sexta-feira, 26 de abril de 2013

Prefeito Mauricio Moromizato(PT), se encontra com ministros da Educação e Saúde em busca de apoios para a cidade




O prefeito de Ubatuba Maurício (PT) esteve reunido recentemente com dois importantes ministros da República. No dia 18 de abril, o chefe do executivo local se encontrou com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na capital paulista. Na reunião, Maurício informou ao Ministro as ações adotadas pela prefeitura nestes primeiros meses de administração. O prefeito ubatubense falou à Padilha sobre a contratação de transporte especializado de pacientes de hemodiálise e oncologia e também sobre a contratação de médicos para o atendimento nos postos de saúde da cidade.
“Foi possível informar ao ministro que pegamos a cidade com 10 postos de saúde sem médicos e, em menos de 4 meses, conseguimos praticamente zerar esse déficit. É fundamental que o ministro acompanhe esse trabalho, pois nosso objetivo é recuperar o repasse do Governo Federal para o Programa Saúde da Família, que foi perdido pela gestão passada por irregularidades”, explicou Maurício, ressaltando que Padilha prometeu levar a questão para Brasília.
O prefeito de Ubatuba também se encontrou com o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em reunião na Capital Federal no último dia 24. O principal assunto da conversa foi com relação à possibilidade de a cidade contar com uma Universidade Federal.
“O Ministro Mercadante foi muito receptivo com Ubatuba e já nos deu uma dica para tornarmos realidade o sonho de Ubatuba contar com uma Universidade Pública. Ele explicou que a maneira ideal de avançar neste projeto é solicitar alguma extensão de um curso de uma Universidade Federal já existente. Agora, vamos trabalhar em cima desta proposta e o ministro garantiu que poderá nos ajudar”, disse Maurício, acrescentando que Mercadante ainda tentará, via Unesco, viabilizar o custeio da passagem de um grupo de alunos ubatubenses que foi convidado para participar da maior Feira de Astronomia do Japão, para a apresentação do projeto Ubatuba Sat. 


Prefeito Mauricio se encontrou com o Ministro Aloizio Mercadante e conversou sobre a possibilidade de trazer uma Universidade Federal para Ubatuba



Prefeito de Ubatuba assume uma das vice-presidências da Frente Nacional de Prefeitos

Prefeito assume uma das vice-presidências da Frente Nacional de Prefeitos
Mauricio e Fernando Haddad estão juntos na vice-presidência da Frente Nacional dos Prefeitos


Nova diretoria da entidade tomou posse em cerimônia que contou com a presença de ministros e do vice-presidente da República, Michel Temer
O Prefeito de Ubatuba (SP), Maurício (PT), tomou posse de uma das vice-presidências da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), na manhã desta quinta-feira (25/04), em Brasília. 
A cerimônia de posse da nova diretoria da entidade para o biênio 2013-2014 aconteceu dentro das atividades do II Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (II EMDS) e contou com a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, e das ministras da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti, e de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo.
Moromizato, que está no primeiro mandato na prefeitura de Ubatuba, conta que ficou surpreso com a eleição para uma das vice-presidências da FNP, mas garante que está animado com o novo desafio. “Como vice-presidente, terei mais acesso aos encontros, a ministros e às secretarias estaduais, para falar sobre as demandas das cidades com menos de 100 mil habitantes. Foi também pensando em Ubatuba que aceitei esse grande desafio”, afirmou.
Para o prefeito, que participa do evento desde terça-feira, o encontro é uma ótima oportunidade para aprender e trocar experiências com outros colegas. “A FNP é umas das entidades mais representativas na defesa dos municípios. Nesses quase quatro meses de mandato, já pude perceber que é muito importante estar articulado com outros prefeitos e organizado, por que existem desafios que dependem do governo federal e do estadual e você sozinho pode fazer muito menos do que em grupo”, declarou.  
O prefeito de Porto Alegre (RS), José Fortunati, é o novo presidente da Frente Nacional de Prefeitos. Também coordenarão a entidade até 2014, os prefeitos de São Paulo (SP), Fernando Haddad, e de Aparecida de Goiânia (GO), Maguito Vilela, como os novos primeiro e segundo vice-presidentes respectivamente.
Ubatuba Sustentável
Mapear os problemas da região litorânea de São Paulo e propor soluções coletivas e sustentáveis. Estes foram os assuntos que estiveram no centro do debate pautado pela mesa temática “Incentivando o desenvolvimento local e regional sustentável”, durante o II Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável. A mesa foi mediada pelo prefeito de Ubatuba, Maurício.
Morimizato expôs os principais problemas da cidade litorânea e o planejamento que a prefeitura pretende por em prática para uma Ubatuba mais humana e sustentável, durante os quatro anos de mandato.
O prefeito explicou que uma das consequências do modelo que prioriza a indústria do turismo sazonal de veraneio é que 50% dos empregos em Ubatuba são informais e 50% dos domicílios ficam desocupados na maior parte do ano. “isso gera insatisfação na população e aumenta a desigualdade social”, constatou.  “Enquanto condomínios fechados ocupam as praias, loteamentos irregulares ocupam os sertões, margem dos rios e encostas”, explicou.
Frente a esses e outros problemas, a nova prefeitura da cidade propõe uma Ubatuba humana, educativa, inovadora e inclusiva, “que valorize a diversidade e combata a desigualdade”, disse. Além disso, buscam uma cidade limpa, com 100% de saneamento básico, que potencializa a diversidade produtiva e promova a moradia digna.
De acordo com o prefeito, para alcançar a sustentabilidade, é preciso conciliar equilíbrio, tradição, preservação e desenvolvimento.  Colocando essas diretrizes em prática, projetos de ecoturismo e turismo comunitário, por exemplo, estão sendo incentivados de maneira que seja possível trazer renda e inclusão social às comunidades tradicionais e fazer com o turismo esteja ativo durante todo o ano e em toda a região, não somente nas praias.
O prefeito apresentou ainda projetos de criação de universidades na região, de ampliação da manutenção do aeroporto e de incentivo às RIDE´s (Região de Interesse de Desenvolvimento Econômico). Ao finalizar sua exposição,  Morimizato afirmou que espera poder trazer resultados para Ubatuba ao longo dos 4 anos de mandato. “Nosso maior desafio é fazer essa mudança cultural, de visão, de como queremos que fique realmente a nossa cidade”, concluiu. 
Também participaram da mesa “Incentivando o Desenvolvimento Local e Regional Sustentável” José Aparecido Barbosa, gerente de relacionamento comunitário da área de responsabilidade social da Petrobrás; Nelson Saule Junior, coordenador geral do Projeto Litoral Sustentável do Instituto Pólis; e Daniel Simões de C. Costa, Secretário de Planejamento Estratégico de Guarujá.

