sábado, 7 de novembro de 2009

Coronéis tucanos abrem escola de jagunços



Sob o título "Contra Lula, PSDB treina cabos eleitorais no Nordeste", o jornalixo Folha de S.Paulo publicou em sua edição de sexta -feira a seguinte reportagem, da lavra de Catia Seabra:
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"Numa tentativa de mitigar a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região, o PSDB dá início, na semana que vem, a uma série de cursos para formação de 4.500 "multiplicadores" no Nordeste. Com a previsão de gasto R$ 450 mil, o programa tem como meta o recrutamento e qualificação de mão-de-obra -voluntária ou contratada- para a campanha presidencial de 2010.
Sob a coordenação de um cientista político e um consultor de marketing, os futuros cabos eleitorais serão submetidos até a treinamento de técnica de abordagem e persuasão.
Promovido pelo Instituto Teotonio Vilela, o programa prevê a realização de 45 cursos no Nordeste. O custo previsto é de R$ 10 mil por workshop, incluindo o pagamento de professores. Seis professores deverão ser contratados para o programa, com uma remuneração de R$ 2.000 por aula.
Cada workshop consumirá um dia. Com uma carga de 10 a 12 horas, o curso será dividido em dois blocos: o político e o de marketing.
Responsável pela organização do bloco de marketing de relacionamento, o consultor Luiz Fernando Leitão explica que a intenção é aplicar as técnicas de mercado à política.
"Vamos adaptar o modelo de SRM (Gerenciamento de Relacionamento) ao voluntariado do PSDB", adiantou Leitão.
Ainda segundo Leitão, os multiplicadores receberão um "check list", um passo a passo para aproximação com eleitor, a exemplo do praticado entre empresa e clientes. Entre as dicas, é procurar o eleitor em seu aniversário.
O programa inclui aulas sobre marketing de rede, com exploração de ferramentas da internet e de banco de dados.
A cargo do cientista político e presidente do ITV (Instituto Teotonio Vilela) de Pernambuco, André Regis, o módulo político apresentará, além de fundamentos da social-democracia e realizações do PSDB, uma biografia dos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves.
Pré-candidatos à Presidência da República, Serra e Aécio gravarão um depoimento para ser exibido aos alunos.
Inspirado na eleição do presidente americano, Barack Obama, Regis aposta na atração de voluntários no meio acadêmico, além dos filiados, simpatizantes e indicados pelos diretórios estaduais do PSDB.
Segundo o comando do PSDB, os alunos terão direito a café da manhã e almoço, mas não receberão ajuda de custo para o curso. Embora a cúpula do partido insista na expressão "voluntariado", tucanos admitem a ideia de preparação de mão-de-obra a ser contratada nas eleições de 2010.
O argumento é de que, ainda que contratados, os cabos eleitorais precisam ter afinidade com o PSDB.
"Não estamos falando de campanha agora", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), para quem é necessária a organização do partido nos Estados do Nordeste.
No Nordeste, os cursos acontecerão até março. O primeiro deles será no dia 14, em Salvador. Mas, segundo o presidente do ITV, deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), a intenção é estendê-lo a outras regiões. "Esses multiplicadores estarão habilitados a trabalhar na campanha", disse.
Designados pelos diretórios estaduais, segundo indicação de militantes e filiados, esses alunos receberão um certificado ao final do curso.
O PSDB tenta correr atrás da estrutura do PT. O partido tem hoje cadastrado 1,3 milhão de filiados, incluindo endereço eletrônico. A estimativa é que ao menos 100 mil se engajem na campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Dilma, por sua vez, busca espaço em São Paulo, principal reduto do tucanato".
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Comentário do Aguinaldo:
Engraçado, eles pagam melhor o professor deste curso que os dos estados que governam!

Que nojo?

13,5 milhões deixam a pobreza

Cerca de 13,5 milhões de brasileiros saíram da base da pirâmide social e econômica e passaram para o nível intermediário de renda de 1995 a 2008, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo os dados, 6 milhões (39,8% dos brasileiros) passaram para o nível superior de renda. A pesquisa divide a pirâmide em três extratos de renda: base, intermediário e superior. As regiões Sudeste e Nordeste são as que se destacaram com a ascensão da base para o nível intermediário de renda. Os estados do Sudeste responderam pela passagem de 4,9 milhões de pessoas no extrato intermediário; e os do Nordeste, por 4,6 milhões. Na Região Sul, saíram da base 1,5 milhão de indivíduos; no Norte, 1,4 milhão; e no Centro-Oeste, 1,1 milhão. A pesquisa indica ainda que a população mais pobre está tendo maior acesso a bens como fogão, geladeira e rádio.Leia também: Ipea: 11,7 milhões deixam faixa mais baixa de renda em 3 anos.

