dalton rosado
O CAPITAL É GENOCIDA
Brado libertário do povo estadunidense |
A média de óbitos tem sido superior a mil por dia e as contaminações já excedem 800 mil, enquanto o total mundial está acima de 400 mil mortos e 700 milhões de infectados.
Agora a pandemia começa a alastrar-se com mais velocidade nos países pobres e populosos, principalmente nas cidades do interior e áreas rurais.
Enquanto isto, o mundo capitalista se vê aturdido com o déficit somado do PIB dos 20 países economicamente mais expressivos, no 1º trimestre deste ano tenebroso de 2020: queda de 3,4%, mais do que o dobro do pior momento da crise do subprime em 2009. E a tendência é de piora no 2º trimestre, quando o isolamento social se intensificou nessas nações que compõem o G-20.
Embora o quadro seja dos mais alarmantes, ao invés de a sociedade unir-se no isolamento profilático, lança-se desesperadamente à flexibilização da quarentena, pois os poderosos da economia pressionam os governantes a fazer-nos enfrentar os riscos de contaminação e falecimento, como alternativa à nossa morte por inanição. Ou seja, só nos restaria a escolha de como preferimos morrer.
Essa coisa se parece muito com a questão do trânsito urbano caótico e poluente, mas que atende a muitos interesses econômicos em detrimento da comunidade.
É claro que um transporte público eficiente e movido a energia limpa (tecnologia para tanto não falta) resolveria tanto o problema da rapidez de locomoção quanto da necessidade de reduzirmos a emissão dos poluentes causadores do efeito-estufa e, portanto, do aquecimento global.
Mas o interesse da indústria de pneus e peças sobressalentes; de postos de gasolina e da Petrobrás; da indústria automotiva, principalmente; e dos segmentos que oscilam na órbita desses aí não permite uma abordagem racional dessa questão.
O capital não é apenas genocida, mas irracional. E isto vale tanto para o capital financeiro quanto para o agrícola, o industrial e o de serviços.
A pandemia nos está fazendo descobrir que muitas das nossas atividades anteriores a ela podem hoje ser resolvidas com o uso de comunicação eletrônica. Esse é um ensinamento que não vai esquecido nem retrocederá substancialmente.
Tenho como hobby compor músicas. Por meio delas, posso transmitir muitas mensagens (diretas ou subliminares) de uma forma que facilita a absorção por parte de meus públicos-alvo.
Como estou recluso em minha casa há cerca de três meses por, como idoso, pertencer a um grupo de risco, idoso, acabei descobrindo que posso enviar de minha casa as músicas gravadas no celular e que os músicos podem gravá-las da mesma forma, com tudo sendo condensado no estúdio musical sem que ninguém precise sair à rua. Tudo mais econômico e até mais ágil.
Igualmente, os serviços advocatícios e até as audiências puderam ser realizadas eletronicamente, aí incluída a consulta de processos (os quais agora estão digitalizados, eliminando o uso de papel que deriva da celulose obtida pelo desmatamento antiecológico. Economia de tempo, madeira, gasolina e sola de sapato.
Estes são alguns dos exemplos pessoais que a crise do isolamento social nos está a ensinar. Em muitas outras atividades (incluindo-se a computação eletrônica que racionaliza procedimentos e a robotização industrial que pode produzir ininterruptamente) podemos, a partir dessas lições comportamentais, tornar mais cômoda a vida social.
Para tanto, contudo, precisamos adaptar o modo de mediação social às exigências da realidade do saber adquirido pela humanidade. Sem isso, as coisas vão é piorar.
É que as relações sociais sob a forma-valor (que não é algo ontológico, imprescindível, mas apenas um modo de ser social negativo e que se tornou obsoleto) nos impõem a aceitação passiva de irracionalidades comportamentais que, de tão repetidas, agora nos parecem normais.
A crise sanitária desmascara a pretensa boa fé dos governantes e do capital industrial, do agronegócio e do comércio, que querem flexibilizar o isolamento sanitário a despeito dos números alarmantes, contrariando os mais elementares raciocínios lógicos, científicos e humanitários.
É que eles estão presos à camisa de força da lógica de relação social em nome da qual ocupam seus cargos e que sempre foi escravista, embora inicialmente parecesse ser libertadora em face da escravidão direta, na qual os seres humanos eram propriedade ou servos de outrem.
A guerra da secessão nos Estados Unidos, que, como sabemos se deu pelo conflito separatista dos anti-abolicionistas do sul daquele país em confronto com o capital mercantil do norte industrializado no início da segunda metade do século 19, é um bom exemplo disso: na verdade, não aboliu a segregação social dos afrodescendentes, tendo apenas modificado o jeito de oprimi-los.
Acresça-se a isto a segregação social que ali é praticada também contra indígenas e latinos fugidos da miséria nos seus países de origem, conjuminada com a crise sanitária que provocou desemprego em larga escala sem garantias sociais para os demitidos, e estarão dados os motivos pelos quais o país se levantou em uníssono exigindo justiça.
Infelizmente, faltou um questionamento da essência da base constitutiva das relações sociais negativas estabelecidas.
A democracia burguesa, representada pela política que lhe dá sustentação, faz água por todos os lados e demonstra quão cínicos são os argumentos apresentados pelos representantes do povo como justificativas para seus atos.
O capital exige do governo a emissão de moeda sem lastro como forma de manutenção minimamente sustentável das relações de produção e comércio de mercadorias; mas, ciente de que tal emissão é insustentável já no médio prazo, posiciona-se pela flexibilização do isolamento a qualquer custo.
