sexta-feira, 24 de abril de 2015

Is Corinthians dead? Por Scott Moore


Um jogo sem valor para o Corinthians
Scott Moore, DCM

"Ladies & Gentlemen:

O que está acontecendo com o Corinthians?, me pergunta, aflito, Boss.

Em meia semana perder do Palmeiras e do São Paulo é coisa demais, diz ele.
Pois respondo: não está acontecendo nada.

O Corinthians perdeu para o Palmeiras apenas por estar dando mais atenção para a Libertadores do que para o Paulista.

E perdeu para o São Paulo porque já estava classificado para as quartas de final da Libertadores e o São Paulo jogava sua vida, e no seu estádio.

Eram motivations bem diferentes. Não bastasse isso, Sheike cometeu uma estupidez que logo de saída deixou o Almighty com um a menos.

Pensei que tinha sido a coisa mais imbecil que vi em muito tempo no futebol o toque que Sheike deu num zagueiro para derrubá-lo.

Mas depois Fab Louis me desmentiu. Diante de todas as câmaras de uma partida decisiva de Libertadores, ele quis enganar o juiz. Fingiu que o atacante corintiano deu uma cotovelada em seu rosto.

Aqui em Londres, nos sites de futebol, a imagem da farsa de Fab Louis foi amplamente veiculada e discutida.

“A pior encenação da história do futebol”, afirmou um desses sites.

Como escreveu Churchill, a esperteza, quando é demais, morde o esperto.

Não que Fab Louis tenha sido esperto no lance, mas o fato é que ele saiu do lance com um cartão vermelho, o que leva a crer que existe um mínimo de justiça no futebol sul-americano.

Menos justa, para não dizer absurda, foi a expulsão, no mesmo lance, da vítima da mentira de Fab Louis.

Ele apenas tirou o braço de Fab Louis de seu cangote, e recebeu um cartão vermelho como se, de fato, tivesse dado uma pancada no rival.

Quanto ao Timão, disse a Boss que, por mais estranho que pareça, os dois últimos jogos não valiam nada.

O que vale é o que vem pela frente.

Tenho para mim que, contra os paraguaios na próxima etapa da Libertadores, veremos outra vez aquele Corinthians que vinha encantando mesmo torcedores do São Paulo, do Palmeiras e do Fish.

É um time que parece jogar melhor sob pressão. E nos jogos desta semana, estava relaxado como um monge tibetano.

Sincerely.

Scott Moore

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

Os cinco paises com mais vulcões ativos


Chile tem ao menos 95 vulcões em atividade, segundo especialistas da área
"Após ficar quatro décadas adormecido, o vulcão Calbuco, no sul do Chile, entrou em erupção de forma inesperada.
Da BBC 
A coluna de cinzas expelidas obrigou as autoridades a declarar alerta vermelho e retirar mais de quatro mil pessoas da região.

Mas apesar da erupção ter sido descrita como inesperada, ela não é totalmente surpreendente, se levarmos em conta que o Chile é um dos países com mais vulcões ativos.

Especialistas ouvidos pela BBC Mundo afirmaram que devido a fatores relacionados a erupções – como sua intensidade e a proximidade de áreas povoadas – é impossível elaborar uma lista dos vulcões mais perigosos.
Eles reuniram numa lista os cinco países com mais vulcões ativos:

Chile

Calcula-se que o Chile tenha 95 vulcões em atividade. Atualmente, os mais ativos estão em Villarica, no sul, cuja erupção mais recente ocorreu em março deste ano. O Copahue fica na fronteira com a província de Neuquén, na Argentina, e continua lançando gases e cinzas ocasionalmente.

Outros vulcões também entraram em atividade recentemente, como por exemplo, o Puyehue-cordón del Caulle, que teve uma grande erupção em 2011, e o Chaitén, que se tornou ativo em 2008.

Segundo a vulcanóloga Amy Donovan, da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, também é importante mencionar o vulcão Láscar, no deserto do Atacama, no norte do país – que iniciou uma nova etapa de erupções em 2006.
Toda essa atividade, segundo Donovan, fez com que os organismos de vigilância aumentassem o monitoramento dos vulcões nos últimos anos.

Indonésia

Calcula-se que a Indonésia tenha 120 vulcões ativos, entre eles o monte Merapi
Especialistas dizem que há 120 vulcões ativos na Indonésia. O monte Merapi, a 400 quilômetros da capital Jacarta, um dos mais ativos, é monitorado de perto.

O monte Sinabung, no norte de Sumatra, por exemplo, registrou uma erupção no início de abril.

Na Indonésia também ocorreu uma das maiores erupções vulcânicas já registradas: a do vulcão Tambora, ocorrida em 1815. As cinzas lançadas alcançaram uma altura de 30 quilômetros e chegaram a afetar plantações na Europa.

Estados Unidos

Cerca de 130 vulcões ativos seriam monitorados constantemente por autoridades americanas.

Mas a decisão de monitorar ou não um vulcão, segundo Donovan, é um tema difícil.

"Financiar o monitoramento de um vulcão, em qualquer país, pode ser uma decisão controversa", disse ela. "Isso porque as erupções são muito raras. Você pode monitorar um vulcão por milhares de anos sem ver uma erupção".

