quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Como as baratas podem ajudar a salvar vidas humanas

"Insetos que fogem assim que você entra em uma sala e acende as luzes, as baratas geralmente são associadas a ambientes sujos. Mas elas estão despertando o interesse de mais do que empresas de dedetização: têm inspirado pesquisas em antibióticos, robôs e próteses para membros perdidos.

Da BBC

Em Havana, a barata cubana, inseto nativo de cor verde, é tida como um bicho de estimação e o inseto até aparece em histórias folclóricas.

Entre as 4,5 mil espécies de baratas conhecidas no mundo, apenas 4 são consideradas pragas.

A maioria delas não vive perto de residências de humanos e tem um papel ecológico importante, comendo matéria morta ou em deterioração.

Algumas espécies têm cores vivas e desenhos. Algumas são criaturas sociais e tomam decisões coletivas. Outras formam pares e criam os filhos juntas. Outras são sozinhas.

Elas podem emitir silvos, cantar e fazer sons percussivos para atrair um parceiro e sobrevivem às condições mais difíceis com pouca comida durante meses. Uma espécie, a Eublaberus posticus, pode sobreviver por um ano consumindo apenas água.

A mais pesada delas, a barata rinoceronte, vive no subterrâneo, chega a pesar 35 gramas, mede 8 centímetros e vive na Austrália. Uma das menores é uma praga encontrada na Europa e na América do Norte, a barata alemã, com apenas pouco mais de um centímetro.

Uma das curiosidades é que borra de café é usada com frequência como isca em armadilhas para estes insetos.

Inspiração

Cientistas têm nas baratas uma fonte de inspiração. Em 1999, essas criaturas inspiraram Robert Full, professor na Universidade da Califórnia em Berkeley, a criar um robô de seis pernas que se movia mais rápida e facilmente do que qualquer outro robô.

O inseto no Parque Nacional Tsimanampetsotsa, em Madagascar (Foto: SPL)

Em sua palestra de 2014 na conferência TED, Full explicou como as patas elásticas, a forma corporal arredondada e os exoesqueletos flexíveis - feitos a partir de tubos conectados e placas - permitem que estes robôs se movimentem em terrenos mais complexos.

As patas das baratas também estão dando ideias a cientistas dedicados a criar a próxima geração de próteses de perna para humanos - a mecânica que dá elasticidade para as patas dos insetos é a base para a capacidade de uma prótese de mão mecânica de conseguir agarrar.

O objetivo, segundo Robert D Howe, do Laboratório de Biorrobótica de Harvard, é produzir uma mão que "deslize pelos objetos até envolvê-los, como uma mão humana levantando uma xícara de café".

E há também a barata robótica: uma fusão de uma barata viva e um minicomputador, cirurgicamente preso às suas costas. A partir de mensagens do minicomputador, a barata pode ser direcionada para lugares aos quais os humanos dificilmente teriam acesso, como prédios que desabaram ou canos de esgoto arrebentados. Ali as baratas podem coletar dados.

"Na primeira vez que vi essas baratas fiquei de cabelo em pé", disse Hong Liang, pesquisadora-chefe do projeto na Universidade A&M do Texas. "Mas acabei ficando com algumas delas em meu escritório, como bichos de estimação, por um tempo. Na verdade elas são criaturas belas. Elas se limpam constantemente."

A barata robótica consegue obter informações de prédios desabados, por exemplo (Foto: Carlos Sanchez Texas A&M University)

Em junho, estudantes da Universidade Jiao Tong, de Xangai, na China, demonstraram como conseguiam controlar baratas com o pensamento.

Traduzindo as ondas cerebrais em impulsos elétricos, eles conseguiram direcionar uma barata, com um receptor preso a ela, por vários túneis.

Na medicina

Na medicina também há pesquisas relacionadas a baratas. Há tempos os cientistas se perguntam como as baratas passam a vida em ambientes sujos e sem problemas de saúde.

Baratas podem ter papel importante para o desenvolvimento de tratamentos contra algumas bactérias (Foto: Getty)
As baratas produzem o próprio antibiótico - e é um antibiótico poderoso.
Com isso, elas podem ser cruciais no desenvolvimento de remédios para enfrentar bactérias como E. coli (que causa intoxicação alimentar), MRSA (que causa infecções na pele) e outras que são resistentes a muitos dos tratamentos atuais.

Curar com baratas não é algo novo. No século 19, o jornalista e escritor Lafcadio Hearn reparou em alguns tratamentos durante uma viagem pelo sul dos EUA.

"Eles dão chá de barata contra o tétano. Não sei quantas baratas são usadas para fazer uma xícara, mas descobri que a fé neste remédio é forte entre muitos membros da população americana de Nova Orleans", escreveu ele.

Hoje, alguns hospitais da China usam um creme feito com pó de baratas para tratar queimaduras e, em alguns casos, um xarope de baratas é ministrado a pacientes para aliviar os sintomas de gastroenterite.

