sábado, 31 de março de 2012

Igreja X Estado

Sociedade debate a imposição da religião cristã em escolas públicas e tribunais e a intolerância às crenças minoritárias

CATEQUESE
Cada estado tem uma legislação própria sobre o ensino religioso, mas
todos devem respeitar a Constituição, que prega que a liberdade de crença
Em 1889, os republicanos que acabaram com a monarquia no Brasil pensaram que também haviam conseguido separar a religião do Estado com a sua nova constituição. Naquela data, o País se tornara oficialmente laico. No entanto, mais de um século depois ainda não é isto que se vê na prática. Aulas de ensino religioso são ministradas em escolas públicas, crucifixos têm lugar de honra em salas de tribunais, estudantes são obrigados a rezar antes das aulas e testemunhas são convocadas a jurar sobre a “Bíblia” em julgamentos. Somente nas últimas semanas, vieram à tona casos que mostram como a questão da presença da fé em ambientes públicos está viva e suscita debates na sociedade civil, opondo setores que são contrários e favoráveis a essa intervenção. No município de Ilhéus, na Bahia, por exemplo, os estudantes da rede municipal de ensino têm sido obrigados a rezar antes das aulas desde o dia 13 de fevereiro, o que já provocou uma reação do Ministério Público, que investiga a legalidade da “Lei do Pai-Nosso”. Num movimento contrário, o Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Sul retirou os crucifixos de suas salas de julgamento. Em Brasília, o Supremo Tribunal Federal (STF) avalia argumentos de instituições civis ligadas à educação e aos direitos humanos sobre a inconstitucionalidade do ensino religioso confessional, que garante espaço privilegiado para determinadas crenças, de acordo com as preferências dos alunos ou dos seus responsáveis. “Essa possibilidade estava explícita nas Constituições de 1934 e 1946, mas foi derrubada na atual, de 1988, e isso por si só já deve ter algum significado”, diz o ministro do STF Celso de Mello. O receio é de que o espaço público sirva a pregações religiosas.
Incomodados com essa distorção, entidades estão organizando manifestações públicas pelo Estado laico em três capitais – em Porto Alegre aconteceu na quinta-feira 22, no Rio de Janeiro está marcado para 10 de abril e em São Paulo para o dia 14. De acordo com Salomão Ximenes, advogado da ONG Ação Educativa, em muitas situações a determinação constitucional de que o ensino religioso seja facultativo (artigo 210) não tem sido respeitada. Caso do Estado de São Paulo, que permite que o conteúdo da disciplina seja transversal – com isso, a religião fica diluída em várias matérias, impedindo o aluno de escolher ou não assistir às aulas. Há casos também de cerceamento de liberdade de crença. De acordo com a Relatoria do Direito Humano à Educação, que está investigando casos de intolerância religiosa em escolas do País, os adeptos das denominações africanas são os que mais sofrem. Da Escola Estadual Antônio Caputo, em São Bernardo do Campo (SP), vem um dos exemplos dessa intolerância. Magno Moarcys Silveira, 15 anos, praticante do candomblé, passou a sofrer bullying depois que declarou à professora de história que não queria mais ouvir sua pregação bíblica, que acontecia durante cerca de 20 minutos antes das aulas. “Quando fui conversar com a professora, ela foi agressiva e disse que era parte da sua didática”, diz Sebastião da Silveira, pai do jovem, que fez um boletim de ocorrência na semana passada. “A diretora só se manifestou pedindo desculpas para o meu filho quando eu disse que levaria o caso às últimas consequências.”
LADAINHA
Em Ilhéus (BA), os alunos da rede municipal são obrigados
a rezar o pai- nosso. Abaixo, no STF, o crucifixo católico
Nos tribunais, o que se constata é uma abundância de citações cristãs em sentenças cuja base deveria ser apenas a lei. Em 2008, por exemplo, o juiz Éder Jorge, de Goiânia (GO), recomendou que Vilma Martins, condenada por sequestrar duas crianças, frequentasse durante a condicional um culto cristão, o que, segundo ele, a ajudaria a se recuperar. “É um argumento preconceituoso”, diz Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos. Para Naiara Malavolta, da Liga Brasileira de Lésbicas, que fez uma representação junto ao Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Sul para tirar os crucifixos, o primeiro passo para diminuir essa distorção seria retirar os símbolos. “Eles dão legitimidade aos agentes do Estado para seguir os preceitos daquela crença”, diz. Mas nem dentro do TJ-RS há unanimidade. O desembargador Carlos Marchionatti, por exemplo, defende a presença do crucifixo. “Ele nos lembra do mal que um processo às margens da legalidade, como o de Cristo, pode causar”, diz. Enquanto o ensino religioso não é julgado, o ministro Celso de Mello adverte: “Precisamos vigiar para que a laicidade do Estado seja mantida se não quisermos que heresia volte a ser crime.”
Natália Martino
No IstoÉ