No Havaí, nos Estados Unidos, fica o vulcão Kilauea, o mais ativo do arquipélago e um dos mais ativos do mundo – que está "vibrando" desde 1993.
Os Estados Unidos também abrigam o Monte Santa Helena, no Estado de Washington, famoso por sua devastadora erupção em 1980 que deixou 57 mortos.

Japão

Especialistas dizem que o monte Fuji, no Japão, pode entrar em atividade em um tempo relativamente curto
O Japão é lugar de um grande número de vulcões ativos. Segundo afirmou Bill McGuire, professor emérito de Geofísica e Perigos Climáticos da University College de Londres, o país tem 66 vulcões.

"Entre eles se inclui o monte Fugi, que pode entrar em erupção em um tempo relativamente curto".

O Sakurajima é outro vulcão ativo, localizado na região de Kagoshima, no sul da ilha de Kyushu. Devido à sua atividade, as autoridades alertaram para que as pessoas se mantenham distantes dele.

Outro vulcão é o monte Ontake. Segundo mais alto do país, na região central, ele entrou em erupção em setembro de 2014, deixando mais de 30 mortos e dezenas de feridos.

Rússia

Na Rússia, a maioria dos vulcões ativos estão concentrados na península de Kamtchatka, na Sibéria, na rerião mais oriental do país.
Um dos maiores e mais ativos é o Shiveluch, conhecido pela violência de suas erupções.

Outros é o Plosky Tolbachik, que depois de ficar adormecido desde 1976, entrou repentinamente em atividade em 2012.


Apesar de listarem esses cinco países, os especialistas afirmam que devido à falta de investigações sobre a história de muitos vulcões, é muito difícil saber quantos estão ativos.

Isso também faz com que listas elaboradas por diversas organizações sejam por vezes incompletas – o que ocasiona também divergências em cifras.

Os especialistas também dizem que apesar de não figurarem na lista, Filipinas e México também tem grande quantidade de vulcões ativos."


MANTRA POLÍTICO



Você chega em casa a ponto de desmaiar
Toma um banho e põe o pijama
Come alguma coisa, senta no sofá
E busca na TV algum programa
Não importa qual seja o canal
O noticiário é sempre igual
E você acha tudo muito chato
Percebe que todos os âncoras 
Ficam repetindo o mesmo mantra:
Lava-jato, lava-jato, lava-jato.

Do aécioporto falam só um pouquinho
Da lista de Furnas nem com reza brava
E pelo risco de envolver os Marinho
Da operação Zelotes não falam nada
Para eles não existe Trensalão
E a lista do HSBC não
Deve sair da gaveta 
E sobre o helicóptero de coca
Dizem que tudo foi obra 
De seres de outro planeta.

Então você diz: Eles devem pensar 
Que eu sou um tremendo bobão
Porque tentam me fazer acreditar 
Que só no PT tem ladrão!
E no transcorrer dos telejornais
Eles seguem encobrindo os monumentais
Roubos que envolvem o PSDB
Aí você por não ser marionete
Vai navegar na internet
E finalmente desliga a TV.

http://diogenesbrandao.blogspot.com.br/2015/04/mantra-politico.html

O ódio que nos une

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Nada como um inimigo comum para fazer desaparecer diferenças políticas, religiosas, sociais e até futebolísticas. Se existe algo que demonstra enorme capacidade de unir pessoas é o ódio. Em pequenos ou grandes grupos, homens e mulheres se juntam para celebrar o ódio aos gays, aos negros, aos judeus, aos muçulmanos, aos presos, aos drogados, aos corruptos, aos petralhas ou tucanalhas.
Eis que agora reaparece um antigo inimigo comum, novamente indesejável da hora: o adolescente infrator. E as agendas da política e da grande mídia voltam à carga com a velha e cansada proposta de redução da maioridade penal para 16 anos. Os adolescentes envolvidos em alguma prática criminosa são apresentados, pela enésima vez, como os novos inimigos.
O número da proposta de emenda constitucional que trata do tema é sugestivo: 171. Mesmo número do artigo do Código Penal relativo ao estelionato, crime praticado mediante fraude contra vítimas que muitas vezes sucumbem ao afã de levar vantagem em algum negócio, mas que acabam mesmo é caindo no conto do vigário e ficando apenas com o prejuízo.
Estamos diante de uma clara tentativa de estelionato. A população mais pobre, eterna massa de manobra e a mesma massa de onde vêm os prisioneiros de todos os cárceres Brasil afora, é agora levada a acreditar que a redução da maioridade penal seja capaz de trazer segurança pública. Proposta enganosa, tal que a reincidência no sistema prisional é enorme. Proposta que, na prática, está fadada a produzir ainda mais violência. Violência que se voltará exatamente contra os pobres, diante da seletividade escancarada do sistema punitivo. Ou alguém acredita que adolescentes das classes sociais mais abastadas serão levados à prisão? Isso por acaso já acontece com os criminosos adultos?
Entretanto, seduzidos e entorpecidos pela ideia de que o inimigo comum deve ser combatido com todas as forças, também os mais pobres apoiam a iniciativa. Acreditam, tal qual a vítima do estelionato, que a medida será uma vantagem para eles próprios. Que terão paz. Ledo engano. Aprovada a lei, não tardará em aparecerem aos montes os enganados, as vítimas da PEC 171.
Se estamos muito distantes de uma educação de qualidade, se a greve dos professores não é sequer notícia na televisão, se o governo oferece um salário de miséria para seus professores, se não temos conselhos tutelares decentes, se não há creches para os filhos dos trabalhadores, se não existem praças de esporte e lazer nos bairros periféricos, se não temos acesso a serviços públicos dignos, como transporte e saúde, se temos meninas e meninos marginalizados pelas ruas da cidade… Nenhum desses problemas parece importar tanto assim para uma causa comum.
Não! Se nada disso nos une, vamos então apoiar a exclusão dos adolescentes nas masmorras de sempre. Eles são os reais culpados pela violência que impera nas cidades, pela nossa depressão e pela alta do dólar. Não os “nossos” adolescentes, fazemos questão de ressaltar. O problema não é nosso, mas do outro, do filho do vizinho do lado de lá do muro.
Se as causas que poderiam levar à transformação da realidade brasileira para melhor não nos mobilizam, vamos, então, nos unir em torno do ódio, esse sentimento tão gostoso de sentir, em que projetamos cegamente toda nossa ira e ignorância para um inimigo imaginário, porém comum. E o inimigo é aquele jovem, compleição física de homem feito, drogado, coincidentemente negro, pobre, analfabeto e desempregado, mas que pode até votar. – Olhe lá! Parece que ele tem uma arma na mão!
Movidos pelo ódio vamos, então, defender a redução da maioridade penal. Vamos defender a PEC 171! Mas vamos assumir desde agora, com o mesmo rubor de vergonha da vítima do conto do vigário, que aceitamos o discurso fácil que vem de Brasília e que ecoa na televisão e nas redes sociais. Afinal, para que o estelionato aconteça não basta o vigarista; é preciso também o otário.
Por: Haroldo Caetano da Silva é promotor de Justiça em Goiânia-GO e Mestre em Direito.
sugado do: http://justificando.com/2015/04/24/o-odio-que-nos-une/