Presidente Lula responde para FHC e Caetano



O Presidente participou agora a noite do 12º Congresso do PCdoB. Lula usou parte do tempo de sua fala para rebater as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em um artigo, o tucano afirmou que se Dilma ganhar em 2010 sobrará ao Brasil um "subperonismo" - em referência ao ex-presidente argentino Juan Domingo Perón - e "uma burocracia sindical aninhada no Estado".

Lula disse:"Nós não temos a sapiência dos sociólogos. Essa semana fui chamado de analfabeto, de ditador, e nessa mesma semana eu ganhei o título de estadista do ano. Eu compreendo o ódio, o intelectual que está assistindo um operário que só tem o quarto ano primário - e não tenho vergonha de dizer - ganhar tudo o que ele imaginava que pudesse ganhar e não ganhou por incompetência é muito difícil. É muito engraçado, tem gente que acha que a inteligência está ligada à quantidade de anos de estudo que você tem, não tem nada mais burro que isso", disse o Presidente, fazendo referência também a Caetano Veloso, que o chamou de "analfabeto" em uma entrevista.

Fernando Veloso

Post interativo. Opine, Concorde, Discorde...Comente . O eleitor, esse ingrato analfabeto


Post interativo. Opine, Concorde, Discorde...Comente . O eleitor, esse ingrato analfabeto




O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez novo movimento para assumir a linha de frente da oposição ao governo Lula.m artigo no último domingo (01/11), nos jornais "O Globo" e "O Estado de S. Paulo" desceu a lenha em Lula...

Segundo FHC, o petista comete "transgressões cotidianas". Atropela a lei e os "bons costumes". Faz uma aliança de natureza política autoritária, unificando sob verbas públicas os interesses do Estado, de sindicatos, dos movimentos sociais, dos fundos de pensão e das grandes empresas. Alerta para o risco de subperonismo. E sapeca um novo conceito político-sociológico: "autoritarismo popular".

Em meio a uma oposição sem discurso, com potenciais candidatos ao Palácio do Planalto que não desejam atacar Lula, FHC cumpre o papel de tentar desgastar um presidente, que, com sua alta popularidade, tentará eleger como sucessora a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

FHC, porém, esquece o passado. No seu governo, os fundos de pensão das estatais foram usados politicamente para a formação de consórcios privados que arremataram empresas públicas. O Estado, naqueles anos, atuou no limite da irresponsabilidade, como disse Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil que ficou muito rico nos anos FHC.

A aliança com o PFL, hoje DEM, não difere muito da firmada pelo PT com o PMDB, em nome de um realismo político que sacrifica a ética.

O petista é mais desabrido ao abraçar figuras de biografias suspeitas?

Sim.

Mas o tucano nomeou um procurador-geral da República que ficou conhecido como engavetador-geral da República.

O procurador-geral é o único que pode pedir abertura de investigação e de processo penal contra o presidente da República. FHC não se arriscou com as seguidas nomeações de Geraldo Brindeiro. Lula escolheu o mais votado da categoria. E viu um deles denunciar a existência de uma organização criminosa em seu governo.

Houve tentações no governo Lula, mas ele nunca cruzou a linha que separa a democracia do autoritarismo. Já o tucano mudou, com apoio popular, a regra eleitoral no meio do jogo, obtendo a possibilidade de disputar a reeleição em 1998.

Resumindo: FHC exagerou. E, quando isso acontece, costuma ser bom para o atacado.

O tucano parece que está chateado com o eleitor que votou democraticamente em Lula, um presidente que tem seguido à risca o que prometeu. "Autoritarismo popular" soa meio golpista e demófobo. Não é algo à altura do ex-presidente.

Também não compreendeu

Lula tem sido beneficiado por aqueles que o subestimam. Muitos críticos não compreendem o fenômeno Lula. Por isso, falham ao criticá-lo. Não conseguem formular uma crítica pertinente. Resultado: Lula nada de braçada na política.

Desde uma frase que a empresária e atriz Ruth Escobar disse ter ouvido de Arnaldo Jabor, na eleição de 1994, não havia uma declaração tão exemplar do preconceito e da incompreensão de certa elite em relação a Lula. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Caetano Veloso disse: "Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro".

Crédito histórico

A frase que Ruth disse ter ouvido de Jabor em 1994, quando FHC e Lula disputavam a eleição presidencial que seria vencida pelo tucano, foi a seguinte: "'Nesta eleição, temos duas opções: votar em Jean-Paul Sartre ou escolher um encanador".(Resumo do artigo de Kennedy Alencar,colunista da Folha Online) Opine, Concorde, Discorde...Comente

O que os espanhóis estão querendo do Brasil?

por Mauro Santayana, no Jornal do Brasil

Os elogios que partem do estrangeiro ao desempenho da economia brasileira devem ser recebidos com cautela. Se observarmos bem, eles não se destinam à nossa autonomia na administração do Estado, nem aos esforços a fim de reduzir as penosas desigualdades sociais que nos constrangem, mas ao fato de que continuamos (o que não é verdade inteira) a política de abertura do governo passado.