Se Dilma vai ganhar em 2014?


Do Viomundo -




Desde 1998, todos os favoritos foram eleitos

por Marcos Coimbra, em CartaCapital
Adotado no Brasil desde 1997, em condições inesquecíveis (com o jogo em pleno andamento, a apenas a um ano para a eleição seguinte, Fernando Henrique Cardoso per$uadiu o Congresso a alterar a Constituição para que pudesse se manter no cargo), o instituto da reeleição no Executivo foi rapidamente aceito. As pesquisas mostram que 80% da população o aprova.

Desde então, tivemos oito eleições. Se contarmos as escolhas de prefeitos, governadores e presidentes da República, são alguns milhares de processos eleitorais. Quantidade mais que suficiente para podermos identificar os fatores a explicar sucessos (e fracassos) dos candidatos em busca de um segundo mandato.

O que leva alguém a se reeleger? Em que circunstâncias o mandatário tem maiores chances de permanecer no cargo?

A questão é central para avaliar as perspectivas da próxima eleição presidencial, pois Dilma Rousseff é candidata. Não precisava, mas Lula deixou isso claro e assim “precipitou”a eleição para “surpresa” (fingida) de alguns.

A partir do ocorrido nas eleições entre 1998 e 2012, pode-se constatar a elevada e crescente proporção de êxitos dessas candidaturas. Para não ficar somente nas eleições presidenciais, em que é de 100% (dois disputaram e ambos se elegeram), vejamos as demais.

Para governador, fomos de 66% de reeleições, em 1998, para 81%, em 2010, quando 11 tentaram e 9 venceram. O que era alto (dois terços de vitórias) tornou-se quase universal (quatro resultados favoráveis em cada cinco tentativas).

O mesmo aconteceu nas eleições de prefeito de capital. Em 2000, cerca de 70% daqueles que buscaram um novo mandato o conquistaram. Em 2004, a proporção subiu para 73% e chegou a 95%, em 2008 (20 procuraram e 19 foram bem-sucedidos). Em 2012, a taxa caiu para 50%, entre outros motivos pelo fato de que vários daqueles que disputaram tinham assumido as prefeituras havia apenas dois anos, em razão da renúncia do titular.

Ganhar, portanto, é muito mais comum do que perder. Quais os motivos? De acordo com a nossa experiência, a vantagem de um candidato à reeleição pode advir de combinações variadas de cinco fatores. Às vezes, um só basta.

A “inércia”

Em geral, no mundo inteiro, quem está no cargo tem vantagem. Para o cidadão comum, que tende a ter interesse secundário por questões políticas, escolher o conhecido é mais simples do que buscar alternativas. Some-se a isso o estereótipo de que mudar implica desperdício. Os eleitores acreditam que quem chega interrompe o que o anterior fazia e demora a ter em mãos as rédeas da administração. Como se percebe nas pesquisas qualitativas, os eleitores preferem deixar as coisas como estão a se aventurar pelo desconhecido.

A boa administração

Se o governo é bem avaliado, a tendência natural é a continuidade.

Argumentos hipotéticos de que “tudo estaria melhor com fulano” esbarram no ceticismo popular em relação às “promessas de políticos”. Quanto mais vota, mais o eleitor se convence de que mudar só é bom quando as coisas vão mal (e, para derrotar quem está no exercício do cargo, têm de estar muito mal).

A simpatia

Os eleitores podem gostar de um prefeito, governador ou presidente mesmo se não o considerar um gestor exemplar. Podem admirar suas qualidades de caráter e personalidade, ter carinho por seu modo de ser, se emocionar com sua trajetória.

A força do símbolo

Já tivemos muitos governantes eleitos e reeleitos pelo simbolismo do que representavam: o “homem do povo” que enfrenta a “elite”, o “fraco” que desafia o “forte”, o desprivilegiado que confronta o privilegiado. Na reeleição, candidatos com esse perfil são julgados com critérios distintos dos que os eleitores, com razão, aplicam aos “poderosos”. Têm, por exemplo, mais prazo para “mostrar seu trabalho”.

A fragilidade dos adversários

Perante oponentes fracos, todo candidato se fortalece. Nada melhor que lutar contra adversários desconhecidos, que andam em má companhia ou de biografia incipiente.

Qualquer um desses fatores, mesmo isolado, pode explicar uma reeleição, até a pura e simples inércia. Mas isso raramente acontece. O mais comum é que ela seja acompanhada de, ao menos, outro requisito.

Quando vários se conjugam, temos os grandes favoritos. Desde 1998,

todos esse venceram.

E Dilma?

Tem a inércia a favor. Faz a mais bem avaliada administração de nossa história em momento igual. Goza do respeito e do afeto de mais de 80% da população. É a primeira mulher a chegar à Presidência. Contrapõe-se a candidatos regionalmente circunscritos e de agenda limitada.

Vai ganhar? Certeza só teremos em 2014. Mas é favoritíssima!