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Tarifaço de energia é, também, resultado da traição da CNI e da Fiesp

Governo errou ao fazer afagos ao empresariado sem exigir contrapartidas de curto/médio prazo
Governo errou ao fazer afagos ao empresariado sem exigir contrapartidas de curto/médio prazo
Em 2012, após intensa campanha publicitária da Fiesp, o governo resolveu baixar uma medida provisória que reduziria os custos da energia elétrica, para consumidores residenciais e dos setores produtivos.
A presidenta chegou a afirmar em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI),  “reduzir o preço da energia é uma decisão da qual o governo federal não recuará, apesar de lamentar profundamente a imensa falta de sensibilidade daqueles que não percebem a importância disso”. Os índices alcançaram recuo de 20% nas tarifas de energia elétrica e foi saudado pelo empresariado como uma medida modernizadora e significativa para a redução do custo Brasil, redução da inflação, através dos preços de produtos industrializados, dos produtos agrícolas e no comércio.
O governo até então era demonizado pelos agentes do mercado como intervencionista, em excesso, na economia.
Mas esta intervenção foi saudada, com entusiasmo, pela CNI, FIESP e pela indústria alimentícia.
O agrado desmedido aos empresários e a tentativa de forjar uma agenda de aliança com as grandes empresas do país, sem um norte definido e de longo prazo, de imediato, provocou o desequilíbrio financeiro das empresas do setor elétrico.
Somente a Eletrobras, maior empresa do ramo da América Latina e uma das maiores do mundo, teve que suportar prejuízos sucessivos, nos balanços de 2012 a 2014, da ordem de R$17 bilhões! A Medida Provisória nº 579, convertida na Lei nº 12.783/2013, de 14 de janeiro de 2013, que antecedeu em dois anos o fim das concessões para quem quisesse manter a concessão, sem nova licitação, teve este resultado devastador sobre as estatais, que no final das contas, são os entes que mais investem em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil.
Por outro lado, não se observou a tão propagada redução do custo Brasil…
Em 2012, a inflação do segundo ano de Dilma, fechou em 5,84%, pelo IPCA, índice oficial do governo, medido pelo IBGE.
Logo, 2013 e 2014 deveriam apresenta recuos na inflação, não é mesmo?
Mas não foi o que houve. Em 2013 subiu para 5,91% e em 2014 para 6,41%. Nos três primeiros meses de 2015 este índice já alcança 3,82%.
Fica claro que o governo Dilma foi passado para trás pelo grande empresariado e suas representações de classe.
Além do custo Brasil permanecer alto, houve o aumento do lucro Brasil. Ou seja, os empresários realizaram lucros com o afrouxamento das tarifas de energia elétrica e ganharam sobre o consumidor, assim como aconteceu na ápoca em que CPMF foi abolida pelo Congresso.
O governo atendeu aos empresários e agora todos estão pagando o alto custo do tarifaço de energia elétrica, medida corretora adotada pela equipe econômica do governo, para salvar as empresas do setor elétrico e manter a salvo os gigantescos investimentos no setor.
Apesar da maior seca no nordeste e sudeste, em décadas, o governo e suas empresas controladas conseguiram manter a oferta de eletricidade, sem apelar para racionamentos.
As empresas do setor elétrico foram estranguladas pelas medidas de proteção ao grande capital, mas, mesmo em condições difíceis, conseguiram ótimos resultados operacionais, mantendo o país a salvo do apagão.
A inflação de 2015 será duramente impactada pelo tarifaço nas contas de luz.
E o que se tira de lição desta ação?
O governo pensou estar fazendo acordos com quem poderia cumpri-lo, mas a realidade é que gente como Gerdau e Trabuco, do Bradesco, tiraram proveito do governo e aumentaram seus lucros, sem apresentar a contrapartida para a sociedade, a queda dos preços industrializados , por exemplo.
Em 2014, em pleno período eleitoral, os representantes do capital fizeram diversos encontros e emitiram diversos alertas ao mercado sobre o risco de uma vitória de Dilma nas eleições e, disfarçadamente, recomendando voto em Aécio Neves.
Pior ainda, empresas consideradas aliadas da política econômica foram flagradas no escândalo de evasão fiscal, nas contas secretas do HSBC na Suíça, e agora, no escândalo de sonegação fiscal bilionário, que veio a tona através da operação Zelotes, “amplamente escondida” pela grande mídia.
Os que tiraram de vantagem do tesouro em forma de incentivos fiscais e tarifas mais baixas de energia elétrica, aumentaram ainda mais, em malfeitos excepcionais, com evasão e sonegação fiscais, seus ganhos imorais.
Moral da história: não se faz aliança na base da vantagem imediata, com a faca no pescoço, sem exigir contrapartidas.
Os aliados de Dilma são outros, são estes que precisam ser ouvidos mais vezes e com atenção.
do: https://blogpalavrasdiversas.wordpress.com/2015/04/18/tarifaco-de-energia-e-tambem-resultado-da-traicao-da-cni-e-da-fiesp/

Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo!

Tiradentes
Sou obrigado a recordar, embora hoje seja o Dia do Tiradentes, desse verso do Hino Riograndense, a cada vez que lembro que existe a tal “política”.
Não podemos reclamar do Congresso, pois as pessoas que estão lá foram legitimamente escolhidas, tanto quanto a Presidenta o foi.
A questão é: que virtude tem um povo que escolhe um congresso com esse perfil? Ou, dito de outra forma, que virtude possui um povo que deixa um congresso ser escolhido com esse perfil?
A omissão. Embora não seja uma virtude, no sentido exato da palavra, é da omissão de uns que outros se aproveitam. A omissão exprime a ausência de virtude.
Se hoje o congresso é dominado por rótulos – “bancada evangélica”, “bancada ruralista”, “bancada empresarial” … – devemos isso à omissão. Essas três bancadas citadas, por exemplo, representam 87% (dado de 2014, mas deve estar próximo da atual representação. Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/a-influencia-das-bancadas-informais-no-processo-decisorio/) do congresso. Mas estão longe, muito longe, de representar o povo, os trabalhadores que, afinal, são a imensa maioria da sociedade.
Se recordarmos que quase todos os que lá estão foram financiados por empresas privadas, veremos que somos, na verdade, escravos da omissão, da ausência de virtude política.
Não há dúvidas de que o comportamento dos representantes é dirigido pelos interesses dessas empresas. Em quase toda proposta legislativa vê-se, claramente, o “dedo” do financiador.
Veja, apenas para se ter um exemplo, o caso da CPI dos planos de saúde. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, impediu a sua instalação.
É bem possível que pouca gente saiba – tendo em vista a ausência de virtude política – que Eduardo Cunha foi financiado pela Bradesco Saúde, uma empresa mais do que interessada na não instalação de uma investigação sobre seus planos.
Os exemplos são inúmeros, todos a mostrar que a omissão do povo os tem feito de escravos.
Parece que de nada adiantou o sacrifício de Tiradentes. Continuamos a ser um povo escravo, um povo que não tem virtude…
do: http://escosteguy.net/?p=3899

TERCEIRIZAÇÃO OU SAUDADES DA SENZALA?

Foi somente em agosto de 2001 que o Brasil revogou o Código Comercial que tratava da compra e venda de escravos. Editado em 1850, esse código ficou oculto nos escaninhos da burocracia a espera, quem sabe, da volta da escravidão.

E a resposta à essa revogação veio na calada da noite de quarta feira (22). 230 deputados aprovaram o projeto de lei que amplia a terceirização para as chamadas atividades-fim.
Será que a isso chamam modernidade?

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O PAPA E O ESTRUME DO DIABO



Por Mauro Santayana, em seu blog

(Jornal do Brasil) - O Papa Francisco está sendo amplamente atacado na internet, por ter dito, em  cerimônia, em Roma, que “o dinheiro é o estrume do diabo” e que quando se torna um ídolo “ele comanda as escolhas do homem".

Acima e abaixo da cintura, houve de tudo. 

De adjetivos como comunista, “argentino hipócrita”, demagogo e outros aqui impublicáveis, a sugestões de que ele se mude para uma favela, e - a campeã de todas - que distribua para os pobres o dinheiro do Vaticano. 

É cedo, historicamente, para que se conheça bem este novo papa, mas, pelo que se tem visto até agora, não se pode duvidar  de que daria o dinheiro do Vaticano aos pobres, tivesse poder para isso, não fosse a Igreja que herdou dominada por nababos conservadores colocados lá pelos dois pontífices anteriores, e ele estivesse certo de que essa decisão fosse resolver, definitivamente, a questão da desigualdade e da pobreza em nosso mundo. Inteligente, o Papa sabe que a raiz da  miséria e da injustiça não está na falta de dinheiro mas na falta de vergonha,  de certa minoria que possui muito, muitíssimo,  em um planeta em que centenas de milhões de pessoas ainda vivem com menos de dois dólares por dia. 