Ainda agora, o presidente Lula é agraciado, na Chattam House, em Londres, e, em Madri, a Fundação Marcelino Botin, do Banco Santander, encerrou, quarta-feira, um seminário sobre o Brasil, visto como futura “potência latina”, desde, é claro, que mantenha abertas as suas portas aos investimentos estrangeiros. O Banco Santander, graças ao Brasil, é hoje o maior banco espanhol e um dos maiores do mundo. Como todos se recordam, o Santander adquiriu o Banco do Estado de São Paulo, em uma operação ainda não muito clara. Antes, já havia adquirido outros bancos menores. E, depois, adquiriu bancos maiores, entre eles o Amro. A Fundação Marcelino Botin é também presidida pelo senhor Emílio Botin, principal acionista do Santander, que também acompanha, com empresários brasileiros, a visita de Lula à Inglaterra. Há poucas semanas, o Santander Brasil aumentou seu capital, de mais de R$ 49 bilhões, para mais de R$ 61 bilhões.

Os mineiros ficam sempre desconfiados quando recebem excessivos elogios. A pergunta que se fazem é: o que estão querendo de mim? O que estão querendo do Brasil, com essa série de elogios, não só a seu presidente, mas ao país? Os espanhóis se encontram em uma situação econômica complicada, como todos sabem, e eles não conseguem escondê-la. Por que se interessarem tanto pela economia brasileira, a ponto de promoverem a reunião em Madri, com a presença de brasileiros, alguns membros do governo, e especialistas estrangeiros, em lugar de discutirem profundamente as causas da recessão em seu próprio país?

O jornal El País publicou ontem um artigo do jornalista conservador Federico Ysart Alcover, diretor do Observatório de Análises e Tendências da Fundação M. Botin, que promoveu o encontro sobre o Brasil. Nada pode ser mais explícito. Ele pergunta se o Brasil está disposto realmente a transformar-se em uma potência e esclarece, que, para isso, a sociedade e o governo devem continuar a política do governo anterior, de abertura dos mercados aos estrangeiros, e aprofundar a globalização. É interessante que se faça o elogio do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, nas mesmas horas em que o ex-presidente entra em cena com seu artigo-plataforma. Federico Ysart é homem ligado ao Banco Santander há muitos anos, e pertenceu ao governo conservador de Adolfo Suarez. Foi, ainda, deputado federal pela UCD. E lhe coube coordenar o encontro de Madri, ontem concluído.

O banqueiro Emílio Botin é filho e neto de banqueiros da Cantábria, e não esconde que deu a sua maior jogada ao entrar no mercado financeiro brasileiro. Está sempre em nosso país, onde transita com grande desenvoltura, sendo figura constante nas festas e outros eventos sociais. O rei Juan Carlos concedeu, recentemente, à sua esposa, a pianista Paloma O’Shea, o título de Marquesa de O’Shea, o que fez de Emilio Botin o Marquês Consorte de O’Shea.

Desde o fim do franquismo, com a morte do ditador e a assunção do poder por Adolfo Suarez, os espanhóis decidiram recolonizar a América Latina. Os governos – incluídos os socialistas –, a partir de então, passaram a investir tudo nessa ofensiva, financiando a compra de empresas em nosso continente, mesmo à custa do aumento brutal de sua dívida pública, uma das maiores do mundo. Com a velha arrogância ibérica, chegaram a tratar governantes de nossos países como vassalos, como fez o direitista Aznar com o presidente Duhalde, da Argentina, a quem telefonava dando ordens e exigindo explicações. E nem vale a pena lembrar o “por qué no te callas” de Juan Carlos, em inaceitável ofensa ao presidente da Venezuela.

Enquanto o desemprego grassa na Espanha, seus empresários enchem os bolsos com os lucros obtidos em nossos países. Aqui, a Telefónica disputa a compra da GVT, para ampliar, ainda mais, a sua presença na telefonia brasileira. O seminário de Madri deve ser visto dentro desse quadro de fundo. É melhor dispensar as lisonjas, que soam interessadas, e criar instrumentos jurídicos e políticos que lhes fechem o caminho.

Brasil, o superpoder agrícola

por Jonathan Wheatley, no Financial Times

Published: November 4 2009 16:29

Os maltusianos preocupados com a capacidade do mundo de se alimentar deveriam ouvir Roberto Rodrigues, um consultor do agronegócio e ex-ministro da Agricultura brasileiro.

"A ideia de que haverá falta de alimento é errônea", ele diz. "A produção no Brasil está crescendo em todas as áreas".

