sábado, 17 de janeiro de 2015

Por que um brasileiro vai ser fuzilado na Indonésia


Foi vender droga no lugar errado
Paulo Nogueira, DCM

"O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, de alguma forma vai morrer por culpa dos crimes do Império Britânico num passado já remoto.

Segundo informações do governo da Indonésia, ele vai enfrentar um pelotão de fuzilamento no próximo sábado.

Moreira foi condenado à morte em 2004, depois de ter sido apanhado com 13,4 quilos de cocaína ao tentar entrar na Indonésia. A droga estava escondida no interior de uma asa delta.

A título de curiosidade, aquilo é uma migalha diante da meia tonelada de pasta de cocaína descoberta no helicóptero dos Perrelas, mas isto é outra história.

A Indonésia tem as penas mais duras para tráfico de drogas do mundo, e não é à toa.

É efeito das Guerras do Ópio, e aí é que entram os britânicos na história do brasileiro prestes a ser fuzilado.

As Guerras do Ópio, ambas no século 19, são talvez o capítulo mais vergonhoso do imperialismo britânico.

A Inglaterra importava três produtos chineses em grande quantidade: seda, chá e porcelana. Os ingleses tinham um brutal déficit comercial com a China.
O que fazer?

A Inglaterra vivia a Revolução Industrial, e entendeu que poderia vender aos chineses uma série de quinquilharias. Um navio inglês, comandado por um certo Lorde MacCartney, foi mandado para a China com os produtos destinados a equilibrar a balança comercial dos dois países.

O problema é que os chineses não se interessaram por nada.

Foi quando entrou em cena o ópio. A Inglaterra, berço da civilização, começou a contrabandear para a China o ópio que produzia na Índia.

Foi um horror para a sociedade chinesa. São célebres as imagens de casas de ópio na China, em que as pessoas se consumiam num estado de letargia e alienação.

Obra dos ingleses
Num certo momento, o governo chinês impôs leis duras para o contrabando de ópio. Antes, o imperador mandou uma carta à Rainha Vitória na qual ponderava que era injusto o que a Inglaterra fazia.

Da China, recebia porcelana, chá e seda. Em troca, cobria os chineses de ópio, proibido na Inglaterra.

A rainha, se leu a carta, não se manifestou.

Diante das dificuldades que surgiram para o contrabando, a Inglaterra decidiu fazer uma guerra, em meados dos anos 1 800.

O pretexto era que a China estava ferindo os princípios do livre comércio.
A China não teve como enfrentar as forças inglesas, adestradas nas guerras napoleônicas.

E o ópio foi imposto.

Batidos, os chineses não tiveram o que fazer. Armaram, depois, uma resistência, e as coisas apenas pioraram.

Veio a Segunda Guerra do Ópio, na qual a Inglaterra praticamente destruiu a China. Tomou territórios como Hong Kong e, suprema bofetada, colocou no comando da alfândega chinesa um inglês.

É simplesmente extraordinário que a China, devastada, tenha conseguido se reconstruir e ser o que é hoje.

Os estudiosos atribuem esse milagre ao confucionismo, a cultura de alto conteúdo de sabedoria prática que domina a China.

A única vitória – não pequena, aliás – da China foi ter conseguido dar o nome de Guerras do Ópio aos horrores praticados pelos britânicos em nome do livre comércio.

Perpetuou-se, assim, a vergonha.

Países ao redor da China, como a Indonésia, foram duramente afetados pelas Guerras do Ópio. A Indonésia, no sudeste Asiático, era um dos portos de passagem para os navios ingleses abarrotados de ópio.

Como efeito colateral disso, a população nativa sofreu pesadamente os efeitos da droga. Os indonésios passaram a consumir ópio copiosamente.
As guerras passaram, mas o trauma ficou.

Na China, o tráfico de drogas é reprimido com penas severas. Na Indonésia, elas são ainda mais duras.

É dentro desse quadro que o brasileiro apanhado com cocaína está prestes a ser fuzilado.

Ele não poderia ter escolhido um lugar pior para contrabandear sua cocaína.

Na raiz das balas que deverão abatê-lo nos próximos dias, está o terror que o império britânico promoveu na Ásia no século XIX."

Charge do Bessinha

O sexo pode ser a mais sublime e a mais destruidora manifestação do desespero


DCM

"O sexo pode ser a mais sublime e a mais destruidora manifestação do desespero. Um homem desesperado agarra-se ao sexo como alguém que procura, perplexo e assustado, proteção num temporal repentino. Uma mulher desesperada faz o mesmo. Quando a gente olha para as coisas e não vê sentido, e se pergunta por que, por que, por que, o sexo quase sempre aparece como uma resposta formidável, irresistível. E poderosamente ilusória.

 O sexo é a esperança de vida. O sexo é a esperança de ressurreição vitoriosa de um caso de amor derrotado. O sexo pode ser um anestésico de curta mas intensa duração para as dores da alma.

Naqueles minutos em que os corpos estão engalfinhados, o desespero cede trégua. A aflição como que descansa. Aquela volúpia tão fugaz, aquele êxtase precário por natureza, aquele fragor destinado em breve ao silêncio enfastiado, todas essas coisas parecem por um momento capazes da eternidade. O bêbado de desespero é o bêbedo de sexo. A pena é que a aflição dure tão mais que o prazer. A angústia é, paradoxalmente, libidinosa. Deus, quantas bobagens sexuais não cometemos movidos pelo desespero, quantos passos desastrados, quantas escolhas erradas, quantos abismos mascarados. Quanta dor imposta e recebida em meio a gemidos de êxtase.

O homem sereno, cuja mente não seja tagarela, não é tragado pelo abismo sexual. O homem sereno não se agasta contra as circunstâncias. O homem sereno aceita as coisas como elas são. O homem sereno comanda a mente em vez de ser comandado por ela. O homem sereno não se importa nem com o louvor, nem com a critica. O homem sereno não se perturba diante do fracasso, nem diante do sucesso. O homem sereno não se deixa levar pelos delirantes arroubos do ego. O homem sereno não é grande senão por saber que é pequeno, não é sábio senão por saber que não se sabe nada. O homem sereno prefere jogar uma partida de buraco a se meter numa aventura sexual complicada com a mulher mais gostosa e mais neurótica do bairro. O problema é que não existem homens serenos. E muito menos mulheres. O que existe é a serenidade. Mas, como as velhas escrituras tão bem registram, é mais difícil conquistar a serenidade do que conquistar o mundo.

