Acaba de ser lançado o Atlas da Violência 2019, do Ipea. Novamente, os dados provam que o Brasil é um dos países mais violentos do mundo.
Entre as muitas conclusões que apresenta, a publicação revela que o número de homicídios cometidos com armas de fogo, crescia 5,44% anuais nos 14 anos anteriores ao Estatuto do Desarmamento. Já nos 14 anos posteriores, esse índice caiu para 0,85%.
Mesmo assim, o presidente do próprio Ipea, Carlos Von Doellinger, afirmou que “por uma questão de princípio, me incomoda a impossibilidade de o cidadão ter uma arma para a defesa da sua integridade física, de sua família e do seu patrimônio”.
É esta a lógica dos integrantes do governo Bolsonaro. Há mortes demais nas estradas? Flexibilizem-se as leis, punições e fiscalização de trânsito. O agronegócio abusa dos venenos agrícolas? Liberem-se ainda mais agrotóxicos. Mulheres são agredidas? Ofereça-se a elas uma arma para se defenderem.
Mas nada disso é um raio no céu azul. A alcateia louca que está no poder se vale de fake news, mentiras, calúnias e difamações. Mas seu modo de administrar o País é perfeitamente coerente com nossa realidade social e histórica.
Bolsonaro na presidência é a classe dominante sem filtros. Sem sociólogos, metalúrgicos ou guerrilheiras a tentar dourar a pílula venenosa da dominação extremamente truculenta dos poderosos locais.
A eleição de Bolsonaro é a mais pura demonstração da debilidade de uma Constituição cujas belas vestes da democracia moderna já não escondem o emporcalhado avental de um velho açougueiro sanguinolento.
Chegamos à pílula no 2.000. Doses suspensas por algumas semanas.