De um pequeno país agrícola, o Brasil se tornou uma superpotência nas últimas duas décadas, se tornando o maior exportador de carne, frango, concentrado de laranja, café, açúcar, etanol, tabaco e do complexo de soja, grãos e óleo, além do quarto maior exportador de milho e carne de porco.

Ao contrário da maior parte da economia brasileira, onde os crescimentos de produtividade foram menos que espetaculares, a agricultura atingiu seu novo status graças ao gerenciamento mais eficiente e ao desenvolvimento e aplicação de tecnologia.

Entre as safras de 1990-91 e 2008-09, por exemplo, a produção de grãos aumentou de 58 milhões para 144 milhões de toneladas. No mesmo período, a área plantada com grãos aumentou apenas 26%, de 39,9 para 47,7 milhões de hectares. A produtividade, medida em toneladas por hectare, quase dobrou.

Entre 1980 e 2008, o número de vacas leiteiras subiu de 16,5 milhões para 21,5 milhões, enquanto a produção de leite aumentou de 11,2 bilhões para 27,1 bilhões de litros -- um ganho de produtividade de 86%. Entre 1994 e 2009, a produção de carne aumentou 77%, de carne de porco 133% e de carne de frango, 217%.

Mas a importância do Brasil como fornecedor global se baseia mais em potencial do que em performance passada. De seu território total de 851 milhões de hectares, cerca de 340 milhões são bons para a agricultura. Destes, 72 milhões estão sendo usados na agricultura e 172 milhões como pastagens. Isso deixa 96 milhões de hectares livres para a agricultura, sem tocar uma árvore da floresta amazônica ou outras áreas sensíveis.

Ainda assim fazendeiros e pecuaristas tem cortado as florestas do Brasil em um ritmo alarmante. Embora a taxa de devastação na Amazônia tenha caído de 27 mil km quadrados em 2004 para 11,2 mil km quadrados em 2007, ainda é alta.

O governo diz que o declínio se deve a melhor monitoramento e controle, embora muitos cientistas digam que a flutuação dos preços das commodities tiveram um papel maior na queda e no aumento subsequente do desmatamento.

Muita da terra disponível para a agricultura fica em partes do país onde os títulos de propriedade são relativamente bem estabelecidos e a lei é cumprida. Na maior parte da Amazônia não é o caso. É fácil para um pequeno pecuarista, por exemplo, cortar a floresta e usar a terra para criar gado por alguns anos até que os nutrientes se esgotem, e se mudar para outra gleba.

Um melhor monitoramento e iniciativas de mercado geram esperança de que o deflorestamento vai diminuir. Enquanto isso, os fazendeiros se concentram em aumentar a produtividade.

O número de cabeças de gado aumentou de 78,6 milhões em 1970 para 169,9 milhões hoje, enquanto a terra usada para pastagens passou de 154,1 milhões de hectares para 172 milhões de hectares.

No estado de São Paulo, há 1,55 cabeça de gado por hectare de pastagem; se essa média, que é baixa pelos padrões internacionais, fosse mantida no resto do país, outros 62 milhões de hectares se tornariam disponíveis para o plantio.

Pecuária de alta densidade é um avanço tornado possível por cientistas de centros de pesquisa agrícolas do país, que desenvolveram melhores variedades de capim, por exemplo. O Brasil também é ajudado por seu clima tropical, com quantidades de sol e chuva geralmente previsíveis.

A maior eficiência gerou monoculturas, especialmente de cana de açúcar e soja. Grandes áreas estão cobertas por mares desses produtos, pontilhados por equipamentos de irrigação.

O sr. Rodrigues, que é de uma família de fazendeiros, diz que visitou recentemente a fazenda de um filho no norte do estado do Maranhão.

Quando pediu ovos frescos e saladas da horta, o filho disse que ele poderia comprar no supermercado.

"É como tem de ser hoje", ele diz. "Concentração no meio mais eficaz de produção". O conhecimento dos fazendeiros avançou enormemente, mas eles ainda enfrentam problemas. Estradas ruins e outros problemas logísticos aumentam bastante o preço de levar os produtos ao mercado.

Ao contrário de outras nações agrícolas, o Brasil quase não tem seguro rural para proteger os fazendeiros de fatores fora de seu controle; além do clima, eles também ficam vulneráveis aos juros, taxa de câmbio, negociações comerciais e mais.

O sr. Rodrigues diz que não é verdade, como muitos do setor reclamam, que o Brasil não tem política agrícola. O que falta, ele diz, é uma estratégia ampla para o setor, coordenada por mais de um ministério.

Apesar desses problemas, o sr. Rodrigues diz que o status do Brasil como um superpoder agrícola só vai crescer. Ele diz conhecer 22 fundos de investimento estrangeiros em busca de oportunidades.

"Se eu fosse investidor, colocaria meu dinheiro em logística e fertilizantes", ele diz. "As oportunidades são fantásticas. E as pessoas estão vindo sem que a gente as convide".