É preciso reflexão, perseverança, paciência, fé e todos aqueles atributos que parece que quanto mais perseguimos, mais distantes ficam.

Você. Eu. Nós dois. Foi o desespero que nos uniu, disfarçado em amor. (Mas, Deus que disfarce, que disfarce.) Um escritor barato, uma dançarina de boate tão linda e tão pequena e tão desvairada que eu diria que foi a musa que inspirou Tiny Dancer. “Hold me closer, tiny dancer…” E no entanto tão grande no palco daquela boate decadente do centro da cidade. A falta de perspectiva de nós dois criou a ilusão do horizonte para ambos. Dois perdedores que juntos pareciam um vitorioso. Seus olhos tão tristes, mas fumegantemente vivazes e alegres perante os olhares ávidos e rudes dos homens da platéia.

Outros homens devem guardar lembranças bem mais concretas de você. Talvez os seios, talvez a tatuagem de golfinho tão bem localizada. Ou até o feijão com pouco sal. Mas, quanto a mim, a parte que mais me agrada lembrar são os olhos. Foi o desespero que nos uniu, majestosa dançarina barata. E foi o desespero que nos desuniu."

Antes só do que amado pela metade. Sozinhos somos inteiros

Rebeca BedoneRevista Bula

"Você não queria, mas disse adeus. Não havia nada mais que fizesse aquele amor ficar. Restaram somente você e os sonhos que um dia foram de duas pessoas. No vazio do quarto silencioso, sua vontade de se levantar ficava escondida no canto mais frio debaixo da cama. Estava tudo fora do lugar. Móveis, objetos e pensamentos se perderam na bagunça da despedida, na partilha para decidir quem fica com o quê. Murcharam-se as flores do canteiro da janela e você se esqueceu por que precisava sair de casa para viver.
A gente querendo ou não, o frio vem como um beijo da morte, carregado de culpas e porquês. Traz no vento gelado dúvidas como “e se eu tivesse feito isso” ou “se não tivesse feito daquele jeito”. Chega com a solidão congelando o riso e aumentando a dor de quem fica, só não vem mais o amor que já foi embora.

Quando deixamos o amor partir, aprendemos a deixar o inverno passar. E para que chegue a estação do sol e das flores, não podemos mais viver a vida daquele amor sem ele. Ora, você nem curte essas músicas que ouviam juntos só porque ele gostava. Antes, tudo bem. Mas, agora, por que continuar com essa tortura musical? Coloque para tocar a sua canção preferida e tire-se para dançar no meio da sua sala! Então ponha um vaso florido no centro da sua mesa de jantar enquanto reaprende a fazer as refeições somente na sua companhia. Daqui a pouco estará colhendo as flores que nascerão no jardim da sua alma.

Atenção: não é culpa sua se mais um amor não te amou. E também não é exigindo do outro a entrega de algo que não é seu que alguém te amará. Não temos a posse do outro, então não se aflija por deixar o que não te pertence partir de você. Perdoe-se de suas dúvidas e “não se esqueça que desistir de alguém não é fracassar, é só reconhecer que não se pode amar onde não há reciprocidade”.

Eu sei que, se você pudesse, pegaria um avião agorinha mesmo só para achar o amor de novo. Iria de barco, de trem, de bicicleta, pedindo carona. Pediria férias, as contas, um empréstimo só para viajar rastreando o cheiro do seu perfume. Ah, se você pudesse, o convidaria para tomar um café, uma cerveja, um banho quente e falariam dos seus filmes preferidos, quais livros estão lendo, sobre política, filosofia e nada. Ouviriam o silêncio da noite e suas revelações, seus planos e medos.

Mas parece que você e o amor estão sempre se desencontrando. Quando você chega, ele já passou. Quando você vai, o amor te esperava. E nesse esconde-esconde você fica cheio de saudades, deseja o que já se foi e o que nunca chegou. Seu coração é um barquinho num oceano de lembranças, ora passeando por águas calmas, ora se perdendo em lágrimas turbulentas.

Então deixe o inverno passar e levar seu barquinho para águas que você não conhece ainda. Navegue um pouco sem rumo, mas sempre em frente. Lembre-se que o pôr do sol acontece para que na manhã seguinte o seu oceano receba um beijo quente de luz. O amor está em algum porto distante e perto de você.

Vai navegando sua vida porque somente você pode completá-la. Dê festa para os amigos em casa, assista a filmes, mesmo sozinho, e saia para passeios por aí com você mesmo. Seja feliz com o que você tem até não precisar ter ninguém. Vai navegando ora triste, ora feliz, mas vai navegando sem se preocupar com o tempo que falta para o amor chegar. Livre-se de convenções sociais que ditam que temos que ter alguém. Acredite, é bem melhor estar só do que ser amado pela metade.

Não que seja fácil, mas pode se tornar uma viagem e tanto. E quando um dia você se ancorar em uma nova praia, e o calor dessa areia amanhecida aquecer a sua alma e a brisa suave que vier das ondas do amar te beijar, você saberá… É o amor sendo escrito nos versos da vida que dois corações navegantes decidiram compartilhar!"

2014 FOI O ANO MAIS QUENTE JÁ REGISTRADO NA TERRA

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

NÃO FALTA ÁGUA EM SÃO PAULO! NÃO VAI FALTAR ÁGUA EM SÃO PAULO!

O dia em que a mídia brasileira descobriu Murdoch


Luis Nassif, GGN

"Em meados dos anos 2.000, subitamente o Olimpo da mídia passou a ser invadido por corpos estranhos, dinossauros de direita, que se supunha extintos desde o final da Guerra Fria, com uma linguagem vociferante, bélica, atacando outros jornalistas, pessoas públicas, partidos políticos, com um grau de agressividade inédito.

Até então, veículos criticavam veículos, mas não havia ataques pessoais a jornalistas.

O grande movimento começou por volta de 2005, coincidindo com a montagem do cartel midiático liderado por Roberto Civita, o cappo da Editora Abril.