Quando Wang Fuming percebeu que a demanda por insetos estava crescendo na Província de Shandong, no leste do país, ele abriu uma fazenda de baratas. Mantém 22 milhões destes insetos em abrigos subterrâneos e diz que, desde 2010, o preço das baratas secas aumentou dez vezes.

Algumas baratas são iguarias na China (Foto: Thinkstock)
Os insetos também podem ser comidos. A barata americana é uma iguaria na China.

Ao fritá-la duas vezes em óleo quente, a barata ganharia uma casca crocante e um interior suculento, com a consistência de queijo cottage. Uma pitada de pimenta dá um sabor ainda mais marcante, dizem os apreciadores.

Com o crescimento da população humana e da demanda por proteína, talvez a barata seja o futuro da alimentação mundial. Se as pessoas forem mais liberais."

Ponte para o futuro é a ponte para o inferno


Roberto Requião, Brasil 247

No último dia 29, a Fundação Ulysses Guimarães, vinculada ao PMDB, lançou um documento intitulado “Uma ponte para o futuro”. O escrito faz um amplo diagnóstico da atual situação política, econômica, social e fiscal do Brasil, para então elencar supostas soluções que, infelizmente, estão distantes de contemplar os interesses da população.

Baseado numa retórica moderada e superficialmente sensata, faz uma análise aparentemente consequente, somente aceitável para aqueles que já se contaminaram pelo terrorismo econômico contra o Estado. Mas o meu Velho PMDB de guerra não se reconhece no documento que, na realidade, tenta marcar uma total ruptura do partido com as propostas voltadas para o âmbito social.

A aderência ao mofado ideário do Consenso de Washington se materializa com vigor, refletindo o alinhamento incondicional ao domínio das finanças, que se apresenta como tábua de salvação, mas que na realidade constituiria a liquidação das bases produtivas nacionais e captura dos rumos do governo pela Banca.

A análise de conjuntura incluída no documento dá importância fundamental a dois postulados bastante discutíveis patrocinados pelo mercado financeiro. 

Primeiramente desconhecem o ajuste fiscal como promotor da recessão, elegendo o déficit como vilão. Por mais absurda que seja, essa é interpretação querida dos monetaristas da Escola de Chicago, os mesmos que comandavam muitos dos grandes bancos responsáveis pela crise de 2008, que agora atinge as economias em desenvolvimento. A partir disto, como que por desdobramento natural, “constatam” que a Constituição de 88, “não cabe no orçamento”, que teria “excesso de direitos”, especialmente os sociais e trabalhistas.  Da mesma forma, excomunga-a, pelo “absurdo” de vincular recursos para Saúde e Educação. Esbarram na óbvia conclusão de que temos, segundo o verdadeiro Ulysses Guimarães, uma “Constituição Cidadã”, que busca a construção do Estado de bem-estar social, hoje tão demonizado. Assim, concluem que ela deve ser exorcizada, desdemonizada, estirpando dela todas essas “irresponsáveis” preocupações sociais.

O que me deixa mais estupefato é que o documento, sem autores, busca sua credibilidade apenas no nome da Fundação Ulysses Guimarães. Ora, o documento defende acabar com a Constituição Cidadã, construída sob a batuta e liderança do verdadeiro Dr. Ulysses. Ela é reconhecidamente a maior realização da sua vida.

Mas o documento vai além de propor uma grande borracha para apagar os fundamentos da Constituição de 88. Em mais uma amostra de adesão ao pensamento único, toma os índices de competitividade como argumento a fim de preconizar o Estado mínimo e ataque aos direitos trabalhistas.
Ignoram que a produtividade, fator de alta influência na competitividade, é tanto maior quanto mais desenvolvida e complexa for a estrutura da economia. Isso não é alcançável pelo receituário neoliberal, mas sim por um projeto nacional de reindustrialização e desenvolvimento tecnológico.

O documento ataca frontalmente a capacidade do Estado de intervir na atividade econômica e seus inerentes ciclos, e no compromisso constitucional de combate a ainda enorme desigualdade social quando propõe (1) limites para a dívida pública, medida draconiana e paralisante de efetividade jamais comprovada, (2) a possibilidade de pagar menos de um salário mínimo aos aposentados, expondo nossa população idosa ao empobrecimento e (3) a criação de um comitê independente de avaliação dos programas governamentais como Bolsa Família e Ciências sem Fronteiras, pondo-os em cheque, uma vez que se verão constantemente acossados pelas críticas do mercado, que vê como essencial somente o pagamento dos juros e amortização da dívida pública.

O ataque tecnocrata vai além, ressuscitando proposta já rejeitada no senado, a saber, a criação de uma Autoridade Orçamentária, que na prática serviria como ponta de lança dos credores, solapando a soberania e a própria democracia a partir do momento que impõe a ortodoxia econômica independentemente da decisão das urnas e das propostas dos políticos vencedores das eleições. A retórica da neutralidade na gestão financeira estatal serve ao propósito de capturar o processo decisório, privatizando-o na prática, sempre em favor da banca.