Lula e Alencar, dois sem diploma, criaram doze universidades federais

Recorde de universidades



Com a sanção por parte de José Alencar, presidente da República em exercício, do projeto de lei que cria a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), o governo Lula atingiu nesta quinta-feira (5) a marca de 12 universidades criadas – recorde histórico no Brasil. A marca anterior era do presidente Juscelino Kubitschek, com 10 universidades federais.

O novo campus será inaugurado na primeira semana de dezembro e abrigará 1,4 mil universitários. Segundo Alencar, quando assumiu o governo teve uma conversa com o presidente Lula na qual ressaltava o fato de não terem curso superior: “O presidente Lula sempre diz assim: isso vai ficar para a história porque os brasileiros elegeram dois políticos que não têm curso superior. Por isso, nos compete fazer algo especial pela educação”.

O ministro Fernando Hadad (Educação) reforçou o discurso de José Alencar ao informar que até dezembro de 2010, o governo Lula terá inaugurado mais duas universidades. Hadad explicou também que o governo federal vem agindo em outras áreas, como a construção de escolas técnicas e creches. “O compromisso com a educação foi trazido para a agenda nacional e o País vem vivendo com os novos marcos”, explicou. Hadad informou também que houve a desvinculação da DRU o que permite ao Ministério da Educação contar com aporte de R$ 10 bilhões no próximo ano. Além disso, o Ministério terá mais R$ 5 bilhões proveniente do Fundeb.

A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, destacou a luta das lideranças políticas da região oeste do Pará para a aprovação do projeto de lei que resultou na nova universidade. “É a primeira universidade no interior da região amazônica”, disse. A UFOPA atua numa área com 18 municípios e um milhão de habitantes.

Nota do Aguinaldo: Este blog acredita que o debate sobre "subperonismo", proposto pelo ex-presidente FHC, tem o objetivo de esconder esses números. Qual é o motivo "obscuro" por trás da criação de universidades? Fazer doutrinação comunista? Fazer doutrinação de novos sindicalistas? Formar sindicalistas comunistas para tocar o estado subperonista? Quantas universidades o doutor FHC criou? Entenderam agora porque ele quer debater "subperonismo"?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Frase do dia

" Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida".

HIP HOP DA PAZ ABRE O MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA

A partir de hoje, dia 05 até o dia 08, a partir das 13h30, na Praça de Skate estarão acontecendo várias atividades que fazem parte do IV HIP HOP DA PAZ, com a participação de artistas e grupos locais e de outras cidades, destacando-se a participação do DJ Marcello Gugu.

Hoje, às 19 horas, na Câmara Municipal, também haverá um debate sobre os rumos dessas manifestações culturais.


5ª Festa do Azul Marinho

De 13 a 15 de novembro de 2009, no quilombo da Fazenda, próximo a Praia da Fazenda, costa norte de Ubatuba.

Realização da Associação Comunitária dos Remanescentes do Quilombo Fazenda Picinguaba.

Além do azul marinho e do tradicional bolinho de mandioca, aproveite para saborear o suco da jussara, semelhante ao açaí. Produção local que vem sendo desenvolvida pelo IPEMA – Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica.


Rui Grilo – ragrilo@terra.com.br

Seminário sobre Plano Municipal de Saneamento Básico.

"Água e esgoto é saúde. A importância do Plano Municipal de Saneamento"

Boletim eletrônico número 1

1 - O tema e o evento têm despertado muitos comentários e reproduzo ao final um e-mail recebido contendo a notícia
de investimentos pelo governo estadual e logo abaixo um questionamento muito consistente sobre a notícia.

2 - Estão confirmadas as participações de Denise Formaggia pela Câmara técnica de Saneamento do Comitê de Bacias Hidrográficas (CT-SAN - CBH-LN) e da jornalista Regina Teixeira, do Diário do Lixo e coordenadora dos ING's (Indivíduos não governamentais).
Confirme sua participação, tanto como representante de entidade quanto como pessoa física, para divulgação.

Se você tem comentários a fazer sobre o assunto, que estimulem o debate e ajudem ao chamamento para o evento, envie-nos que publicaremos até a data do evento.

Forte abraço a todos, antecipadamente agradeço pela colaboração na divulgação deste.

Mauricio Moromizato - presidente do PT de Ubatuba

PIB é o melhor desde 1986

A equipe econômica do governo Lula está ansiosa para ver o comportamento da imprensa brasileira na divulgação dos dados econômicos depois de um ano do estouro da crise financeira. Quer saber se os jornalistas vão continuar comparando os futuros dados da economia em 2010 com os de 2009 ou vão ficar com os de 2008 quando o PIB crescia a 7% ao ano. Se for com o ano de 2009, os resultados vão ser um show em 2010.

A economia brasileira ficou maior, cresceu mais e teve produtividade acima da esperada.

