"Agradeço o convite para uma entrevista para o jornal O Globo em uma série sobre ex-presidentes da República. Seu convite destoa da censura imposta pelas Organizações Globo.
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"Agradeço o convite para uma entrevista para o jornal O Globo em uma série sobre ex-presidentes da República. Seu convite destoa da censura imposta pelas Organizações Globo. Não confundo as organizações com as diferentes condutas profissionais de cada um dos seus jornalistas.
O que me impede de atendê-lo é o notório tratamento editorial que as Organizações Globo adotam em relação a mim, meu governo e aos processos judiciais ilegais e arbitrários de que fui alvo, que têm raízes em inverdades divulgadas pelos veículos da Globo e jamais corrigidas, apesar dos fatos e das evidências nítidas, reconhecidas por juristas no Brasil e no exterior.
As próprias sentenças tão celebradas pela Globo são incapazes de apontar que ato errado eu teria cometido no exercício da presidência da República. Fui condenado por ‘atos indeterminados’.
Ao invés de ser analisada com isenção jornalística, a perseguição judicial contra mim foi premiada pelo O Globo. As revelações do site The Intercept foram censuradas, escondendo as provas de que fui julgado por um juiz parcial, em conluio com os promotores, que sabiam da fragilidade e falta de provas da sua acusação.
Enquanto não for reconhecido e corrigido o tratamento editorial difamatório das Organizações Globo não será possível acolher um pedido de entrevista como parte de uma normalidade que não existe, pelos parâmetros do jornalismo e da democracia.
A nação brasileira está sofrendo muito, está querendo sair debaixo desse manto escuro que a cobriu. Está sufocada, desiludida
Temos visto frequentemente em vários meios de comunicação, sejam eles progressistas ou conservadores, em sites diversos e em grandes veículos de comunicação, a possível montagem da chapa Lula- Alckmin, que vem sendo discutida após a saída do ex-governador de São Paulo do seu fiel e antigo PSDB. Tucano de alma e essência, ele agora espera as definições políticas da campanha do ex-presidente Lula a mais alta posição política da nação: a presidência da República.
Muitas resistências de líderes importantes do PT se manifestam sobre a não necessidade desta composição. Entre elas, a recente e lúcida entrevista de Rui Falcão, se posicionando contra a formação da chapa e a desnecessidade política de construí-la.
O ex-presidente Lula, é claro, tem uma afinada intuição política e deve estar vendo, lá na frente, algum ganho com esta formatação, no âmbito político e econômico, que o faz esperar até fevereiro a definição de Alckmin e seu ingresso no PSB.
Caso se confirme aquela velha expressão latina de que “El zorro pierde el pelo, pero no las mañas” (“A raposa perde seu pelo, mas não seus truques”), teremos um grande reacionário, de tradição católica das mais conservadoras – a Opus Day -, representando o pensamento marxista, no segundo cargo mais importante da nação, o de vice-presidente da República.
Se será um obediente cordeiro ou um conspirador, só o tempo dirá.
No processo democrático brasileiro, até o golpe de 1964, que instalou uma ditadura militar por 21 anos, tínhamos na Constituição de 1946 as diretrizes eleitorais da separação eleitoral entre o candidato à presidência e candidato a vice, votados separadamente, não só para uma maior legitimidade do vice-presidente eleito, mas para que, se houvesse necessidade de substituir o titular, não houvesse dúvidas da sua legalidade no processo sucessório.
Sob a égide da Constituição de 1946, tivemos algumas eleições, principalmente a de 1960, onde notoriamente na história nacional, os eleitos Jânio Quadros e João Goulart, presidente e vice, respectivamente, pertenciam a partidos e ideologias completamente diferentes, o que levou, após sete meses de governo, à renúncia do presidente, que desembocou em uma crise institucional provocada por ministros militares golpistas, que não aceitavam a posse do vice, eleito e com votação própria.
O movimento da Legalidade conseguiu construir uma página histórica nacional, no que se refere à proteção da democracia, mesmo tendo o Congresso Nacional aprovado às pressas a emenda constitucional nº4, revogada posteriormente via plebiscito.
Após esta introdução recordativa, haveremos de nos perguntar o que houve no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, quando claramente o seu vice, eleito sem votos e como cauda de cometa, o golpista Michel Temer, conspirou e produziu o famigerado golpe de 2016, com os sequazes do PMDB, Cunha, Aloysio Nunes, Ciro Nogueira, Simone Tebet, Raupp e mais seis senadores do PSB, outros do PDT, do PPS e outros, sem contar o imenso número de deputados ditos progressistas, que votaram a favor do impeachment.
Ora, será que a ida de Alckmin para o PSB o transformaria em socialista e daria a ele uma imagem mais confortável ao eleitor, que se questiona sobre a função do vice-presidente?
No Uruguai e na Argentina, onde por muitos anos da ditadura permaneci no exílio junto à minha família, presenciei inúmeras traições nos golpes dos dois países.
O vice não é como pregam alguns: “Com Lula, o vice não teria influência”. Talvez comparando esta situação com José Alencar, que além de ótimo caráter, era um grande empresário nacional, com visão de desenvolvimento em sua trajetória de visionário em suas indústrias de tecelagem, a Coteminas.