O troco está a caminho



A oposição se pergunta: e agora?                         ( José Cruz/ABr)

Podem escrever: a queda do senador Demóstenes Torres será vingada. Os jornalões fizeram o que deu para preservar o seu herói, mas como viram que a situação ficou insustentável, resolveram abandoná-lo aos leões. É a velha história de perder os anéis para não perder os dedos. Mas haverá troco. Em breve, algum "escândalo" envolvendo um figurão qualquer do governo vai aparecer, alguma "denúncia" dessas tantas que já foram feitas vai surgir numa edição de fim de semana de um dos órgãos da imprensa oligarca e será imediatamente repercutida por todos os outros.
A tática é manjada, deu certo um milhão de vezes, mas é bem provável que se mostre ineficaz desta vez.
É que já cansou. E também, convenhamos, qualquer história que inventarem será fichinha se comparada com essa do Demóstenes.
A oposição, para felicidade geral do PT e aliados, não percebeu que não dá mais para ficar com essa lenga-lenga moralista, atirando pedras a torto e a direito, criticando tudo o que o governo Dilma faz, falando coisas sem pé nem cabeça, vivendo, em suma, uma realidade alternativa, um mundo completamente dissociado da realidade brasileira e mundial.
Se tucanos e assemelhados querem ter algum sucesso, devem mudar completamente seu discurso, fazer uma oposição afirmativa, sugerindo alternativas e proposta para deixar o Brasil melhor.
A supervalorização do real é ruim para a indústria? Pois bem, isso não é novidade. Novidade seria alguém apresentar uma solução racional para o problema.
É preciso uma reforma tributária? Claro que sim, mas cadê a proposta da oposição? O que fazem a favor de uma mudança os governadores tucanos?
Na falta de quem pense o país de forma orgânica, estrutural, os quadros oposicionistas apenas se apoiam numa verborragia claramente demagógica, oportunista, que é amplificada pelos aliados da chamada "grande imprensa". Sem o seu auxílio, com o país claramente seguindo uma rota exitosa, eles já teriam minguado para uma insignificância total.
O episódio Demóstenes avacalhou de vez com a oposição. O estrago que fez é muito maior do que aparenta. Se as perspectivas eleitorais da turma do contra já não eram boas, agora são péssimas.
Só a valorosa imprensa poderá ajudar seus companheiros nesta triste hora.
cronicasdomotta

Os vidiotas do Big Brother Brasil


92% dos 43.521.108 votos deram a vitória ao famoso anônimo no BBB deste ano. 43.521.108 votos! Ao custo de R$ 0,30 por ligação… Bem, nem vou partir para calcular o quanto renderam à Globo & Operadoras TODAS as ligações ao programa nos últimos 3 meses. Nem vou concluir que 43.521.108 vidiotas ligaram para a Globo para votar. Porque nem se a Globo estivesse transmitindo uma invasão de alienígenas na Terra, teria tamanha audiência. Fato é que muitos assistem mas não chegam ao extremo de “interagir”. Portanto, se houve mais de 43 milhões de votos, significa que os que ligaram, mandaram sms, e-mail, etc, fizeram isso repetidamente. E põe repetidamente nisso, aliás.