Foi esse o quadro que o IBGE mostrou ao divulgar, ontem, as contas nacionais definitivas de 2007. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em 2007, um ano antes de a crise financeira se instalar, foi de 6,1%, bem superior aos 5,7% calculados anteriormente.

Com a revisão, a taxa de crescimento de 2007, que tinha sido a maior desde 1994, ano do Plano Real, passou a ser a maior desde 1986, ano do Plano Cruzado, quando a economia brasileira crescera 7,5%. A revisão mudou também a expansão do PIB per capita que subiu de 4% para 4,9%: - A economia se mostrou mais produtiva também. A taxa de investimento (quanto do PIB é destinado para aumentar a capacidade produtiva do país) baixou de 17,8% na primeira divulgação para 17,4% agora. Ou seja, com menos investimento, crescemos mais - afirmou Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores.

Para ele, isso mostra que o país conseguiu produzir mais com menos investimento e a mesma mão de obra.

- Mostra que o crescimento sustentável pode ser maior do que imaginávamos. Interfere inclusive na política monetária.

Serviços subiram com real valorizado e mais empregos


A alta forte do setor de serviços em 2007 explicou a revisão feita pelo IBGE. Pelos dados preliminares divulgados no ano passado, os serviços haviam subido 5,4% em 2007. Com a revisão divulgada ontem, passaram a uma alta de 6,1%. Este setor, que já tinha o maior peso na economia, respondendo por 65,8% do PIB em 2006, viu sua parcela subir para 66,6% em 2007.


Segundo Cristiano Martins, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, a valorização cambial ajudou o setor de serviços. Por ser uma atividade que não tem bens comercializados internacionalmente, o setor de serviços não sentiu os efeitos da valorização de 10,5% do real no período. O dólar, que era cotado a R$ 2,18, passou para R$ 1,95.

Os serviços ganham.

Borges atribui esse aumento forte dos serviços à expansão da massa salarial, com aumento do emprego e da renda dos trabalhadores. Esse foi o motivo também para o aumento da participação dos salários na economia.

De 2006 para 2007, a parcela da remuneração dos empregados no PIB passou de 40,9% para 41,3%. Enquanto o excedente operacional bruto, um indicador do lucro das empresas, perdeu espaço, passando de 34,8% para 34,4%.

O IBGE também revisou o tamanho da economia brasileira que engordou em R$ 63 bilhões. Os números preliminares eram de R$ 2,598 trilhões, subindo para R$ 2,661 trilhões com a revisão.

Ipea: 11,7 milhões deixam faixa mais baixa de renda em 3 anos

Entre 2005 e 2008, 11,7 milhões de brasileiros deixaram a faixa de menor renda da população, aqueles que ganham até R$ 188 mensais, e passaram para a faixa intermediária ou mais alta. O dado foi divulgado nesta quinta-feira pelo Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008.

De 2005 para 2008, a faixa intermediária de rendimentos da população, aqueles que ganham acima de R$ 188 até R$ 465, ganhou 7 milhões de pessoas. Para a faixa mais alta, os que ganham acima de R$ 465, foram 11,5 milhões.

Segundo o Ipea, em 2001, a proporção da população em cada faixa estava divida em um terço em cada (cerca de 33%). Em 2008, o percentual de pessoas na faixa de menor renda caiu para 26% e nas faixas superior e intermediária subiram para 36,5% e 37,5%, respectivamente.

Ficha limpa

A meta é ambiciosa: conseguir a renovação de 60% dos deputados e senadores do Congresso Nacional nas eleições de 2010. A menos de um ano da eleição, entidades civis, começaram a trabalhar para barrar o maior número de candidatos com "problemas na vida pregressa" e tentar coibir fraudes e desvios na campanha.


Entidades como o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Transparência Brasil, Contas Abertas, Voto Consciente, entre outras, se organizam para entrar nas eleições de 2010 com uma campanha massiva na internet para elevar a qualidade dos representantes políticos. Os trabalhos vão desde a seleção dos nomes dos candidatos com ficha suja, que já está sendo preparada, aos relatórios de desempenho da atividade legislativa, tabelas de gastos com verba indenizatória, quadro de doadores de campanha, emendas apresentadas ao Orçamento entre outras.


A proposta de criar a ficha limpa como critério de corte para candidaturas de políticos com condenação em primeira instância por crimes graves ou contra a administração pública com processo ainda em trâmite na Justiça foi inicialmente formalizada nas eleições municipais de 2008 pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Na ocasião, o pedido foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo assim, ela foi amplamente divulgada pelas entidades civis e pela imprensa durante a campanha eleitoral passada. Para as eleições de 2010, a ficha limpa pode virar lei


Uma pergunta:


Sobre renovação na política, eu gostaria de fazer uma pergunta para os meus queridos leitores. Sérgio Guerra (PSDB), anunciou que quer, e vai eleger, sua filha Helena para deputada. Isso não é continuidade?

