sexta-feira, 7 de setembro de 2012

7 de setembro: cada governo faz o seu

No: Carta Maior

Em setembro de 2002, nos estertores do governo do PSDB, o risco-Brasil atingia 2.443 pontos.

Medida de vulnerabilidade de uma economia - do ponto de vista dos credores - cada 100 pontos de risco equivale a 1% de taxa adicional de juro. A chance de um calote brasileiro então era tida como muito alta.

Para quebrar as resistências ao passar o chapéu o governo FHC via-se obrigado a pagar uma sobretaxa de quase 24,5% acima do juro vigente nos EUA. Numa operação externa feita esta semana pelo governo Dilma, esse plus registrou um recorde histórico de baixa: foi de apenas 1,1%.

O oposto vivido no governo do PSDB reduz a margem de soberania de um país a zero. A independência política é ornamental. Canta-se o Hino, hasteia-se a bandeira. Entrega-se tudo o mais que dá sustento à palavra Nação.

Sem o manejo endógeno das contas externas é impensável fazer política de desenvolvimento ou articular a defesa da industrialização. Menos ainda avançar na defesa da principal fronteira da soberania no século XXI: a justiça social.

Delega-se a sorte e o azar aos banqueiros. Em setembro de 2002, depois de 8 anos nas mãos do PSDB, o Brasil era isso: um pangaré faminto tratado a sabugo e chicote de marmelo pelos mercados.

FHC cumpria exigências velhas, fazia concessões novas, arrastava a empáfia num tanque de areia movediça; a cada passo afundava mais a perna.Em setembro de 2002 a lama já oscilava no estreito intervalo entre o lábio e o nariz.

Dez anos depois, neste setembro de 2012, o risco país é de 110 pontos. Sim, a “herança pesada” de Lula, na douta avaliação do sociólogo encabrestado pelos banqueiros em 2002, permitiu que o Tesouro Nacional colocasse nesta 4ª feira US$ 1,3 bilhão em títulos de 10 anos no mercado internacional, pagando apenas 1,1% acima do juro norte-americano.
O menor piso da história teve uma das maiores procuras do mercado. Diferente do calvário vivido em setembro de 2002, a demanda pelos papéis brasileiros foi quatro vezes superior à oferta.

O risco-país em si não define a qualidade de vida de uma nação. A Argentina tem um risco elevado porque impôs um desconto de 70% da dívida aos seus credores em 2001. Usou a folga para melhorar substancialmente as condições de vida de seu povo e de seu crescimento.

Não foi essa a lógica que depositou a soberania brasileira nas mãos dos mercados em 2002 .
Ao contrário. A taxa de juro havida disparado e beirava os 25% (hoje o Brasil tem uma taxa de juro real inferior a 2%) ; a inflação passava de 12%, com o desemprego igualmente rompendo esse patamar.

A dívida interna decolara. Mais de um terço dela estava dolarizada, o que restringia a margem de manobra para fomentar a exportação sem quebrar as contas fiscais.

O Brasil escorria na ampulheta da história.

As reservas disponíveis de US$ 36 bi (hoje são dez vezes maiores) cobriam apenas 1/6 do endividamento interno em dólares. O país fora esmurrado por equívocos estratégicos, socado pela ganância dos interesses unilaterais: estava quebrado por fora e sangrava por dentro.

A contrapartida no imaginário nacional era devastadora. Uma pesquisa do Sebrae de 2002 identificou “a baixa auto-estima e a valorização apenas do que vem de fora como os maiores problemas e os principais pontos fracos do nosso povo”. Alguns anos antes o Latinobarômetro já havia constatado a mesma ladeira abaixo: o brasileiro era o povo com “a mais baixa auto-estima de toda a América Latina: apenas 4% dos brasileiros declararam ter muita confiança em seus compatriotas, contra 36% dos uruguaios e 21% dos colombianos”.

A ideia de bem comum e de interesse público se esfarelava. Medo e incerteza era explorados pelo conservadorismo que maejava as raízes desses sentimentos. O governo do PSDB já havia apelado ao guichê do FMI em 1999 para tomar US$ 40 bi em regime de urgência. Boa parte do patrimônio nacional fora privatizado. “Torrado”, como disse a Presidenta Dilma no pronunciamento pelo 7 de setembro nesta 5ªfeira, “para pagar dívida, gerando monopólio e ineficiência...”. E mesmo assim, em dezembro de 2002 o estoque total da dívida externa líquida (pública e privada, menos reservas) era de US$ 189,5 bilhões.
O país devia quase 38% do PIB. Precisava de mais de três anos de exportações (então de US$ 60,4 bi contra US$ 256 bi em 2011) para pagar sua dívida.