Basta observarmos a média registrada pelo Ibope na última noite do BBB, que foi de 25 pontos. Se cada ponto equivale a 188 mil domicílios, teríamos 4,7 milhões de TVs sintonizadas nessa porcaria. Numa média de 3,3 pessoas por família, seriam 15,5 milhões de telespectadores. Obviamente que nem TODOS estavam sentados no sofá assistindo o programa. O que é um alívio deduzir!


O BBB é lixo por diversas razões. A principal, é o fato de considerar-se entretenimento televisivo. Desprovido de qualquer conteúdo cultural ou educativo e protegido da ausência de um marco regulatório que o obrigaria a ter alguma QUALIDADE, ancora-se em dois pilares principais: a mesquinhez humana e a plástica das bundas e peitorais. Acrescenta ainda em seu “tempero” o conceito de reality showinterativo.


O que anula o BBB antes mesmo de começar a ser exibido, é a seleção dos participantes. Só aí já são descartadas 99% das chances do programa ser interessante. Na fauna dos milhares de inscritos, devem ter se destacado dezenas de pessoas interessantes sob dezenas de aspectos mais relevantes que a qualidade estética e intelectual (tsc!) dos 16 finalistas apresentados ao grande público. Mas os filtros do programa são guiados por outros interesses. Nada de pessoas “cabeça”. Porque os “cabeças” são chatos. Principalmente quando não são editados. Feios? Nem pensar! Pessoas que fogem do modelo egocêntrico imediatista; os que não cultuam suas silhuetas ocas e nem são consumistas compulsivos de bens materiais; intelectuais, artistas enfim – todos estes foram descartados na primeira varredura seletiva. Sobraram bundas, peitorais e alguma extroversão básica pra não denunciar a estupidez crônica…


O nada. O vazio total de conteúdo – como minutos intermináveis mostrando um casal dormindo na tela esbranquiçada pelo filtro noturno da câmera; os diálogos e os desabafos suspirantes de problemática banal; o desfile de mexericos, mesquinharia e vaidades chulas e até os desbundes comportadinhos nas festinhas da casa – tudo isso, querem os diretores do programa – é o máximo de inteligência que o Homer Simpson tupiniquim consegue absorver. Se fizermos uma experiência, suprimindo as imagens, mantendo somente o som dos diálogos, vamos ter a real dimensão de quanto besteirol a Globo transmitiu durante os intermináveis três meses do programa. (E o mais surreal é que a emissora vendeu “pacotes” para o público interessado em vigiar, 24 horas por dia, “a casa mais vigiada do Brasil”! E se vende é porque tem freguês…)


Inacreditável ainda, é que toda a mídia, ou quase toda, acompanhou esse show de baboseiras. Além das tradicionais publicações fofoqueiras da vida de famosos das novelas globais, os principais portais da Internet deram a matéria à exaustão. Pesquisas de opinião sobre esse ou aquele brother, votações, fotos, vídeos, etc. O BBB esteve no mesmo nível de hierarquia, nas manchetes, que estiveram os principais acontecimentos nacionais e internacionais. Até as outras emissoras (!!!) dedicaram horas ao programa, desfilando fotos e debates boateiros entre seus apresentadores. É bem provável (por que não?) que esses programas tenham sido financiados pela própria Globo.


Enquanto o BBB recebeu 43 milhões de ligações em uma só noite, que renderam algo como R$ 20 milhões, o Criança Esperança (2011)arrecadou R$ 10 milhões durante um mês inteiro!