Em rota de colisão



Luciano Martins Costa, Observatório daImprensa

“A leitura dos jornais de quinta-feira (25/4) indica que o Brasil está na iminência de sofrer uma crise institucional sem possibilidade de solução fácil: numa sucessão de lances rápidos e incisivos, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional interferem mutuamente nas atribuições um do outro, causando a deterioração das relações entre os poderes da República.
O conflito está nas manchetes. Diz o Globo: “Câmara dá 1º passo para tirar poder do STF”. Anuncia a Folha de S. Paulo: “STF suspende projeto que beneficia Dilma na eleição”.
Globo se refere à aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, de emenda que submete ao Congresso Nacional as decisões da Suprema Corte. A Folha noticia que o ministro Gilmar Mendes, do STF, concedeu liminar barrando a tramitação, no Congresso, de projeto de lei que retira dos novos partidos o amplo acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda na televisão. O Estado de S. Paulo deixou os dois assuntos em segundo plano e achou mais apropriado destacar uma proposta do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), que pretende restabelecer o mandato de cinco anos e acabar com a reeleição para cargos executivos.

O conflito é explícito entre os dois poderes, mas, segundo os jornais, o Legislativo atua em favor da Presidência da República, que detém a maioria no Congresso, e estaria sufocando a oposição. O noticiário não esclarece de que lado estaria o Supremo Tribunal Federal, e se supõe, então, que se trata de um poder moderador, dedicado a preservar a Constituição. Também fica sem esclarecimento o papel de um quarto poder, a própria imprensa, que tem entre suas funções implícitas a de mediar a comunicação institucional, e certamente também tem interesses próprios nessa disputa.

Tanto quanto no Congresso Nacional, as ações da Suprema Corte dependem da diversidade para produzirem equilíbrio, com a diferença de que no STF um só ministro pode tomar decisões capazes de paralisar os demais poderes, pelo menos temporariamente.

O trágico, para a democracia brasileira é que, no momento, nenhuma dessas instituições pode se apresentar com credenciais para produzir um entendimento entre as partes.

A teoria e a prática

Os três poderes da República estão claramente contaminados por certo radicalismo, que se agrava rapidamente com a proximidade de eleições. Como suas ações, intenções e manifestações passam pelo filtro da imprensa, seria natural que o leitor e eleitor pudesse contar com alguma fonte confiável para conferir suas convicções. Mas a prática dos jornais não aconselha uma leitura inocente: a narrativa da imprensa denuncia escolhas que definem a interpretação dos fatos antes mesmo que aconteçam.

Por exemplo, se tal ou qual personagem da vida pública fizer um gesto, tomar uma atitude ou produzir uma ação, a imprensa, em sua expressão hegemônica, examinará tal manifestação conforme essa matriz de valores que delimitam o campo da disputa ideológica que é o pano de fundo de toda controvérsia. De tão viciado o jogo, é provável que já nenhum dos lados se lembre de como tudo começou, mas os editores sabem muito bem o que está em disputa.

Mas não é tudo parte do jogo democrático? – perguntaria alguém ainda abençoado pela inocência. Sim, diria o analista ponderado. Acontece que, na transferência dos fatos isolados para o chamado espaço público, os atos, gestos e manifestações ganham outro significado, que lhes dá a imprensa.

É na narrativa, essência do fazer jornalístico, que ocorre tal transformação. Assim, da palavra de um político ou de um magistrado a imprensa constrói uma realidade. O ponto central dessa crise é, portanto, a capacidade ou o interesse da imprensa em fazer uma mediação minimamente equilibrada da controvérsia.

Como diz o teórico português Nelson Traquina, o jornalista precisa dominar o “saber da narração” e o papel “essencialmente conservador e legitimador” do jornalista deve ser exercido na “região do consenso”, ou seja, na temática que congrega os valores consensuais da sociedade, como a defesa da democracia e da legitimidade dos poderes.

Outra coisa é a “esfera da controvérsia legítima”, onde as principais virtudes do jornalismo seriam relacionadas à objetividade. Finalmente, há também, segundo essa teoria, o terceiro campo, a “esfera do desvio”, onde o jornalismo deveria identificar na agenda pública o que seriam atos políticos legítimos ou ilegítimos.

Aqui sucede, como diria o falecido Joelmir Beting, que na prática a teoria é outra.”

Contra Feliciano, CDHM alternativa reúne políticos e ativistas na praça Roosevelt em SP


Por Ricardo Rossetto
Em uma plenária da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, Abimael Santos, de 36 anos, pediu o uso da palavra e logo disse à multidão: “gente, eu sei que não parece, mas eu sou gay”. Abimael só conseguiu fazer a declaração pois não estava na CDHM oficial, baseada na Câmara, em Brasília. O ‘Bill da Pizza’, como é conhecido entre os amigos, homossexual assumido há 16 anos, estava na Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Minorias, organizada na noite de quinta-feira 25, na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. A comissão extraordinária é um protesto contra as posições racistas e homofóbicas do deputado e pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), presidente da CDHM “oficial”.
Idealizado pela ONG Conectas e pelos coletivos Existe Amor em SP e Pedra no Sapato, o ato suprapartidário propôs resgatar uma política de direitos humanos que represente toda a diversidade da sociedade brasileira. O debate, que durou cerca de três horas, foi presidido simbolicamente pelo cartunista Laerte Coutinho, ao lado do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), de Milton Barbosa, do Movimento Negro Unificado, Sany Kalapalo, do Movimento Indígena, e Bruno Torturra, do movimento Existe Amor em SP.