Temos um parlamento cujos representantes eleitos são pelo capital e pelo coronelismo político dos currais eleitorais a que continua submetida a população dependente na periferia das cidades e nos grotões do Brasil profundo.
Vemos políticos tirarem a máscara de caráter usada nas campanhas eleitorais e justificarem o injustificável, ou seja, a prática à luz dos holofotes do mais absoluto totalitarismo governamental, em a aliança com a escória mais abjeta da representação política.
Diante de tamanha (des)ordem institucional, fica a falsa dicotomia de que o contrário disso seria a ditadura militar, daí a conveniência de aceitarmos o ruim para evitarmos o pior. Devemos desmascarar tal camisa de força.
Ora bolas, como é que, num quadro dantesco como esse, poderemos introduzir soluções racionais de abastecimento, de modo a que seja mantido o isolamento social e evitado o morticínio de alguns milhões de seres humanos em todo o planeta?
O capital é genocida, irracional e embota a capacidade social de pensar fora da caixa. É graças a isso que os governantes promovem a flexibilização do isolamento mesmo ao preço de vidas.
Um dia a história haverá de reconhecê-los como criminosos, tanto quanto Hitler e Stalin, que foram por algum tempo tidos como salvadores de suas pátrias. (por Dalton Rosado)
Como estou recluso em minha casa há cerca de três meses por, como idoso, pertencer a um grupo de risco, idoso, acabei descobrindo que posso enviar de minha casa as músicas gravadas no celular e que os músicos podem gravá-las da mesma forma, com tudo sendo condensado no estúdio musical sem que ninguém precise sair à rua. Tudo mais econômico e até mais ágil.
Igualmente, os serviços advocatícios e até as audiências puderam ser realizadas eletronicamente, aí incluída a consulta de processos (os quais agora estão digitalizados, eliminando o uso de papel que deriva da celulose obtida pelo desmatamento antiecológico. Economia de tempo, madeira, gasolina e sola de sapato.
Estes são alguns dos exemplos pessoais que a crise do isolamento social nos está a ensinar. Em muitas outras atividades (incluindo-se a computação eletrônica que racionaliza procedimentos e a robotização industrial que pode produzir ininterruptamente) podemos, a partir dessas lições comportamentais, tornar mais cômoda a vida social.
Para tanto, contudo, precisamos adaptar o modo de mediação social às exigências da realidade do saber adquirido pela humanidade. Sem isso, as coisas vão é piorar.
É que as relações sociais sob a forma-valor (que não é algo ontológico, imprescindível, mas apenas um modo de ser social negativo e que se tornou obsoleto) nos impõem a aceitação passiva de irracionalidades comportamentais que, de tão repetidas, agora nos parecem normais.
A crise sanitária desmascara a pretensa boa fé dos governantes e do capital industrial, do agronegócio e do comércio, que querem flexibilizar o isolamento sanitário a despeito dos números alarmantes, contrariando os mais elementares raciocínios lógicos, científicos e humanitários.
É que eles estão presos à camisa de força da lógica de relação social em nome da qual ocupam seus cargos e que sempre foi escravista, embora inicialmente parecesse ser libertadora em face da escravidão direta, na qual os seres humanos eram propriedade ou servos de outrem.
A guerra da secessão nos Estados Unidos, que, como sabemos se deu pelo conflito separatista dos anti-abolicionistas do sul daquele país em confronto com o capital mercantil do norte industrializado no início da segunda metade do século 19, é um bom exemplo disso: na verdade, não aboliu a segregação social dos afrodescendentes, tendo apenas modificado o jeito de oprimi-los.
Acresça-se a isto a segregação social que ali é praticada também contra indígenas e latinos fugidos da miséria nos seus países de origem, conjuminada com a crise sanitária que provocou desemprego em larga escala sem garantias sociais para os demitidos, e estarão dados os motivos pelos quais o país se levantou em uníssono exigindo justiça.
Infelizmente, faltou um questionamento da essência da base constitutiva das relações sociais negativas estabelecidas.
A democracia burguesa, representada pela política que lhe dá sustentação, faz água por todos os lados e demonstra quão cínicos são os argumentos apresentados pelos representantes do povo como justificativas para seus atos.
O capital exige do governo a emissão de moeda sem lastro como forma de manutenção minimamente sustentável das relações de produção e comércio de mercadorias; mas, ciente de que tal emissão é insustentável já no médio prazo, posiciona-se pela flexibilização do isolamento a qualquer custo.
Temos um parlamento cujos representantes eleitos são pelo capital e pelo coronelismo político dos currais eleitorais a que continua submetida a população dependente na periferia das cidades e nos grotões do Brasil profundo.
Vemos políticos tirarem a máscara de caráter usada nas campanhas eleitorais e justificarem o injustificável, ou seja, a prática à luz dos holofotes do mais absoluto totalitarismo governamental, em a aliança com a escória mais abjeta da representação política.
Diante de tamanha (des)ordem institucional, fica a falsa dicotomia de que o contrário disso seria a ditadura militar, daí a conveniência de aceitarmos o ruim para evitarmos o pior. Devemos desmascarar tal camisa de força.
Ora bolas, como é que, num quadro dantesco como esse, poderemos introduzir soluções racionais de abastecimento, de modo a que seja mantido o isolamento social e evitado o morticínio de alguns milhões de seres humanos em todo o planeta?
O capital é genocida, irracional e embota a capacidade social de pensar fora da caixa. É graças a isso que os governantes promovem a flexibilização do isolamento mesmo ao preço de vidas.
Um dia a história haverá de reconhecê-los como criminosos, tanto quanto Hitler e Stalin, que foram por algum tempo tidos como salvadores de suas pátrias. (por Dalton Rosado)