Então, para o telespectador, a baboseira de saradinhos e gostosinhas disputando R$ 1,5 milhão na casa, vale mais que a solidariedade com crianças carentes. É claro que esse tipo de público, tão facilmente seduzido pelo BBB, tem poder aquisitivo. Mas não tem obrigação de jogar suas moedas para as crianças carentes. Por mais que o Renato Aragão se esforce em agradá-lo. E olha que ao lado de Aragão desfilam artistas do primeiro escalão! Mas o público prefere o fuxico mesquinho dos sarados anônimos ao lamento desgraçado dos filhos que não são seus. E mesmo que sua consciência pese ao dar dinheiro para a Rede Globo, tem o argumento irrefutável do “é meu e eu dou pra quem eu quiser”. No que tem plena razão – já que sente que é papel do Estado, e não seu, socorrer as vítimas da desigualdade social.


Os patrocinadores do BBB devem achar tudo uma grande bobagem. Mas anunciam do mesmo jeito. Afinal, se tantos telespectadores sustentam a audiência do programa, pouco importa para o anunciante o conteúdo. O que vale mesmo é veicular seu anúncio em horário nobre. E isso quer dizer, em números, algo como R$ 300 mil por uma inserção! Ou seja, num só intervalo do BBB a Globo recebe facilmente R$ 3 milhões. Sem contar as dezenas de formas de faturamento que o programa tem. Como por exemplo, os valores do merchandisingnas “atividades lúdicas” entre os brothers.


A máquina azeitada de vendas não tem limites. O brother, eliminado ou não, tem contrato assinado com a Globo para diversas participações na grade de programação e, ao que parece, está proibido de frequentar qualquer outra emissora até data previamente estipulada. Mas a eliminação nem sempre representa derrota. Ao menos para as mulheres. Selecionadas entre os inscritos, muito mais pela bunda promi$$ora, saem da casa com um pé e entram com o outro em estúdio fotográfico onde são “iniciadas” na carreira demodelo erótica.


Pelos números da audiência, pela repercussão na mídia, por trocar a convivência e o diálogo familiares pela digestão passiva de um evento tão medíocre, pela lei do menor esforço intelectual e pelo que virá, temos aqui que fazer justiça: a Globo faz a sua parte. Mas o grande responsável pelo êxito indiscutível do BBB é o telespectador. O sábio telespectador. Atencioso, receptivo, herói incansável na busca pela “qualidade”; o telespectador que deixa uma mensagem clara e definitiva: com a ajuda de todos os meios de comunicação, cada vidiota tem a programação de TV que merece. (Mesmo tendo um controle remoto à mão…).