A Comissão Extraordinaria de Direitos Humanos e Minorias, reunida em São Paulo, na noite de quinta-feira 25. Foto: Ninja
Jean Wyllys e Laerte (de echarpe amarela) ao centro da mesa da comissão (Foto: Ninja CC-BY SA 2.0)

Militante do movimento LGBT desde 2004, Bill da Pizza avisou que o ato não era contra qualquer religião. “Estamos aqui lutando pelos direitos humanos. E a minha família é evangélica, eu fui criado na Assembleia de Deus. Meu pai era pastor e, por isso, durante muito tempo acreditei que a homossexualidade era pecado”, diz Bill, que tem uma filha de 16 anos, “super moderna e livre de qualquer preconceito”, como ele mesmo coloca, orgulhoso.
Contra-ataque
Para o deputado Jean Wyllys, o evento em São Paulo é um novo passo na luta política contra Feliciano. Wyllys diz ter percebido que o esforço para tirar Feliciano da presidência da CDHM e recompor um colegiado dedicado à causa estava alimentando o discurso “fundamentalista do pastor”. “Mudamos a nossa estratégia e constituímos espaços proativos de atuação, entre eles a Frente Parlamentar de Direitos Humanos, que já tem a adesão de mais de 178 parlamentares. Aprovamos, também uma subcomissão de Cultura e Direitos Humanos, que garante outro espaço legislativo para tocar esses assuntos”.
Ao chegar à Praça Roosevelt – também chamada de “Praça Rosa” pelos coletivos envolvidos com a produção cultural da capital paulista -, Wyllys ficou encantado com a resposta que a sociedade deu ao evento. “Isso aqui já é um sucesso. As pessoas aceitaram vir. E eu dou ênfase nesse modelo criativo de chamamento público usado pelos movimentos sociais, porque a gente sabe que hoje em dia é muito difícil mobilizar politicamente uma porção de gente”.
O jornalista e diretor da ONG Oboré, Sérgio Gomes, amigo de longa data de Laerte e de muitos dos outros idealizadores do evento, avaliou mais detalhadamente o perfil de quem esteve na Praça e destacou que “desde a redemocratização do Brasil (em 1985) não existiu sequer um evento que reuniu, na mesma mesa pra debate, índios, gays, negros, travestis, transexuais e moradores de rua”.
Para Bruno Torturra, as pessoas, quando separadas por rótulos de gêneros, raça, credos e opções sexuais, tornam-se minorias. “A disputa que está acontecendo, não só na nossa Comissão de Direitos Humanos, mas no mundo todo, é quem é a maioria? Pessoas que estão dispostas a ver a política como o território de cuidado e amor ao próximo, ou aquela que acredita que
seus valores pessoais devem ser impostos aos outros?”
A escolha da “Praça Rosa” como palco da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos não foi por acaso, já que o território dela tem um histórico de disputa física e simbólica na luta pelo direito à cidade. Foi ali, em outubro do ano passado, que 20 mil pessoas deram origem ao movimento ‘Existe Amor em SP’, em uma catarse coletiva para protestar contra uma São Paulo agressiva, individualista, proibida e militarizada.
Verdadeira natureza
Laerte e Jean Wyllys se beijam ao final da primeira sessão da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos. Projeto deve ir para outras cidades, como Rio de Janeiro e Brasília. Foto: Ninja
Laerte e Jean Wyllys se beijam ao final da sessão. Projeto deve ir para outras cidades, como Rio de Janeiro e Brasília. (Foto: Ninja CC BY-SA 2.0)
Sentado ao centro da mesa de debate, Laerte, que recentemente se tornou porta-voz da causa dos transgêneros, foi um dos destaques do evento ao defender as liberdades individuais. “Os nossos corpos, os nossos olhares, a nossa maneira de se relacionar com o divino, com o sagrado, e tudo isso é muito particular de cada um”, disse. “Isso é a nossa verdadeira natureza, e temos que ter o direito de expressar a nossa religiosidade, a nossa orientação sexual, nossos próprios rituais”, afirmou.
De acordo com o vereador Nabil Bonduki (PT), esses rituais têm sido cada vez mais reprimidos no espaço público da cidade. “Há um movimento conservador na Câmara Municipal de São Paulo que busca limitar as manifestações culturais dos paulistanos”, diz. “Expressões, estas, que nascem muitas vezes nas periferias e vêm buscas as ruas do centro”, alertou o parlamentar.
Apesar dessas forças contrárias, João Paulo Charleaux, porta voz da ONG Conectas Direitos Humanos, e um dos idealizadores do evento, considerou o saldo da reunião extraordinária muito positivo. Para ele, o melhor efeito foi o de levar as pessoas para um espaço público de debate qualificado. “Além de também desmistificar o Feliciano, trazendo as questões que ele está querendo ofuscar. O que nós fizemos foi inverter esse modelo, porque o importante é toda essa pauta que está negligenciada por ele”.
Charleaux disse torcer para que a pauta de direitos humanos seja incontrolável, de modo a “ativar” nas pessoas o interesse em discutir o assunto. “E isso vai ficar bom quando o contraditório começar a aparecer. Quando os evangélicos, os cristãos e o [vereador de São Paulo] Coronel Telhada [PSDB] vierem para o debate”.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Brasil é um crime contra o mercado




O jornal ‘Financial Times’ acumula 125 anos de inoxidável convicção nas virtudes dos livres mercados. 

Foi uma das trincheiras ideológicas na construção da hegemonia neoliberal que condicionou a sorte da economia e os destinos da humanidade nas últimas décadas, com os resultados conhecidos que dispensam reiterações.

Ao lado de outra referência no gênero, a também britânica revista ‘The Economist’, o ‘FT’ formaria uma espécie de unidade-mãe no sistema de difusão planetário da lógica das finanças desreguladas e de seus requisitos sociais e institucionais.

Entre eles, o escalpo dos direitos dos trabalhadores .

E sua contrapartida institucional: a asfixia fiscal do Estado, coibindo-o na tributação da riqueza; aprisionando-o na lógica do endividamento; sonegando-lhe o lastro político e econômico para defender a sociedade do assalto dos mercados.

Margareth Tatcher não teria existido como âncora simbólica dessa cosmologia sem as densas emissões da usina de reflexão que disseminou um pensamento, cuja indivisa abrangência mereceu em certo momento o epíteto de ‘único’.

As usinas do jornalismo britânico continuam fiéis aos seus alicerces.

Recentemente deram mostras disso ao fazer eco do conservadorismo brasileiro criticando Mantega. E ironizando Dilma na ‘guerra do tomate’.