A nação brasileira está sofrendo muito, está querendo sair debaixo desse manto escuro que a cobriu. Está sufocada, desiludida, em lágrimas espirituais de muitas perdas, querendo mudanças para os seres humanos que nela vivem.
Querem, sim, comer três vezes por dia. Mas querem, também, a retomada de seu país, de sua soberania, de suas estatais, de emprego digno, de educação e moradia. Querem o fim da exploração capitalista sobre o trabalho.
Creio, sinceramente, que o candidato Luiz Inácio da Silva tem essa dimensão de reconstruir o Brasil, mas deve também pensar que nesta vida ninguém é insubstituível. Portanto, deve incluir em seus pensamentos de estadista, de conduzir o povo à redenção nacional, a possibilidade do desaparecimento físico no meio da travessia de seu povo, contra o modelo econômico que os sufoca e escraviza. Como líder, sabe que não pode, caso isto aconteça, deixar seu povo navegando na escuridão.
Portanto, depois de tanta luta contra o fascismo; contra esse ultraliberalismo imposto pelo rentismo bancário; depois do negacionismo e da dor; faz-se necessário a união dos pensamentos contra o ódio e os ressentimentos para começarmos a propor a independência econômica nacional.
Com saúde, educação, distribuição da riqueza nacional e o combate à fome. A luta contra os privilégios de Fiesps, Febrabans, retomada de nossas empresas desnacionalizadas, devolução dos instrumentos de lutas sindicais e seu novo fortalecimento.
A luta será muito árdua, mas teremos que fazê-la.
Não está na hora de só ganharmos uma eleição e, sim, de pensarmos em estar atentos, prevenidos, e de nos perguntarmos quem será o responsável se ocorrer uma fatalidade, se nossa história terá que enfrentar outro caso de tragédia, como foi Tancredo?
Ou como a Argentina, quando perdeu Perón, em 1974, e teve que aceitar atrás de Isabelita, um Lopez Rega que fundou a triple A, e a fez crescer e desembocar na tragédia Videla em 1976, com mais de 30 mil mortos e desaparecidos por um golpe sanguinário?
Em 1º de abril de 1964, um golpe de estado derrubou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura militar no Brasil. O regime autoritário durou mais de 2 décadas e foi marcado pela repressão e censura.
DITADURA MILITAR NO BRASIL: 6 MENTIRAS CONTADAS SOBRE O REGIME
Em 1º de abril de 1964, um golpe de estado derrubou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura militar no Brasil. O regime autoritário durou mais de 2 décadas e foi marcado pela repressão e censura.
Com tantas denúncias "debaixo do pano", o governo conseguiu conquistar uma imagem positiva diante do povo. Saiba agora seis mentiras contadas sobre essa época.
1. Não havia corrupção
Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução
O combate à corrupção era uma das principais bandeiras dos militares, mas não foi bem isso que aconteceu. Atualmente, documentos comprovam que o governo da época mantinha relações com contrabando, negociavam nomeações com acordos milionários, recebiam propinas de empreiteiras e mais.
A diferença é que a condição autoritária da época impedia investigações e denúncias em jornais. Para se ter uma ideia, as contas públicas não eram sequer analisadas.
2. A tortura foi excesso de poucos
Fonte: Evandro Teixeira/Agencia JB/Dedoc
Há anos que os historiadores refutam a ideia de que apenas os militares “linha dura” praticavam tortura. De acordo com um documento secreto de 1974, liberado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, os presidentes sabiam da prática e muitas vezes tomavam para si a responsabilidade da execução.
Após a instauração do AI-5, em 1968, a tortura se tornou algo sistemático dentro do Exército, chegando a contar com um médico para avaliar a resistência dos presos à violência.
3. As cidades não sofriam com a violência
Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução
A verdade é que, durante o regime militar, houve um aumento da violência nas cidades, em especial nos centros urbanos. Em São Paulo, por exemplo, foram registrados 10,4 mortos por 100 mil habitantes, número que é considerado epidêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
4. A ditadura salvou o Brasil do comunismo
Fonte: Domicio Pinheiro/Estadão Conteúdo
O presidente João Goulart defendia uma série de reformas estruturais no país, as chamadas Reformas de Base. Como Jango era mais ligado às questões trabalhistas e de justiça social, alas conservadoras da elite e das Forças Armadas enxergavam as suas medidas como comunistas.
5. A ditadura foi boa para a economiaFonte: Arquivo Nacional/Reprodução
O famoso “milagre econômico brasileiro”, quando o Brasil cresceu acima de 10% ao ano, só acentuou a desigualdade social. Quem era rico, ficou ainda mais rico e quem era pobre, ficou ainda mais pobre.
Além disso, o período ficou conhecido por aumentar a dívida externa do país. Em 1984, o Brasil devia a governos e bancos estrangeiros o equivalente a 53,8% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
6. A saúde era de qualidade
Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução
Saúde não era considerada um direito social na época. Não existia o Sistema Único de Saúde (SUS) nem os planos particulares. Durante o regime, só tinha acesso à assistência médica aqueles com carteira assinada e quem não fazia parte do grupo, era tratado como indigente.
O SUS, que hoje atende 80% da população brasileira, só foi criado em 1988, 3 anos após o fim da ditadura militar.