sexta-feira, 30 de março de 2012

100 desculpas ou mentiras triviais


1 — estou aguardando o parecer jurídico;
2 — vai depender da safra da flórida
3 — vou estar providenciando
4 — vou estar passando ao setor competente
5 — se não chegar em 72 horas o senhor volte a nos ligar
6 — o contêiner está retido no porto
7 — sua encomenda estava naquele avião que caiu
8 — vou pagar com o dinheiro da emenda parlamentar
9 — os operários chineses estão em greve
10 — extraviou no correio
11— a artesã que dá o acabamento está de TPM
12 — estou dependendo da nomeação do governo
13 — ainda não tenho solução, mas vou a Aparecida do Norte a pé
14 — vou revisar, mas antes preciso ler Finnegans Wake
15 — só depois que constatar a traição de Capitu a Bentinho
16 — não posso fazer nada, é a prática do mercado
17 — a ponte rodou com a enchente
18 — o trânsito está parado
19 — o pneu furou
20 — minha assistente não veio, não tenho como pagar hoje
21 — pode tomar que é gostoso
22 — não vai doer nada
23 — é só a cabecinha
24 — só um minutinho
25 — o motoqueiro já saiu daqui
26 — se demora mais um minuto não tinha salvação
27 — ainda deu foi sorte (quando tem um tremendo azar)
28 — só quando a Receita Federal me devolver o que paguei a mais
29 — vou te pagar com o dinheiro dos precatórios
30 — vou te retribuir com a valorização dos dólares
31 — nossa! Vocês está mais novo uns dez anos
32 — você é como vinho: quanto mais o tempo passa...
33 — sua consulta será às onze
34 — seu carro ficará pronto amanhã de manhã
35 — só vou tomar um chope com os amigos
36 — é chá de panela, amor; só pode entrar mulher
37 — eu não queria, mas o chefe me obrigou fazer serão
38 — mulher de amigo meu pra mim é homem
39 — o que é meu é meu, o que é dos outros é dos outros
40 — se todos pensassem como eu o mundo seria melhor
41 — minha religião não permite
42 — o médico me proibiu
43 — pode olhar pela janela que ele já deve estar na porta
44 — o que eu falo eu garanto, mas isso realmente eu não disse
45 — Deus quis assim
46 — Deus quer perto dele as pessoas de bem
47 — lá de cima ele estará zelando por nós
48 — amanhã será outro dia
49 — tenho certeza que logo você estará rindo de tudo isso
50 — se eu tivesse condição eu te ajudava na hora
51 — uma pessoa como você merece muito mais
52 — se você fosse minha, não te deixava por aí dando sopa
53 — o problema sou eu, você merece alguém melhor
54 — eu só preciso dar um tempo
55 — não existe nada entre nós (só sexo)
56 — se amanhã eu amanhecer melhor...
57 — estou com uma enxaqueca daquelas
58 — os empregados são nosso maior ativo
59 — aqui o cliente é o rei
60 — sua reclamação nos fazer crescer
61 — o cliente é nossa razão de existir
62 — carreira não é pressa
63 — nós respeitamos o meio ambiente
64 – nossos produtos são ecologicamente corretos
65 — in God we trust (da cédula de 100 dólares)
66 — se nós que somos de bem, não ocuparmos o poder, quem haverá de ocupá—lo?
67 — quando eu for eleito, isso vai mudar
68 — vida boa era naquele tempo
69 — vou te fazer feliz
70 — querer é poder
71 — aqui se faz aqui se paga
72 — quando eu quiser eu paro
73 — a caridade estimula a preguiça
74 — se eu soubesse...
75 — esta é minha última dose
76 — vou fazer o possível
77 — me aconteceu um imprevisto...
78 — isso não vai mais acontecer
79 — eu não vi nada
80 — eu não sei de nada
81 — isso é conspiração da imprensa
82 — isso é coisa da direita (ou da esquerda)
83 — só vou ser feliz quando...
84 — faltou luz na repartição
85 — o computador deu pau
86 — tava tudo pronto e o arquivo sumiu
87 — fulano me paga esse preço
88 — o Pelé comprou três desse
89 — com o tempo vai folgando
90 — é só aumentar a barra
91 — é só soltar o gavião
92 — quando lavar ajusta um pouquinho
93 — com o tempo acostuma
94 — dói, mas só na hora que põe
95 — o importante é competir
96 — no final, o bem sempre vence
97 — lista é coisa superficial
98 — quem lê lista se emburrica
99 — lista é coisa de desocupado
100 — como eu não tinha nada o que fazer... 

quinta-feira, 29 de março de 2012

As enormes diferenças entre a opinião pública e a opinião publicada

Se você ler as análises sobre o Brasil de veículos mais profissionais, como a BBC de Londres e aDeutsche Welle da Alemanha, verá como são bem diferentes do que diz a mídia provinciana daqui.


Os grandes veículos de informação do mundo também não são santinhos. A diferença é que os de lá torcem por seus países e os daqui torcem contra. Os de lá zelam melhor as suas imagens e suas credibilidades. Os daqui... Olhem algumas capas da revista Veja aí embaixo.