Mas há uma diferença entre esse centro emissor e suas repetidoras locais.

Para pior.

Sem deixar de ser o que é, o ‘FT’, através de alguns editores, vem fazendo um streap-tease dos dogmas que ordenaram a pauta da economia nas últimas décadas.

E redundaram na pior crise sistêmica do capitalismo desde 1929.

Um artigo desta semana de um de seus editores, Wolfgang Münchau , sobre a demonização do gasto público, ilustra a disposição de eviscerar certos princípios que implodiram junto com o mercado das sub-primes, em 2008.

No caso das coligadas nacionais, ao contrário.

O apego à pauta velha transmitiria a um leitor desavisado a sensação de que 2008 não existiu no calendário mundial.

A baixa capacidade reflexiva, compensada por pedestre octanagem ideológica, forma o padrão desse dente vulgarizador de traços híbridos.

O Brasil tem um dos jornalismos de economia mais prolíficos do mundo; ao mesmo tempo, um dos menos dotados de discernimento histórico em relação ao seu objeto específico.

Aqui os desafios de um país em desenvolvimento são tratados como crimes contra o mercado.

Aliás, o Brasil é um crime contra o mercado.

Ampliar o poder de compra da população, gerar empregos, expandir o investimento público, erradicar a fome alinham-se na pauta dominante entre os ‘ingredientes da crise’.

Subir juro é aclamado como solução.

Os exemplos se sobrepõem como as folhas de um manual suicida.

A mais recente campanha da mídia local em defesa do choque de juros veio em linha com o recrudescimento das incertezas internacionais.

A Europa deriva , a China ensaia uma mutação para dentro do seu mercado; a convalescença norte-americana dá um passo à frente e outro atrás.

E o Brasil precisa de um choque de juros.

Porque o tomate rendeu um colar a uma senhora chamada Ana Maria Braga numa semana. E despencou de preço na outra.

Num momento em que o principal problema do capitalismo mundial é falta de demanda, o jornalismo especializado transforma em problema o trunfo do mercado interno.

Os mais afoitos, exortam a demissões em massa.

A ordem unida dos tacapes, em 2012, quando o governo não cumpriu a meta cheia do superávit primário --e agora, que o ‘anátema’ ameaça se repetir-- atesta as diferenças de qualidade e discernimento entre a matriz e as repetidoras periféricas do pensamento mercadista.

As distâncias tendem a se aprofundar de forma doentia.

O calendário eleitoral adiciona novos antolhos a uma pauta que se apega cegamente à missão de interditar o debate e vetar as soluções para os desafios de uma nação em desenvolvimento.

A cantilena diuturna contra o investimento público, as obras públicas, os bancos públicos tenta adestrar a opinião da sociedade contra ela mesma.

E por tabela contra um governo que tenta –com as limitações reconhecidas pelo próprio-- recolocar o Estado no seu papel.

O de indutor e planejador de grandes obras nacionais de infraestrutura. Cruciais para redimensionar a escala de uma logística desenhada para 1/3 da sociedade.

A recente reportagem do Fantástico sobre os atrasos e falhas na construção da Ferrovia Norte-Sul enquadra-se nesse esforço de desqualificação ideológica e eleitoral.

Calcula-se (há pareceres do TCU sobre isso) que 2/3 da malha ferroviária brasileira de 28 mil km foi dizimada no processo de privatização dos anos 90.

A informação não abona o inaceitável andamento de alguns projetos vitais ao desenvolvimento do país.

Mas recomenda cautela e foco no debate.

Se o objetivo é buscar alternativas eficientes , não se pode omitir o efeito deletério da privatização no setor.

Os trilhos da pauta dominante não comportam todos os fatos.

Os interditos reiteram um acervo de parâmetros e dogmas que a matriz de difusão original já trata, em alguns casos, como renomada gororoba.

Lixo neoliberal sem comprovação empírica ; não raro, ancorado em fraude, como se verificou na recente desmoralização da dupla ortodoxa Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart .

Campeões da ideologia da austeridade fiscal, a dupla guarneceu suas teses com o rudimentar artifício de eliminar dados incompatíveis com as premissas da demonização do gasto público‘.

Enquanto vozes liberais do ‘Financial Times’ se despem desse entulho, nosso jornalismo fantástico não se libera jamais dos velhos preconceitos.

Aprimora-se na arte fantasiosa de reduzir tudo o que não é mercado a um desastre de proporções ferroviárias.

Wolfgang Münchau , editor do ‘FT’, decididamente está longe de ser um sujeito antimercado.

Mas sobreviveria com suas ideias como repórter em qualquer uma das nossas vigilantes editorias de crimes contra o mercado?

Confira, abaixo.
Os perigos das teorias frágeis

Wolfgang Münchau

‘Financial Times’


John Kenneth Galbraith rebaixou, celebremente, seu colega economista Milton Friedman ao dizer: "O azar de Milton foi que as suas políticas foram experimentadas".

A mesma observação pode ser feita sobre Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff. Na Europa, em especial, autoridades pró-austeridade colocaram em prática políticas econômicas baseadas em suas análises, com consequências catastróficas, tanto humanas como econômicas. A tragédia dos dois economistas de Harvard não foi o mau uso das planilhas do Microso’FT’ Excel, mas o mau uso do Microso’FT’ PowerPoint. Eles exageraram seus resultados. Ao fazê-lo, seguiram a regra de ouro do jornalismo de tabloide: simplificar e, então, exagerar.

Desde a publicação em 2011 de seu livro "Oito Séculos de Delírios Financeiros - Desta Vez É Diferente", que foi sucesso de vendas, e desde suas pesquisas subsequentes sobre a relação entre endividamento e crescimento, os professores não deixaram dúvidas: acreditam que os dados mostram haver um limite de endividamento de 90% do Produto Interno Bruto (PIB), a partir do qual o crescimento econômico decai rapidamente. Muitas autoridades interpretaram essa regra como uma convocação para reduzir as dívidas abaixo desse patamar, em nome do crescimento. Os professores Reinhart e Rogoff, portanto, tornaram-se a madrinha e padrinho intelectuais da austeridade.

