sábado, 2 de março de 2013

REARTICULAÇÃO FASCISTA - Geraldo Alckmin é a ponta de lança da ala fascista do PSDB

Via facebook de Diogo Costa

Esse movimento "Endireita Brasil" é uma organização abertamente fascista, é um ajuntamento de fascistas e nazistas saudosos do regime assassino e torturador de 64. A OPUS DEI e as franjas do que sobrou do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) se reorganizam nessas páginas de porcos fascistas como o são o "Endireita Brasil" e o "Revoltados On-line".
Esses fascistas e nazistas do século XXI não exitarão um segundo sequer se tiverem a oportunidade de dar um novo golpe de estado aqui no Brasil. Eles louvam o golpe de 64, amam a tortura e os torturadores, amam os assassinatos e os assassinos, amam os estupros e os estupradores que infestaram e desgraçaram o país entre 64 e 85. Essa camarilha de fascistas e nazistas, esses bastardos herdeiros da pior tradição golpista e assassina do país está de volta.
É essa escória fascista e nazista a maior responsável pela difusão exponencial de mentiras na internet. São dissimulados, mentem compulsivamente, inventam capas de revistas que jamais existiram na face da Terra, inventam reportagens mentirosas que são desmascaram em tempo real, etc. Essa camarilha de porcos fascistas e de porcos nazistas está de volta e é necessário combatê-los diuturnamente! Essa horda de militantes das trevas não há de prosperar no Brasil novamente.
O governador Geraldo Alckmin, ao nomear esse fascista, apenas desvela o seu verdadeiro caráter, que ele tenta dissimular do grande público. Tenta, mas quem conhece um pouco que seja da política, sabe muito bem quem são as companhias do governador da OPUS DEI.
A seguir o motivo da indignação do Diogo
Via Brasil247

ULTRADIREITA DE ALCKMIN É MAIS GRAVE DO QUE PARECE
:
Ao nomear como secretário particular o advogado Ricardo Salles, um dos fundadores do Instituto Endireita Brasil, Geraldo Alckmin coloca dentro do Palácio dos Bandeirantes um movimento que vai muito além da defesa dos princípios liberais e dos valores conservadores; a organização criada por Salles exalta o regime militar de 64 e espalha mentiras pela internet, publicando em seu Facebook "informações" como a fortuna de US$ 3 bilhões do ex-presidente Lula e o boato de que a boate Kiss era de um deputado petista; para Salles e o Endireita Brasil, a "ditadura de 64" é melhor do que a "ditadura do proletariado" atual
2 DE MARÇO DE 2013 ÀS 13:45
247 - É bem mais grave do que parece a nomeação feita pelo governador Geraldo Alckmin do advogado Ricardo Salles, como seu secretário particular. Nesta função, Salles cuidará de toda a agenda do governador do estado mais rico do País. Aparentemente uma função burocrática, mas o fato é que, com essa nomeação, o político tucano instala, dentro do Palácio dos Bandeirantes, um movimento que exala obscurantismo.
Fundador do Instituto Endireita Brasil, Salles lidera campanhas contra o desarmamento, é contra o casamento gay e classifica o MST como um movimento "terrorista". Que a direita mostre sua cara, e o faça dentro dos limites da legalidade, é algo que faz parte do regime democrático. Ocorre que a atuação do Endireita Brasil vai muito além da defesa de princípios conservadores e da economia de mercado.
Basta entrar na página do Instituto no Facebook para constatar algumas atrocidades que são publicadas pela turma de Salles. Uma das postagens, por exemplo, pergunta: "Qual você escolhe, governos militares ou DITADURA do proletariado?" Na imagem, generais que estiveram à frente de um regime que perseguiu, torturou e matou opositores são apresentados como homens de bem, que não enriqueceram no poder, e confrontados com o ex-presidente Lula – um homem que teria uma fortuna de US$ 3 bilhões. A fonte dessa informação? Uma reportagem da revista Forbes que jamais existiu. Ou seja: uma das táticas do Endireita Brasil, agora instalado no Palácio dos Bandeirantes, é espalhar mentiras pela internet.
Outra postagem feita pelo Facebook do Endireita Brasil foi a "informação" de que um dos donos da Boate Kiss em Santa Maria (RS), onde 239 jovens perderam a vida, seria o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). "Há 2 “donos”, que na realidade são gerentes laranja de 2 “Empresários”, que na realidade são Laranjas de um conhecido Deputado da Cidade que foi escorraçado da CPI dos Mensalão por manter encontros com Marcos Valério nas garagens do Congresso e conhecido na cidade por ter várias “lavanderias” isso é só para vocês terem uma idéia porque esse verdadeiro caixão funcionava a todo vapor sem fiscalização séria. Não é a toa que a alta cúpula da ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PT se deslocou para a operação abafa, seguindo o roteiro da morte do Celso Daniel", diz o Facebook do Endireita Brasil.
Se isso não bastasse, outra atividade do Instituto é a divulgação do livro Orvil. Parece nome de remédio, mas é a palavra livro escrita ao contrário. Nele, militares dão sua versão sobre os atentados terroristas que teriam sido cometidos pela esquerda brasileira, durante o regime. "Os revanchistas da esquerda que estão no poder -não satisfeitos com as graves restrições de recursos impostas às Forças Armadas e com o tratamento discriminatório dado aos militares, sob todos os aspectos, especialmente o financeiro- tiveram a petulância de criar, com o conluio de um inexpressivo Congresso, o que ousaram chamar de 'comissão da verdade'", diz o general Geraldo Luiz Nery da Silva no prefácio ao livro Orvil.
É este movimento, liderado por Ricardo Salles, que agora se senta à antessala do Palácio dos Bandeirantes. Geraldo Alckmin que, dias atrás, visitou o Memorial da Resistência, que funciona na antiga sede do DOPS, ao lado de Yoani Sánchez, a quem chamou de "heroína da liberdade", deve satisfações à sociedade. Ou será que, além da ligação com a Opus Dei, ele também faz parte do Endireita Brasil?