Imagem Activa
É um festival de incompetência, de amadorismo e falta de auto-respeito. Uma demonstração pública de inutilidade, de rancor mesquinho. Queria que seus candidatos vencessem sem apresentar nenhuma proposta, só agredindo o adversário? Isso é mais do que amadorismo, é burrice mesmo.
O marketing de refrigerantes não faria essa estupidez e os que fizeram não conquistaram o que queriam. O mesmo que aconteceu: o inimigo público número da Veja (e seus parceiros Globo, Folha e Estadão) venceu duas eleições, saiu do governo com uma aprovação pública de 85% e ainda elegeu sua candidata.
Como você vê, a opinião pública é bem diferente da opinião publicada.
E pelo jeito o quarteto vai continuar cometendo os mesmos erros errados. Continuarão pensando que o ilustre e respeitável público é tão idiota quanto eles.
Do Blog Sr. Com

quarta-feira, 28 de março de 2012

O STJ e a jurisprudência pró-pedofilia


Estarrecedora a nova decisão do Superior Tribunal de Justiça confirmando a absolvição de outro homem processado por abuso sexual contra meninas de 12 anos.
O argumento para a absolvição é inacreditável: o fato de que as meninas já praticavam a prostituição e que, portanto, não caberia a “presunção de violência”.
Ora, com crianças desta idade a própria prostituição é uma inequívoca violência e quem dela participa é seu cúmplice.
Não é verossímil que meninas de 12 anos – e três! – pudessem aparentar serem maiores de idade, o que legitimaria uma relação sexual, ainda que por prostituição.
Ou melhor, mais ainda por prostituição, porque não se poderia ter este rigor se o caso fosse entre namorados precoces.
O réu absolvido pelo STJ certamente percebeu que praticava prostituição com menores e o que a corte fez foi dizer apenas que a sua conduta foi apenas “imoral e reprovável”, porque as meninas “estavam longe de serem inocentes, ingênuas, inconscientes e desinformadas a respeito do sexo”.
Ou seja: segundo o STF, embora imoral e reprovável esta conduta, qualquer um está livre para servir-se da prostituição infantil sem incorrer em pena!
O pior é que a relatora desta inconcebível decisão foi uma mulher, a ministra Maria Thereza de Assis Moura.
Agarrou-se ao fato de que uma mudança na legislação, em 2009, eliminou a idade de 14 anos como definidora do estupro de menor e substituiu-a por “estrupo de vulnerável”.
Ou seja, no fato de ter sido criada uma brecha legal para não criminalizar uma relação consensual de dois jovens amadurecidos precocemente do ponto de vista sexual para escapar-se ao óbvio que a prostituição infantil – este é o nome, senhora Ministra – é a maior das vulnerabilidades a que se pode relegar uma criança!
Uma menina de 12 anos que se prostitui não o faz porque está exposta à mais completa vulnerabilidade social e/ou psicológica, pela pobreza, pelo abandono familiar, pela sexualização precoce e mercantil que o ambiente social promove?
Ninguém está pregando moralismos ou cegueira à realidade de uma antecipação da vida sexual na sociedade moderna.
Mas, alto lá, prostituição aos 12 anos não pode autorizar ninguém esclarecido e responsável, ministro de uma alta corte, a afirmar que não há violência, “haja vista constar dos autos que as menores já se prostituíam havia algum tempo”.
É dever de toda a sociedade – e de cada indivíduo – proteger a infância. Não adianta dizer apenas que a família falhou ou que o Estado falhou. Em última instância, cada cidadão deve saber que lhe compete respeitar este princípio e não violá-lo mesmo que uma criança, evidentemente vulnerável, ofereça-se ao sexo por dinheiro.
O tribunal, de forma deplorável, atirou fora seu papel exemplar, didático e está ensinando que qualquer um é livre para se associar, praticando sexo, à prostituição infantil.
Continua reduzindo a criança, mulher, à condição de vítima culpada: “ah, ela era prostituta, então pode”.
É a versão jurisconsulta do “estupra, mas não mata”.
Que vergonha para a Justiça brasileira.
Brizola Neto

A decadência do sucesso


Leila Cordeiro, Direto da Redação

‘Não faz muito tempo, ter sucesso  na vida para um homem era ter escolhido uma profissão padrão  tipo médico, engenheiro, advogado, chegar ao final da faculdade com louvor, formar-se e seguir carreira com consultório ou escritório montado e clientela de prestígio.