E que essa situação se deve, em grande parte, justamente à idolatria cada vez maior pelo dinheiro, o estrume do Bezerro de Ouro que estende a sombra de seus cornos sobre a planície nua, os precipícios e falésias do destino humano.               

Em nossa época, deixamos de honrar pai e mãe, de praticar a solidariedade com os mais pobres, com os doentes, com os discriminados e  os excluídos, para nos entregar ao hedonismo. 

Os pais transmitem aos filhos, como primeira lição e maior objetivo na existência, a necessidade não de sentir, ou de compreender o mundo e a trajetória mágica da vida - presente maior que recebemos  de Deus quando nascemos - mas, sim, a de ganhar e acumular dinheiro a qualquer preço. 

Escolhe-se a escola do filho, não pela abordagem filosófica, humanística, às vezes nem mesmo técnica ou científica, do tipo de ensino, mas pelo objetivo de entrar em uma universidade para fazer um curso que dêgrana, com o objetivo de fazer um concurso que dê grana, estabelecendo, no processo, uma “rede” de amigos que têm, ou provavelmente terão grana

Favorecendo, realimentando,  uma cultura voltada  para o aprendizado e o compartilhamento de símbolos de status  fugazes e vazios, que vão do último tipo desmartphone ao nome do modelo do carro do papai e da roupa e do tênis que se está usando. 

O que determina a profissão, o que se quer fazer na vida, é o dinheiro. 

Escolhe-se a carreira pública, ou a política, majoritariamente, pelo poder e pelas benesses, mas, principalmente, pelo dinheiro. 

Montam-se igrejas e seitas, também pelo poder, mas, sobretudo, pelo dinheiro.

Até mesmo na periferia, assalta-se, mata-se, se morre ou se vive - como rezam as letras dos funks de batalha ou de ostentação - pelo dinheiro. 

Para os mais radicais, não basta colocar-se ao lado do capital, apenas como um praticante obtuso e entusiástico dessa insensata e permanente “vida loca”. 

É necessário reverenciar aberta e sarcasticamente o egoísmo, antes da solidariedade, a cobiça, antes da construção do espírito, o prazer, antes da sabedoria. 

É preciso defender o dindin - surgido para facilitar a simples troca de mercadorias - como símbolo e bandeira de uma ideologia clara, que se baseia na apologia da competição individual desenfreada e grosseira, e de um “vale tudo” desprovido de pudor e de caráter, como forma de se alcançar riqueza e glória, disfarçado de  eufemismos que possam ir além do capitalismo, como é o caso, do que está mais na moda agora, o da “meritocracia”. 

Segundo a crença nascida da deturpação  do termo, que atrai, como um imã, cada vez mais brasileiros, alguns merecem, por sua “competência”, viver, se divertir, ganhar dinheiro. Enquanto outros não deveriam sequer ter nascido - já que estão aqui apenas para atrapalhar o andamento da vida e do trânsito. Melhor, claro,  se não existissem - ou que o fizessem apenas enquanto ainda se precise - ao custo odioso de quase 30 dólares por dia - de  uma faxineira ou de um ajudante de pedreiro.   

O capitalismo está se transformando em ideologia. Só falta que alguém coloque o cifrão no lugar da suástica e  comece a usá-lo em estandartes, lapelas e braçadeiras, e que em nome dele se exterminem os mais pobres, ou ao menos os mais desnecessários e incômodos, queimando-os, como polutos cordeiros, em fornos de novos campos de extermínio. 

Disputa-se e proclama-se o direito de ter mais, muito mais que o outro, de receber de herança  mais que o outro, de legar mais que o outro, de viver mais que o outro, de gastar mais que o outro, e, sobretudo, de ostentar, descaradamente, mais que o outro. Mesmo que, para isso, se tenha de aprender dos pais e ensinar aos filhos, a se acostumar a pisar no outro, da forma mais impiedosa e covarde. Principalmente, quando o outro for mais “fraco”, “diverso” ou pensar de forma diferente de uma matilha malévola e ignara, ressentida antes e depois do sucesso e da fortuna, que se dedica à prática de uma espécie de bullying que durará a vida inteira, até que a sombra do fim se aproxime, para a definitiva pesagem do coração de cada um, como nos lembram os antigos papiros, à sombra de Maat e de Osíris.   

  

A reação conservadora à ascensão de Francisco, depois do aparelhamento, durante os dois papados anteriores, da Igreja Apostólica e Romana por clérigos fascistas, e da renúncia de um papa  envolvido indiretamente com vários escândalos, que comandou com crueldade e mão de ferro a “caça às bruxas” ocorrida dentro da Igreja nesse período, se dá também nos púlpitos brasileiros. 

Não podendo atacar frontalmente um pontífice que diz que o mundo não é feito, exclusivamente, para os ricos, religiosos que progrediram na  carreira nos últimos 20 anos, e que se esqueceram de Jesus no Templo e do Cristo dos mendigos, dos leprosos, dos aleijados, dos injustiçados, proferem seu ódio fazendo política nas missas - o que sempre condenaram nos padres adeptos da Teologia da Libertação - ressuscitando o velho e baboso discurso  de triste memória,  que ajudou a sustentar o golpismo em 1964. 