"Odeio o PT e Estou Começando a te Odiar Também"




http://fc03.deviantart.net/fs71/f/2010/311/a/6/bemvindo_sequeira_by_davisales-d32ckto.jpg 
"Bom dia querido Bemvindo, sou teu fã a décadas porém de tempos pra cá estou gostando menos de ti, não pelo seu trabalho na TV e sim pelo seu envolvimento politico nas redes sociais. Eu odeio o PT e estou começando a te odiar tambem, espero que você mude um pouco suas atitudes. Abraços"

Recebi este comentário de um leitor no meu blog Portal R7. Para evitar exposição que possa a vir ser constrangedora não cito o nome do leitor. Mas é um bom gancho para uma boa conversa.
"Estimado: talvez você não conheça a minha história: Ganhei consciencia política aos 16 anos. Entrei então para o Partido comunista em 1963. Aos 17 anos estava combatendo a Ditadura Militar pelo estupro da Costituição democrática que as Forças Armadas juraram defender. Aos 22 estava na luta armada contra o Regime de exceção.
Aos 25, derrotados que fomos na luta armada retornei ao Partido Comunista de onde saí muito depois, quando dirigente Municipal e Estadual do Rio de Janeiro vi o PPS (sucedâneo do PC) transformar-se em valhacouto de oportunistas e perdedores.
Durante a Ditadura fui preso 5 vezes.
Este ano completo 50 anos de luta política, sempre ao lado do que, por lembrança oportuna, João XXIII chamava de "O Povo de Deus", os excluídos, os perseguidos.
Por esta luta sacrifiquei minha carreira no show business, ao tempo que tenho orgulho por ser um dos que ajudaram a fazer a Lei que regulamentou a nossa profissão e por ter o registro profissional nº 01, das Fls. 01 do Livro 01 da DRT. Gosto de perceber que sou muito querido e respeitado pela minha categoria.
De saber que os jovens atores muito me honram todos os dias pelos ensinamentos que lhes trago.
Então estimado, fica difícil neste momento, aos 65 anos, deixar toda esta história de vida para corresponder á sua expectativa. Talvez, segundo os espíritas, quem sabe...numa outra encarnação...
Além do mais nenhum de nós nasceu para corresponder á expectativa do outro. Somos diversos e devemos viver respeitando a diversidade.
Também não creio que artistas que não se metem em política não tenham posição política. Tem sim. Ao ficarem quietinhos estão na verdade defendendo seus interesses , e quando não estiver bom para eles estarão na linha de frente das batalhas políticas também.
Por enquanto, a maioria fica em cima do muro, só que como diz um sábio, o muro já tem dono.
Mas peço-lhe: não odeie. Embora o ódio seja o amor não amamentado, não odeie.
Busco amar. E quando não consigo, busco perdoar, mais por compreensão que por bondade.
Relembro que perdoar não é desculpar. Desculpar é isentar de culpa quem merece ser punido. Como aqueles servidores públicos que torturaram e mataram durante a Ditadura e que pela Lei dos homens ainda não foram punidos.
E toda a política que faço procuro fazer sempre com muita Alegria, pois esta é Dom benfazejo.
O ódio é compreensível expressão infantil, mas que nas mãos de adultos gera a Morte.
Hitler odiou os judeus; por ódio Ghandi foi morto a tiros; o mesmo se deu com John Lennon;o Oriente Médio explode em ódios e mortes;por ódio a Al Qaeda mata civis inocentes; o ódio religioso nega a Deus; o ódio assassina homossexuais; não odeie , faça uma revisão e veja se consegue afastar este sentimento de seu coração.
Não se deixe levar pela paixão que cega; não deixe seu coração mandar na sua cabeça. Use da razão, busque o amor na sua mente, pois o coração é enganoso tanto para amar quanto para odiar.
Agradeço muito o quanto me admira, e gosta de mim para chegar ao ponto de começar a odiar-me. Agradeço a leitura que faz do meu blog e a atenção que me dispensa ao enviar seu comentário.
Um grande abraço de quem por ser diferente de ti reafirma que em cada família cada irmão é diferente do outro, sem deixar de serem irmãos. E apesar disto, por ódio, Caim matou o irmão Abel"
No Blog do Bemvindo, via  /contextolivre.

Candidatura e aventura




Campos, Aécio,
Gabeira, Marina.
Os riscos da guinada
à direita

Mauricio Dias, CartaCapital

“O governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) tem o direito e o caminho aberto para disputar a Presidência da República, em 2014. Tem, também, um partido em fase de crescimento, tem pressões internas e externas para romper, apoio da mídia para se projetar, simpatia de empresários preocupados com o PT, de políticos órfãos, e uma relação de conflitos com o governo capaz de produzir a crise necessária para explicar o rompimento com a candidatura à reeleição da presidenta Dilma Rousseff.

Campos, no entanto, hesita. Está tomado por dúvidas pessoais e políticas. Negaceia. Faz que vai, mas até agora não foi, e assim se expõe às ironias como, por exemplo, a do senador Aécio Neves, virtual presidenciável do PSDB, para quem Eduardo Campos precisa de um divã para saber se é de oposição ou governista.

Nesse momento, ele tornou-se um exemplo que permite perceber a diferença entre uma aventura eleitoral e uma candidatura efetiva, vigorosa, possível de ser vitoriosa. No primeiro caso, o caminho é largo, mas ilusório. No outro, a passagem é estreita e com possibilidades de consequências danosas. Talvez irreversíveis.

Eduardo Campos, 47 anos, neto de Miguel Arraes, tem o sangue do avô nas veias, mas não tem o mesmo compromisso político. É uma “cara nova” atrás da qual todos andam, em nome de suspeita renovação.  Ele tem uma expectativa natural de superar Arraes, político dos anos 1960, com liderança nacional e eleitorado restrito a Pernambuco. Esse é o dilema que persegue Campos. Seria a hora de romper com essa amarra? As circunstâncias não são favoráveis.

Campos terá de juntar-se à estratégia da oposição de tradição conservadora para derrotar um governo de natureza progressista e rachar o partido.

Como candidato, integrará o “mutirão de candidatos” possíveis na tentativa de levar a eleição para o segundo turno. Neste caso, a candidatura dele se somaria à de Aécio Neves (PSDB), Fernando Gabeira (PV), Marina Silva (sem partido formalizado) e o candidato do PSOL, cujo objetivo é marcar posição.