A tese de que uma dívida acima de 90% do PIB inibe o crescimento embute dois mitos, o do limite e o da causalidade. Pesquisadores de Massachusetts mostraram que dados corrigidos revelam uma relação negativa moderada entre crescimento e dívida

Para vermos a enorme influência deles nos debates europeus, vale a pena citar uma parte do discurso de Olli Rehn, chefe econômico da Comissão Europeia, ao Conselho de Relações Exteriores, em junho de 2011: "Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff cunharam a "regra dos 90%"", disse. "Ou seja, os países com dívida pública superior a 90% de sua produção econômica anual crescem de forma mais lenta. Altos níveis de endividamento podem tirar espaço do dinamismo empresarial e da atividade econômica e, portanto, dificultar o crescimento. Essa conclusão é particularmente relevante em um momento em que os níveis da dívida na Europa estão agora se aproximando do limite de 90%, que os EUA já ultrapassou."

É de se presumir que Rehn não leu os estudos originais, mais ambivalentes em suas conclusões, como costumam ser os estudos acadêmicos. Autoridades, como Rhen, estão sempre atentas ao surgimento de teorias que sejam plausíveis e estejam em linha com suas principais crenças. Na Europa, a maioria das autoridades não tem muito contato com macroeconomistas com enfoques inovadores. Claramente, a maioria das autoridades acha contrário à lógica um cenário em que governos gastem dinheiro em recessões. É algo que vai contra sua própria experiência, em especial, quando são de países da Europa Setentrional.

Elas podem ter lido a história da Grande Depressão, mas ainda assim acham que a resposta keynesiana é menos plausível do que a austeridade pró-cíclica. Então, para os responsáveis por políticas conservadoras, quando dois dos economistas mais respeitados do mundo aparecem dizendo-lhes que sua intuição sempre esteve certa, isso representa o melhor dos mundos. Surgia, finalmente, a mensagem que eles sempre quiseram ouvir.

A tese de Reinhart e Rogoff, da forma como as autoridades a compreendem, incorpora dois mitos separados. O primeiro é o da existência de um limite de 90%. O segundo é o da causalidade. O primeiro foi desacreditado na semana passada por Thomas Herndon, Michael Ash e Robert Pollin, pesquisadores da University of Massachusetts Amherst. Seus dados, corrigidos, mostram uma relação negativa bastante moderada entre crescimento e dívida. Economistas sempre vão brigar sobre abordagens estatísticas, por exemplo, se é mais aconselhável usar a média ou a mediana e outras questões do tipo. Ainda assim, não importa por qual ângulo se olhe, não há uma quebra estrutural na marca dos 90%. Não há quebra estrutural em nenhuma marca.

Isso é imensamente importante para a discussão de políticas econômicas. Desmonta a noção dos 90% como um número mágico - com o qual as autoridades europeias estão agora obcecadas, da mesma forma como costumavam estar com déficits orçamentários anuais que não excedessem os 3% do PIB, algo para o que não havia base teórica.

A redução de todo o quadro a um simples número foi acompanhada por um exagero sobre o impacto. A relação causal podia seguir a direção do alto endividamento rumo ao baixo crescimento, como sugerem os autores; ou o caminho contrário; ou em ambas as direções. Ou a relação pode ser enganosa. Ou algo completamente diferente pode ser a causa de ambos. Se a causalidade seguir o caminho contrário, a história é muito menos entusiasmante para quem propagandeia políticas econômicas. Também seria possível dizer: as pessoas são pobres porque não têm dinheiro. Se o seu crescimento é negativo, sua taxa de endividamento sobe pelo simples motivo que ela é expressa em relação ao PIB nominal.

As estatísticas não podem dizer o que causa o quê. Para isso é preciso uma teoria. Macroeconomistas, no entanto, não têm uma teoria sobre o nível ideal de endividamento. A única resposta conhecida é que isso depende - das taxas de juros reais, do crescimento, do tipo de economia, do regime cambial e de muitos outros fatores.

Diferentemente dos professores Reinhart e Rogoff, Friedman tinha uma teoria quando impulsionou o monetarismo no fim dos anos 1960 e nos anos 1970. Não havia erros de datilografia no equivalente às planilhas de Excel dos anos 1960. Ele tinha evidências empíricas sólidas. A teoria posteriormente falhou, mas é possível entender por quais motivos os presidentes de bancos centrais haviam comprado a ideia na época. A regra dos 90%, em comparação, é inacreditavelmente frágil. E mesmo já tendo sido refutada, vai continuar a direcionar o debate político por algum tempo.

Quanto aos professores Reinhart e Rogoff, suspeito que eles, também, vão ser lembrados principalmente pelo fato de que suas políticas econômicas foram experimentadas.

Fantástico show de mentiras da Globo



Carlos Lopes, Hora do Povo / Blog do Miro

“A principal estrela dos 16 minutos que a Globo, no último "Fantástico", dedicou às ferrovias, portos e ao (suposto) terrível descaso de Lula e Dilma para com eles, foi o sr. Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento de Logística (EPL).

O show (pois reportagem aquilo não foi) constituiu-se de mentiras, falsificações e estelionatos informativos, além de uma burrice indecente por parte da repórter – o que não é surpresa – e de uma senhora algo avantajada que apresentou o programa.

No entanto, dos entrevistados, o único que mostrou uma inequívoca satisfação foi Figueiredo. Os outros, até os capachos de fé, pareciam sentir uma úlcera ou um corpo estranho adentrando-lhes, supomos, a alma. Eles sabem quando estão mentindo. O ministro dos Portos parecia constrangido – tão constrangido que assinou em seguida uma nota apontando algumas mentiras.