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Inspirada no australiano-americano Rupert Murdoch, a estratégia adotada consistia em juntar todos os grandes grupos de mídia em uma guerra visando ganhar influência para enfrentar os novos grupos que surgiam no bojo das novas tecnologias.

Montado o pacto, o primeiro passo foi homogeneizar o universo midiático, acabando com o contraditório.

Personalidades construídas pela mídia são agentes poderosos de influência em todos os campos. Ao contrário, as vítimas de ataques sofrem consequências terríveis em sua vida pessoal, profissional.

Trata-se de um poder tão ilimitado que uma das “punições” mais graves impostas a recalcitrantes é a “lista negra”, a proibição da citação de seu nome em qualquer veículo.

Em um modelo competitivo de mídia, essas idiossincrasias eram superáveis, permitindo a diversificação de pensamento.

O fim da guerra fria – no caso brasileiro, o fim da ditadura e o pacto das diretas – produziu um universo relativamente diversificado de personalidades, entre jornalistas, intelectuais, empresários, artistas e celebridades em geral, bom para o jornalismo, ruim para as estratégias políticas da mídia.

***

Nos Estados Unidos, a estratégia de Rupert Murdoch foi criar um inimigo externo, que substituísse os antigos personagens da Guerra Fria. E calar eventuais vozes independentes, de jornalistas, com ataques desqualificadores, para impedir o exercício do contraponto.

A estratégia brasileira baseou-se em um modelo retratado no filme “The Crusader” que, no Brasil, recebeu o nome de “O Poder da Mídia” – dirigido por Bryan Goeres, tendo no elenco, entre outros, Andrew McCarthy e Michael York.

Narra a história de uma disputa no mercado de telecomunicações, no qual o dono da rede de televisão é cooptado por um dos lados. A estratégia consistiu em pegar um repórter medíocre e turbiná-lo com vários dossiês, até transformá-lo em uma celebridade. Tornando-se celebridade, o novo poder era utilizado nas manobras do grupo.

Por aqui o modelo foi testado com um colunista de temas culturais, Diogo Mainardi. Sem conhecimentos maiores do mundo político e empresarial, foi alimentado com dossiês, liberdade para ofender, agredir e, adicionalmente, tornar-se protagonista nas disputas do banqueiro Daniel Dantas em torno das teles brasileiras.

Lançado seu livro, os jornais seguiram o script de alça-lo à condição de celebridade. O ápice foi uma resenha de O Estado, comparando-o a Carlos Lacerda e um perfil na Veja tratando-o como “o guru do Leblon.
Foi usado e jogado fora,quando não mais necessário.

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A segunda parte do jogo foi a reconstrução do Olimpo midiático com uma nova fauna, que se dispusesse a preencher os requisitos exigidos, de total adesão à estratégia do cartel. Não bastava apenas a crítica contra o governo e o partido adversário. Tinha que se alinhar com o preconceito, a intolerância, expelir ódio por todos os poros, tratar cada pessoa que ousasse pensar diferente como inimigo a ser destruído.

Vários candidatos se apresentaram para atender à nova demanda. De repente, doces produtores musicais, esquecidos no mundo midiático, transformaram-se em colunistas políticos vociferantes e voltaram a ganhar os holofotes da mídia; intelectuais sem peso no seu meio tornaram-se fontes em permanente disponibilidade repetindo os mesmos mantras; humoristas ganharam programas especiais e roqueiros espaço em troca das catilinárias.

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Mas a parte que interessa agora – até para entender a ação que me move o diretor da Globo Ali Kamel – foi o papel desempenhado por diretores de redação com ambições intelectuais.

Com autorização para matar e para criar a nova elite de celebridades midiáticas, ambicionaram não apenas o poder midiático, mas julgaram que eles próprios poderiam cavalgar a onda e se tornarem as estrelas da nova intelectualidade que a mídia pretendia forjar a golpes de machado.

Montou-se um acordo com a editora Record e, de repente, todos se tornaram pensadores e escritores. Cada lançamento recebia cobertura intensiva de todos os veículos do cartel, resenhas na Folha, Globo e Estadão, entrevistas na Globonews e no programa do Jô.

Durante algum tempo, o público testemunhou um dos capítulos mais vexaminosos de auto-louvação, uma troca de elogios e de favores indecente, sem limite, que empurrou a grande mídia brasileira para o provincianismo mais rotundo.

Diretor da Veja, Mário Sabino lançou um romance que mereceu uma crítica louvaminhas na própria Veja, escrita por um seu subordinado e a informação da Record de que o livro estaria sendo recebido de forma consagradora em vários países. O livro de Kamel foi saudado pela revista Época, do mesmo grupo Globo, como um dos dez mais importantes da década.

Coube à blogosfera desmascarar aquele ridículo atroz, denunciando a manipulação da lista dos livros mais vendidos de Veja, por Sabino, para que sua obra prima pudesse entrar (http://migre.me/o8OmT). E revelando total ausência das supostas edições estrangeiras de Sabino na mais afamada livraria virtual, a Amazon.

Na ação que me move, um dos pontos realçados por Kamel foi o fato de ter colocado em meu blog um vídeo com a música “O cordão dos puxa sacos”, para mostrar o que pensava da lista dos livros mais relevantes da década da revista Época.
  
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Graças à democratização trazida pelas redes sociais, os neo-intelectuais não resistiram à exposição de suas fraquezas.

Kamel conformou-se com seu papel de todo-poderoso da Globo, mas de atuação restrita aos bastidores; Sabino desistiu da carreira de candidato ao Nobel de literatura.

Derrotados no campo jornalístico, no mano-a-mano das disputas intelectuais, recorreram ao poder das suas empresas para tentar vencer no tapetão das ações judiciais, tanto Kamel quanto Sabino, Mainardi, Eurípides.

Ao esconder-se nas barras da saia das suas corporações, passaram a ideia clara sobre a dimensão de um homem público, quando despido das armaduras corporativas."

Dez truques para usar melhor o WhatsApp


Com 700 milhões de usuários no mundo, o WhatsApp é o aplicativo de mensagens instantâneas mais popular do mundo.
"Tornou-se comum usar o programa para bater papo com os amigos, enviar recados de voz e, cada vez mais, compartilhar fotos e informações.