O ideal dos novos sacerdotes e fiéis do Bezerro de Ouro é o de um futuro sem pobres, não para que diminua a desigualdade e aumente a dignidade humana, mas, sim, a contestação aos seus privilégios. 

Em 1996, em um livro profético - “L´Horreur Economique”, “O Horror Econômico” - a jornalista, escritora e ensaísta francesa, Viviane Forrester, morta em 2013, já alertava, na apresentação da obra, para o surgimento desse mundo, dizendo que estamos no limiar de uma nova forma de civilização, na qual apenas uma pequena parte da população terrestre encontrará  função e emprego. 

“A extinção do trabalho parece um simples eclipse - afirmou então Forrester - quando, na verdade, pela primeira vez na História, o conjunto formado por todos os seres humanos é cada vez menos necessário para o pequeno número de pessoas que manipula a economia e detêm o poder político... 

dando a entender que diante do fato de não ser mais “explorável”, a “massa” e quem a compõe só pode temer, e perguntando-se se depois da exploração, virá a exclusão, e, se, depois da exclusão, só restará a eliminação dos mais pobres, no futuro. 

O culto ao Bezerro de Ouro, ao dinheiro e ao hedonismo está nos conduzindo para um mundo em que a tecnologia tornará o mais fraco teoricamente desnecessário. 

A defesa dessa tese, assim como de outras que são importantes para a implementação paulatina desse processo, será alcançada por meio da implantação de uma espécie de pensamento único, estabelecido pelo consumo de um mesmo conteúdo, produzido e distribuído, majoritariamente, pela mesma matriz capitalista e ocidental, como já ocorre hoje com os filmes, séries e programas e os mesmos canais norte-americanos de tv a cabo, em que apenas o idioma varia, que podem ser vistos com um simples apertar de botão do controle remoto, nos mesmos quartos de hotel - independente do país em que se estiver - em qualquer cidade do mundo.        

As notícias virão também das mesmas matrizes, em canais como a CNN, a Fox e aBloomberg, e das mesmas agências de notícias, e serão distribuídas pelos mesmos grandes grupos de mídia, controlados por um reduzido grupo de famílias, em todo o mundo, forjando o tipo de unanimidade estúpida que já está se tornando endêmica em países nos quais - a exemplo do nosso - impera o analfabetismo político. 

E o controle da origem da informação, da sua transmissão, e, sobretudo dos cidadãos, continuará a ser feito, cada vez mais, pelo mesmo MINIVER, o Ministério da Verdade, de que nos falou George Orwell, em seu livro “1984”, estabelecido primariamente pelos Estados Unidos, por meio da internet, a gigantesca rede que já alcança quase a metade das residências do planeta, e de seus mecanismos de monitoração permanente, como  a NSA e outras agências de espionagem, seus backbones, satélites, e as grandes empresas  norte-americanas da área, e a computação em nuvem, identificando rapidamente qualquer um que possa ameaçar a sobrevivência do Sistema.    

O mundo do Bezerro de Ouro será, então - como sonham ardentemente alguns - um mundo perfeito, onde os pobres, os contestadores, os utópicos - sempre que surgirem -   serão caçados a pauladas e tratados a chicotadas, e, finalmente, perecerão, contemplando o céu,   nos lugares mais altos, para que todos vejam, e sirva de exemplo, como aconteceu com um certo nazareno chamado Jesus Cristo, há 2.000 anos. 

No: http://blogdoitarcio.blogspot.com.br/2015/04/o-papa-e-o-estrume-do-diabo.html

Dilma e a Educação via Pharmakós da mídia brasileira



Fábio Souza Lima, GGN

A presidente Dilma Rousseff se transformou na principal vítima dos 12 anos do governo do Partido dos Trabalhadores. Isso por que, a leniência do PT com uma série de erros com relação às políticas educacionais, manteve a população a mercê de educadores mais eficientes em inculcar ideias e valores na população: a mídia.

Em duas grandes manifestações (15/03/2015 e 12/04/15) multidões ganharam as ruas pedindo o impeachment presidencial como meio de eliminar as mazelas causadas pela corrupção no país. Não se trata aqui de destacar aqueles que levaram babás para cuidar de seus filhos enquanto protestava ou de escrever sobre o champanhe derramado na paulista entre um grito e outro de “Fora Dilma!”, mas de ressaltar opiniões como a da jovem que acreditava piamente que renúncia e cassação do mandato presidencial eram as mesmas coisas, e que, caso Dilma estivesse ausente do Poder, o Senador Aécio Neves (PSDB) automaticamente ascenderia ao cargo mais poderoso do país. Evidentemente, precisamos falar mesmo de educação.

O epíteto do novo mandato do PT, “Brasil a Pátria Educadora”, chegou tarde demais. Formou-se dentro da administração do PT ao menos uma geração inteira de jovens que não conhecem os tramites basilares de uma República. São analfabetos funcionais formados dentro de uma política educacional que visa manter o índice de fluxo de alunos das escolas em um alto patamar a qualquer custo. Com efeito, o jovem entra no ensino fundamental sem saber ler e escrever com 6 anos de idade e sai pela culatra do ensino médio com 17, sem conseguir entender textos com mais de um parágrafo. Jovens que não conhecem as responsabilidades de cada peça no tabuleiro do jogo do Poder. Não reconhecem a divisão dos poderes, muito menos quem são e o que fazem os parlamentares das duas casas que formulam, reformulam, aprovam ou desaprovam as leis que todos temos de seguir. São brasileiros que não conseguem enxergar nuanças no meio político, e muito menos conseguem perceber as forças e os interesses que estão além das siglas políticas.