Tucanos defendem senador caixa dois: “O nosso mensalão é diferente”




O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse hoje em entrevistas que não entende porque está sendo acusado já que não há nenhuma prova contra ele. (Há um recibo nos autos do inquérito, no qual Azeredo assumiu ter recebido da SMP&B a quantia de R$ 4,5 milhões, “para saldar compromissos diversos”).O senador, também reclamou do tratamento, (da imprensa), dado a ele no caso do "mensalão tucano", e negou ter conhecimento de caixa dois, lavagem de dinheiro e peculato que foram realizados para desviar dinheiro para sua campanha eleitoral.

Líderes tucanos, declararam que vão evitar que os adversários políticos associem o voto do ministro Joaquim Barbosa, no julgamento do escandalo do mensalão tucano, com o que eles chamam de mensalão do PT. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que há uma tentativa dos petistas de usar o caso para desviar o foco do que chamou de verdadeiro mensalão.

— Não concordo com a decisão do ministro Joaquim Barbosa.Reitero minha confiança na integridade do senador Azeredo. Não conheço ninguém mais honrado do que o senador.Digo e repito isso 20 vezes , afirmou Guerra .

O tucano disse que não se pode dizer que Azeredo fez em Minas o que o PT fez no mensalão: — Basta apurar o que o senador Azeredo faz no seu mandato, e o que o Zé Dirceu faz pelo país. O PT não pode usar isso na campanha, comparar. O caso de Azeredo, é completamente diferente dos petistas, afirmou Sérgio Guerra.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) também falou que não aceita e vai impedir quaquer tentavida dos petistas fazerem comparação: — É uma coisa completamente diferente do mensalão do PT, afirmou

Na denúncia da Procuradoria Geral da República, o esquema do mensalão do PSDB é apontado como embrião do mensalão que envolveu a base governista e foi denunciado por Roberto Jefferson.Conforme a denúncia, Azeredo desviou de aproximadamente R$ 3,5 milhões do cofre público estadual.

O senador, é acusado por crime de peculato, da liberação de R$ 3,5 milhões, pelo Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e pelas estatais Companhia de Saneamento (Copasa) e Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) – dois meses antes da tentativa de reeleição de Azeredo – destinados à promoção esportiva “Enduro da Independência”. Como a quantia era muito elevada, o presidente da Copasa – tendo em vista “a magnitude do patrocínio, sem paralelo na história da empresa” – solicitou ordem por escrito, que foi dada por Eduardo Guedes, chefe da Casa Civil e secretário de Comunicação Social do então governador

Para “justificar” o montante exigido das instituições públicas, foram acrescentados ao plano de promoção – ainda conforme a denúncia dois outros eventos ciclísticos: o “Iron biker” e o Campeonato Mundial de Motocross.

Joaquim Barbosa sublinhou, ainda, que o “Enduro da Independência” era realizado, há cinco anos, pelo governo mineiro, mas sempre sob o patrocínio da Secretaria de Comunicação Social. E que nunca custou mais de R$ 100 mil. Assim, a seu ver, ficou mais do que comprovada a prática de crime de peculato pelo então governador e candidato à reeleição, em conluio com a empresa de publicidade SMP&B, da qual o então vice-governador Clésio Andrade era titular de 40% das ações e Marcos Valério de 10%.

O ministro-relator deu destaque também – para demonstrar os “indícios fortes da natureza criminosa da conduta de Azeredo” – a um recibo constante dos autos do inquérito, no qual o Azeredo assumiu ter recebido da SMP&B a quantia de R$ 4,5 milhões, “para saldar compromissos diversos”. Segundo ministro Joaquim Barbosa, tal recibo desmonta a tese da defesa de que o governador candidato não teria ingerência direta na administração dos recursos de sua campanha.

Peculato

O artigo 312 do Código Penal assim define o crime de peculato: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”.

A pena é de reclusão de dois a 12 anos, além de multa. Esse crime prescreve em 16 anos. Ou seja, no caso em questão, a prescrição só ocorreria em 2014.

FHC oferece uma oportunidade de ouro

por Luiz Carlos Azenha

A blogosfera fervilha de especulações sobre os motivos que levaram FHC a escrever o artigo que, desde que foi publicado, vem sendo escorado pelos editorialistas de O Globo, Folha e Estadão e detonado por internautas. O homem vaidoso se vê, de novo, centro das atenções, a ditar os rumos da oposição por WO, já que José Serra se entrega às dúvidas entre o ser e o não ser.

Na falta de ideias concretas e projetos nacionais alternativos, tragam de volta a fábrica de fumaças. FHC pretende reinventar a política. A História se repete como farsa. Lá atrás, o senador usou seu prestígio intelectual para cimentar uma aliança que inseriu o Brasil no capitalismo globalizado, às custas da transferência de patrimônio público para aliados locais e internacionais.