Prossegue no entreguismo típico de nossa elite associada ao capital transnacional quando sustenta a continuidade da privatização da infraestrutura pública e até mesmo o cancelamento do mais ambicioso ensaio de desenvolvimento tecnológico e investimento social representado pela Lei da Partilha do pré-sal, que prevê a Petrobras como única operadora de seus campos, a política de conteúdo nacional e os fundos de investimento em educação e saúde. Retornar ao regime de concessão de FHC significa abrir mão de uma lei similar ao modelo norueguês, este que foi responsável pela ascensão do país nórdico ao mais alto patamar de desenvolvimento humano e bem-estar social.
Faz crítica correta, todavia, pontual, à enorme taxa de juros e às operações compromissadas do Banco Central – os dois maiores representantes da apropriação do orçamento público pelos bancos privados – para, em seguida, voltar atrás dizendo que qualquer “voluntarismo” no combate aos mais altos juros do mundo seria “o caminho certo para o desastre”.

Em demonstração de subserviência, insinua que devemos sustar o projeto do BRICS, submetendo o país às parcerias transatlânticas e transpacíficas lideradas pelos EUA, as quais dão privilégio aos investidores estrangeiros, agredindo a soberania, a proteção socioambiental brasileira e, mais uma vez, a “Velha” Constituição do verdadeiro Dr. Ulysses.

E para enterrar de vez qualquer pretensão de justiça social, defende o fim da CLT por meio da antiga ideia de permitir que o acordado prevaleça sobre o legislado, configurando retirada de direitos dos nossos milhões de trabalhadores.

É com pesar que assisto à arena política institucional oferecer cada vez menos possibilidades reais ao povo brasileiro. Com o governo imerso no austericídio de Levy, o PSDB há muito submisso aos ditames das finanças e o PMDB defendendo as maléficas iniciativas aqui expostas, temos a quase completa cegueira ideológica assumindo perigosa hegemonia e bloqueando a ascensão e desenvolvimento do Brasil, e usando o nome do Dr. Ulysses, à sua revelia.
Ulysses morreu. Querem agora enterrar suas ideias.

*Roberto Requião é senador da República pelo PMDB Paraná.

migrante rico pode. Pobre, não

imigrantes
Sejam bem-vindos, meus irmãos.

