quinta-feira, 31 de julho de 2014

São Paulo é um outro planeta


Não, não é um deserto, é a represa do Jaguari, em São Paulo
(Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas)
Embora morando a 150 km da capital paulista há seis meses, ainda procuro, sempre que posso, ter notícias da vida na metrópole. 
E pelo noticiário dos jornalões fico sabendo que os bares da badalada Vila Madalena já estão servindo bebidas em copos de plástico, por causa da falta d'água. Também leio que várias outras regiões da cidade sofrem do mesmo problema. 
Mas o interessante em tudo isso - diria até o contraditório - é que, segundo os jornalões, tudo parece estar na mais perfeita normalidade em São Paulo no que refere ao abastecimento hídrico.

A imprensa paulista garante que os problemas que estão sendo relatados são "pontuais".
E que quando as torneiras secam isso não significa racionamento, mas sim "restrição" - ah, as armadilhas da língua portuguesa...
Há muita gente que acredita nas notícias dos jornais, que leva, mesmo, a ferro e fogo aquilo que lê ou ouve nos telejornais ou nos Datenas que pululam pelas emissoras.
Mal sabem essas pessoas como os jornais são feitos, como as notícias são editadas, como os títulos podem ser distorcidos para que um fato negativo vire a mais espetacular novidade.
Como no caso dessa tragédia que representa o colapso do abastecimento de água em São Paulo.
É realmente impressionante a capacidade do governador Geraldo Alckmin se safar das mais incômodas situações, "tirar o seu da reta", como se diz popularmente.
Ele nunca tem culpa de nada, está sempre prometendo apurar tudo, punir todos os responsáveis pelas estripulias...
E os jornalões acreditam em cada palavra sua, em cada disparate que ele diz.
O governo Alckmin, o futuro comprovará, é um desastre sob todos os aspectos - administrativo, moral e ético.
Pelo visto, porém, os paulistas adoram passar por fortes emoções e estão prestes a elegê-lo novamente.
Non ducor, duco..
Sugeui do:  http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2014/07/sao-paulo-e-um-outro-planeta.html#more

A Palestina apagada do mapa

Guilherme Boulos 


Já passam de 1.200 palestinos mortos na faixa de Gaza desde o dia 8 de julho. Entre eles centenas de crianças. Os bombardeios de Israel não pouparam nem escolas e hospitais, supostamente "bases para terroristas". Ontem atacaram um abrigo da ONU, matando 19 palestinos. O Comissário da Agência da ONU para os refugiados disse que crianças foram mortas enquanto dormiam. Não satisfeitos, bombardearam também a única usina que fornecia energia elétrica para Gaza.

Às escuras, sem refúgio seguro nem hospitais e com cadáveres espalhados entre os escombros da destruição –este é o retrato da faixa de Gaza.

É possível uma posição de neutralidade? Só para os hipócritas. Neutralidade perante a barbárie e o genocídio equivale a tomar posição a seu favor. Não há meio termo possível em relação a Israel.

O colunista desta Folha Ricardo Melo teve a coragem de defender que a única solução para a questão é o fim do Estado terrorista de Israel. Foi bombardeado pelos sionistas de plantão e pelos defensores da neutralidade. E, como não poderia deixar de ser, acusado de antissemita.

Um pouco de história faz bem ao debate.
Editoria de Arte/Folhapress
Fronteiras Israel / Palestina

O movimento sionista surgiu no final do século 19, movido pelo apelo religioso de retorno à "Terra Prometida", em referência à colina de Sion em Jerusalém. A proposta era construir colônias judaicas na Palestina, que então já contava com 600 mil habitantes. Ou seja, não se tratava de uma terra despovoada, mas de um povo lá estabelecido há mais de 12 séculos.

Nem todos os sionistas defendiam um Estado judeu na Palestina. Havia formas de sionismo cultural ou religioso que reconheciam a legitimidade dos palestinos sobre seu território. Albert Einstein, por exemplo, foi um dos que rechaçou em várias oportunidades o sionismo político, isto é, um Estado religioso na Palestina e contra os palestinos.

No entanto prevaleceu ao longo dos tempos a posição colonialista. Seu maior representante foi David Ben Gurion que, diante da natural resistência dos palestinos, organizou as primeiras formas de terrorismo sionista, através dos grupos armados Haganá, Stern e Irgun –este último responsável por um ataque à bomba em um hotel de Jerusalém em 1946.