O único que estava, não somente à vontade, mas alegre, contente, exibindo-se para a Globo - e nem se abalou em assinar a nota conjunta do governo - era o sr. Figueiredo. O que é muito interessante, porque ele é o principal responsável pela elevação do preço do transporte ferroviário para, em média, 103% do preço do transporte rodoviário (há quase um consenso que aquele é, normalmente, pelo menos 30% mais barato que o último; exceto quando há um mágico escondendo cobras e engolindo espadas...).”

Currículo

Figueiredo tem um currículo miraculoso: sob Fernando Henrique Cardoso, chefe de gabinete do presidente da Rede Ferroviária Federal, realizou os "estudos" para a privatização das ferrovias; em seguida, tornou-se presidente da principal beneficiária da privatização, a Interférrea (posteriormente denominada ALL, da qual o sr. Figueiredo foi membro do Conselho de Administração) e presidente da entidade das ferrovias privadas, a Associação Nacional de Transportes Ferroviários (ANTF); sabe-se lá como, tornou-se depois, sucessivamente, diretor da Valec, gerente de projeto do Programa de Parceria Público-Privada do Ministério do Planejamento, assessor especial da Casa Civil, e, logo, diretor-geral da ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres (todas essas informações foram fornecidas pelo próprio Figueiredo: v. Diário do Senado Federal, 11/03/2008, Mensagem nº 50/2008, Curriculum Vitae, "Bernardo José Figueiredo Gonçalves de Oliveira").

Dois dias depois de sua posse na ANTT, no dia 16/06/2008, Figueiredo entregou uma nova concessão ferroviária para a ALL, a Ferrovia Novoeste S.A. (Deliberação ANTT nº 258/08). Vinte e dois dias após, entregou à ALL outra concessão, a Ferronorte S.A. (Deliberação ANTT nº 289/08). Mais 33 dias, e ele entregou outra concessão para a ALL, a Ferroban, em São Paulo (Deliberação ANTT nº 359/08).

Mas não houve expansão da malha ferroviária. Pelo contrário, em seguida, a ANTT, sob a presidência de Figueiredo, "permitiu, sem nenhuma penalização, que as concessionárias desativassem, no todo ou em parte, o serviço de transporte ferroviário em 2/3 da malha concedida, sem realizar os diversos procedimentos relativos às solicitações de suspensão e supressão de serviços de transporte ferroviário e desativação de trechos" previstos pela própria ANTT (Resolução nº 44, 4/07/ 2002). Ou seja, sob a égide de Figueiredo, foram desativados, total ou parcialmente, 20 mil km de ferrovias, dos 29 mil km que constituem a malha ferroviária do país (ver a entrevista do próprio Figueiredo na Revista Ferroviária, março/2009, págs. 12 a 19).

Ao sabatiná-lo no Congresso, o senador Roberto Requião assim resumiu essa parte da carreira de Figueiredor:

"Com esses seus três atos relâmpagos (…), além dos 7.304 quilômetros de malha ferroviária, entregou 478 locomotivas, 14.371 vagões à ALL – da qual, através da Interférrea, o senhor foi presidente e depois membro do Conselho de Administração –, que já explorava a Malha Sul em decorrência do leilão de privatização. A ALL recebeu, não pelos bons serviços prestados, mais 4.446 quilômetros de ferrovias, 456 locomotivas, 13.548 vagões, o que representou colocar 11.750 quilômetros de linha, 934 locomotivas e 27.919 vagões nas mãos de um único operador logístico, ou seja, mais de 40% de todo o parque ferroviário nacional na empresa da qual anteriormente o senhor fazia parte como presidente da Interférrea e como membro do Conselho de Administração da ALL. (…) Essa concentração absurda de poder econômico, esse monopólio da ALL sobre 40% do parque ferroviário nacional nas regiões em que se concentra a maior parte do PIB brasileiro, ocorrida sob a sua gestão na ANTT, na minha opinião, é um escândalo. (…) É meu dever perguntar: o senhor considera ético que, durante a sua gestão na Diretoria Geral da ANTT e através de atos firmados pelo senhor, a ALL, empresa que o senhor estruturou, representou na concessão e dirigiu, cresça de modo incrível e ganhe essa dimensão gigantesca que hoje apresenta?"

Em sua resposta, Figueiredo tergiversou: por exemplo, disse que não formatou a privatização – mas isso estava em seu currículo, apresentado por ele quando foi conduzido pela primeira vez para a ANTT. O Senado recusou-se a reconduzi-lo para a ANTT, por faltar-lhe os requisitos de reputação ilibada e competência técnica.

Esse é o herói da Globo. A questão é: por que Figueiredo estava tão satisfeito, no meio de um programa que era uma mentirada contra o governo – em especial contra a presidente Dilma? Teria sido ele a fonte de tão sábios dados para a Globo?

Por exemplo: "Este ano o Brasil teve uma supersafra de grãos. E a comida ficou mais barata? Não. Porque o preço do transporte fica mais caro ano a ano".

O peso dos transportes no aumento de preços dos alimentos que houve de agosto a dezembro do ano passado, foi, a bem dizer, insignificante. Tanto assim que os transportes continuam os mesmos e o preço dos alimentos está caindo desde janeiro. O que pesou nos preços foi a especulação financeira com papéis ancorados na produção de alimentos, promovida nas bolsas de mercadorias de Chicago e Nova Iorque (hoje aNew York Mercantile Exchange – a bolsa de mercadorias de Nova Iorque – é uma filial da Chicago Mercantile Exchange. Um único grupo, com o seu entrelaçamento com os grandes bancos dos EUA, dirige a especulação mundial das commodities, com as inevitáveis consequências).

Públicos

No Brasil, os portos públicos permitiram que nossa corrente de comércio (exportações e importações) aumentasse de US$ 121,344 bilhões (2003) para US$ 482,285 bilhões (2011). O pequeno recuo de 2012 (US$ 465,728 bilhões) nada teve a ver com os portos, mas com a primarização das exportações, diminuindo a parcela de manufaturados e aumentando a parcela de bens primários (commodities).