Nas últimas semanas, o governador de Pernambuco tem feito críticas a alguns pontos da administração de Dilma. Marca posição e pode se valer dela para, eventualmente, explicar no futuro o afastamento de um governo que apoiou e elogiou ao longo do tempo. O PT vestiu essa “saia-justa” na campanha para a eleição municipal de 2012, em Belo Horizonte.

Há informações de que alguns empresários estariam dispostos a “oxigenar” a campanha de Campos. Os recursos são importantes. Mas onde ele arranjaria espaço-tempo suficiente para montar um bom programa no horário eleitoral? O PSB tem 1 minuto e 40 segundos. Aliança? Só com partidos nanicos, que dispõem de 20 segundos ou pouco mais?

Em 2010, Dilma, com nove aliados, contou com 10 minutos. O tucano José Serra, com cinco aliados, obteve pouco mais de 7 minutos. Houve cinco candidatos dos nanicos, afora Marina, do PV, que viraram fenômeno e arrastaram quase 20 milhões de votos. Campos fará acordo com uma oposição sem programa?
Por enquanto, à direita, só há esperança. Ela espera o aumento da inflação, dataxa de juros, do desemprego, da inadimplência, da falta de investimentos e, por consequência, de um crescimento medíocre do País. Sem esse cenário, em 2014, as chances de qualquer opositor a Dilma são nulas. Isso mostra que no fundo do peito de cada candidato da oposição o coração bate em tom sinistro: quanto melhor pior.”
Fotos: Dida Sampaio/ Estadão Conteúdo, José Cruz e Rodrigues Pozzebom/ ABr e Leonardo Soares/ Estadão Conteúdo

Nada de Novo no Front

Marcos Coimbra, CartaCapital

 

“Apesar dos esforços em contrário de alguns comentaristas, o noticiário político do mês passado foi dos menos emocionantes dos últimos tempos. Bem que quiseram torná-lo interessante, tentando enxergar novidades onde nenhuma havia, mas não funcionou.

O que terminaram fazendo foi vender gato por lebre.

A tese que inventaram é que, em fevereiro, o sistema político deu a largada para a corrida eleitoral de 2014, algo que, se tivesse efetivamente acontecido, seria um fato relevante. Implicaria duas coisas: que não tinha começado antes e que estaríamos em campanha desde então. 

Na opinião desses analistas, PT e PSDB, cada um a seu modo, teriam “precipitado” a eleição. Ao fazê-lo, teriam levado outras forças políticas a antecipar seus movimentos tendo em vista a próxima sucessão presidencial.
Só que nada de realmente significativo aconteceu.

Do lado do PT, a tal antecipação viria de Lula ter afirmado, na reunião de comemoração dos dez anos de governos populares, que Dilma era candidata. Que ela tinha todo o direito de disputar a reeleição e era a favorita para vencer.  

Como diria Mino Carta, até o mundo mineral sabia disso.

Desde quando Dilma tomou posse, ninguém ouviu Lula afirmar algo diferente. Mais especificamente, nunca manifestou a vontade ou a intenção de ser o candidato de seu partido ano que vem.

Está claro que isso não quer dizer que seria impossível que o fosse, na hipótese de Dilma não querer ou não poder se reapresentar. Contando com a preferência de dois terços do eleitorado, o ex-presidente era, é e continuará sendo um forte candidato em potencial. 

Só se surpreendeu com sua declaração quem andou apregoando o oposto, que Lula cultivava o “desejo secreto” de ser o candidato do PT em 2014. Esses, que acham que conhecem suas “motivações íntimas”, se esquecem do óbvio.

Na cultura política que desenvolvemos depois da adotar a reeleição - nunca é demais lembrar que por iniciativa dos tucanos, que pretendiam permanecer no poder por muitos anos -, apenas o administrador que fracassa deixa de disputar o segundo mandato. Com a exceção de Itamar Franco, que podia fazê-lo em 2002, mas se absteve por razões filosóficas (e assim abriu caminho para a primeira eleição de Aécio ao governo de Minas), todos os minimamente bem sucedidos o buscaram.    

Tirar de Dilma essa possibilidade equivaleria a considerar que faz um péssimo trabalho e que não merece sequer a chance de pleitear a recondução.  
Vendo como a avaliam as pessoas e quão elevada é sua aprovação, a ideia não faz sentido. Ainda mais para quem conhece minimamente como pensa Lula. Negar a ela o direito de se reeleger seria afirmar que ele estava errado quando a indicou e a apresentou ao País como gestora competente.
Ou seja: a declaração de Lula de que Dilma é a candidata do PT em 2014 é apenas a reiteração do evidente. Nela, não houve qualquer “antecipação” da próxima eleição.

O segundo fato de fevereiro que nada teve de extraordinário foi o discurso do senador Aécio Neves de críticas ao governo e ao PT. Inusitado seria se tivesse subido à tribuna para elogiá-los.

O desafio do ex-governador de Minas não é afirmar-se candidato. Por seus méritos e os muitos deméritos de seus correligionários, é a escolha natural do PSDB.

Mas ele não está dispondo daquilo que seus antecessores tiveram, o direito de determinar o conteúdo e o discurso de sua candidatura. Ninguém disse a Covas, Fernando Henrique, Serra ou a Alckmin o que deveriam falar, como e para quem. Ninguém escalou seus assessores e consultores.  

A candidatura de Aécio nasce com dois problemas. De um lado, precisa se libertar dos radicais de direita, que na política, na sociedade e na mídia, querem fazer dele o porta-voz. De outro, tem que se livrar do engessamento do passado e da obrigação de carregar o fardo da defesa do “legado de FHC”.
Os paradoxos de Aécio não foram resolvidos no pronunciamento. Nele, voltou a ser o novo que o velho pretende manter sob tutela.

Resta o terceiro não-fato de fevereiro: o lançamento da “Rede” de Marina Silva. Como todo projeto individualista, esse é outro cuja relevância só será estabelecida pelo tempo. Hoje, parece que será pequena. Com até o PV relutando em apoiá-la, quantos parlamentares se disporão a segui-la? Sem eles, terá, na eleição, a mídia de qualquer nanico.