O então candidato da coalizão demotucana à presidência, José Serra, tirou da gaveta o que lhe restava, ademais de ser a sua especialidade: o terrorismo para amedrontar eleitores.
À falta de melhor argumento ele alarmava a classe média: a vitória de Lula levaria a “argentinização” do país, isso, quando a Argentina afundava no mesmo pântano neoliberal criado por Menén e Cavallo.

A crise mundial que se arrasta desde 2008 é mais grave, mais abrangente e corrosiva que aquela de 2002. A contabilidade do país, no entanto, nunca foi melhor.

Embora a desigualdade resista e cobre audácia para ser enfrentada, os índices de pobreza, fome, desemprego, informalidade, apartheid universitário e de crédito, entre outros, repousam em níveis inéditos. 40 milhões de brasileiros deixaram a pobreza desde 2003; outros 30 milhões ascenderam na pirâmide de renda. O Brasil é hoje o país menos desigual de sua história. Altivez e soberania deixaram de ser adorno retórico da atuação do Itamaraty.

Como farsa, porém, sobrevivências do passado batem à porta do presente com aspirações de influenciar o futuro. Foi essa a pretensão de FHC na patética tentativa de depositar uma “herança pesada” de Lula no colo de Dilma.

A falta de pejo recebeu pronta admoestação da Presidenta. Em nota oficial, Dilma foi ao ponto e reavivou aos distraídos a realidade constrangedora daquele final de governo, quando o 7 de Setembro era uma contradição em termos espetada no calendário nacional. “Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob ameaça de apagão”, disse a nota da Presidência da República nesta 2ª feira, antecipando em quatro dias os festejos, mas sobretudo o sentido da palavra “independência” no Brasil de 7 de setembro de 2012.

Palhaço, eu?



Campanha contra os cavaletes que
‘emporcalham’ a cidade. Saudades de 64?
Matheus Pichonelli, CartaCapital

“Você já chutou seu cavalete hoje? Se já chutou, curta. Se vai chutar, compartilhe”. Quem entrou ao menos uma vez na internet na última semana fatalmente esbarrou com essa mensagem, ilustrada por um bonequinho distribuindo pontapés sobre um cavalete em que se lê a mensagem de “vote em mim”.

O tempo é de indignação. No Facebook, incitações ao “vote nulo” vêm acompanhadas por animações bem sacadas de uma nova forma de consciência e juventude. Num deles, uma mulher armada de escopeta aponta o revide em direção ao dublê de candidato: “Não me vê há quatro anos e agora vem pedir meu voto, é?”

Noves fora a brincadeira, o engajamento virtual possibilitado pelas redes sociais é sintomático ao escancarar o descontentamento com o atual modelo de representação. É uma espécie de ativismo da má vontade: a indignação, sempre seletiva, é compartilhada aos pares e seguida por um alívio quase imediato de dever cívico cumprido. Um dever que vê na obrigação do voto um estorvo bianual.

Para entender esse engajamento às avessas é necessário ao menos conjecturar sobre a lógica desse eleitor a se manifestar. Uma primeira pergunta seria: os candidatos e futuros políticos são ruins porque o eleitor é preguiçoso ou o eleitor é preguiçoso porque os candidatos e futuros políticos são ruins?

Antes é preciso definir: ruim por que e para quem? A resposta parece óbvia. Ruim porque as propostas e bandeiras se repetem. Os jingles são medonhos. Os sorrisos forçados afrontam. O debate infantiliza a própria campanha. Exemplo disso é que tudo o que de pior surge na música nas vésperas da votação aterrissa aos montes na campanha eleitoral. Assim os “tchu e tchás” e “tchê tcherere tchê tchês” da rádio transformam candidatos, sérios ou não, em meros postulantes de Teletubbies.”
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Relações entre política e igreja voltam à tona com eleições municipais


É sob "a proteção de Deus" que os
vereadores de São Paulo trabalham

Entre o direito ao credo e a violação do conceito de um Estado laico, caso do brasileiro, uma linha tênue que muitas vezes é rompida em prol de interesses pessoais

Eduardo Maretti, Rede Brasil Atual

Na campanha eleitoral de 2012 em São Paulo, o candidato líder nas pesquisas de intenção de voto até o momento, Celso Russomanno (PRB), é conhecido por sua estreita ligação com o todo poderoso bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. 

Em busca de votos, José Serra e Valdemiro Santiago, fundador e líder da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), celebraram um acordo, executado pelo prefeito Gilberto Kassab, suspendendo um projeto urbano (o prolongamento de uma rua em Santo Amaro, zona sul de São Paulo) para não atrapalhar a construção de um templo. Para tanto, o prefeito enviou um projeto de lei que a Câmara Municipal aprovou em primeira votação. O segundo turno, marcado para ontem (5), foi adiado pelo Legislativo municipal após forte pressão em torno do tema. 