Da BBC 

Mas algumas pessoas talvez não saibam que alguns truques podem melhorar esta experiência.
Confira a seguir dez dicas e funções pouco conhecidas do WhatsApp:
1. Evite que saibam que você leu uma mensagem

Em novembro, o WhatsApp lançou uma nova função, em que os sinais de mensagem entregue mudam de verde para azul para indicar que o remetente saiba que o texto foi lido.

Muitos não ficaram satisfeitos com a novidade. Mas há como desabilitá-la.
É mais fácil para quem tem um celular com sistema Android: basta baixar a versão beta do aplicativo e ir em Configurações > Informações da Conta > Privacidade e desmarcar a opção "Confirmação de leitura".
Para iPhone, é um pouco mais complicado.


Primeiro, é preciso desbloquear o sistema do aparelho, um processo conhecido como "jail break", que permite baixar aplicativos que não estão na loja oficial de aplicativos da Apple, a App Store.

Depois, é preciso baixar o aplicativo "WhatsApp receipt disabler by BigBoss", que permite desativar a notificação de leitura.
Bônus: quando esta opção estiver ativada, é possível saber a hora em que o destinatário leu a mensagem, clicando sobre ela e movendo o dedo para a direita.

2. Envie arquivos em outros formatos

WhatsApp é aplicativo de mensagens mais popular do mundo

O WhatsApp só permite enviar arquivos de foto, áudio e vídeo.

Mas, ao usar outros aplicativos, como "Cloud Send" no Android ou "MP3 Music Dowloader" no iPhone, é possível mandar arquivos PDF ou documentos do programa Word.

3. Bloqueie seu WhatsApp

Mesmo que os celulares tenham senha para bloqueá-los, isso não parece ser suficiente para alguns.

Se for o seu caso, use o aplicativo "WhatsApp Lock" para instalar uma senha para acessar o programa.

4. Veja notificações pelo computador

Aplicativos como "Notifyr" no iPhone e "Desktop Notifications" no Android permitem ver as notificações que chegam ao celular por meio do computador.

Normalmente, é preciso instalar o aplicativo no celular e um outro programa, conhecido como extensão, no computador.

5. Instale o WhatsApp em seu tablet com Android

O WhatsApp não permite a instalação em um tablet, mas há uma saída.
No aparelho, é preciso baixar a última versão do WhatsApp, no formato APK, que pode ser encontrada no site do aplicativo para computadores.

Também é necessário baixar o aplicativo SRT AppGuard, que impede que o aparelho seja reconhecido pelo mensageiro como um tablet.

No SRT AppGuard, selecione "WhatsApp" e pressione "Monitor", o que permite a este programa fazer uma revisão do WhatsApp.
Quando isso terminar, desative as funções "read phone status" e "identity under Phone calls".

Depois, ative o WhatsApp usando sua linha de telefone fixa para receber uma chamada com o código de verificação de três números.

6. Evite que saibam quando você usou o programa pela última vez

O WhatsApp exibe abaixo do nome do contato a hora em que ele entrou no aplicativo pela última vez.

Para evitar que isso seja informado, vá em Configurações > Informações da Conta > Privacidade > Visto por último.

Ali haverá três opções: Todos, Meus Contatos, Ninguém.
Escolha a que mais lhe agradar e, assim, tenha um pouco mais de privacidade.

7. Recupere conversas que foram apagadas

Você pode ter apagado uma conversa por acidente. Ou fez isso de propósito e se arrependeu.

Às vezes, o celular guarda a conversa em sua memoria.

Mas, quando o programa é desinstalado e instalado novamente, ele pergunta ao usuário se quer restaurar o histórico de mensagens.

Assim, você pode ter suas conversas perdidas de volta.

8. Evite que fotos e vídeos sejam baixados para o celular automaticamente

Uma das razões pelas quais mais se usa a franquia de dados de um plano é o fato das fotos e vídeos que chegam ao WhatsApp serem baixados pelo programa por conta própria - e muitos destes arquivos você pode nem querer ver,

Para evitar isso, há um forma fácil: Configurações > Opções de Conversa > Download automático de mídia.

Nesta seção, é possível escolher se você quer que fotos e vídeo sejam baixados só quando se estiver conectado a uma rede WiFi, nunca ou sempre.

9. Veja suas estatísticas no WhatsApp

O programa reúne alguns dados curiosos, como o número de mensagens recebidas e enviadas.

Mas isso também pode ser útil: ao zerar as estatísticas, é possível monitorar o uso do programa em determinado período de tempo, algo que pode ajudar a economizar seu pacote de dados.

Para isso, é simples. Vá em: Configurações > Informações da Conta > Uso de rede.

10. Oculte uma imagem sobre outra

Sim, existem aplicativos que permitem mandar duas fotos em uma.
Quando uma imagem chega, ao clicar sobre ela, o destinatário por ver a outra.
"Magiapp" no Android e "FhumbApp" no iPhone permitem fazer isso."

E se a água realmente acabar em São Paulo?

Água deve acabar e colapso acarretará em êxodo urbano em São Paulo, garantem especialistas. Problema ainda não foi tratado com realismo por parte da mídia e das autoridades