Segundo diretor de instituto que lida com refúgio, nos últimos cinco anos, 300 mil europeus migraram para o Brasil para ocupar cargos altos em grandes empresas: “Ninguém diz que vieram roubar empregos”
Por Sarah Fernandes, na RBA
O preconceito de brasileiros contra refugiados sírios e africanos que chegam ao país tem mais a ver com o fato de essas pessoas virem de países pobres do que por estarem fugindo de conflitos. Essa é a opinião do diretor executivo do Instituto de Reintegração do Refugiado (Adus), Marcelo Haydu, que na noite de ontem (4) participou do seminário Migração e Refúgio: O migrante como sujeito de direitos, promovido pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na capital.
“Alguém aqui é só índio?”, questionou para as mais de 100 pessoas presentes no auditório. “Ninguém!”, emendou, ao observar que no Brasil, país formado por migrantes, está presente o preconceito contra alguns tipos de migrantes. “Na salinha do Aeroporto de Guarulhos você não vai encontrar um francês ou um americano. Lá estão apenas os africanos, que são vistos como uma ameça. Quem é a ameaça? Por que a questão do refúgio continua sendo tratada pela Polícia Federal?”
Nos últimos cinco anos, pelo menos 300 mil europeus migraram para o Brasil, a maioria para ocupar cargos altos em grandes empresas, segundo dados levantados pelo Instituto Adus. “Isso ninguém questiona. Ninguém diz que eles estão vindo para cá roubar nossos empregos, porque os europeus e os norte-americanos têm imagem atrelada a desenvolvimento, cultura e acredita-se que eles vão contribuir para o crescimento do país. Aos refugiados resta a imagem de pobreza e doença”, diz Haydu. “Os refugiados não chegam a 9 mil pessoas contra os 300 mil europeus. Por que os europeus não incomodam?”
O seminário marcou o lançamento no Brasil da campanha internacional Refugiados Sejam Bem-Vindos, que visa a promover ações de sensibilização na população para explicar quem são os refugiados e por que se deslocam e debater o fato de as migrações serem um dos elementos fundamentais na constituição do mundo.
A primeira ação foi convidar os participantes do seminário a escrever em uma parede sua ascendência, com o intuito de mostrar que a migração também é um elemento presente nas histórias pessoais. “Filha de português”, “neto de italianos”, “bisnetos de sírios”, foram algumas das frases que preencheram o espaço. A próxima ação será uma campanha em shoppings da capital paulista. Em uma página no Facebook serão divulgadas fotos de pessoas que aderiram à campanha, segurando uma placa escrito “bem-vindos refugiados”.
“Há um interesse econômico. Aqui no Brasil, por exemplo, todo mundo sabe onde estão os bolivianos explorados, mas eles suprem uma cadeia de mão de obra interna nossa, ganhando centavos pelas peças que fazem, trabalhando em situações insalubres e desumanas, e não se faz nada porque eles suprem uma demanda”, diz Haydu.
O Brasil tem hoje 8.400 pessoas refugiadas de 81 países, de acordo com o último levantamento do Comitê Nacional para os Refugiados. A maioria deles é da Síria (23%), seguida por Colômbia, Angola e República Democrática do Congo. O número de solicitação de refúgios ao governo brasileiro aumentou 22 vezes entre 2010 e 2014, de 1.165 para 25.996, de acordo dados do Ministério da Justiça, divulgados em junho. O país recebeu mais pedidos de refúgio do que a Austrália e quase a mesma quantidade do Canadá, sendo o mais solicitado da América Latina.
Atualmente, a legislação vigente para regular as migrações é o Estatuto do Estrangeiro, de 1980. No entanto, em 2013, o Senado aprovou um novo projeto de lei para regular as migrações, o PLS 288/13, que agora está na Câmara Federal, como PL 2516/15. A expectativa do relator na Comissão Especial onde o projeto tramita, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) é que ele seja votado até o final do ano.
“É o momento em que chegam muitos migrantes e também é o momento em que muitas manifestações negativas começam a aparecer. Nesse estágio ainda é possível contrapor esse comportamento por meio de uma legislação que dê um tratamento mais adequado ao tema”, defende a coordenadora-adjunta da Coordenação de Políticas para Migrantes da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Camila Baraldi.
Durante o evento, Camila avaliou que o projeto traz avanços, principalmente ao facilitar a emissão de documentos e garantir acesso aos programas sociais ao imigrantes, porém ainda preserva mecanismos considerados “contraditórios”, como a deportação e a extradição. “É uma falha básica do projeto. Se pode questionar a existência desses recursos já que se trata de uma legislação que se propõe a reconhecer as migrações e os direitos humanos dos migrantes”, disse. “É preciso garantir que essa temática seja incluída na formulação de políticas públicas e que as responsabilidades sejam distribuídas dentro do governo. Quem vai fazer a acolhida humanitária? Quem vai fazer a inclusão laboral? Quem vai garantir o acesso à moradia?”
Foto: Ramos/RBA

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Novembro azul não é Outubro rosa



O câncer de próstata é o câncer mais frequente e uma das principais causas de morte por câncer em homens no Brasil e no mundo. Muitas estratégias foram estudadas para tentar reduzir as mortes por este câncer. Desde a década de 1990 até cerca de 2008 acreditava-se que se homens sem sintomas realizassem o PSA e o toque retal periodicamente conseguiríamos combater esse problema e salvar vidas.  Contudo, entre 2008 e 2013, diversas instituições de saúde atualizaram suas diretrizes sobre o rastreamento do câncer de próstata, modificando as suas recomendações.

O senso comum diz que a melhor maneira de lidar com o câncer é fazer o diagnóstico e iniciar um tratamento agressivo o mais cedo possível. Essa crença faz com que as pessoas não se preocupem muito sobre quais os malefícios que um exame ou tratamento podem causar.

Qualquer intervenção médica pode produzir benefícios e também malefícios, e esse balanço com relação ao rastreamento populacional com o exame do PSA está mudando significativamente.

O TelessaúdeRS não apoia a campanha Novembro Azul (idealizada pelo Instituto Lado a Lado em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia) por entender que as melhores evidências científicas atuais apontam que mais homens serão prejudicados pelo rastreamento com PSA e exame de toque do que terão benefício. Esta campanha não aborda, de forma responsável, os possíveis malefícios do rastreamento e a importância da decisão informada e preferências pessoais dos homens na decisão de realizar o exame.

1. O que são estratégias de rastreamento?

O rastreamento é uma estratégia que busca encontrar pessoas aparentemente saudáveis que estejam com risco aumentado de desenvolver uma doença como o câncer ou diabetes, por exemplo. O objetivo é identificar estas situações clínicas antes que a pessoa manifeste sintomas para que o diagnóstico e tratamento adequado seja implementado. Contudo, não é uma ação isenta de riscos.

2. O que é o exame do PSA?

É um exame de sangue utilizado para tentar identificar pessoas com câncer de próstata. Níveis altos de PSA podem indicar a presença do câncer, mas isso também pode ocorrer em outras situações frequentes como o aumento da glândula (hipertrofia prostática benigna), ou inflamação (também chamada de prostatite). Ele também pode não identificar uma parte dos homens que de fato têm câncer de próstata.