Pronto! Isso seria mais do que suficiente para o homem se realizar , tornando-se um bom partido e aí entraria na marca do sucesso também , um casamento com uma “possível” pessoa certa,  filhos  e casa própria.

Para a mulher, o sucesso sempre foi discutível, pois  em tempos passados isso não dependia só dela e de seus feitos e sim de sua  aceitação dentro da  sociedade. Mais à frente, com a emancipação feminina, a mulher começou a disputar o mercado de trabalho com o homem chegando a ganhar terreno na ocupação de alguns cargos.

Mas isso faz tempo, o sucesso a que me refiro, é hoje muito mais fácil e banal. Tanto para o homem quanto para a mulher é só participar de algum reality-show, criar uns escândalos e desfilar corpos sarados  para serem descobertos nas praias da moda como ícones de beleza moderna.  Dai para o “sucesso” é um pulo.

O pior é que com o troca-troca de celebridades numa rapidez estonteante, homens e mulheres não conseguem se manter num lugar  ao sol por muito tempo, a menos que acordem a tempo de não deixar o tempo apagar sua imagem,  e para isso é preciso muito mais do que apenas botar a cara pra bater na  TV aceitando ser marionete nas mãos de diretores que só visam o ibope de seus programas.

Chega a doer assistir a tantos fracassados que se acham bem sucedidos protagonizando papéis ridículos nesses programas que só visam achincalhar o ser humano, tentando mostrar que todo mundo tem seu lado de anjo e demônio, de burro e inteligente, de chato e agradável.”
Artigo Completo, ::Aqui::

Financiamento imobiliário cresceu 35% em 12 meses, segundo balanço da Abecip



Agência Brasil

“Entre março de 2011 e fevereiro deste ano, o financiamento imobiliário  cresceu 35%, atingindo R$ 80,9 bilhões, segundo balanço divulgado hoje (27) pela pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Nesse período de 12 meses, foram financiados 89,2 mil imóveis, 11% a mais do que no período de 12 meses imediatamente anterior.

No primeiro bimestre do ano foram emprestados 10,8bilhões para compra de imóveis e para construção, um aumento de 10,2% em comparação com os dois primeiros meses de 2011. Em fevereiro, entretanto, o saldo de R$ 5,11 bilhões representou queda de 1% em relação a fevereiro do ano passado. Dinheiro que permitiu o financiamento de 31 mil imóveis, 11% menos que em 2011.”

terça-feira, 27 de março de 2012

A culpa não é do SUS


A reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no domingo, dia 18 de março corrente, indubitavelmente choca pelacontundência ao exibir imagens explícitas de corrupção ativa e passiva. A prática da corrupção permeia a vida pública e privada brasileira, em todos os seus escalões e níveis, sendo até agora infensa a qualquer tipo de abordagem saneadora, constituindo uma verdadeira praga.


É impossível outra atitude que não a de repúdio ao que foi mostrado.

Apesar de deixar claro o repúdio mais absoluto a essa excrescência, a corrupção, que assola a vida nacional, a reportagem veiculada pelo Fantástico e longamente repercutida dia a dia pela Rede Globo, suscita algumas considerações que, embora se refiram a aspectos muito sutis – que se não forem devidamente considerados redundariam em provocações gratuitas –, não podem passar despercebidas. O primeiro aspecto é quanto à ética e à legalidade de uma reportagem concretizada em tais condições.

No entanto, não se pode esquecer que liberdade de imprensa implica compromisso com a legalidade, com a ética, e pede, em contrapartida, responsabilidade. É defensável que um repórter, com o suporte de uma empresa de comunicação de indiscutívelcompetência e ampla penetração na vida brasileira, assuma uma personalidade falsa para obter informações, ainda que seja sobre tema de alta relevância para o aprimoramento da vida nacional? Os fins perseguidos justificam a utilização desses meios? É correto recorrer à falsidade ideológica para tal objetivo? Esse tipo de imprensa deve ser incentivado, suportado e defendido como efetivo exercício de liberdade profissional?