sistema cantareira água são paulo
A mais grave crise de abastecimento de água potável no estado de São Paulo e principalmente na Região Metropolitana, ainda não foi tratada com realismo por parte da mídia e das autoridades.
Até agora o que se viu e ouviu sobre o nível dos reservatórios, não retrata a verdadeira “guerra civil” que se aproxima nos meses seguintes, garantem especialistas.
volume sistema cantareira são paulo
Desde o segundo semestre de 2013, a irregularidade de precipitação atrelada ao consumo excessivo, à péssima malha de distribuição de água e a falta de investimento por parte dogoverno levou a uma redução muito drástica do nível dos principais reservatórios que abastecem as regiões de Campinas, Itu e São Paulo.
O maior destaque dado pela mídia, o Sistema Cantareira, que já não possui mais capacidade natural de armazenamento de água, está agonizando com sua segunda reserva técnica sendo retirada e com data para acabar.
nível armazenamento cantareira são paulo
Nesta segunda-feira (05), o nível de armazenamento do conjunto de represas do Cantareira atingiu apenas 7% da capacidade máxima, levando-se em consideração a segunda cota do “volume morto”. Em maio de 2014 foram acrescidos 182,5 bilhões de litros de água da reserva técnica e que já estão acabando.
governo do estado de São Paulo, que expôs ao mundo a falta de gerenciamento para com o bem mais importante que existe para a sobrevivência de qualquer espécie, segue a linha de raciocínio acreditando sempre que dias melhores virão e que a água da chuva voltará a encher os reservatórios e que ao final tudo acabará bem novamente.
A visão é duramente criticada por geólogos, hidrólogos e pesquisadores ligados ao campo hídrico, econômico, ambiental e político.
De acordo com Pedro Côrtes, geólogo e professor de gestão ambiental da Universidade de São Paulo (USP), a situação vivida pela população ao longo do ano de 2014 ainda não foi dramática.
Estamos no começo da crise. O pior ainda não aconteceu”, acrescentou o pesquisador.
O déficit de precipitação de mais de mil milímetros atrelado ao esquecimento no investimento por parte do governo deve gerar ao longo de 2015, marcas jamais vividas na história recente de qualquer cidadão brasileiro, garantem os pesquisadores.
cantareira são paulo 2013 2014
Dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) mostraram que ao longo de 2013, a precipitação acumulada, principalmente entre a Região Metropolitana de São Paulo e o nordeste do estado, na divisa com Minas Gerais, onde estão as seis represas do Sistema Cantareira, oscilou entre 1.300 e 1.500 milímetros. Já em 2014, o acumulado variou em média entre 900 e 1.100 milímetros. Algumas estações não computaram nem 700 milímetros de chuva ao longo de todo o ano.
sistema cantareira são paulo 2001 2002
Cenários largamente mais preocupantes que a crise hídrica e energética (ano de racionamento de energia elétrica e de água potável) adotado pelos governos entre 2001 e 2002, quando choveu de forma bem mais distribuída que agora em 2013 e 2014.
Se somadas as deficiências de precipitação dos últimos cinco anos, a região encontra-se mais de necessária, precisando de ao mínimo, mil milímetros de precipitação.
A cidade de São Paulo, principalmente, deve entrar em colapso total até o final de 2015, onde moradores não terão água para beber, indústrias promoverão a demissão em massa, pela falta de água na produção das mercadorias e a migração de famílias inteiras para outras regiões será única e exclusivamente em função da inexistência de água. Esse é o cenário mais otimista alertado com muita antecedência pelos pesquisadores.
O comércio, a indústria e os moradores residentes em São Paulo, bem como a área metropolitana, sentirão não apenas no bolso, mas no método de sobrevivência, tamanha ingerência política.
Os pesquisadores, que já haviam indicado a possibilidade ainda em 2013, agora cravam a certeza de que teremos um êxodo urbano, ou seja, a população migrando da cidade grande para o interior devido, exclusivamente, à falta de água potável para a sua sobrevivência e também pela demissão em massa e a crise econômica que ela irá alavancar.
A mídia e o governo não mostraram ainda a gravidade que se aproxima com a extinção da água potável dos principais reservatórios, o que não significa que em anos seguintes, o armazenamento não seja recuperado. Cabe a população agilizar suas tarefas e gerir a pouca água que resta. Mesmo que chova o dobro do que foi perdido nos últimos dois anos, as represas demorariam, pelo menos cinco anos, para recompor o que foi perdido.
São Paulo está à beira do colapso, mas como sempre, acreditamos em dias melhores, ou na chuva que cairá. E isso terá um preço muito alto a ser pago por todos.
Não existe milagre, mas sim planejamento. E planejamento é o que menos fizeram nos últimos anos para com a água de São Paulo.
Sugado do: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/01/e-se-a-agua-acabar-em-sao-paulo.html

Uma nova Cruzada na Europa?