Aproveitando-se da nossa ignorância como brasileiros, o presidente da Câmara dos Deputados Federais que agora também ministra cultos evangélicos, Eduardo Cunha (PMDB), recentemente teve a petulância de dizer publicamente que não há corrupção no legislativo, mas que a desgraça nacional da corrução residia apenas no executivo. A reportagem foi publicada no jornalão do mesmo grupo de mídia que parou sua própria programação no dia 15 de março para informar – em tom de convocação – que a movimentação pacífica, ordeira, familiar e cívica de domingo, visava solucionar os problemas da corrução via impeachment de Dilma Rousseff.

O resumo de todo material produzido no domingo foi simples e claro: uma cabeça cortada pelo bem de toda sociedade brasileira.

A purificação do povo brasileiro

O termo pharmakós aproxima-se de nós no tempo através do cotidiano das cidades grandes. Os atenuantes e paliativos mais vendidos nas farmácias (nem sempre de forma legal) não combatem os problemas enraizados na vida de cada brasileiro, mas apenas buscam amenizar uma situação de estresse contínuo e de descontrole emocional que é efeito de um sistema político-econômico-social que oferece poucas recompensas em estabilidade, em crescimento financeiro e em relacionamentos duradouros e confiáveis.

Toma-se Dorflex para as indisposições causadas nas horas diárias das aventuras que enfrentamos no transporte público na idade e na volta para o trabalho. O Rivotril, uma das drogas mais vendidas da atualidade, é o medicamento obrigatório para quem precisa relaxar os músculos e nervos preparando-os para mais um dia de Dorflex em uma constante alternância que só tem folga nos finais de semana, quando então a propaganda na tevê afirma em tom peremptório: “Você precisa de Shot-B!”. Este é apenas mais um dos muitos complexos vitamínicos que prometem ‘bombar’ o corpo e nos manter confiantes dentro de um ciclo vicioso que só termina com a separação – literal ou metaforicamente – do corpo e da alma. Tudo isso, evidentemente, ao nosso alcance nas farmácias de cada pequeno bairro das cidades do país.

O conceito de pharmakós origina-se no grego clássico relacionando-se de forma dúbia através dos termos remédio e veneno ao mesmo tempo. Neste caso, é apenas a dosagem o fator determinante para que funcione como uma coisa ou outra. Ao surgir uma calamidade entre as cidades helênicas antigas que pudesse ser identificada a uma misteriosa força maligna, como por exemplo, o resultado negativo do plantio de uma cultura básica para a subsistência, ou ainda, a ausência de chuvas, as doenças, a deterioração moral, a prostituição, a procrastinação, a corrupção, a fome, entre outras coisas, a purificação via pharmakós oferecia não apenas uma saída que absolvia toda população de qualquer culpa, mas também o “circo” necessário para que o povo acreditasse que a partir desse evento haveria um novo começo.

O procedimento consiste em um visitante ou mesmo um morador local ser chamado a partilhar, experimentar e acumular todas as mazelas que as elites administradoras da cidade julgavam denegrir a sociedade. O escolhido relacionava-se com prostitutas ou se prostituia, roubava ou era de alguma forma cúmplice de rapinas, matava ou se responsabilizava por assassinatos e viciava-se no que era proibido por lei. Enfim, se corrompia de toda forma até que ficasse evidente aos olhos de todos que ele estava impregnado com tudo que havia de ruim na cidade. Terminada a imersão dessa pessoa nas podridões geradas pela cidade ela era exilada ou morta por apedrejamento. O povo podia então respirar aliviado e livre de todo mal, pois com uma única alma sacrificada as impurezas morais dos corações humanos estavam agora limpos e os deuses estavam novamente satisfeitos com os seres humanos.

Essa história pode parecer absurda, mas não é, se usarmos uma expressão mais conhecida da cultura cristã ocidental como analogia: o bode expiatório. Todavia, neste texto continuaremos seguindo a senda grega na qual a questão que relacionapharmakós e política mostra-se evidente, ou seja, se usamos drogas diariamente para mitigar questões que não conseguimos resolver, por que não faríamos isso com a corrupção?

Cidadão idôneo?

Foi interessante ver nessas manifestações um quantitativo de brasileiros que, entre os jornais que se dizem sérios e àqueles como o jornal Sensacionalista, que honestamente diz ser isento de verdade, variava entre 210 mil a 7 bilhões de pessoas na Avenida Paulista. Um número infindável de cidadãos que afirmavam que o problema da corrupção seria resolvido com a destituição do poder de apenas uma cabeça.

“Sem dúvida”, uma série de brasileiros que ao contrário dos políticos, paga todos os seus impostos em dia. Brasileiros que jamais compraram um produto pirata nas feiras populares da Rua 25 de Março ou na Rua Uruguaiana. Empresários que nunca deixaram de depositar o FGTS de seus funcionários rigorosamente em dia. Comerciantes que nunca sequer pensaram em fazer um gato de luz para diminuir a conta no final do mês. Industriais que em nenhum momento fizeram ligações clandestinas de água ou despejaram os dejetos in natura de sua produção nos rios. Brasileiros desse setor de serviços que jamais lavaram algum dinheiro com contratos escusos ou esconderam transações financeiras da Receita Federal. Jornalistas de caráter inquestionável que buscam desmedidamente a verdade e não dizem ou escrevem o que seus editores mandam dizer e/ou escrever, mas trabalham sob sua própria livre consciência fazendo uma cobertura midiática isenta como no caso dos carros de som que brotaram espontaneamente sem custos para empresários e para os partidos por todos os quarteirões.