À distância, Eduardo Campos ficou vendo essas movimentações, rezando para que não o esquecessem. Tampouco tinha algo de significativo a dizer.
Mas nem Aécio, nem Marina e nem ele precisam se preocupar. Mesmo que nada façam, sempre terão nossa “grande imprensa” para fazer marola.”

sexta-feira, 1 de março de 2013

O PIB e o Brasil real



O Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 0,9% no ano passado em comparação com 2011.
O número está sendo comemorado efusivamente pelos "do contra", aqueles 5% da população que torcem para que tudo dê errado no país - banqueiros, empresários de comunicação e seus bobos da corte, os vários neos (liberais, nazistas, fascistas), sociopatas em geral, viúvas da ditadura, recalcados, racistas e preconceituosos a granel, enfim uma fauna variada que não suporta o sucesso do PT e de Lula e têm saudade dos tempos em que o país era uma imensa Casa Grande e Senzala.
O PIB é apenas mais um índice, que pretende medir a riqueza de um país, o que ele produziu em determinado período, sob uma óptica estritamente econômica.
Como todos os outros índices, embora seja vendido como uma verdade científica, tem distorções e imprecisões.
Serve só como um parâmetro, um indicador de como funcionaram os meios de produção, o mercado consumidor, as relações de trocas com outros países, os gastos e investimentos governamentais etc etc.
Tem se tornado, com a sofisticação cada vez maior das relações sociais, bastante questionado quanto à sua real eficácia para mostrar como andam as coisas numa nação.
Não foi à toa que, bem posteriormente a ele, foi criado o Índice de Desenvolvimento Humano, que incorpora dados sobre saneamento básico, saúde, educação, entre outros, para dar uma visão mais real do que se passa nos países.
Mesmo assim, tanto um quanto outro são falhos para o que propõem.
Falta a esses indicadores o principal, que é medir o grau de satisfação da população.
O tal Índice de Felicidade, que muitos integrantes da comunidade acadêmica mundial já estudam, pode resolver esse dilema.
Pegue-se o caso do Brasil, por exemplo.
O PIB do governo Dilma - 2,7% em 2011 e 0,9% em 2012 - teve crescimento baixo, mas todas as pesquisas de opinião pública que são feitas revelam que a grande maioria da população aprova a administração federal e reconhece que a vida melhorou.
A taxa de desemprego é baixa, a renda subiu, há crédito farto para o consumo, existem facilidades para a compra da casa própria, a educação superior se universaliza, os programas sociais diminuíram a miséria, e a tremenda desigualdade econômica/social caiu consideravelmente, o país se tornou protagonista de várias instituições multilaterais internacionais, é visto, no mínimo, como uma potência regional que caminha para ficar entre as cinco maiores economias do mundo.
Há ainda inúmeros e imensos problemas.
Mas nada que se compare com o Brasil de décadas atrás.
O crescimento, nos campos econômico e cultural, é visível.
Assim como salta aos olhos a tentativa de certos grupos de boicotar todas as ações do governo, uma guerra suja imposta pelos meios de comunicação, aliados de uma oligarquia que nunca pretendeu entregar o poder a quem quer que fosse, e não se conforma em ver o progresso do país.
Para esses, uma notícia como a de hoje sobre o PIB é uma benção, é motivo de riso e comemoração. Neste momento, devem estar bebendo champanhe em seus amplos e confortáveis gabinetes com ar-condicionado.
Gente que não anda nas ruas, "não fala com pobre, não dá mão pra preto, não carrega embrulho", como bem definiu o grande compositor paraense Billy Blanco, uma de nossas glórias artísticas.
Quanto pior para o Brasil, melhor para eles.
Para o restante da população, o PIB de 0,9% em 2012 é apenas mais um número.
Um número que não paga contas, não compra roupas nem a passagem do ônibus e muito menos a comida de todo o dia, que não leva ao riso nem ao choro.
Mais um número.
Um número só.
Frio.
Distante.
Irreal.
cronicasdomotta

O Brasil dos Petralhas


esquerdopata

Um país que homenageia seus campeões escravagistas



      
                           Joaquim Octavio Nébias (1811-1872), parlamentar paulista contrário à Lei do Ventre Livre 

       O quantitativo da escravatura no Brasil, após a lei (de 1850) que impôs uma proibição efetiva ao tráfico negreiro, diminuiu continuamente.  Salvo raras municipalidades e mesmo assim em períodos específicos, os números somados das mortes e alforrias superaram, ano a ano, os nascimentos de crianças escravas.  Qualquer observador atento às estatísticas, no terceiro quartel do século XIX, seria capaz de prever o fim do cativeiro no país, ainda que a médio prazo.
     Entretanto, as cifras desfavoráveis não desanimaram os partidários do escravismo, que se mobilizaram, numa primeira etapa, para manter o debate sobre o processo de emancipação fora do Parlamento; quando isto se tornou inviável, lutaram para bloquear as medidas pró-abolição ou reduzir sua eficácia aprovando emendas favoráveis aos senhores de escravos.
       Durante os meses de julho, agosto e setembro de 1871, a Câmara dos Deputados e o Senado do Império assistiram ao que talvez tenha sido a maior batalha parlamentar ocorrida no Brasil, dela emergindo a chamada Lei do Ventre Livre.  Os filhos das mulheres escravas não mais acompanhariam a condição jurídica de suas mães, embora se vissem obrigados a prestar serviços aos proprietários delas até os 21 anos de idade.  Os senhores que abrissem mão desta prerrogativa poderiam, em troca de uma indenização de seiscentos mil-réis, determinar sua libertação formal aos oito anos. 
      O Parlamento brasileiro, naquela altura, era inteiramente dominado pelo Partido Conservador, ao qual pertencia o presidente do Conselho de Ministros (chefe de governo), o visconde do Rio Branco.  Mesmo assim, muitos membros das duas Casas parlamentares se rebelaram contra o que consideravam uma afronta à propriedade privada e, pelo menos no discurso,  uma irresponsabilidade política que resultaria no colapso da lavoura cafeeira, principal atividade econômica do país.  Não transcreverei aqui os longos debates de 1871.  Os que desejarem lê-los na íntegra podem facilmente iniciar uma busca com a expressão "Anais da Câmara", tendo acesso em poucos cliques aos velhos livros do Poder Legislativo.
     Conheço suficientemente a amplitude que a propriedade escrava alcançou no Brasil para  querer construir sobre o nome de cada homem que ao longo de sua vida herdou ou comprou um par de cativos a imagem de um vilão de novela como o Leôncio de A Escrava Isaura.  O que pretendo salientar é a existência, numa avançada altura do século XIX, de uma corrente política disposta a quase tudo para estender pelo maior tempo possível a existência da escravidão, agora restrita, no continente americano, ao Império bragantino e à colônia espanhola de Cuba.  Seus adeptos, na quase totalidade, pertenciam às províncias cafeicultoras do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.  Não é difícil identificá-los nominalmente; os opositores do Ventre Livre, vencidos na Câmara por 61 a 35, constam de várias obras de referência.  Adotarei como fonte um parágrafo do historiador monarquista Brasil Gérson (1904-1981):