Uma nova Cruzada na Europa?
Uma batalha se aproxima pela alma da Europa e a extrema-direita está marchando como se estivesse em 1099. Por isso é necessário resistir chamar de “combatentes” os assassinos de Paris e de “defensores da civilização ocidental” os cartunistas da Charlie Hebdo
Por John Feffer, em Foreign Policy in Focus | Tradução: Vinicius Gomes
Na primeira Cruzada, o caminho de luta contra os infiéis muçulmanos em Jerusalém, os peregrinos armados fizeram entre si uma pergunta provocativa: por que devemos rumar tão longe para matar pessoas que mal conhecemos, quando nós podemos simplesmente massacrar infiéis mais próximos de casa. Então, foi assim que os cruzados do século XI entraram em alguns dos primeiros genocídios na Europa contra os judeus. Esses ataques de fúria antisemitas no coração do continente contavam com a vantagem de ajudar no financiamento da primeira Cruzada, uma vez que os peregrinos se apropriavam da riqueza dos judeus que eles matavam.
A Europa está mais uma vez testemunhando o efeito colateral dos conflitos no Oriente Médio. Extremistas que estão envolvidos em modernas cruzadas na região – ou se frustraram em fazer a jornada ao Iraque e à Síria – fizeram a si mesmos uma pergunta muito similar àquela de suas contrapartes do século XI: por que não matar infiéis que estão logo ali do que um infiel tão distante?
A questão é tão horrenda hoje quanto foi mais de 900 anos atrás – assim como o é sua resposta, como o mundo testemunhou semana passada na redação da revista Charlie Hebdo e do mercado kosher em Paris.
Em ambos os casos, os cruzados acreditam que suas ações eram de importância mundial e histórica. No século XI, foi o papa Urbano II que fez o chamado às armas, transformando sedentários cristãos em predadores globais. Hoje, são tipos como Estado Islâmico e al-Qaeda que estão pedindo que seus seguidores matem os hereges. Mas, assim como os pogroms iniciais, assim como o massacre de 2011 por Anders Breivik na Noruega ou os assassinatos étnicos em série de turcos na Alemanha, por neonazistas entre 2000 e 2007, as recentes atrocidades na França não são nada além de atos criminosos.
Isso não é, em outras palavras, um duelo entre as forças da iluminação e as forças da barbárie. Precisa-se resistir à tentação de conferir o status de combatentes aos assassinos, assim como o status de defensores da civilização ao Charlie Hebdo.
A verdadeira batalha
Essas matanças podem não constituir uma guerra, mas elas apontam um profundo conflito dentro da Europa. Esse conflito não é sobre qual religião é a única e verdadeira religião. É sobre a própria identidade do continente.
No século XI, o que animou os cruzados não foi apenas o status de Jerusálem, mas também o temor de que o islã desembarcasse nas praias da Europa – na realidade, os muçulmanos já tinham um pé firme na península ibérica (Espanha e Portugal). Hoje, um medo semelhante anima os islamofóbicos e os detratores da imigração na Europa. Eles temem que sua velha visão de uma Europa cristã predominantemente branca – com fronteiras claras definindo quem é francês, quem é alemão e que não não pertence à aconchegante cultura da “civilização ocidental” – esteja rapidamente desaparecendo. Eles desaprovam tanto a eliminação das fronteiras internas para maior integração europeia, assim como as transformações demográficas por conta da imigração. Eles lutam desesperadamente para preservar a herança cristã do continente.
Mas a Europa de seus sonhos, considerando que ela alguma vez sequer existiu de verdade, já virou passado. A imigração na Europa não é nada novo, claro, particularmente depois da Segunda Guerra Mundial. As conexões coloniais diversificaram o continente com indonésios indo para a Holanda, argelinos para a França e caribenhos para o Reino Unido. Durante a falta de mão-de-obra nas décadas de 1960 e 70, trabalhadores de fora vindo dos Bálcãs, Turquia e Norte da África choviam em países como Alemanha e Suíça, que possuíam pouca ou nenhuma conexão colonial. Muitos desses trabalhadores voltaram para seus países, mas alguns ficaram, começaram famílias e criaram um multiculturalismo ao pé da letra.
Essas mudanças deram ignição à primeira onda do sentimento anti-imigração. Em 1968, Enoch Powell realizou seu discurso infame sobre “rios de sangue” aos conservadores britânicos, onde ele previu um futuro de violência por conta do fluxo de imigrantes vindos das antigas colônias. A Frente Nacional começou a mobilizar esse sentimento na França no começo da década de 1970, assim como o xenofóbico Partido Republicano na Alemanha, em 1983. Apesar de os “rios de sangue” de Powell não terem vingado, a semente de anti-imigração na política europeia foi crescendo cada vez mais virulenta e a Europa continuou a mudar. As guerras na era pós-Guerra Fria – na Bósnia, Kosovo, Norte da África e no Oriente Médio – levaram para dentro do continente refugiados e migrantes, assim como as perspectivas de uma Europa unificada atraíram pessoas do mundo inteiro.
As mudanças demográficas na Europa na última década têm sido dramáticas: de acordo com o censo populacional da ONU, entre 2005 e 2013, a população imigrante na Suíça saltou de 22,9% para 28,9%; na Espanha foi de 10,7% para 13,8%; na Itália, 4,2% para 9,8%; na Suécia, 12,3% para 15,9%; na Dinamarca, 7,2% para 9,9%; na Finlândia, 2,9% para 5,4%; e no Reino Unido, de 8,9% para 12,4%.
Tais aumentos tão rápidos e em tão curtos períodos de tempo criaram uma ansiedade em populações que não consideram que seus países sejam “sociedades imigrantes”, como Estados Unidos ou Austrália.
Uma islamofobia de conveniência
No interior da Alemanha, a organização Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente (Pediga, sigla em alemão) provou-se ser enormemente popular e um constrangimento para os políticos alemães no alto escalão.
Essa semana, os organizadores do Pegida realizaram uma marcha em Dresden, na esteira das mortes em Paris, e atraíram 25 mil pessoas apesar dos pedidos da chanceler alemã Angela Merkel e outras figuras políticas para que as pessoas ficassem em casa. Apesar de uma contra-demonstração contra o Pegida, também em Dresden, ter atraído 35 mil pessoas, a organização xenofóbica está ganhando força com mais marchas planejadas em outras cidades da Alemanha e até mesmo em outros países.
Sem surpresa alguma, dada sua mensagem anti-imigração e anti-muçulmana, o grupo atraiu um grupo hardcore de extremistas associados a clubes de futebol e gangues de motoqueiros, mas não se engane: o sentimento anti-imigração e islamofóbico é muito popular até mesmo entre os elementos pretensamente respeitáveis na Alemanha.
Na Inglaterra, enquanto isso, o fervor anti-imigração catapultou o Partido da Independência do Reino Unido (Ukip, sigla em inglês) para o terceiro lugar nas últimas eleições. Na esteira das tragédias na França, o líder da sigla, Nigel Farage, falou de uma “quinta coluna” dentro dos países europeus “que tem nossos passaportes, [mas] nos odeiam” – um sentimento que aumentou e muito sua popularidade. Obviamente, Farage é sempre justo em sua xenofobia: no ano passado, quando novas regulações trabalhistas foram aprovadas, dando o direito aos cidadãos da Romênia de trabalhar em qualquer lugar na União Europeia, ele disse que “qualquer pessoa normal e razoável teria perfeitamente o direito de ficar preocupado se um grupo de romenos se mudar para a casa ao lado”.
Mas a organização que melhor se posicionou para surfar na onda islamofóbica que está engolindo a França é a Frente Nacional.
Antes dos recentes assassinatos em Paris, Marine Le Pen já liderava algumas pesquisas para as eleições presidenciais em 2017, e seu partido estava no topo das intenções de votos para eleições locais, agora em março. Le Pen clamou por uma reinstituição de controle de fronteiras e da pena de morte, o que faria a França destoar do resto da Europa. Ela é o rosto do novo extremismo: suficientemente liberal em alguns tópicos (divorciada, pró-aborto), mas tão agressivamente intolerante quanto seus predecessores, como método para encantar sua base.
A islamofobia desses movimentos de extrema-direita é, por muitos motivos, acidental. Eles trafegam em um sentimento anti-islâmico porque é popular e mais palatável do que, por exemplo, o racismo e a xenofobia. É temporada de caça e intolerância aos muçulmanos, porém, essa islamofobia é apenas a ponta da lança – o verdadeiro desejo da extrema-direita é manter fora da Europa todo e qualquer tipo de imigrante.
Evitando os rios de sangue
A primeira Cruzada “libertou” Jerusalém em 1099 em um grande banho de sangue, com os cruzados trucidando tanto muçulmanos quanto judeus, na cidade sagrada. Foi a primeira de meia dúzia de cruzadas que atravessou a Europa e os próximos dois séculos. As vítimas dos últimos cruzados incluíram pagãos, cristãos ortodoxos, hereges albigenses e, até mesmo, durante a quarta Cruzada, a população católica de Zara, onde hoje é a Croácia.
O ciclo de violência iniciada pelo chamado religioso às armas do papa Urbano II ceifou vidas de todos os credos e produziu também grande parte da violência de europeus contra europeus. Extremistas de todos os lados adorariam ver o retorno das Cruzadas. O Estado Islâmico e fragmentos da al-Qaeda gostariam de ver rios de sangue nas ruas da Europa, e a extrema-direita acredita que uma guerra ampla e sem fim contra um inimigo como esse é um caminho para o poder político – uma vez no poder, eles irão ter o seu próprio 11 de Setembro para assim acabar com a integração europeia, levantar um enorme muro ao redor do continente e começar as deportações.
Esqueça essa falsa propaganda de Ocidente versus Islamismo. Isso é historicamente e conceitualmente incorreto. Os dois estão basicamente do mesmo lado contra os crimes do radicalismo. A verdadeira batalha é pela alma da Europa e a extrema-direita está marchando como se estivesse em 1099.
Foto de Capa: Foreign Policy in Focus
da: http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/01/uma-nova-cruzada-na-europa/

