quinta-feira, 23 de abril de 2015

Tarifaço de energia é, também, resultado da traição da CNI e da Fiesp

Governo errou ao fazer afagos ao empresariado sem exigir contrapartidas de curto/médio prazo
Governo errou ao fazer afagos ao empresariado sem exigir contrapartidas de curto/médio prazo
Em 2012, após intensa campanha publicitária da Fiesp, o governo resolveu baixar uma medida provisória que reduziria os custos da energia elétrica, para consumidores residenciais e dos setores produtivos.
A presidenta chegou a afirmar em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI),  “reduzir o preço da energia é uma decisão da qual o governo federal não recuará, apesar de lamentar profundamente a imensa falta de sensibilidade daqueles que não percebem a importância disso”. Os índices alcançaram recuo de 20% nas tarifas de energia elétrica e foi saudado pelo empresariado como uma medida modernizadora e significativa para a redução do custo Brasil, redução da inflação, através dos preços de produtos industrializados, dos produtos agrícolas e no comércio.
O governo até então era demonizado pelos agentes do mercado como intervencionista, em excesso, na economia.
Mas esta intervenção foi saudada, com entusiasmo, pela CNI, FIESP e pela indústria alimentícia.
O agrado desmedido aos empresários e a tentativa de forjar uma agenda de aliança com as grandes empresas do país, sem um norte definido e de longo prazo, de imediato, provocou o desequilíbrio financeiro das empresas do setor elétrico.
Somente a Eletrobras, maior empresa do ramo da América Latina e uma das maiores do mundo, teve que suportar prejuízos sucessivos, nos balanços de 2012 a 2014, da ordem de R$17 bilhões! A Medida Provisória nº 579, convertida na Lei nº 12.783/2013, de 14 de janeiro de 2013, que antecedeu em dois anos o fim das concessões para quem quisesse manter a concessão, sem nova licitação, teve este resultado devastador sobre as estatais, que no final das contas, são os entes que mais investem em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil.
Por outro lado, não se observou a tão propagada redução do custo Brasil…
Em 2012, a inflação do segundo ano de Dilma, fechou em 5,84%, pelo IPCA, índice oficial do governo, medido pelo IBGE.
Logo, 2013 e 2014 deveriam apresenta recuos na inflação, não é mesmo?
Mas não foi o que houve. Em 2013 subiu para 5,91% e em 2014 para 6,41%. Nos três primeiros meses de 2015 este índice já alcança 3,82%.
Fica claro que o governo Dilma foi passado para trás pelo grande empresariado e suas representações de classe.
Além do custo Brasil permanecer alto, houve o aumento do lucro Brasil. Ou seja, os empresários realizaram lucros com o afrouxamento das tarifas de energia elétrica e ganharam sobre o consumidor, assim como aconteceu na ápoca em que CPMF foi abolida pelo Congresso.
O governo atendeu aos empresários e agora todos estão pagando o alto custo do tarifaço de energia elétrica, medida corretora adotada pela equipe econômica do governo, para salvar as empresas do setor elétrico e manter a salvo os gigantescos investimentos no setor.
Apesar da maior seca no nordeste e sudeste, em décadas, o governo e suas empresas controladas conseguiram manter a oferta de eletricidade, sem apelar para racionamentos.
As empresas do setor elétrico foram estranguladas pelas medidas de proteção ao grande capital, mas, mesmo em condições difíceis, conseguiram ótimos resultados operacionais, mantendo o país a salvo do apagão.
A inflação de 2015 será duramente impactada pelo tarifaço nas contas de luz.
E o que se tira de lição desta ação?
O governo pensou estar fazendo acordos com quem poderia cumpri-lo, mas a realidade é que gente como Gerdau e Trabuco, do Bradesco, tiraram proveito do governo e aumentaram seus lucros, sem apresentar a contrapartida para a sociedade, a queda dos preços industrializados , por exemplo.
Em 2014, em pleno período eleitoral, os representantes do capital fizeram diversos encontros e emitiram diversos alertas ao mercado sobre o risco de uma vitória de Dilma nas eleições e, disfarçadamente, recomendando voto em Aécio Neves.
Pior ainda, empresas consideradas aliadas da política econômica foram flagradas no escândalo de evasão fiscal, nas contas secretas do HSBC na Suíça, e agora, no escândalo de sonegação fiscal bilionário, que veio a tona através da operação Zelotes, “amplamente escondida” pela grande mídia.
Os que tiraram de vantagem do tesouro em forma de incentivos fiscais e tarifas mais baixas de energia elétrica, aumentaram ainda mais, em malfeitos excepcionais, com evasão e sonegação fiscais, seus ganhos imorais.
Moral da história: não se faz aliança na base da vantagem imediata, com a faca no pescoço, sem exigir contrapartidas.
Os aliados de Dilma são outros, são estes que precisam ser ouvidos mais vezes e com atenção.
do: https://blogpalavrasdiversas.wordpress.com/2015/04/18/tarifaco-de-energia-e-tambem-resultado-da-traicao-da-cni-e-da-fiesp/

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