Os palestinos eram então ampla maioria populacional, com apenas 30% de judeus na Palestina até 1947. Porém, por meio das armas, a partir de 1948 –quando há a proclamação do Estado de Israel– a maioria palestina foi sendo expulsa sistematicamente de seu território. Cerca de metade dos palestinos tornaram-se após 1949 refugiados em países árabes vizinhos, especialmente na Jordânia, Síria e Líbano.

A vitória militar dos sionistas só foi possível graças ao contundente apoio militar de países europeus e dos Estados Unidos.

Em 1967, Israel dá o segundo grande golpe. Após o Presidente egípcio Abdel Nasser fechar o golfo de Ácaba para os navios israelenses, os sionistas atacam com decisivo apoio norte-americano, quadruplicando seu território em seis dias, tomando inclusive territórios do Egito e da Síria. Desta forma bélica e imperialista –como corsários dos Estados Unidos– Israel foi formando seu domínio.

Depois de 1967 foram massacres atrás de massacres. Um dos mais cruéis –ao lado do atual– foi no Líbano em 1982. Após invadir Beirute, as tropas comandadas por Ariel Sharon –que veio a ser primeiro-ministro posteriormente– cercaram os campos de refugiados palestinos em Sabra e Chatilla e entregaram milhares de palestinos ao ódio de milicianos da Falange Libanesa. Após 30 horas ininterruptas de massacre, foram 2.400 mortos (de acordo com a Cruz Vermelha) e centenas de torturados, estuprados e mutilados –incluindo evidentemente crianças, mulheres e idosos.

Hoje há 4,5 milhões de refugiados palestinos segundo a ONU. Este número só tende a aumentar pela política higienista de Israel.

Caminhamos neste momento em Gaza para o maior genocídio do século 21. E há os que insistem no cínico argumento do direito à autodefesa de Israel. Quem ao longo da história sempre atacou agora vem falar em defesa?

Tudo isso perante a passividade complacente da maior parte dos líderes políticos do mundo. O Brasil limitou-se a chamar o embaixador para esclarecimentos. Foi chamado de "anão diplomático" pelo governo de Israel e nada respondeu. Romper relações políticas e econômicas com Israel é uma atitude urgente e de ordem humanitária.

A hipocrisia chega ao máximo quando acusa os críticos do terrorismo israelense de antissemitas. O antissemitismo, assim como todas as formas de ódio racial, religioso e étnico, deve ser veementemente condenado. Agora, utilizar o antissemitismo ou o execrável genocídio nazista aos judeus como argumento para continuar massacrando os palestinos é inaceitável.

É uma inversão de valores. Ou melhor, é a história contada pelos vencedores. Como disse certa vez Robert McNamara, Secretário de Defesa dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, se o Japão vencesse a Segunda Guerra, Roosevelt seria condenado por crimes de guerra contra a humanidade e não condecorado com títulos e bustos pelo mundo. A história é contada pelos vencedores.

É possível que Benjamin Netanyahu, comandante do massacre em Gaza, ainda receba o Prêmio Nobel da Paz. E que os palestinos, após desaparecerem do mapa, passem para a história como um povo bárbaro e terrorista.
sugadodo:http://esquerdopata.blogspot.com.br/2014/07/a-palestina-apagada-do-mapa.html 

POR QUE SER DE ''ESQUERDA''?

É COMUM OUVIRMOS CRÍTICAS ACERCA DA IDEOLOGIA QUE ESCOLHEMOS, QUANDO NÃO SÃO CRÍTICAS ACOMPANHADAS COM XINGAMENTOS E PRE-CONCEITOS PROPAGADOS PELAS A MÍDIA, PELA DIREITA FASCISTA E ATÉ PESSOAS ALIENADAS, QUE REPETEM AQUILO QUE ESCUTAM E NÃO POSSUEM O MÍNIMO DE SENSO CRÍTICO PARA REFLETIR SOBRE A REALIDADE.



Ser de esquerda é, desde que essa classificação surgiu na Revolução Francesa, optar pelos pobres, indignar-se frente à exclusão social, inconformar-se com toda forma de injustiça ou, como dizia Bobbio, considerar aberração a desigualdade social.
Ser de direita é tolerar injustiças, considerar os imperativos do mercado acima dos direitos humanos, encarar a pobreza como nódoa incurável, julgar que existem pessoas e povos intrinsecamente superiores a outros.
Ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano.
O fato de alguém se dizer marxista não faz dele uma pessoa de esquerda, assim como o fato de ter fé e frequentar a igreja não faz de nenhum fiel um discípulo de Jesus. A teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A árvore, pelos frutos, diz o Evangelho. 
Se a prática é o critério da verdade, é muito fácil não confundir um militante de esquerda com um oportunista demagogo: basta conferir como se dá a relação dele com os movimentos populares, o apoio ao MST, a solidariedade à Revolução Cubana e à Revolução Bolivariana, a defesa de bandeiras progressistas, como a preservação ambiental, a união civil de homossexuais, o combate ao sionismo e a toda forma de discriminação.




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Texto referência: Frei Betto- Site Brasil de Fato.

Sugado do blog: Um que de Marx: 
http://www.umquedemarx.com.br/2014/05/por-que-ser-de-esquerda.html

terça-feira, 29 de julho de 2014

BCG MOSTRA O QUÊ QUE O LULO-PETISMO ESTÁ FAZENDO COM O BRASIL

Entre 150 países: Brasil usa crescimento e inclui mais em 5 anos


O Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico alcançado nos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população. Se o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu a um ritmo médio anual de 5,1% entre 2006 e 2011, os ganhos sociais obtidos no período são equivalentes aos de um país que tivesse registrado expansão anual de 13% da economia.


A conclusão é de levantamento feito pela empresa internacional de consultoria Boston Consulting Group (BCG), que comparou indicadores econômicos e sociais de 150 países e criou o Índice de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Seda, na sigla em inglês), com base em 51 indicadores coletados em diversas fontes, como Banco Mundial, FMI, ONU e OCDE.

O desempenho brasileiro nos últimos anos em relação à melhoria da qualidade de vida da população é devido principalmente à distribuição de renda. "O Brasil diminuiu consideravelmente as diferenças de rendimento entre ricos e pobres na década passada, o que permitiu reduzir a pobreza extrema pela metade. Ao mesmo tempo, o número de crianças na escola subiu de 90% para 97% desde os anos 90", diz o texto do relatório "Da riqueza para o bem-estar", que será oficialmente divulgado hoje. O estudo também faz referencia ao programa Bolsa Família, destacando que a ajuda do governo as famílias pobres está ligada à permanência da criança na escola.



Nessa comparação de progressos recentes alcançados, o Brasil lidera o índice com 100 pontos, pontuação atribuída ao país que melhor se saiu nesse critério de avaliação. Aparecem a seguir Angola (98), Albânia (97,9), Camboja (97,5) e Uruguai (96,9). A Argentina ficou na 26ª colocação, com 80, 4 pontos. Chile (48º) e México (127º) ficaram ainda mais atrás.

Foram usados dados disponíveis para todos os 150 países e que fossem capazes de traçar um panorama abrangente de dez diferentes áreas: renda, estabilidade econômica, emprego, distribuição de renda, sociedade civil, governança (estabilidade política, liberdade de expressão, direito de propriedade, baixo nível de corrupção, entre outros itens), educação, saúde, ambiente e infraestrutura.

O ranking-base gerou a elaboração de mais três indicadores, para permitir a comparação do desempenho, efetivo ou potencial, dos países em momentos diferentes: 1) atual nível socioeconômico do país; 2) progressos feitos nos últimos cinco anos; e 3) sustentabilidade no longo prazo das melhorias atingidas.

Como seria de se esperar, os países mais ricos estão entre os que pontuam mais alto no ranking que mostra o estágio atual de desenvolvimento. Nessa base de comparação, que dá conta do "estoque de bem-estar" existente, a lista é liderada por Suíça e Noruega, com 100 pontos, e inclui Austrália, Nova Zelândia, Canadá, EUA e Cingapura. Aí o Brasil aparece em posição intermediária, com 47,8 pontos.

Para Christian Orglmeister, diretor do escritório do BCG em São Paulo, o desempenho alcançado pelo Brasil é elogiável, mas deve ser visto com cautela. "Quando se parte de uma base mais baixa, é mais fácil registrar progresso. O Brasil está muito melhor do que há cinco anos em várias áreas, até mesmo em infraestrutura, mas é preciso ainda avançar muito mais."

Entre os países que ocupam os primeiros lugares nesse ranking de melhoria relativa dos padrões de vida da população nos últimos cinco anos, a renda per capita anual é muito diversificada, indo desde menos de US$ 1 mil em alguns países da África até os US$ 80 mil verificados na Suíça. Além do Brasil, mais dois países sul-americanos _ Peru e Uruguai _ aparecem na lista dos 20 primeiros. Também estão nela três países africanos que em décadas passadas estiveram envolvidos em guerras civis _ Angola, Etiópia e Ruanda _ e que nos anos recentes mostram fortes ganhos em relação a padrão de vida. Da Ásia, aparecem na relação Camboja, Indonésia e Vietnã.

Nova Zelândia e Polônia também integram esse grupo. O crescimento médio do PIB neozelandês foi de 1,5%, mas a melhora do bem-estar foi semelhante à de uma economia que estivesse crescendo 6% ao ano. Na Polônia e na Indonésia, que atingiram crescimento médio do PIB de 6,5% ano, o padrão de vida teve elevação digna de uma economia em expansão de 11%.

O estudo também compara o desempenho recente dos Brics - além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - na geração de mais bem-estar para os cidadãos. Se em relação à expansão da economia, o Brasil ficou atrás dos seus parceiros entre 2006 e 2011, o país superou a média obtida pelo bloco em áreas como ambiente, governança, renda, distribuição de renda, emprego e infraestrutura, diz Orglmeister. China, Rússia, Índia e África do Sul aparecem apenas em 55º, 77º, 78º e 130º, respectivamente, nessa base de comparação, que é liderada pelo Brasil.

O desafio brasileiro, agora, é manter esse ritmo no futuro, afirma o diretor do BCG. "O Brasil precisa avançar em quatro áreas principalmente", diz. "Na melhora da qualidade da educação, na infraestrutura, na flexibilização do mercado de trabalho e nas dificuldades burocráticas que ainda existem para fazer negócios no país."

Para Douglas Beal, um dos autores do trabalho e diretor do escritório do BCG em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, embora os indicadores reunidos para produzir o Seda pudessem ser utilizados para produzir um novo índice, esse não é o objetivo do levantamento. "A meta é criar uma ferramenta de benchmarking, que possa fornecer um quadro amplo. com base no qual os governos possam agir."


Fonte: Valor Econômico, via 
http://pafranco2005.blogspot.com.br/2012/11/o-que-que-o-lulo-petismo-esta-fazendo.html

Campanha do Santander contra Dilma demonstra pouco caso com regras da democracia


Banco imperial

O senador Wellington Dias (PT-PI) acha que o Congresso precisa investigar o Santander depois que o banco foi flagrado em campanha contra o governo Dilma. Para o senador, que fez a vida profissional como funcionário da Caixa Econômica Federal, não custa lembrar:

“Um banco é uma concessão pública e não pode valer-se dessa situação para atuar numa eleição,” lembra Wellington.

A gravidade da questão reside aí.

A legislação eleitoral brasileira não impede que uma instituição financeira – ou qualquer outra empresa privada – retire uma parte de seus lucros para fazer uma contribuição a determinado partido político. Eu acho errado e condenável pois ajuda a criar eleitores que valem 1 voto e outros que valem 1 bilhão de reais. Mas a lei permite – e é por isso que a regra de financiamento de campanha precisa ser modificada.

Mas a orientação a seus gerentes voltados a clientela de renda mais alta tem outra natureza. Implica em usar o negócio – que deve obedecer a regras específicas do Banco Central – para pedir votos. E isso não é aceitável, explica o senador.

Da mesma forma que ninguém desautorizado pode sair por aí emprestando dinheiro sem correr o risco de ser acusado de agiotagem, nem comprar ou vender dólares sem ser chamado de doleiro, um banco não pode transformar-se num comitê eleitoral. Como qualquer outra empresa privada, tem sua função social a cumprir.

A lembrança de que, em 2002, tivemos a campanha do Lulômetro, estimulado por executivos do Goldman Sachs, um dos grandes bancos de investimento do mundo, não diminui gravidade do que ocorre em 2014. Apenas confirma um mesmo fenômeno.

Há instituições que colocam-se acima de qualquer dever com o futuro do país, o bem estar dos cidadãos e obrigações com o país que os acolhe.

É falta de respeito.

Pouco caso com o regime democrático.

É um comportamento ainda mais impressionante quando se recorda que que os clientes brasileiros oferecem, ao Santander, uma bolada de 20% ou mais dos lucros que a instituição obtém em suas operações no mundo inteiro. É mais do que o dobro daquilo que o banco obtém no mercado da Espanha, seu país de origem. Pelo menos uma vez os lucros assegurados pela filial brasileira chegaram a 28% do total do banco.

O Santander deu um salto no Brasil – tornando-se um dos principais bancos europeus -- depois que participou da privatização do Banespa, o maior entre os bancos estaduais.

Foi pela compra dessa carteira de clientes, que lhe dava acesso a folha de salários dos funcionários púbicos do Estado mais rico da federação, que o Santander conseguiu um lugar entre as cinco maiores do país. A operação, que desfalcava São Paulo de um lastro respeitável para investimentos futuros, enfrentou a oposição do governador Mário Covas, e não custou pouco.

O Santander pagou R$ 7 bilhões pelo Banespa e essa quantia foi usada como argumento favorável a operação. O que pouco se divulgou é que o Santander teve direito a abater quase 3 bilhões a título de ágio contábil. Embora esse desconto fosse previsto por uma lei de 1997, o fato do deságio ser concedido a um grupo estrangeiro chamou a atenção de quem acompanhou a privatização de perto, encontrando grande resistência, por exemplo, quando o caso chegou a Receita.

A seu favor, o Santander poderia dizer em 2014 que o comunicado lamentável apenas deixou claro, em voz alta e letras de forma, aquilo que outras instituições fazem em voz faixa e sem assinar recibo.

A verdade é que os bancos privados tem praticado uma política sinuosa depois que, em função da crise de 2008, o governo Lula decidiu abrir os cofres dos bancos estatais para garantir o crédito e impedir o desmonte da economia.

A primeira reação dos bancos privados foi abandonar o mercado de crédito por anos seguidos, permitindo que os estatais ganhassem terreno um ano após o outro – para chegar a 47% do mercado, um número recorde, em 2012.

Pressionado, o governo federal iniciou uma política de retirada do mercado, para abrir espaço para o retorno das instituições privadas. Mas isso não aconteceu. A marcha-a-ré dos estatais coincidiu com a alta nos juros, que permitiu ao sistema retornar ao conhecido universo rentista, de quem acumula fortunas bilionárias sem fazer força – pois o Tesouro paga a conta.

O crédito publico recuou e o privado não apareceu, situação que ajuda a entender – ao menos em parte – os números decepcionantes do crescimento recente. Os bancos seguem cobrando juros altíssimos, sem relação sequer com aumentos da Celic, sem serem incomodados pela concorrência dos bancos públicos.

Prevê-se, a partir de setembro, uma retomada do crédito nos bancos públicos. Será seguido, como se sabe, por um coralzinho contra a presença do estado na economia. E ninguém vai lembrar que um banco que já esteve ligado ao desenvolvimento de São Paulo agora é usado para fazer campanha presidencial junto a seus clientes.
vi no, http://esquerdopata.blogspot.com.br/2014/07/campanha-do-santander-contra-dilma.html

Morre uma criança por hora em Gaza, denuncia a ONG Save The Children


"A organização não governamental Save the Children Fund alertou que, nos últimos dois dias, uma criança palestina morre por hora em Gaza. Em comunicado, a ONG pediu à comunidade internacional uma “resposta inequívoca para deter este derramamento de sangue”
Esquerda.net. Artigo publicado no Clarín

Duas semanas depois do começo da ofensiva militar israelense, pelo menos 70 mil crianças da Faixa de Gaza viram-se obrigadas a abandonar as suas habitações com as famílias, assegurou a ONG, citada pela Europa Press.

Além disso, a Save de Children Fund indicou que 116 mil é o número de crianças que necessita de “apoio psicossocial especializado imediato” na Faixa de Gaza. Em Israel, as crianças também sofrem com as consequências desta situação “enfrentando, no dia a dia, o terror do lançamento de torpedos”.

A equipe da Save the Children em Gaza está trabalhando nas zonas mais castigadas pelos ataques com o objetivo de proporcionar ajuda médica e auxiliar as famílias deslocadas com colchões, materiais para proteção, kits de higiene e materiais para o cuidado dos bebés, advertindo que “o nível de necessidades é assustador”.

Os médicos alertaram que os partos prematuros estão duplicando, assinalou a ONG. “Vimos muitos partos prematuros como resultado do medo e dos problemas psicológicos causados pela ofensiva militar” (israelita), explicou Yousif Al Swaiti, diretor do hospital Al Awda com o qual trabalha a Save the Children.

A ONG informou que os recém-nascidos são um setor muito vulnerável e assegura que a comida para os bebês é “extremamente escassa”, o que coloca as mães numa situação de enorme estresse.

São já 121 as crianças mortas, em Gaza, pela ofensiva israelense. ”O número de partos prematuros duplicou, comparado com os que havia antes da escalada de violência”, esclareceu o médico. “Perdem-se anos de trabalho com cada explosão”, assegurou um dos ativistas da Save the Children, David Hassell. “Nunca existirá justificativa para o ataque a escolas e hospitais, quando muitos civis não têm para onde ir. Nenhuma das partes deveria usar estas instalações para fins militares”, disse.

A ONG pediu à comunidade internacional que “responda a esta guerra contra as crianças exercendo toda a sua influência diplomática para pôr fim imediato ao derramamento de sangue”. “Se a comunidade internacional não atua já, a guerra contra as crianças, em Gaza, pesará sobre as nossas consciências para sempre”, concluiu.

* Leia mais em:

http://www.savethechildren.org/site/c.8rKLIXMGIpI4E/b.6153151/k.5AE1/West_Bank_and_Gaza_Strip.htm

Tradução: António José André

O “mercado”, que toca o terror na eleição, quebrou o mundo


Bob Fernandes, Terra Magazine
"O "mercado" não quer Dilma. Isso está nas manchetes há dias, semanas. A Bolsa sobe ou cai a depender de pesquisas que mostram Dilma em baixa ou em alta.
E não só pelos erros do governo Dilma. 
Em 2002, em pleno governo Fernando Henrique, o "mercado" fez terror com a hipótese da vitória de Lula. Qual foi o resultado daquele terror todo? 
Basta conferir num site de buscas. O governo Fernando Henrique terminou melancólico, com dólar a quase R$ 4, risco-país acima de 4 mil pontos, e inflação de 12, 53% ao ano.
Sobre qualquer assunto que tenha algo a ver com economia, largos setores da mídia dão voz preferencial e, a depender da mídia muitas vezes única, a "especialistas" do "mercado".
O que é o tal "mercado"? 
É o sistema de bancos e demais instituições financeiras. Assim sendo, vale lembrar os custos da crise criada no e pelo "mercado" e que explodiu em 2008. 
Mark Anderson, ex-chefe da Standart and Poor's, o homem que rebaixou a nota de crédito dos EUA, diz que o custo final da crise mundial é de US$ 15 trilhões.
Estima-se que hoje o chamado "mercado de derivativos" seria de US$ 1,2 quatrilhão. Isso é 20 vezes todo o PIB do mundo. Ou seja, é só ficção. É "dinheiro" de mentira.
Isso existe apenas como alavanca para quem pilota o tal "mercado" acumular ainda mais fortuna. Com grandes riscos para o próprio sistema financeiro. Nem se diga para os demais pobres mortais. 
Relatório da ONG britânica Oxfam informa: 85 pessoas das 7 bilhões e 200 milhões da Terra têm patrimônio igual à metade da população do mundo.
O 1% mais rico do mundo tem US$ 110 trilhões. O que é 65 vezes mais do que tudo que tem metade da população mundial.
No Brasil, apenas 4 dos bancos tiveram lucro líquido de R$ 50 bilhões em 2013. Isso é mais do que a soma do PIB de 83 países no mesmo ano passado.
Isso é o tal "mercado". O resto é conversa mole e disputa pelo Poder. "

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Quando Golias é judeu


Na luta desigual, de um lado morrem os civis, e muitas crianças, do outro sobretudo os soldados
"A invasão ofende os Direitos Humanos diante da indiferença cúmplice das potências ocidentais

Gianni Carta, CartaCapital  

Cidade de Gaza, quinta-feira 24. Ruas cobertas de cadáveres. Casas sem fachada, esburacadas ou destruídas. Mães, pais, crianças e idosos aos prantos e gritos. Alguns seguram nos braços crianças mortas, por vezes decapitadas. Tanques de guerra. O incessante barulho ensurdecedor das metralhadoras dos soldados do Tsahal, ou IDF, o exército israelense, ou de bombas lançadas de caças F-18. Ou pelos navios de guerra no Mediterrâneo. A toda essa tragédia se mescla o assobio de mísseis, vindo de todas as partes, inclusive dos teleguiados, a marcar presença no céu. “Eles atiram nas pessoas, nas vacas, em qualquer coisa que se mova”, grita uma septuagenária. Nos seus olhos, como nos de seus conterrâneos, estampam-se o medo, o desespero, o horror. Motivos não escasseiam.

Na quinta-feira 24, quando este artigo seria impresso, o número de baixas era de 700 palestinos, dos quais 150 crianças, e mais milhares de feridos. Segundo as autoridades israelenses, 32 soldados tinham perdido a vida, e mais três civis israelenses. Em Gaza falta água potável. As pessoas comem quando há comida, praticamente dia sim, dia não. Hospitais não têm condições de tratar todos os feridos. Ambulâncias, inclusive aquelas dos Médicins Sans Frontières, não circulam na probabilidade de ser atingidas. 

Ambas as fronteiras para escapar para o mundo, Erez, em Israel, e Rafah, no Egito, permanecem fechadas para os palestinos, mesmo para aqueles mais ameaçados. Apagões são frequentes, de resto como sempre. Porém, agora, mais amiúde.

Indago a Hussam, meu fixer em várias viagens a Gaza, aquele que traduz em perfeito inglês e me guia para evitar confrontos nessa minúscula Gaza em guerra, se posso falar com minhas ex-fontes do Hamas. Claro, as autoridades dos EUA e da União Europeia não tratam com “terroristas”, mas por que lidaram com o Exército Republicano Irlandês, entre outros? Gostaria de entrevistar novamente, como em 2013, digo a Hussam, Mahmoud al-Zahar, ex-ministro do Exterior e um dos fundadores do Hamas. Diga-se que Al-Zahar, de 69 anos, é o líder do Hamas, mas por questões de segurança contra ataques israelenses, ele faria parte apenas do conselho do Hamas. No entanto, esse médico, que já sofreu atentados e perdeu um filho quando um caça F-15 lançou uma bomba contra sua casa, está escondido em algum bunker, diz Hussam. O outro filho foi morto há anos em um confronto armado. 

Poucos meses atrás, aqui mesmo, indaguei a Al-Zahar se a única solução contra Israel é a luta armada. “Começamos a negociar em 1991, em Madri, mas nunca houve um processo de paz, e sim um apoio à ocupação israelense”, dizia então Al-Zahar. Fez uma pausa, e acrescentou: “A única solução é a luta armada”.

Com seu 1,8 milhão de habitantes espalhados por apenas 40 quilômetros de extensão e 10 de largura, a Faixa de Gaza, separada do mundo por um bloqueio imposto por Israel depois da vitória em escrutínio democrático da legenda islamita Hamas, em 2006, vive-se a enésima Nakba (catástrofe). Esse enredo de violência começa com a expulsão dos árabes palestinos quando Israel venceu sua luta de independência em 1948. Após a Guerra de Seis Dias, em 1967, mais alguns milhões de árabes palestinos foram expulsos pelo Oriente Médio.

A chamada Operação Margem Protetora, a atual, foi acionada pelo premier israelense Benjamin Netanyahu em 8 de julho com os ataques ditos “cirúrgicos” de caças F-18. Parecem tão cirúrgicos, que até o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, os questionou durante uma emissão da tevê estadunidense Fox News. Ao acreditar que os microfones estivessem desligados, comentou ironicamente: “Como são cirúrgicos os ataques dos israelenses”. Trata-se, porém, de um diplomata e logo corrigiu o “erro”.

Os motivos de Bibi, como é popularmente chamado Netanyahu, foram dois, ambos apoiados pela chamada “comunidade internacional”, isto é, por, entre outros, Barack Obama, Angela Merkel, François Hollande e Matteo Renzi. Primeiro, o sequestro e mortes de três adolescentes na Cisjordânia, a outra parte da Palestina sem contingência com Gaza, manobra das autoridades israelenses para dividir e conquistar o vizinho árabe. Segundo motivo: os inúmeros foguetes Qassam lançados pelo Hamas contra o território israelense. Mas a questão é mais complexa do que pensam, ou fingem pensar, os aliados de Netanyahu. Tudo indicaria que os adolescentes não foram assassinados com a autorização do Hamas. E os foguetes seriam lançados de Gaza por grupos radicais envolvidos na disputa do poder no território.

Magid Shihade, professor de Relações Internacionais da Universidade de Birzeit, na Cisjordânia, me diz: “Comunidade internacional, você concorda comigo, é um jargão inconcebível. Eles (Obama, Merkel, Hollande etc.) não alcunharão o que Netanyahu está a provocar em Gaza porque não pega bem para a dita comunidade internacional. Shihade emenda: “O sionismo é uma ideologia racista e colonial. Baseia-se na desapropriação, na deslocação e na separação das pessoas, na supremacia dos judeus sobre os árabes palestinos nativos”.

Em 17 de julho, uma incursão terrestre das Forças de Defesa Israelense elevou a dimensão da carnificina. O motivo da intervenção terrestre foram os incessantes foguetes oriundos de Gaza. Embora de forma proporcionalmente muito inferior àquela dos palestinos, o Tsahal sofreu com a incursão, em meados de julho, várias baixas, especialmente, parece, a do sargento Shaul Aaron. O Hamas diz que o capturou, mas Tel-Aviv sustenta que ele poder ter sido morto. Se, porém, foi capturado, algo que não estava ainda claro na quinta-feira da semana passada, o conflito poderia se ampliar. E da mesma forma como o bloqueio de Gaza teve início com a captura do soldado Gilad Shalit, a situação poderia piorar rapidamente. A prisão de um israelense pelos palestinos é algo passível de elevar brutalmente a tensão.

Para quem está em Gaza, a postura da diplomacia ocidental é de um cinismo abissal. Mesmo porque existe um evidente conluio entre o lobby judeu e a diplomacia internacional. Durante nove meses, o secretário de Estado Kerry cuidou de mostrar empenho a favor da paz, enquanto Israel continuava impunemente a colonizar a Cisjordânia. Kerry dizia ser possível para Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, ir adiante no plano de criação de um Estado palestino apesar dos assentamentos. Palavras ao vento em que tremulam as gravatas amarelas e laranja do secretário de Estado. Não é por acaso que ele não goza de credibilidade alguma nas terras em conflito, mesmo porque suas propostas carecem de qualquer substância. Gianni Vattimo, o filósofo italiano, disse que gostaria de “comprar mais foguetes para o Hamas”. Vattimo, que já entrevistei, disse: “Os europeus deveriam formar uma brigada internacional para lutar com o Hamas, assim como voluntários lutaram contra Franco durante a Guerra Civil Espanhola”.

O que faremos por esse povo?  Hussam, meu fixer, tem 45 anos. Nunca deixou Gaza. Aprendeu inglês, perfeito, na universidade. Vive em Camp Beach, na cidade. Tem mulher e seis filhos, durmo com estes em uma grande sala, todos vestidos. Hussam e a mulher recolhem-se em um quarto separado.

 Ele anuncia quando podemos tomar banho. À noite, coloca mesas de plástico no chão, visto que não há mobília, e deposita pratos de comida. No ano passado, havia certa fartura. Agora, é apenas pão sírio amanhecido e tabule.

Às 4 horas, a mesquita ao lado lança o apelo, “Alá, o maior”, e todos se levantam, colocam uma esteira no chão e rezam. Uma luz ilumina o nosso quarto. Sinto-me seguro, devo confessar. Depois durmo. E muito bem.  O Tsahal, contudo, atingiu um minarete da mesquita. Hussam lamenta. Indago: “Você faria parte do Hamas?” Responde: “Não, existem limites”.

Os Acordos de Oslo de 1993 estabeleceram que a Autoridade Palestina governaria Gaza e a Cisjordânia.  Não foi o que se deu. Em 2012, a Assembleia-Geral da ONU elevou a Palestina ao status de “Estado não integrante”. Vitorioso em 2006 em Gaza, o Hamas expulsou o Fatah em 2007.

 Sete anos mais tarde, Fatah e Hamas fizeram as pazes e se reuniram em abril de 2014. E eis o problema. Netanyahu não aceita a união. Dividir é o que se pretende. Divide et impera, diziam os imperadores romanos."