"Mas, dentre os votantes, quais os contrários de maior renome político? O Conde de Baependi, Belisário de Sousa, Ferreira Viana, Duque Estrada Teixeira, Paulino Soares de Sousa, Pereira da Silva, Diogo Pereira de Vasconcelos, Perdigão MalheirosAndrade Figueira, Ferreira da Veiga (sucessor de Evaristo, também não abolicionista, na sua cadeira de deputado por Minas), Jerônimo Penido, Gama Cerqueira, Joaquim Nébias, Antônio Prado e Rodrigo Silva- e com a ressalva de que os dois últimos, conservadores paulistas, moderados, depois mudariam de atitude, e convertendo-se Rodrigo Silva, aliás, no próprio Ministro da Agricultura, em 88, do Gabinete João Alfredo, o da Lei Áurea, e Antônio Prado, futuro senador, no grande líder, com o jornalista Antônio Bento, do abolicionismo em São Paulo".(A escravidão no Império.  Rio de Janeiro: Pallas, 1975, p. 215) 

           
         Sublinhei os nomes de alguns daqueles deputados gerais para destacar que o Estado brasileiro foi pródigo em reconhecer seus presumidos serviços à nação, como notamos após uma breve busca de imagens, cujo resultado exponho abaixo:   

Rua Conselheiro Pereira da Silva, em Laranjeiras, cidade do Rio de Janeiro

                                                Rua Andrade Figueira, em Barra Mansa (RJ)

                                        Rua Conde de Baependi, no Flamengo, cidade do Rio de Janeiro
                                                                                
                                     
                                              Escola Técnica Ferreira Viana, no Rio de Janeiro

                                                                  Avenida Conselheiro Nébias, em Santos (SP) 
                                  
                                      
Rua Perdigão Malheiros, no bairro Coração de Jesus, em Belo Horizonte



                                                           


           O Império escravista, naturalmente, reconheceu o status de seus políticos escravagistas, mesmo que estes, em algumas circunstâncias, tivessem rejeitado certas razões de Estado.  Não existiam ainda as leis que impedem os poderosos de ser homenageados em vida, dando seus nomes a logradouros públicos ou a estabelecimentos sob gestão estatal.  Porém, a República que sucedeu à Monarquia decrépita reorganizando a ordem oligárquica não reparou tais distorções.  Os campeões do escravagismo permanecem nas placas de bairros nobres ou populares, cidades de variados tamanhos, ruas, avenidas e escolas públicas de todos os níveis.  O passado, como muitas vezes já foi dito, não conhece o seu lugar, e frequentemente se mostra incômodo.         

O dedo de Serra no dossiê anti-Chalita



O ex-governador José Serra.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr


“Cotado para assumir um ministério no governo, o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) entrou no foco do noticiário na última semana por supostas irregularidades praticadas há cerca de oito anos, quando era secretário da Educação de Geraldo Alckmin (PSDB).

As suspeitas vieram à tona por meio do analista de sistemas Roberto Grobman. Ele diz ter provas de que o grupo educacional COC pagou parte da reforma do apartamento do então secretário; em troca, obteve contatos (e contratos) com o governo – que resultaram, por exemplo, na venda de softwares de uma empresa ligada ao COC no valor de 2,5 milhões de reais. Grobman diz que prestava serviços ao grupo e se tornou auxiliar informal do secretário.

A acusação, soube-se depois, ganhou um empurrão do deputado tucano Walter Feldman, coordenador da campanha de José Serra à Prefeitura de São Paulo em 2012. Chalita, que também disputou a eleição para prefeito, é desafeto declarado de Serra. Segundo O Estado de S.Paulo, o responsável por levar Grobman ao Ministério Público foi o jornalista Ivo Patarra, assessor de Serra na campanha. Ele teria sido orientado por Feldman, que disse ter feito apenas a sua obrigação diante da “grave denúncia”.

Pouco depois, o ex-diretor da Fundação para o Desenvolvimento da Educação de São Paulo Milton Leme foi a público dizer que Grobman ofereceu a ele 500 mil reais para ajudar a sustentar as acusações sobre Chalita.

Em 2006, quando emissários petistas montaram um dossiê sobre a suposta participação do então candidato ao governo de São Paulo José Serra na Máfia dos Sanguessugas, o teor das suspeitas foi esquecido pela mídia. Esta preferiu centrar fogo na ação dos “aloprados”, como ficaram conhecidos os envolvidos. Serra negou ser o aloprado da vez e se limitou a dizer que desconhecia os “fatos e as pessoas citadas”. Velhas ou não, as suspeitas levaram o Ministério Público a abrir 11 inquéritos sobre o caso. Chalita nega as acusações.”

O catastrofismo durou pouco




Luciano Martins Costa, Observatório daImprensa

“Um dos pressupostos essenciais do noticiário econômico é a busca da objetividade, e basta um pequeno desvio de método para que o resultado seja jornalismo de qualidade discutível. O risco maior é sempre dos diários, condicionados por um limite de tempo que nem sempre coincide com a possibilidade de uma boa análise.
No entanto, nesta semana, uma revista de informações que hipoteticamente tem mais tempo para elaborar seus conteúdos, e com isso oferecer um produto mais denso aos seus leitores, produz o efeito contrário. Em tom de profecia, a reportagem de capa de Época anuncia o apocalipse: “O eclipse do Brasil: A festa acabou. A economia empacou. O investidor fugiu. E agora?”

Acontece que a blague sobre o poema de Carlos Drummond de Andrade durou poucos dias. Na edição de quinta-feira (28/2), o insuspeito Estado de S.Paulo traz resultado de consulta a representantes do mercado financeiro e outras fontes para afirmar exatamente o contrário: “Mercado prevê alta de 3% no PIB em 2013, mas já há quem aposte em 4%”, diz o título no alto da página.

A contradição evidente entre a notícia do Estadão e o cenário apocalíptico apresentado por Época levaria o leitor distraído a considerar que, como tem mais tempo para a apuração e análise dos dados, uma revista semanal estaria mais próxima da verdade quanto aos fatos da economia. Mas uma leitura mais crítica revela que a revista fez uma aposta errada, baseada em opiniões comprometidas.

A reportagem de capa da revista Época se desmanchou no ar: já na segunda-feira (25), portais noticiosos e sites especializados traziam previsões de queda da inflação e retomada do crescimento; no dia seguinte, a boa notícia era sobre a preservação dos índices de emprego; na terça-feira, sinais de retomada de atividades na indústria; na quarta, indicadores parciais do IBGE sobre o fraco desempenho da economia em 2012 conviviam com previsões de mais crescimento para este ano.

Na quinta-feira (28), a reportagem do Estadão sobre perspectivas otimistas para 2013 é complementada por registro da Folha de S.Paulo sobre o superávit mensal recorde nas contas públicas e reportagem do Globo,mostrando que os investimentos se recuperam nos dois primeiros meses do ano.

A besta do apocalipse

Qual teria sido a trajetória da ideia por trás da reportagem de Época? Como a revista chegou à conclusão de que o Brasil estaria à beira do abismo, com seu futuro comprometido por um “eclipse econômico”?

Contrariando a prática deste observador, de evitar a personalização da análise da mídia, é preciso andar para trás e registrar que o autor da reportagem, muito ativo nas redes sociais digitais, não faz questão de parecer isento – pelo contrário, suas iniciativas e intervenções demonstram claramente sua posição política, manifestamente em oposição ao atual governo.

Diferente de outros repórteres e editores de economia, que em geral preservam um perfil mais discreto, embora sempre críticos com relação à condução da economia nacional, o autor da reportagem de Época é um ruidoso militante no campo político. Tal característica não pode ser condenada a priori, uma vez que o jornalista deve ser transparente em suas escolhas, mas é de se questionar se esse ativismo não poderia afetar a credibilidade do seu trabalho.

Vejamos, então, de onde o autor tirou a ideia de que o Brasil vai a pique.

Uma leitura cuidadosa da reportagem, aliada à análise de sua linguagem, indica que ele tirou a conclusão que justifica a manchete ao manipular opiniões muito marcadas por interesses específicos: suas fontes centrais são, entre outros, o veterano investidor Mark Mobius, o financista Armínio Fraga e o economista e diplomata Rubens Ricúpero.

De Mobius pode-se dizer que se trata de um investidor com apetite para riscos em países emergentes, que em várias ocasiões se mostrou contrariado com a decisão do governo brasileiro de desestimular o ingresso de capital especulativo. Ricúpero e Fraga são carimbados como ex-colaboradores do governo do PSDB.

Ainda assim, Mobius afirma na reportagem que “mesmo com a queda dos juros e o IOF, os ganhos no Brasil continuam atraentes” e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, entende que o pessimismo de alguns investidores estrangeiros é exagerado.

Dos demais entrevistados, como Carlos Langoni, também ex-presidente do BC, e outros economistas e investidores, não saiu a palavra eclipse ou outra justificativa para o catastrofismo que caracteriza a reportagem.

Não há, nas citações, razões para acreditar que a besta do apocalipse está solta. Tudo saiu direto da cabeça do repórter para a capa de Época.”

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

“A homossexualidade é uma bomba relógio na igreja”

visão de um ex-frei dominicano, abertamente gay, sobre a crise no Vaticano que levou à renúncia do papa.

Mark Dowd, ex-dominicano, ativista gay
Mark Dowd, ex-dominicano, hoje ativista e jornalista
Um ex-frei dominicano deu uma entrevista à veterana jornalista Christane Amanpour, da CNN. Disse ele que a homossexualidade é uma bomba relógio na igreja. Seu nome é Mark Dowd.
Dowd é gay assumido. Expulso de sua congregação, trabalha como jornalista free lancer e documentarista. Tem uma coluna no jornal inglês The Guardian. Segundo ele, os homossexuais são “amplamente representados na igreja. Cerca de metade das pessoas que entram em seminários são gays”.
Dowd falou depois que, na segunda-feira, o Vaticano anunciou a renúncia do arcebispo da Escócia, Keith O’Obrien, na esteira de denúncias de que ele havia tido relacionamentos impróprios com outros colegas. Jornais italianos vem dando matérias sobre uma rede de chantagens envolvendo uma certa “cabala gay”. Ela é um dos itens citados nos Vati-leaks, os documentos que mostram corrupção, disputas entre cardeais, transações financeiras mal explicadas e o diabo. Seria uma das causas de Bento XVI ter saído. Em seu último pronunciamento na Praça São Pedro, Ratzinger declarou que enfrentou “águas agitadas e vento contrário”, mas que tem fé que Deus não vai deixar “a igreja afundar”.
É claro que a história não contada da aposentadoria do papa envolve muito mais do que uma grande conspiração homossexual. Mas, numa instituição que vive do segredo e da culpa, segundo Dowd, você tem as condições ideais para o crescimento da extorsão e da manipulação.
O papa em seus dias de glória: "Metade dos seminaristas é homossexual", diz Dowd
O papa em seus dias de glória: “Metade dos seminaristas é homossexual”, diz Dowd
A igreja tem uma expectativa absurda dos padres no que tange ao sexo. O celibato foi sacramentado no Quarto Concílio de Latrão, de 1215 e no Concílio de Trento, entre 1545 e 1563 (antes disso, conta-se que no Concílio de Constança, em 1418, 700 prostitutas atenderam os clérigos que debatiam o assunto). Alguns conseguem lidar com ele. Um bom pedaço – como se tem visto – não consegue.
Dowd é um militante da causa. Fez um documentário, Queer and Catholic, em que entrevistou dois sacerdotes que se apaixonaram e tentaram levar adiante essa questão com seus superiores. Foram rechaçados sumariamente. Um deles revelou que seus chefes mais homofóbicos eram os mesmos que procuravam parceiros no Monte Capitolino, famoso parque em Roma. (O cardeal O’Brien, antes de dar o fora, afirmou que o casamento entre pessoas do mesmo sexo era “uma tentativa de agradar um pequeno grupo de ativistas em detrimento de toda a sociedade. Eliminaria a ideia básica de que toda criança precisa de um pai e de uma mãe”.)
A homofobia não é exclusividade do Vaticano (vide, para ficar num exemplo recente, o nosso querido pastor Malafaia). Agora, a pressão para que seus líderes finjam ignorar sua sexualidade é injusta, sem sentido – e tem consequências. Como a igreja católica é medieval e pequenas e eventuais mudanças ocorrem a cada 500 anos, é altamente improvável que algo vá acontecer. Enquanto isso, os seminários continuarão cheios. Como diria Libaninho, o beato de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz, com as mãos na cabeça: “Nossa Senhora das Dores, que até pode cair um raio!”.
Kiko Nogueira
No Diário do Centro do Mundo

A presença da Opus Dei na politica no Brasil e na América Latina



A presença da Opus Dei na politica no Brasil e na América Latina. 17510.jpeg
Bento XVI saúda D. Javier Echevarría Rodríguez, 
Bispo titular de Cilibia, Prelado da Prelazia Pessoal do 
Opus Dei, 
Foto Flickr (Escritório de informação do Opus Dei
A Opus Dei atua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil.
O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado.
O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo").
Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa - SIP (na sigla em espanhol).
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Analisando a estrutura de classes dos países latino-americanos, Darcy Ribeiro identificava como segmento hegemónico dentro das classes dominantes o corpo de gerência das transnacionais. Ponta de lança do imperialismo, é ele quem dita ordens e impõe ideologias às demais fracções e, em muitos casos, organiza-as politicamente. A desnacionalização das economias latino-americanas na década de 90 agravou este quadro. A alteração de mais relevo no perfil da classe dominante verificada no bojo deste processo é o crescimento da influência da Opus Dei. Sustentada pelo capital espanhol, a organização controla jornais, universidades, tribunais e entidades de classe, sendo hoje peça chave para se compreender o processo político no continente, inclusive no Brasil, onde quer eleger Geraldo Alckmin presidente da República.
Mas o que é afinal, a Opus Dei (em latim, Obra de Deus)?
Em seu campo original de atuação, é a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. "Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo" teria dito seu fundador, Josemaria Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere no seu livro "Opus Dei. El totalitarismo católico".
Fundada na Espanha em 1928, a organização foi reconhecida pelo Vaticano em 1947. Em 1982, foi declarada uma prelatura pessoal, o que, sob o Direito canónico, significa que só presta contas ao papa e que seus membros não se submetem à jurisdição dos bispos. "A relação entre Karol Wojtyla e a Opus Dei" conta o teólogo espanhol Juan José Tamayo Acosta "atinge seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio altivamente, primeiro no esboço e depois na colocação em prática do processo de restauração da Igreja católica sob o protagonismo do papa e a orientação teológica do cardeal alemão Ratzinger."
Fontes ligadas à Igreja Católica atribuem o poder da Obra à quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982.
Obscurantismo e misoginia são traços que marcam a organização. Exemplos podem ser encontrados nas denúncias de ex-adeptos como Jean Lauand, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - Universidade de São Paulo (USP), que recentemente escreveu junto com mais dois ex-membros, o juiz Márcio Fernandes e o médico Dário Fortes Ferreira, o livro "Opus Dei - os bastidores". Em entrevista ao programa Biblioteca Sonora, da Rádio USP, Jean Lauand conta que a Obra tem um "Index" de livros proibidos que abrange praticamente toda a filosofia ocidental desde Descartes. Noutra entrevista, à revista Época, Jean Lauand denuncia as estratégias de fanatização dos chamados numerários, leigos celibatários que vivem em casas da organização: "Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. São proibidas de segurar crianças no colo e de ir a casamentos". É obrigatório o uso de cinturões com pontas de ferro fortemente atados à coxa, como prática de mortificação que visa refrear o desejo. Mas os danos infligidos pelo fanatismo não se limitam ao corpo.
No site que mantém com outros dissidentes (http://www.opuslivre.org/), Jean Lauand revela que a Obra conta com médicos especialmente encarregados de receitar psicotrópicos a numerários em crise nervosa.
A captação de numerários dá-se entre estudantes de universidades e escolas secundárias de elite. Centros de estudos e obras de caridade servem de fachada. A Opus Dei tem forte presença na USP, em especial na Faculdade de Direito, onde parte do corpo docente é composta por membros e simpatizantes,como o numerário Inácio Poveda e o diretor Eduardo Marchi. Outro expoente da organização na USP é Luiz Eugênio Garcez Leite, professor da Faculdade de Medicina e autor de panfletos contra a educação mista. A Obra atua também na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UnB).
Fazendo a América
Mas a Opus Dei é mais que um tema de saúde pública. Ela tem, desde a origem, uma clara dimensão política. Durante a ditadura de Franco, praticamente fundiu-se ao Estado espanhol, ao qual forneceu ministros e dirigentes de empresas e órgãos governamentais. No fim da década de 40, inicia sua expansão rumo à América Latina. Não foi difícil conquistar adeptos entre oligarquias como as da Cidade do México, Buenos Aires e Lima, que sempre buscaram diferenciar-se de seus povos apegando-se a um conceito conservador de pretensa hispanidade. Um dos elementos definidores desse conceito é exatamente o integralismo católico.
Alberto Moncada, outro dissidente, conta em seu livro "La evolución del Opus Dei": "os jesuítas decidiram que seu papel na América Latina não deveria continuar sendo a educação dos filhos da burguesia, e então apareceu para a Opus Dei a ocasião de substituí-los - ocasião que não hesitou em aproveitar".
No Brasil, a organização deitou raízes em São Paulo no começo da década de 50, concentrando sua atuação no meio jurídico. O promotor aposentado e ex-deputado federal Hélio Bicudo conta que por duas vezes juízes tentaram cooptá-lo. Seu expoente de maior destaque foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)por Médici em 1972 e tio do atual governador de São Paulo. Acontece que nos anos 70, o poder da Opus Dei era embrionário. Tinha quadros em posições importantes, mas sem atuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (T.F.P.) as simpatias dos católicos de extrema-direita.
Era natural, da mesma forma, que, alguns quadros dos regimes nascidos dos golpes de Estado de 1966 e 1976, na Argentina, e 1973, no Uruguai, fossem também quadros da Opus Dei. Mas segundo se lê no livro de Emilio J. Corbiere , sua atuação era ainda dispersa, o que não os impediu de controlar a Educação na Argentina durante o período Onganí (1966-70).
Já no Chile, a Opus Dei foi para o pinochetismo o que havia sido para o franquismo na Espanha. O principal ideólogo do regime,Jaime Guzmá, era membro activo da organização, assim como centenas de quadros civis e militares.
No México, a Obra conseguiu fazer Miguel de la Madrid presidente da República em 1982, iniciando a reversão da rígida separação entre Estado e Igreja imposta por Benito Juárez entre 1857 e 1861.
Internacional reacionária
A Opus Dei não criou o reacionarismo católico, antes, teve nele sua base de cultura. Mas sistematizou-o doutrinariamente e organizou politicamente seus adeptos de uma forma quase militar. Hoje, funciona como uma espécie de Internacional reaccionária, congregando, coordenadamente, adeptos em todo o mundo.
Concorrem para isto, nos anos 90, o ápice do poder da Obra no Vaticano e a invasão da América Latina por transnacionais espanholas.
A Argentina entregou suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia á Telefónica, Repsol, Iberia e Endesa, respectivamente. A Telefónica controla o sector também no Peru e em São Paulo. A Iberia já havia engolido a LAN, do Chile, onde a geração de energia também é controlada pela Endesa. Bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo.
No Brasil, o Santander comprou o Banespa e o Meridional, enquanto que o BBVA recebeu os ativos do Excel através do Proer, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
"A Opus Dei tem sido para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e franciscanos para as cruzadas e os jesuítas frente à Reforma de Lutero" compara José Steinsleger, colunista do diário mexicano "La Jornada".
A organização atua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil. O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado. O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo"). Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa - SIP (na sigla em espanhol).
Sedeada na Espanha, a Universidade de Navarra é a jóia da coroa da Opus Dei no negócio do ensino. Sua receita anual é de 240 milhões de euros. Além disso, a Obra controla as universidades Austral (Argentina), Montevideo (Uruguai), de Piura (Peru), de Los Andes (Chile), Pan Americana (México) e Católica André Bello (Venezuela).
Dentro da igreja católica, a Opus Dei emplacou, na última década, vários bispos e Cardeais na América Latina. O mais notável é Juan Luís Cipriani, de Lima, no Peru, amigo íntimo da ditadura de Alberto Fujimori. Em seu estudo "El totalitarismo católico em el Peru", o jornalista Herbert Mujica denuncia que quando o Movimento Revolucionário Tupac Amaru tomou a embaixada do Japão, em 1997, Juan Luís Cipriani, valendo-se da condição de mediador do conflito, instalou equipamentos de escuta que possibilitaram à polícia invadir a casa e matar os ocupantes.
Na Venezuela, a Obra teve papel essencial no fracassado golpe de 2002 contra Hugo Chávez. Um dos articuladores da tentativa foi José Rodríguez Iturbe, nomeado ministro das Relações Exteriores. Também participou da articulação à embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquista Partido Popular (PP).
Após os reveses na Venezuela, as esperanças da Opus Dei voltaram-se para Joaquím Laví, no Chile, e Geraldo Alckmin, no Brasil, hoje seus quadros políticos de maior destaque. Joaquím Laví foi derrotado nas últimas eleições presidenciais chilenas em Dezembro. Resta o Brasil, onde a Obra tenta fazer de Geraldo Alckmin presidente e formar um eixo geopolítico com os governos Álvaro Uribe (Colombia) e Vicente Fox (México), aos quais está intimamente associada.
Entranhas mafiosas
Além das dimensões religiosa e política, a Opus Dei tem uma terceira face: a de sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e publicados em 1986 pelo jornal italiano "L´Expresso", a Obra determina que "os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem à Opus Dei."
Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos.
Entre os católicos, a Opus Dei é conhecida como "Santa Máfia", Emilio J. Corbiere lembra os casos de fraude e remessa ilegal de divisas nas empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, onde parte dos activos desviados financiaram a Universidade de Navarra. Bancos espanhóis são suspeitos de lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. A Opus Dei também esteve envolvida nos episódios de falência fraudulenta dos bancosComercial (Uruguai, pertencente à família Peirano, dona de "El Observador") e de Crédito Provincial (Argentina).
Na Argentina os responsáveis pelas desnacionalizações da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por empresas espanholas, em dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país, tiveram sua impunidade assegurada pela Suprema Corte, onde pontificava António Boggiano, membro da Opus Dei.
No Brasil, as pretensões de controlo sobre o Judiciário esbarram no poder dos Maçons.
A Opus Dei controla, porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo através da manipulação de promoções. Segundo fontes do meio jurídico paulista, de 25 a 40% dos juízes de primeira instância no estado pertencem à organização - proporção que se repete entre os promotores, no tribunal, a proporção sobe para 50 a 75%.
Recentemente, o tribunal, em julgamento secreto, decidiu pelo arquivamento de denúncia contra Saulo Castro Abreu Filho, braço direito de Geraldo Alckmin, acusado de organizar grupos de extermínio desde a secretaria de Segurança, e contra dois juízes acusados de participação na montagem desses grupos.
A fusão dos tribunais de Justiça e de Alçada, determinada pela Emenda Constitucional n.º 45, foi uma medida da equipe do ministro da Justiça, Mácio Thomaz Bastos, para reduzir o poder da Obra no judiciário paulista, cuja orientação excessivamente conservadora, principalmente em questões criminais e de família, é motivo de alarme entre profissionais da área jurídica.
Henrique Júdice Magalhães
No Pravda
Veja também Os segredos do Opus Dei - Grande Investigação