Outra consideração que não pode deixar de ser evidenciada tem a ver com o gestor do hospital público, cenário dos lamentáveis flagrantes registrados pelas câmaras da televisão. 
 
O que teria levado o médico Edmilson Migowski a permitir que a operação tivesse lugar na instituição sob o seu comando, o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)? O que levaria esse gestor a dar a sua cara a tapa, expondo, na tela da televisão, a suaincompetência para enfrentar a corrupção em curso entre os seus subordinados? Será de fato incompetência ou inapetência para enfrentar o desafio? Que subordinados são esses, e que poder maior que o do diretor os sustenta, para consumar os seus atos de corrupção: respaldo político ou qualquer outra forma espúria de poder que o diretor não pudesse encarar pelos meios oficiais?

Será que esse gestor é tão ingênuo que não considerou um dado irretorquível: o de que ele é conivente com os fatos ocorridos nos porões da sua instituição e que vai responder por eles, na sua qualidade de funcionário público e de cidadão brasileiro? O fato de haver apoiado a estratégia da reportagem configura dois crimes: incentivo ao exercício da falsidade ideológica e conivência com os atos que certamentevinham ocorrendo, desde antes da reportagem, sem que fosse capaz de denunciá-los. De pronto, ele agrediu o Estatuto do Funcionário Público, que não permite a qualquer gestor investir na qualidade de servidor alguém que de fato não o é, permitindo que pratique, em nome da instituição, atos que seriam exclusivos de alguém que fosse concursado ou, no mínimo contratado para o posto pelo regime das leistrabalhistas. O suposto responsável pelas compras era um estranho ao meio funcional. Seria o mesmo que ele permitisse que um falso médico praticasse cirurgias, pondo em risco a vida de outrem, para averiguar irregularidades nas práticas atinentes a um centro cirúrgico.


Também produz estranheza que o segmento escolhido para exemplificar a corrupção tenha sido a saúde pública.

Por que motivo isso teria ocorrido, quando há muitos outros, com potencial financeiro infinitamente maior, por movimentarem recursos astronômicos e que são recorrentes, na própria mídia, como indiscutivelmente dados à prática da distribuição de largas propinas, que têm produzido não poucos casos de enriquecimento ilícito fantásticos? O alvo secundário terá sido agredir as políticas públicas de saúde, desvalorizando-as mais do que já estão junto à opinião pública, como forma de favorecer a medicina privada, que cresce a olhos vistos no país, a custa dos preços absurdos dos planos médicos e dos repasses de recursos públicos?

Diante da péssima distribuição de riquezas aqui registrada e da consequente penúria de grande parcela da população nacional, promover políticas públicas de saúde ainda constitui providência de primeira necessidade. É uma compensação para os menos favorecidos. E o Brasilconsagrou esse princípio, com base na sua lei maior, a Constituição Federal e em outros dispositivos voltados para assegurar um mínimo de dignidade humana no acesso à saúde dos brasileiros mais carentes.

A maneira pela qual se configurou esse atendimento se traduziu no Sistema Único de Saúde (SUS), que vem sendo bombardeado portodos os lados por seus inimigos. Então, por que exterminá-lo? É uma dívida social e há que ser paga. Portanto, atacar o SUS, tentar bombardear a sua estrutura é um desserviço e a sua concretização fará o país mergulhar em problemas ainda maiores do que os hojeenfrentados.

O SUS hoje é integrado, em todo o país por 6.500 hospitais. Desses, 48% pertencem à iniciativa privada, que recebem perto da metade dos repasses federais para estados e municípios, atualmente, segundo o próprio O Globo, em editorial no dia 21 de março último, da ordem de R$ 175 bilhões, oriundos dos impostos pagos pelos cidadãos. Não será ele também indício de uma corrupção mais aguda e mais profunda do que aquele mostrado na reportagem encenada no IPPMG? Parece que voltamos ao ponto de partida: a corrupção não pode ser analisada no varejo. É coisa do atacado.
  
*Mário Augusto Jakobskind, é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de "América que não está na mídia", "Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE"