domingo, 27 de janeiro de 2019

Quando a barbárie governa


Em 06/01/2019, Paulo Arantes, professor de Filosofia da USP, deu um depoimento, publicado no portal Sul21, afirmando que:

...a ideia de que um que país periférico como o Brasil pudesse se tornar uma democracia com desenvolvimento social “foi rifada em 64”. Essa inviabilidade vai se tornar ainda mais evidente com a eleição de Collor, em um momento em que o capitalismo vivia um processo de reestruturação produtiva em nível internacional.




Neste momento de “catástrofe nacional”, no entanto, assinala Arantes, emerge um partido de massas, renovando as energias utópicas na sociedade brasileira. Para ele, porém, essa novidade, que foi a criação do Partido dos Trabalhadores, ignorou o diagnóstico da inviabilidade de construção de um projeto nacional, estabelecido em 64. “Havíamos batido no teto e a lógica era outra. A partir do período da redemocratização, a violência passou a ser o nexo social central”, sustenta.

O difícil é encontrar algum momento da história nacional em que a violência tenha deixado de funcionar como nexo social.

No entanto, três situações dão a esse quadro cores ainda mais sombrias. Uma delas é o assassinato de Marielle. Outra, a desistência do deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, de reassumir seu mandato devido a ameaças de morte. Por fim, a condenação de quatro militantes do MST, em outubro passado, com base na lei antiterrorismo. Esta última, como se sabe, proposta e sancionada pelo governo Dilma.

Segundo Arantes, com o PT, as esperanças em uma governabilidade minimamente civilizada ruíram. “Não se governa mais”, conclui.

Mas, de fato e definitivamente, a barbárie governa. E disputar o governo da barbárie é participar dela.  



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