afirma que quer um “Estado Cristão” e que as minorias “devem se curvar”, diz que não é preconceituoso. Jair diz que vai favorecer o livre mercado e o liberalismo, mas é contra a reforma da previdência e considera a dívida pública abusiva. Quer integrar o Brasil com o “Primeiro Mundo”, mas reservas indígenas são um plano do capital internacional para roubar nossas riquezas. Briga internamente com o PSC por coligação com o PcdoB no Maranhão, mas se for presidente quer cooperar com a China. Diz que devia fechar o Congresso Nacional e que a ditadura matou pouco, mas agora afirma que nem existiu ditadura.
Jair Bolsonaro não é um liberal de direita. Sua preocupação é o Conservadorismo social e a militarização da sociedade. A adoção de alguns elementos liberais na Economia em seus recentes discursos são feitos de modo a seduzir setores da direita liberal para seu lado, tal como Benito Mussolini, em seus primeiros anos de governo, colocando um liberal como Ministro da Economia para agradar os industriais italianos. Ou mesmo como Lula fez com Meirelles e Dilma com Levy.
Outras vozes se somam ao reacionarismo difuso bolsonarista: os Pastores Marco Feliciano e Silas Malafaia, o Padre Paulo Ricardo, a jornalista Rachel Sheherazade, o ex-CQC Danilo Gentili. Há liberais simpáticos a Escola Austríaca entre seus fãs, mas também nacionalistas defensores da intervenção estatal na economia. Há quem o apoie apenas pela propaganda moralista de salvar o país da corrupção, e quem gosta do seu perfil “macho alfa” (em especial entre adolescentes classe média). Bernardo Santo (liberal) ajudou na construção do programa econômico de Flávio Bolsonaro para a prefeitura do RJ, enquanto Levy Fidelix (PRTB), crítico ferrenho do livre mercado, já disse interessado em chapa conjunta com Jair.
Apesar da maioria dos Conservadores-liberais preferirem uma candidatura de centro-direita, como PSDB ou PMDB, alguns poucos sinalizam um possível apoio à Bolsonaro em 2018, nem que fosse em segundo turno. Rodrigo Constantino já disse considerar necessário para barrar a esquerda, mas por outro lado Reinaldo Azevedo (da Veja e da JovemPan) disse que em hipótese alguma apoiaria um “fascista de direita”.
Uma das organizações que representam esse “macartismo político” é o Revoltados Online, criado pelos organizadores da Marcha da Família de 2014 , que reuniu mil pessoas em SP pedindo um golpe militar. Vários grupos vão aderir a campanha com o tempo, tal como o “SOS Forças Armadas”, que vai ser mal visto por outras forças de direita, como os conservadores-liberais.
É inegável que Jair Bolsonaro conseguiu construir uma rede de apoio forte no mundo virtual. Dezenas de grupos direitistas conseguem se mobilizar em poucos minutos para floodar comentários de páginas rivais ou mesmo derrubá-las. Em vários casos, apelam para hackers.
Também mantém centros de difusão de boatos contra a esquerda, uma técnica usada habilmente por Donald Trump.
Aliás, há comparações com o caso aqui e lá. Donald Trump foi eleito por um partido majoritariamente conservador-liberal, mas com apoio de outras forças ideológicas, como a Alt-Right. Recebeu apoio de nazifascistas, conservadores evangélicos e judeus de direita.
No Brasil, em 2011 houve um ato de neonazistas e integralistas em apoio à Bolsonaro. E é aqui que entramos na próxima força política brasileira.
3 – Terceira Posição Política, ou Fascismo Escancarado
Em 1922, Benito Mussolini chega ao poder na Itália e implanta o chamado Fascismo no país. Sua ideologia se baseia no militarismo, no ultraconservadorismo, no corporativismo e na promessa da reconstrução do Império romano, rejeitando os valores iluministas. Nas palavras do próprio:
“Do fundo das ruínas das doutrinas liberais, socialistas e democráticas, o Fascismo extrai aqueles elementos que ainda são vitais. […] ele rejeita a idéia de uma doutrina cabível a todos os tempos e a todos os povos. […] Sabendo que o Século XIX foi o século do socialismo, liberalismo e democracia, isso não quer dizer que o Século XX também tenha que ser o século do socialismo, liberalismo e democracia. Doutrinas políticas passam, nações se mantêm. Nós estamos livres para acreditar que este é o século da autoridade, um século que tende para a ‘direita’, um século Fascista.”
E finaliza,
“O Fascismo adquiriu agora pelo mundo, o que universalmente pertence a todas as doutrinas, que conquistando expressão-própria, representam um momento na história do pensamento humano.”
Rapidamente, as ideias totalitárias de Mussolini se espalham pelo mundo. Rejeitando tanto o Liberalismo quanto o Socialismo, ele busca ser um terceiro caminho. Na Espanha, se manifesta com a Falange; na Alemanha, é o Nacional-Socialismo (Nazismo); e no Brasil, teremos o Integralismo. Os principais nomes integralistas incluiam Plínio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso (tradutor do livro antissemita Os Protocolos dos Sábios de Sião).
Apesar da derrota do Fascismo internacional na Segunda Guerra Mundial, ainda hoje há remanescentes dessas ideias.
A Frente Integralista Brasileira (FIB) é uma das organizações que busca preservar o legado do totalitarismo tupiniquim. Muitos integralistas e neonazistas também se organizam em gangues – muitas vezes de skinheads, mas nem sempre -, e se dedicam a espancar
militantes de esquerda e minorias, dentre as quais podemos citar os Carecas do Brasil, Carecas do Subúrbio, Carecas do ABC, White Powers, Resistência Nacionalista, Kombat RAC e Impacto Hooligan.
As iniciativas mais ousadas da Terceira Posição foram a criação da Frente Nacionalista e da Frente Social-Nacionalista, ligadas ao PRTB (de Lexy Fidelix) e ao Partido Militar (do Deputado Federal Capitão Augusto e o Ex-Comandante Geral da PM-SP, Coronel Meira).
Entre os aliados das forças fascistas estão monarquistas, defensores da intervenção militar e os Eurasianos.
4 – Quarta Teoria Política, Eurasianismo ou Fascismo Disfarçado
Aleksandr Dugin fundou com Eduard Limonov, em 1994 na Rússia, o Partido Nacional Bolchevique, uma fusão de valores do Nazismo com o Stalinismo. Quando Vladimir Putin assumiu o poder, Dugin percebeu que poderia obter vantagens ao se associar a ele, rompendo com seu antigo amigo Limonov e subindo na escada de poder russo.
Readaptou sua ideologia sob o nome de Eurasianismo, ou Quarta Teoria Política (as anteriores seriam o Liberalismo, o Socialismo e o Fascismo), que no fundo nada mais é do que uma Terceira Posição que admira Stalin, e que age em benefício dos interesses geopolíticos russos.
Dugin quer a reconstrução do Império russo, e defende uma frente ampla de todas as ideologias contra o Liberalismo, onde ele recheia com misticismo esotérico (com elementos nazistas) e sua rede de aliados e simpatizantes inclui David Duke (ex-chefe da Ku Klux Klan), Steve Bannon (ligado a Trump) e Richard Spencer (fundador da Alt-Right), além de já ter participado de inúmeros encontros com a extrema direita europeia. Em essência, Dugin é um fascista.
E então vem a grande curiosidade: Dugin tem um interesse especial pelo Brasil.
Já veio a nosso país, enfrentou Olavo de Carvalho em um debate entre conservadorismos e, claro, fala português.
Nos últimos anos começaram a surgir organizações claramente apoiadoras do Eurasianismo. São pequenas e dispersas, mas devido a força e influência de seu mentor, considerei importante incluí-las nesse artigo, pois são uma ameaça em crescimento. Suas ações passam desapercebidas pela conivência de organizações de esquerda admiradoras de Vladimir Putin, que nutrem uma certa simpatia por esses grupos, e pelo fato dessa direita “russa” disputar (por enquanto) espaço com as direitas pró-EUA, pois até pouco tempo ambas eram rivais. Com a vitória de Donald Trump e sua aproximação com Vladimir Putin, não se sabe por quanto tempo a direita olavista-bolsonarista continuará vendo as forças eurasianas como inimigas, uma vez que Jair Bolsonaro já declarou simpatizar com Putin em entrevista à JovemPan.
Os Eurasianos possuem algumas páginas no Facebook (“Nova Direita Cultural”), e a maioria delas é direcionada para o público de esquerda, se passando por “comunistas conservadores” (Rede Social de Esquerda, Frente de Solidariedade à Ucrânia, Frente de Solidariedade à Síria, etc).
No entanto, já existem organizações físicas: o Avante (curiosamente, nome do jornal de Mussolini), a Nova Resistência (que possui fotos fazendo treinamento paramilitar com organizações da TCP) e a Legião Nacional Trabalhista (admiradora de Getúlio Vargas). Todas negam ser fascistas, mas basta uma verificada em suas páginas, em seus apoiadores e no seu site supremo, o Legio Victrix, para perceber que são variantes da doutrina de Mussolini à serviço de Moscou.
5 – Conclusão
Todos esses grupos defendem o Capitalismo, a divergência pode ocorrer é entre aspectos técnicos, no qual esse sistema deve funcionar de forma corporativista-intervencionista ou nas regras do livre mercado. Podem divergir sobre o grau de conservadorismo ou prioridades momentâneas, mas todos são adeptos do valor fundamental da Direita: a Hierarquia. Uns merecem governar e outros a obedecer, pois esta seria a “ordem natural e justa do mundo”.
Norberto Bobbio já dizia:
“A Direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A Esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada.”
Não vivemos uma ascensão da direita, pelo menos não da forma que é vendida. As pessoas não começaram a, repentinamente, se tornarem reacionárias e conservadoras. Durante os 13 anos de Governos do PT, a direita esteve próxima ao poder. Mas quando a crise chega, o amor acaba e muitas pessoas com essas posições, as vezes sem ter uma consciência doutrinária delas, começaram a se organizar. A responsabilidade isso se dá, em partes, a falta das reformas estruturais e o abandono do trabalho de base da esquerda em prol da acomodação.
Diante dessa nova rearticulação, da centro-direita à extrema-direita, a esquerda não possui condições necessárias para reagir. Às vezes, como vimos, ela se deixa até mesmo fazer acordos e alianças com alguns grupos, cedendo sempre à reação.
A saída é a resistência, por todas as formas possíveis. Devemos unir a luta cultural – progressista e inclusiva – com as pautas de classe e anticapitalistas, e partir para a ofensiva. Precisamos conversar com a população, esclarecê-la, nos organizarmos. As forças da tirania atacam no Brasil e no mundo. Hoje, mais do que nunca, é socialismo ou barbárie.