Também estavam presentes pais que se responsabilizam integralmente pelos filhos e nunca deixariam que a televisão educasse suas crianças. Incluem-se ainda àqueles que em momento algum transmitiram tal responsabilidade de educar suas proles para a escola e para os professores. Um sem número de pessoas da nova classe média brasileira que jamais, em toda a sua vida, nem sequer colou em uma prova quando estava na escola, nem mentiu, nem usou transporte irregular, nem escondeu traições, nem fez gatos de tevê a cabo, nem usa jogos de vídeo game “alternativos”, nem vê filmes pela internet para não pagar direitos autorais, muito menos falsifica carteirinhas de estudante para pagar meia-entrada em eventos culturais. Um público que jamais estaciona seu carro nas vagas para idosos ou deficientes físicos, que não aluga pneus ou extintores apenas para fazer vistoria no Detran, que não ultrapassa correndo os radares eletrônicos em áreas escolares tampando a placa de seus veículos, que não usa o próprio carro como instrumento de som na madrugada para não incomodar os vizinhos, pessoas que respeitam o silêncio noturno do domingo nosso de cada semana.

Cidadão
Bom, ou acreditamos nisso ou admitimos que a corrupção não reside apenas no Executivo Federal e na política. Afinal os políticos não parecem ser alienígenas. Segundo nos consta, eles não foram depositados sorrateiramente por naves espaciais em Brasília ou em cada uma das mais de 5.000 Câmaras de Vereadores Municipais espalhadas de norte a sul do país. Pelo contrário, um político – de forma geral – teve a mesma educação que todos os outros brasileiros. A principal diferença entre eles (e além da política inclua aí também a Polícia) e todos os demais brasileiros é que nós não lidamos diretamente com um alto volume de dinheiro.

Aliás, já que citamos a polícia, relembrando as selfies tiradas pelas pessoas ao lado de policiais sorridentes e fortemente armados, devemos considerar que a palavra Cidade (Cidade-Estado) vem do grego pólis. A palavra pólis, portanto, teve duas filhinhas: apolítica, o meio no qual as questões sociais são resolvidas pelos acordos, pela conversa e pela palavra (daí o termo parlamento) e a polícia, meio no qual as mesmas questões são resolvidas pela força ou pela violência. Política e polícia andam juntas em qualquer administração pública, sendo a primeira praticada em sociedades mais bem educadas e a segunda, com muito mais força em sociedades como a nossa. Visto desta forma, portanto, não é surpresa que muitas daquelas pessoas estivessem pedindo a volta da ditadura.

s idôneos. Duas palavras que postas lado-a-lado são absolutamente redundantes, uma vez que se alguém é cidadão, ciente principalmente dos seus deveres, também é idôneo, competente e honrado. Assim, com base no que escrevemos nos parágrafos anteriores, presumimos que o presidente da Câmara dos Deputados Federais está certo: a corrupção “está no executivo”, e apenas lá!

Em suma, a questão retórica seria: o problema está mesmo na política a tal ponto de desistirmos dela e partimos para a polícia ou o problema da corrupção está em nós?

O inferno são os outros
Jean-Paul Sartre responde emblematicamente essa questão com um enunciado que resume seu estudo sobre a ética e a liberdade conferida aos seres humanos: “O inferno são os outros”. Da mesma forma que não encaramos os problemas cotidianos de frente para poder resolvê-los, preferindo alimentá-los com drogas que momentaneamente conferem leveza a nossa existência, nós também o fazemos com relação a política e a cidadania. Continuamos vivendo como na antiguidade, preferindo atribuir aos outros a nossa responsabilidade no destino da sociedade em que vivemos. É mais fácil cortar uma cabeça e ‘salvar a nação’ do que entender que estamos mesmo condenados a sermos livres e responsáveis pelas nossas próprias atitudes.

Não que a mídia e as elites não saibam o que estão fazendo. Elas sabem sim! Ainda hoje os grupos de maior interesse financeiro sabem que a população continua agindo da mesma forma que na Grécia antiga, quando o ritual de pharmakón oferecia o “espetáculo” necessário e o “alívio imediato” para alma dos cidadãos. E, é por isso que esses grupos continuam desde sempre seguindo uma lógica leopardiana: “para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”.

A síntese do discurso de 15 de março e 12 de abril: Impeachment de Dilma Rousseff pelo fim da corrupção! Salvai-nos ô exército brasileiro! Eu não aguento mais tanta roubalheira...  Bem como, a síntese do discurso dúbio do brasileiro que varia entreremédio e veneno a centenas de anos tem sido: Ninguém faz nada! Ah, todo mundo faz!

Mas então, vale perguntar quando veremos a mídia destacar os discursos como: Precisamos nos reinventar eticamente! Precisamos participar mais da política! Eu sou responsável! Eu também sou corrupto! Fora a corrupção significa melhor educação!"