3. Que outros exames são utilizados para o rastreamento do câncer de próstata?

Geralmente o toque retal é utilizado em conjunto com o PSA para o rastreamento do câncer de próstata, mas as evidências atuais indicam que mesmo a realização de ambos os exames não garante um melhor desempenho do rastreamento.

4. Existem outros exames que podem detectar o câncer de próstata?

Atualmente não existem outros exames de rastreamento capazes de identificar precisamente o câncer de próstata. Diversos testes estão sendo desenvolvidos para melhorar a acurácia do rastreamento com PSA. Entretanto, neste momento, não existe evidência científica suficiente para apontar se eles são precisos.

5. Quais são os possíveis danos do rastreamento com o PSA? Não é um simples exame de sangue?

O PSA é um exame de sangue simples, mas se o resultado for positivo, os homens provavelmente serão submetidos a outros exames, o que pode causar danos importantes.

Em um a cada seis homens que se submetem ao rastreamento sistemático do câncer de próstata (com PSA e toque retal) por 11 anos, a presença de um câncer que não existe é  sugerida. Isto é chamado de resultado “falso-positivo”, e pode causar preocupação, ansiedade, e levar a outros exames que na verdade não seriam necessários. Dentre eles, a biópsia, por exemplo, que pode ter complicações como febre, infecção, sangramento, problemas urinários e dor.

Um pequeno número de homens precisará internar em um hospital por causa destas complicações. Atualmente, quando um câncer de próstata é diagnosticado, não existem maneiras de prever com certeza se esse câncer nunca causará problemas e não necessita de tratamento ou se é um câncer agressivo. Isso significa que muitos cânceres diagnosticados não causariam problemas (chamamos isto de “sobrediagnóstico”).

Como existe tanta incerteza hoje em dia sobre quais cânceres de próstata precisam ser tratados, quase todos os homens com este câncer descobertos através do PSA e toque retal são tratados com cirurgia, radioterapia ou tratamento hormonal. Muitos desses homens não necessitam de tratamento porque o seu câncer não vai crescer ou causar problemas. Isso é chamado de “sobretratamento”.

O tratamento para o câncer de próstata também pode causar danos importantes e geralmente duradouros como disfunção erétil e incontinência urinária como consequência da cirurgia, problemas intestinais devido à radioterapia e um pequeno risco de morte ou complicações sérias devido à cirurgia.

A imagem abaixo pode ajudar a entender melhor o que sabemos hoje com relação aos riscos e benefícios do rastreamento do câncer de próstata com o PSA e o toque retal. É uma representação com base nas pesquisas mais recentes que mostra o que acontece quando comparamos dois grupos de mil homens com as mesmas características e riscos de desenvolver câncer de próstata.

Ambos os grupos foram acompanhados por 11 anos. O da esquerda são homens que não realizaram qualquer tipo de rastreamento para o câncer, enquanto que os homens do grupo da direita realizaram PSA e toque retal sistematicamente.

Fontes:  Ilic et al. (2013) Cochrane Database of Systematic Reviews, Art. No.:CD004720.Harding Center for
Risk Literacy. (2014).
Disponível em: https://www.harding-center.mpg.de/en/health-information/facts-boxes/psa


Após 11 anos de acompanhamento podemos observar que o número de homens que morreram por câncer de próstata é o mesmo nos dois grupos (7 homens). Contudo, no grupo que fez o rastreamento, 20 homens foram diagnosticados e tratados para o câncer sem necessidade e 160 homens sem câncer tiveram resultado falso-positivo e realizaram biópsia também sem necessidade. Ou seja, em resumo, ao final de  uma década, no grupo que não realizou rastreamento 783 homens estavam sadios e não sofreram danos, enquanto que no grupo que fez rastreamento apenas 603 homens estavam nesta situação.

6. Como decidir se devo fazer o exame do PSA?

Esta é uma decisão difícil frente ao cenário de incerteza atual sobre esse rastreamento. Sabemos que alguns grupos de homens apresentam fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver esse câncer, tais como homens negros e/ou com história familiar de câncer de próstata (especialmente familiares de 1º grau que tiveram câncer de próstata antes dos 65 anos). O melhor conselho é discutir os riscos e benefícios do rastreamento com o seu médico de confiança, levando em consideração seus fatores de risco, preferências pessoais, saúde atual e estilo de vida.

7. Existe alguma outra situação em que o PSA e o exame de toque retal estão sempre indicados?

Sim. Sempre que o homem apresentar sintomas que podem estar relacionados com o câncer de próstata esses exames estão muito bem indicados. Nestes casos, não chamamos de rastreamento e sim de investigação diagnóstica.

8. Quais são os sintomas do câncer de próstata?

Os sintomas do aumento da próstata por motivos benignos (hiperplasia prostática benigna) ou malignos (câncer de próstata) são muito semelhantes, embora as causas benignas sejam muito mais frequentes. Em ambas as situações o PSA e o toque retal devem ser realizados. Os sintomas mais frequentes incluem:
  • diminuição da força do jato urinário
  • dificuldade para iniciar a micção
  • necessidade súbita de urinar
  • urinar várias vezes à noite
  • sensação de esvaziamento incompleto da bexiga
Na presença de quaisquer desses sintomas o homem deve procurar o seu serviço de saúde de referência para investigação e acompanhamento.

9. Existe alguma outra maneira de prevenir o câncer de próstata?

Na verdade, existe sim. As evidências atuais indicam que a alimentação saudável e a prática de exercício físico ajudam a reduzir o risco de câncer de próstata, além de ajudar a prevenir também as doenças cardiovasculares – principal causa de mortalidade no mundo.

10. Quem mais, além do TelessaúdeRS, têm essa opinião?

Não defendemos esta opinião sozinhos. Por exemplo, os governos do Canadá e do Reino Unido, países cujos sistemas de saúde estão entre os melhores do mundo, também compartilham dessa opinião e não recomendam o rastreamento sistemático de sua população para o câncer de próstata. Outras instituições também assumiram esta posição, como o INCA (Instituto Nacional do Câncer) no Brasil, o USPSTF (US Preventive Services Task Force) nos Estados Unidos, e o CTFPHC (Canadian Task Force on Preventive Health Care) no Canadá. O próprio Richard Ablin, cientista que descobriu o PSA em 1970, escreveu um artigo para o New York Times em 2010 reconhecendo que sua descoberta não é apropriada quando utilizada para o rastreamento populacional.

Texto escrito por Thiago Frank, Médico de Família e Comunidade.


TelessaúdeRS está atento ao debate científico e se compromete a atualizar sua posição sobre esse tema à luz de novas evidências que possam ajudar a compreender melhor os riscos e benefícios do rastreamento do câncer de próstata

Referências:

US Preventive Services Task Force:

Canadian Task Force on Preventive Health Care:

Instituto Nacional do Câncer (INCA):

UK National Screening Committee:

Artigo do Richard Ablin no New York Times:

Publicado originalmente dia: 17/11/2014
No Blog do Mário, via http://www.contextolivre.com.br/2015/11/novembro-azul-nao-e-outubro-rosa.html

Congresso Nu





CONGRESSO EM NOTAS - LEMEP 
no.2, 03/11/2015 

 
O Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública do IESP-UERJ passa a divulgar notas sobre o cotidiano do Congresso Nacional. São informações públicas e relevantes, mas pouco noticiadas pela grande imprensa.

Recentemente dois projetos relevantes para os movimentos feministas e LGBT foram
aprovados em comissões da Câmara. O PL 5069, do Deputado Eduardo Cunha, foi
aprovado pela CCJC. A proposta altera regras sobre o aborto. O projeto criminaliza
quem instiga o aborto ou quem preste qualquer auxílio ou até mesmo orientação à
mulher. No caso de estupro o aborto só será permitido com exame de corpo delito. O
projeto ainda prevê que “nenhum profissional de saúde ou instituição, em nenhum caso,
poderá ser obrigado a aconselhar, receitar ou administrar procedimento ou medicamento
que considere abortivo”. Ou seja, se o profissional de saúde considerar que pílula do dia
seguinte é um abortivo, ou que aborto em caso de estupro não é adequado, ele não é
obrigado a dar as devidas orientações para uma vítima. O PL segue para Plenário. Destaque para a atuação das Deputadas Maria do Rosário, Érika Kokay e Cristiane Brasil.

O segundo é o Estatuto da Família, de autoria do Deputado Anderson Ferreira, que
proíbe o casamento e a adoção por famílias formadas por casais homossexuais, foi
aprovado há poucos dias. A proposta era de apreciação conclusiva pelas comissões, mas
recurso encabeçados pelos Deputados Jean Wyllys e Érika Kokay garantiram que o PL
ainda não fosse enviado ao Senado. Além desses, trabalharam na Comissão Especial
contra a proposta os Deputados Glauber Braga e Bacelar e a Deputada Maria do
Rosário. Ambos os PLs agora devem ser deliberados pelo Plenário da Câmara. Mas há
outros tramitando na Casa que representam retrocessos em pautas feministas e LGBT.

ABORTO COMO CRIME HEDIDONDO. Quatro PLs em tramitação pretendem tornar
o aborto um crime hedidondo – tão grave quanto homicídio praticado por grupo de
extermínio e estupro de criança, por exemplo. Os crimes hediondos não são suscetíveis
a graça ou indulto. São os projetos PL 4703/1998 (do Deputado Francisco Silva), PL
4917/2001
 (do Deputado Givaldo Carimbão), PL 7443/2006 (do Deputado Eduardo
Cunha) e PL 3207/2008 (do Deputado Miguel Martini). Todos tramitam em conjunto e
aguardam designação de relator na CCJC.

Além desses, há o PL 1545/2011 (do Deputado Eduardo Cunha) que agrava punição
para o crime de aborto e o PL 6115/2013 (Deputado Salvador Zimbaldi), que exige o
exame de corpo de delito comprovando estupro para que o médico possa realizar aborto
– o que já foi aprovado pela CCJ no PL 5069.

NASCITURO. Há diversos projetos que dispõem sobre os direitos do nascituro. O
único arquivado, PL 2155/2007, do Deputado Dr. Talmir, previa o Dia do Nascituro. Os
demais ainda estão em tramitação. São os seguintes: PL 478/2007 (do Deputado Luiz
Bassuma), PL 1763/2007 (da Deputada Jusmari Oliveira), PL 489/2007 (do Deputado
Odair Cunha), PL 1085/2011 (do Deputado Cleber Verde), PL 3748/2008 (da Deputada
Sueli Vidigal), PL 8116/2014 (do Deputado Alberto Filho). Tramitam em conjunto, sob
o nome de Estatuto do Nascituro, que já foi aprovado em duas comissões – Finanças e
Tributação e Seguridade Social e Família. A proposta dá uma pensão à mãe de filho
gerado a partir de um estupro, além de prever direitos de paternidade ao agressor.

CONTRA O RECONHECIMENTO DE DIREITOS DE PESSOAS LGBT. Além do
Estatuto da Família, tramitam o PL 4508/2008 (do Deputado Olavo Calheiros) e o PL
620/2015 
(da Deputada Júlia Marinho), que propõem a vedação de adoção por casal
homoaetivo; o PL 7382/2010 (do Deputado Eduardo Cunha), que criminaliza
heterofobia; o PL 1672/2011 ( do Deputado Eduardo Cunha), que cria o "Dia do
Orgulho Heterossexual"; o PL 3875/2012 (do Deputado Manato), que cria nova causa
de anulação do casamento: “a ignorância, anterior ao casamento, da condição de
transgenitalização, que por sua natureza, torne insuportável a vida do cônjuge enganado
com a impossibilidade fisiológica de constituição de prole.” Este último projeto
recentemente foi aprovado pela Comissão de Seguridade Social e Família e seguiu à
CCJC.

EDUCAÇÃO. Há também em tramitação na Câmara algumas propostas de ensino
religioso nas escolas: PL 309/2011 (do Deputado Pastor Marco Feliciano), PL
7180/2014
 (do Deputado Erivelton Santana) e PL 3044/2015 (do Deputado Takayama).
PL 943/2015 (do Deputado Alfredo Kaefer) propõe o ensino da Bíblia e o PL
8099/2014 
(do Deputado Pastor Marco Feliciano) propõe o ensino do criacionismo. O
PL 867/2015 (do Deputado Izalci) cria o "Programa Escola sem Partido". Inclui, como
diretriz da educação nacional, o “respeito às convicções do aluno, de seus pais ou
responsáveis, tendo os valores de ordem familiar precedência sobre a educação escolar
nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa, vedada a
transversalidade ou técnicas subliminares no ensino desses temas.” Segundo algumas
análises o próprio ENEM teria sido uma resposta dos educadores contra o movimento
Escola sem Partido, que já existe em alguns estados brasileiros. O PL 2731/2015 (do
Deputado Eros Biondini) estabelece que a educação não terá nenhum conteúdo que
tenda “a aplicar a ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou ‘orientação sexual.’” O
mesmo deputado apresentou o PL 477/2015, que altera Lei Maria da Penha substituindo
o termo gênero por sexo. No mesmo sentido o PL 3236/2015 (do Deputado Marco
Feliciano), exclui expressamente a promoção da ideologia de gênero por qualquer meio
ou forma do sistema de educação.

Por fim, o PL 3235/2015 (do Deputado Marco Feliciano) criminaliza a conduta de
veicular, “em atos normativos oficiais, em diretrizes, planos e programas
governamentais, termos e expressões como ‘orientação sexual’, ‘identidade de gênero’,
‘discriminação de gênero’, ‘questões de gênero’ e assemelhados, bem como autorizar a
publicação dessas expressões em documentos e materiais didático-pedagógicos, com o
intuito de disseminar, fomentar, induzir ou incutir a ideologia de gênero”.

A ditadura nazista do estado de israel


Por Rafael Fortes, em seu blog

Também na caixa postal, excelente texto sobre a situação atual na Palestina. Trechos:



Contudo, este é o melhor e definitivo parágrafo, que devo reproduzir outras vezes neste blogue:


Pra encerrar (e para reflexão dos que acham que é – apenas – no Brasil que carecemos de lideranças políticas capazes de conduzir às mudanças que tornem melhor a vida da maioria da população):