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Porquê novaiorquino toma água da torneira?: eles nunca tiveram um governo tucano

O PSDB e sua obra-prima de gestão: o racionamento em SP

'Estamos fechando a torneira porque em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água', admitiu presidente da Sabesp. Esse é o legado do choque de gestão?

Saul Leblon
Arquivo
Após um ano de dissimulações, o PSDB oficializou o racionamento de água em SP nesta 4ª feira.
O novo presidente da Sabesp , Jerson Kelman, em entrevista ao SPTV, da Globo, anunciou um corte  drástico no fornecimento, que caiu de 16 mil litros/s na 3ª feira, para 13 mil l/s a partir de agora.
O racionamento anunciado  oficializa uma realidade que já atinge mais de seis milhões de habitantes, cujo abastecimento declina há um ano acumulando um corte de 60% no fornecimento padrão da Sabesp às suas torneiras (de 33 mil l/s para 13 mil l/s).
E isso é só o começo.
'Estamos fechando a torneira porque em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água', admitiu presidente da Sabesp na entrevista.
Nada como um copo após o outro.
Na reta final da campanha presidencial de 2014, quando o então diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, advertiu na Assembleia Legislativa de São Paulo, que o abastecimento da cidade estava, literalmente, por um fio de água, foi chamado de ‘bandido’ pelo grão tucano, vereador Andrea Matarazzo.
Ele disse aquilo que o PSDB se recusava a admitir: restavam apenas 200 bilhões de litros do volume morto do sistema Cantareira, que provê boa parte da água consumida na cidade.
O pior de tudo: a derradeira reserva de água da cidade encontra-se disponível na forma de lodo.
E será com isso que a sede paulistana terá que ser mitigada caso não chova o suficiente no próximo verão.
Como de fato não tem chovido nos mananciais, nem há expectativa séria de que isso ocorra até o final da estação das águas, dá-se  o que o novo presidente da Sabesp finalmente admitiu: ‘em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água'
Corta e volta para a campanha eleitoral de Aécio Neves em 2014.
O estandarte da eficiência tucana é martelado diuturnamente como um tridente contra aquilo que se acusa de obras e planos nunca realizados por culpa da (Aécio enchia a boca para escandir as sílabas) ‘má go-ver-nan-ça’.
Corta de volta para o presente com o foco na contagem regressiva anunciada por Jerson Kelman.
Vamos falar um pouco de governança?
Atribuir tudo à  ingratidão a São Pedro é um pedaço da verdade.
Num sugestivo contorcionismo eleitoral, Aécio negou a esse pedaço da verdade a explicação para a alta nos preços dos alimentos afetados pela seca.
Ou isso ou aquilo?
Estocar comida, que não grãos, caso do vilão tomate, por exemplo, está longe de ser uma opção exequível em larga escala no enfrentamento de uma seca. Mas estocar água e planejar dutos interligados a mananciais alternativos, calculados para enfrentar situações limite, mesmo que de ocorrência secular, é uma obrigação primária de quem tem a responsabilidade pelo suprimento de grandes concentrações urbanas.
A Sabesp sob o comando do PSDB detém essa responsabilidade há 20 anos em São Paulo.
Omitiu-se, com as consequências previsíveis que agora assombram o horizonte de milhões de moradores da Grande São Paulo.
Carta Maior lembrou no período eleitoral --enquanto Geraldo Alckmin fazia expressão corporal de seriedade, que Nova Iorque e o seu entorno, com uma população bem inferior a de São Paulo (nove milhões de habitantes), nunca parou de redimensionar a rede de abastecimento da metrópole  movida por uma regra básica de gestão na área: expansão acima e à frente do crescimento populacional.
Tubulações estendidas desde as montanhas de Catskill, mencionou-se então, situadas a cerca de 200 kms e 1200 m de altitude oferecem ao novaiorquino água pura, dispensada de tratamento e potável direto da torneira.
Terras e mananciais distantes são periodicamente adquiridos pelos poderes públicos de NY  para garantir a qualidade e novas fontes de reforço da oferta.
O sistema de abastecimento da cidade reúne três grandes reservatórios que captam bacias hidrográficas preservadas em uma área de quase 2.000 km2.
A adutora original foi inaugurada em 1890; em 1916 começou a funcionar outro ramal a leste da cidade; em 1945 foi concluída a obra de captação a oeste, que garante 50% do consumo atual.
Mesmo com folga na oferta e a excelente qualidade oferecida, um novo braço de 97 kms de extensão está sendo construído há 20 anos.
Para reforçar o abastecimento e prevenir colapsos em áreas de expansão prevista da metrópole.
Em 1993 foi concluída a primeira fase desse novo plano.
Em 1998 mais um trecho ficou pronto.
Em 2020, entra em operação um terceiro ramal em obras desde o final dos anos 90. Seu objetivo é dar maior pressão ao conjunto do sistema e servir como opção aos ramais de Delaware e Catskill, que estão longe de secar.
Uma quarta galeria percorrerá mais 14 kms para se superpor ao abastecimento atual do Bronx e Queens.
Tudo isso destoa de forma superlativa da esférica omissão registrada em duas décadas ininterruptas de gestão do PSDB no Estado de São Paulo, objeto de crítica até de um relatório da ONU, contestado exclamativamente pelo governador reeleito, Geraldo Alckmin.