Evidentemente, isso não quer dizer que não haja problemas: na própria matéria da Globo, o único dado real é um viaduto, obra do PAC, que encontra-se paralisado. O problema é falta de investimentos públicos – mas a Globo e o sr. Figueiredo preferem doar o patrimônio público a monopólios estrangeiros.

E, como é claro na lavagem de porco (nos perdoem os suínos) servida no "Fantástico", não é para exportar manufaturados que eles querem privatizar os portos, mas para escalpelar o país dos seus minérios e da sua fenomenal produção de alimentos.

Pela privatização anterior do sr. Figueiredo, já sabemos onde isso acaba: ferrovias desativadas, portos abandonados, o país em crise pelo estrangulamento da infraestrutura e logística, e algumas multinacionais fazendo a farra às nossas custas.

domingo, 21 de abril de 2013

Le Monde chama Lula de "Ícone da luta contra a pobreza". Com Lula, presidente mexicano lança programa inspirado no Fome Zero


Le Monde chama Lula de "Ícone da luta contra a pobreza"
Por Walter Decker
Aqui, matéria do Le Monde, onde Lula é chamado de " Ícone da luta contra a pobreza"
Au Mexique, croisade présidentielle contre la faim


Jornal Le Monde: Com Lula, presidente mexicano lança programa inspirado no Fome Zero 
Na cidade indígena de Navenchauc, no Estado de Chiapas, no sul do México, que o presidente Enrique Peña Nieto dever lançar nesta sexta-feira (19), sua grande "cruzada contra a fome". Para essa ocasião, ele convidou o ex-chefe de Estado do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, ícone da luta contra a pobreza. Embora promissor --esse projeto interministerial--, que envolve o setor privado e a sociedade civil, provoca uma série de reservas.

"Não se trata de uma medida de assistência, mas de uma estratégia integral para os mais desfavorecidos", insistiu o presidente em 21 de janeiro em Chiapas, ao assinar o decreto de criação de sua cruzada. Três meses depois, o presidente volta ao Estado, um dos mais pobres do país, para dar o pontapé inicial nesse plano destinado a 7,4 milhões de mexicanos em 400 municípios "altamente marginalizados", dos quais 60% são indígenas.



Distribuição de alimentos, oficinas de formação em boa alimentação, acesso aos serviços de saúde e de educação, melhora da produção e da comercialização agrícolas... Medidas dotadas de um orçamento equivalente a 18 bilhões de euros, que visam principalmente erradicar a desnutrição infantil. Esse programa se inspira no plano brasileiro Fome Zero, lançado em 2003 pelo presidente Lula. "Hoje nós convidamos Lula porque o Fome Zero foi um sucesso", justificou a ministra mexicana do Desenvolvimento Social, Rosario Robles, que comanda o projeto.

A aposta é grande: 11 mil mexicanos morreram de fome em 2011, segundo o governo. A pobreza atinge cerca da metade da população. Para enfrentar esse desafio, todos os ministérios foram mobilizados, assim como os Estados e os municípios envolvidos. A sociedade civil não ficou fora. Um Conselho Nacional que reúne representantes do setor privado, ONGs, universidades, assim como os 31 governadores, além do prefeito da Cidade do México -- encarregado de orientar e avaliar o programa.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/le-monde-chama-lula-de-icone-da-luta-contra-a-pobreza

COMENDADOR BARBOSA DESVIA DO MENSALÃO EM MG




Depois de receber do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o Grande Colar da Inconfidência, a mais alta honraria do estado, o presidente do Supremo Tribunal Federal teve a prudência de não citar a Ação Penal 470, em seu discurso, uma vez que processo semelhante, referente ao chamado "mensalão mineiro", não foi julgado; Barbosa defendeu   cotas para os negras, políticas sociais de distribuição de renda e falou que "liberdade é palavra que o sonho humano alimenta" .

Eram 11h30 da manhã, em Ouro Preto, quando o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, convidou seu antecessor no cargo, senador Aécio Neves (PSDB-MG), que será o candidato do PSDB à presidência da República em 2014, para entregar ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a mais alta honraria do estado: o Grande Colar da Inconfidência.
Como comendador, Joaquim Barbosa foi o principal orador da cerimônia de 21 de abril, em Ouro Preto, Minas Gerais. Ao falar, por volta de 12h45, Barbosa homenageou Tiradentes, o grande herói de Minas e do Brasil. "Do martírio, fez-se o mito". Em seguida, defendeu políticas de distribuição de renda e de cotas para negros. No fim, disse que "liberdade é a palavra que o sonho humano alimenta".
No discurso, Barbosa não fez nenhuma menção à Ação Penal 470 ou ao processo que também se desenrola no Supremo Tribunal Federal contra o ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo. Trata-se do chamado "mensalão mineiro" ou "mensalão tucano", relacionado aos gastos de campanha de Azeredo na tentativa, frustrada, de reeleição, em 1998.
A entrega da medalha, com a presença de Aécio, tem um simbolismo especial. Transformado em celebridade nacional, Joaquim Barbosa tem sido cada vez mais lembrado como um possível candidato à presidência da República. Um rumor recente, publicado pelo colunista Claudio Humberto, levantou a hipótese de que Barbosa poderá ser vice do próprio Aécio.
Primeiro a falar, o prefeito de Ouro Preto, José Leandro Fialho afirmou que Joaquim Barbosa mostrou ao mundo que, ao contrário do que dizia o general Charles de Gaulle, o Brasil é, sim, um país sério. O governador Antonio Anastasia saudou, pela ordem, o presidente Joaquim Barbosa e, na sequência, o senador Aécio Neves, a quem chamou de "nosso grande líder". "Vossa eminência, Joaquim Barbosa, nascido em Paracatu, conhece os caminhos da alma mineira", disse Anastasia, antes de citar todos os mineiros que, como ele, chefiaram o Poder Judiciário.
SINTONIA FINA - @riltonsp  , do Brasil 247