As cartas ainda estão nas mãos de Israel, e são poderosas. Israel pode iniciar novas conversações de paz com alguns gestos simples. Pode até decidir com quem: o Fatah ou um governo de unidade palestino. Pode organizar uma coalizão internacional para apoiá-las ‒ dos estados árabes à Turquia, Rússia, EUA e União Europeia. O nosso é um dos poucos temas no mundo pelos quais todos esses estados dariam alegremente sua cooperação. Israel poderia encerrar unilateralmente o regime militar na Margem Ocidental. Em resumo, Israel tem uma gama de ferramentas à sua disposição que, a médio e longo prazo, poderia alterar fundamentalmente as relações entre judeus e árabes nesta terra. Mas fazê-lo tem um preço: encerrar a construção de assentamentos, soltar prisioneiros, e todos os demais passos que não só a liderança política, mas também a maioria do público judeu, rejeita de cara neste momento.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A greve dos bancários e a função do PT na luta de classes


Rosa Luxemburgo, uma das maiores teóricas e militantes que o movimento comunista já teve, nos esclareceu, em sua polêmica com a ala direitista da social-democracia, que o projeto reformista, de conciliação de classe, traz, como elemento indispensável, um rebaixamento teórico (abandono da teoria revolucionária) e de nível de consciência dos trabalhadores/as e movimentos sociais. Não à toa os principais nomes do revisionismo abandonaram a dialética (e substituíram por Kant ou o positivismo), passaram a adotar teorias econômicas não marxistas (keynesianismo, economia neoclássica etc.) e uma teoria política institucionalista e um foco de análise não-classista. Todo projeto reformista, em qualquer época histórica e formação social, com conteúdos diferentes, é claro, toma a mesma posição: a direção reformista precisa expurgar a teoria revolucionária para controlar a "base".
Com o PT não Brasil a coisa não foi diferente. No geral, a maioria das organizações e militantes de esquerda, na atualidade, têm dificuldades de operacionalizar análises marxistas. Conceitos como progressista, conservador, direita, esquerda, mídia golpista, extrema direita, classe média, etc. acabaram criando uma extrema confusão na esquerda brasileira (a "crise do marxismo" com a derrubada da URSS e o neoliberalismo ajudaram nessa tarefa da direção do PT). A pergunta fundamental na crítica marxista de qualquer projeto político, isto é, qual a função que cumpre o projeto político analisado na luta de classes, é raramente formulada e dificilmente respondida pela maioria da esquerda (prova disso é a simpatia que Ciro Gomes tem em setores da esquerda que se declaram socialista). A greve dos bancários esse ano explícita isso. 

O projeto político do PT prometia atacar o "capital financeiro", especulativo, e fortalecer o "capital produtivo" que geraria emprego, desenvolvimento e distribuição de renda. Na prática o PT fortaleceu como nunca os bancos e grupos financeiros, aumentou seu grau de controle na economia, ampliou a participação do capital privado nos bancos públicos, fortaleceu a lógica privada nos bancos públicos (terceirização, funcionamento por metas coercitivas, fracionamentos das funções para reduzir salários, etc.) e garantiu lucros astronômicos a esse setor da burguesia. Isso significa que o ciclo do PT enfraqueceu o  trabalho (os bancários) e fortaleceu o capital (os banqueiros).  

Ao mesmo tempo, a CUT, o braço sindical do PT, procura paralisar e rebaixar o nível das lutas. Transforma os sindicatos em prestadores de serviços, para de realizar a formação política e na ação reivindicativa privilegia o consenso com os patrões frente ao enfrentamento (o que só prejudica os trabalhadores/as). A atual greve dos bancários, em vários estados, foi encerrada com golpes da CUT contra a vontade dos bancários. Ou seja, o PT coloca representantes dos bancos nos principais aparelhos estatais dirigentes da economia (Banco Central, Ministério da Fazenda e do Planejamento), realizar uma política de fortalecimento dos bancos e ainda enfraquece a resistência dos trabalhadores/as. 

O Partido e a CUT realizam tudo isso e depois falam de luta progressista contra os "conservadores", reacionários e coxinhas; diz que a classe média é o pior mal da humanidade, fala da "imprensa golpista", cita dados econômicos [economicistas] sobre os milhões que saíram da pobreza, número de universidades construídas, aumento do consumo, etc. Mostra os ataques promovidos pelo capital, com a indispensável ajuda do PT, como prova do "avanço conservador" e clama para que as "bases" defendam o projeto do PT porque se ele cair tudo será muito pior (quando quem cria as condições para a regressão atual é o próprio PT). É o golpe quase perfeito. Juntam-se toda mídia governistas, o aparato ideológico do Estado, o PT e suas várias entendidas de influência (CUT, ANPG, UNE, etc.) e criam uma ideologia onde somos atacados, não percebemos bem quem nos ataca e ainda defendemos quem é parte fundamental do ataque. Nada disso seria possível sem um grande rebaixamento teórico e de nível de consciência. 

Temos milhões de desafios nos próximos anos. A recuperação da crítica marxista é um deles. Temos que voltar a conseguir fazer a pergunta certa – qual a função e o papel desse projeto político na luta de classes?  - e conseguir fornecer a resposta adequada.
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