Se em vez do mantra do choque de gestão, os sucessivos governos de Covas, Ackmin, Serra e Alckmin tivessem reconhecido o papel do planejamento público, São Paulo hoje não estaria na iminência de beber lodo.
Ou nem isso ter  para matar a sede.
Pergunta aos sábios tucanos: caiu a ficha?
Sim, admitia-se então, o Brasil todo desidrata sob o maçarico de um evento climático extremo. Mas desde os alertas ambientais dos anos 90 (a Rio 92, como indica o nome, aconteceu no Brasil há 22 anos) essa é uma probabilidade que deveria estar no monitor estratégico de governantes esclarecidos.
Definitivamente não se inclui nessa categoria o tucanato brasileiro que em 2001 já havia propiciado ao país um apagão de energia elétrica pela falta de obras e a renúncia deliberada ao planejamento público.
Os mercados cuidariam disso com mais eficiência e menor preço –ou não era isso que se falava e se volta a ouvir agora sobre todos os impasses do desenvolvimento brasileiro?
Ademais de imprevidente, o PSDB desta vez mostrou-se mefistofelicamente oportunista na mitigação dos seus próprios erros.
Ou seja, preferiu comprometer o abastecimento futuro de milhões de pessoas, a adotar um racionamento que colocaria em risco o seu quinto mandato em São Paulo.
Não conseguiria concluir a travessa sem a cumplicidade da mídia conservadora que, mais uma vez, dispensou a um descalabro tucano uma cobertura sóbria o suficiente para fingir isenção, sem colocar em risco o continuísmo no estado.
É o roteiro pronto de um filme de Costa Gavras: as interações entre o poder, a mídia, o alarme ambiental e o colapso de um serviço essencial, que deixa  uma das maiores manchas urbanas do planeta no rumo de uma seca épica.
O PSDB que hoje simula chiliques com o que acusa de ‘uso político da água’, preferiu ao longo das últimas duas décadas privatizar a Sabesp, vender suas ações nas bolsas dos EUA e priorizar o pagamento de dividendos a investir em novos mananciais.
Há nesse episódio referencial um outro subtexto para o filme de Costa Gavras: a captura dos serviços essenciais pela lógica do capital financeiro.
Enquanto coloca em risco o abastecimento de 20 milhões de pessoas, revelando-se uma ameaça à população, a Sabesp foi eleita uma das empresas de maior retorno dos acionistas. Como em um sistema hidráulico, o dinheiro que deveria financiar a expansão do abastecimento, vazou no ralo da captura financeira.
As chances de uma chuva redentora que evite o indigesto desfecho são  cada vez mais improváveis, como reconhece agora  --algo tardiamente-- o novo presidente da Sabesp, lançado às feras como uma espécie de boi de piranha do PSDB
Mesmo que a pluviometria do verão fique em 70% da média para a estação, o sistema Cantareira --segundo os cálculos da ANA-- ingressará agora no segundo trimestre com praticamente 5% de estoque (hoje está com 3,2%).
Ou seja chegará no início da estação seca de 2015 com a metade da reserva que dispunha em abril deste ano; e muito perto da marca desesperadora vivida agora, na antessala das chuvas de verão.
A seca que espreita as goelas paulistanas não pode ser vista como uma fatalidade.
Dois anos é o tempo médio calculado pelos especialistas para a realização de obras que poderiam tirar São Paulo da lógica do lodo.
Portanto, se ao longo dos 20 anos de reinado tucano em São Paulo, o PSDB de FH e Aécio Neves, tivesse dedicado 10% do tempo a planejar a provisão de água, nada disso estaria acontecendo.
Deu-se o oposto.
De 1980 para cá, a população de São Paulo mais que dobrou. A oferta se manteve a mesma com avanços pontuais.
O choque de gestão tucano preferiu se concentrar em mananciais de maior liquidez, digamos assim.
Entre eles, compartilhar os frutos das licitações do metrô de SP com fornecedores de trens e equipamentos. A lambança comprovada e documentada sugestivamente pela polícia suíça, até agora não gerou nenhum abate de monta no poleiro dos bicos longos.
‘Todos soltos’, como diz a presidenta Dilma.
Lubrificada pelo jeito tucano de licitar, a rede metroviária de São Paulo, embora imune a desequilíbrios climáticos, de certa forma padece da mesma incúria que hoje ameaça as caixas d’agua dos paulistanos.
Avulta daí um método –e não é da lavra de São Pedro.
O salvacionismo tucano em São Paulo não conseguiu fazer mais que 1,9 km de metrô em média por ano, reunindo assim uma rede inferior a 80 kms, a menor entre as grandes capitais do mundo.
A da cidade do México, por exemplo, que começou a ser construída junto com a de São Paulo, tem 210 kms.
O planejamento público que a ortodoxia abomina, ao lado do mercado interno de massa que seus colunistas desdenham, representam, na verdade, as duas grandes turbinas capazes de afrontar o contágio da estagnação mundial no Brasil.
Não deixa de ser potencialmente devastador para quem acusa agora o PT de jogar o país num abismo de má gestão só ter a oferecer à população de SP a seguinte progressão: racionamento drástico imediato, seguido de seca de consequências imponderáveis navida de uma das maiores manchas urbanas do mundo.
É essa a perspectiva de um serviço essencial na capital do estado onde o festejado choque de gestão está no poder há 20 anos.
Ininterruptos.
O legado recomenda uma recidiva da receita para todo o Brasil, como exigem os centuriões do mercado e alguns cristãos novos petistas?
A ver.