A interferência da religião na política, como mostram esses e outros exemplos, envolve todas as vertentes ideológicas, da direita à esquerda. Em sua campanha para vereador, o petista Arselino Tatto espalha panfletos pela cidade identificando-se como “um candidato cristão católico”. Em 2010, bispos financiaram a impressão de panfletos contra a candidatura de Dilma Rousseff (PT) por conta de uma falsa polêmica em torno do aborto.”
Foto: Mozart Gomes. CMSP
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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Onde andam os corruptores?



Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação

“Quando se encerra parte do julgamento do chamado mensalão em que a maioria dos Ministros do Supremo Tribunal Federal considerou os acusados culpados, entre outros crimes, pelo desvio de dinheiro público, a pergunta que não quer calar é:  quando a opinião pública será informada sobre a punição dos corruptores? Por enquanto só foram incriminados os intermediários acusados de corrupção das mais variadas espécies, como Valério e outros, inclusive os funcionários do Banco Rural. João Paulo Cunha mandou a mulher pegar 50 mil reais no caixa e assim sucessivamente.

A mídia de mercado, que antes mesmo da decisão dos Ministros já havia condenado os acusados, não tem o mesmo interesse em apontar os corruptores, os grupos que sai ano entra ano, sai governo entra governo estão ditando regras e se locupletando, mas geralmente não são punidos. Fazem parte da rotina do sistema.

Na CPMI que apura os vínculos de Carlos Cachoeira com o mundo político, grupos econômicos e da mídia de mercado, como a revista Veja, são poupados. Nem mesmo evidências como as apontadas em gravações comprovando estreitos vínculos de Cachoeira com o jornalista Policarpo Júnior, diretor da revista Veja, têm força suficiente para que os parlamentares decidam convocá-lo, e ao poderoso chefão do grupo Abril, Roberto Civita, para esclarecer fatos.

A Construtora Delta tem maior raio de ação no Rio de Janeiro, mas os representantes do povo não convocaram, pelo menos por enquanto, o Governador Sergio Cabral e mesmo o Prefeito Eduardo Paes para prestar esclarecimentos sobre fortes indícios de condutas irregulares envolvendo o Poder Público. Há poucas cobranças nesse sentido, para falar a verdade, quase nenhuma.

Por estas e muitas outras, não basta apenas condenar os acusados de práticas de corrupção e deixar os corruptores de fora. Provavelmente, aproveitando a visível euforia pelas decisões dos Ministros do STF, os meios de comunicação de mercado continuem deliberadamente a ignorar os corruptores.

Nessa rotina, não será nenhuma surpresa se daqui a pouco surgirem, ou se já não surgiram, novas Deltas e demais corruptores com outros nomes, que contarão com o silêncio de sempre.”
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O fim do mundo este ano?


Rui Martins, Direto da Redação

“Poucas vezes tantos indícios, anunciados profeticamente por religiões diferentes, concidiram como neste fim de ano. Não só  “A Sentinela”, dos Testemunhas de Jeová, como o “Apocalipse”, e as profecias muçulmanas sunitas e xiitas e inclusive os bárbaros pagãos maias anunciam o fim do mundo para breve.

Para os cristãos, a anunciada próxima guerra de Israel contra o Irã irá convulsionar o Oriente Médio e provocar a III Guerra Mundial. Será o Armagedon tão temido mas paradoxalmente tão esperado pelos evangélicos, porque anunciará o retorno de Jesus Cristo à Terra e seu reinado teocrático de mil anos de paz.

Para os iranianos xiitas, a transformação da região num braseiro fará ressurgir o "imã escondido", genro do profeta Maomé, desaparecido em 874. Para os sunitas, o Mahdi, o imã oculto, que terá o mesmo nome do Profeta surgirá no fim dos tempos. Como um ataque israelense ao Irã poderá ser devastador, consta que o presidente iraniano Mahumud Hamadinejad crê na profecia do retorno do imã escondido e espera mesmo ser o seu braço direito nessa batalha do fim do mundo.

Os judeus continuam esperando a chegada de seu Messias, pois rejeitaram há 2 mil anos o chamado Jesus, que anunciava o cumprimento das profecias de Isaias e de outros profetas do Velho Testamento ou Torá. Atualmente, talvez sejam os únicos a não a anunciarem para breve o surgimento do Messias. Para o hassidismo fundamentalista, o Messias voltará quando as origens das lições de vida se expandirem pelo mundo.

Nisso, há uma certa semelhança entre o hassidismo e os protestantes e as seitas adventistas, pois baseadas num versículo dos Evangelhos, creem na volta de Jesus quando o Evangelho for pregado em todo o planeta, "então virá o fim" com o julgamento dos vivos e mortos.”
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