Agora ele parece ter escolhido o mote de "cortar impostos", "tirar o peso do Estado das costas do cidadão", um reaganismo tardio e trôpego que será saudado pelos editorialistas como a redescoberta das Ciências Sociais. Tenho comigo que, além de atender à vaidade pessoal, a versão turbinada de FHC reentrou o palco como resultado de um cálculo político: "Já que serei arrastado pelas ruas na campanha eleitoral, que ao menos eu tente pautar o debate".

Daí nasceu o "subperonismo lulista". Uma construção intelectual que só faz sentido para quem conheceu Perón. O que nos leva à oportunidade de ouro que FHC ofereceu, de mão beijada, ao presidente Lula e à ministra Dilma Rousseff.

De um lado FHC, as memórias de Perón e Getúlio, os debates distantes e elitistas, sustentados pela velha mídia de papel. E o capitalismo de compadres. De poucos e para poucos.

De outro, o Brasil novo. O Brasil da internet. Da universidade ao alcance de todos. Da casa própria ao alcance de todos. Do mercado interno includente, solidário, que só existe por conta dos programas sociais e dos aumentos do salário mínimo. Da agricultura familiar, do microcrédito, de grandes empresas públicas e grandes empresas privadas.

Não basta pendurar FHC no pescoço de José Serra. É preciso pendurá-lo como símbolo do antigo, do que já foi, do século passado, da conversa mole que não chega a lugar algum, das construções intelectuais distantes do dia-a-dia, da conversa para boi dormir, dos que falam muito e fazem pouco. A vantagem é que, do ponto de vista imagético, FHC e Serra fazem lembrar naftalina, flit, glostora, pentes flamingo, óleo de fígado de bacalhau. Coisas que, ainda que tenham sido boas no passado, merecem ficar lá, no passado.

Caetano Veloso e FHC: separados ao nascer?

"Toda essa gente se engana/ Ou então finge que não vê que eu nasci/ Pra ser o superbacana/
Eu nasci pra ser o superbacana/ Superbacana Superbacana / Superbacana Super-homem/ Superflit, Supervinc
Superist Superbacana."

Toda vez que alguém me conta uma história, tenho mania de sair cantarolando. Algo se move em meu incosnciente, e traz à tona canções às vezes esquecidas há muitos anos.

Foi o que aconteceu, hoje, quando uma amiga me enviou o link, com a entrevista do Caetano Veloso ao "Estadão". A manchete na primeira página é: "Marina Silva não é analfabeta como Lula". Então, vocês imaginam o resto - http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091105/not_imp461314,0.php.

O mais engraçado é a foto interna, na capa do "Caderno 2". Uma amiga matou na hora, sem saber nem do conteúdo da entrevista: "mas, gente, Caetano tá a cara do FHC".


O mesmo olhar profundo, o mesmo gestual compenetrado, o mesmo desprezo por tudo que não é espelho

As semelhanças não só só físicas.

Os dois têm espaço reservado nas páginas do decadente jornal paulista, pra descer o sarrafo no Lula.

Os dois parecem sombras do que já foram.

Caetano leva vantagem sobre FHC. A obra musical do baiano é genial.

O Caetano das letras e músicas antológicas deixa no chinelo o Caetano preconceituoso e tolo das entrevistas.

Já o FHC...Bem, o FHC como ex-presidente é um péssimo sociólogo. E vice-versa.

Ao ver a foto do FHC, vem-me à mente outra canção: "Já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor".

Mas aí falamos de Chico Buarque e Tom Jobim. Outro departamento. Outro nível.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Só é cego quem não quer ver


às 7:37


Os dólares entram e o BC tem que comprar cada vez mais para que a moeda não fique mais supervalorizada do que já está. E o pior é que não adianta. O lucro no Brasil ainda é bom demais.
Os economistas e os jornalistas econômicos brasileiros são muito bem preparados e conhecem muito mais do que eu de ciência econômica. Por isso, quando eles não virem o óbvio, pode ter certeza de que algo há. Ontem, registrei aqui que os sites faziam “terrorismo econômico” com o resultado da entrada de dólares em outubro. Disse que o G1, por exemplo, chegava “a ser “talibã”: “País deixa de receber 3 em cada 4 dólares após novo imposto”.

Ora, uma simples operação aritmética bastava para ver que, com imposto e tudo, a entrada de dólares continuava a ser fortíssima. Imagine o que é um saldo cambial de 300 milhões de dólares por dia!

Mas não se podia perder a oportunidade de semear mais um momento de “o mundo vai acabar” na mídia. No mercado, eles se lixam para este tipo de informação. Aí não é política, é dinheiro.

Já estava claro, ontem, o que era previsto. A medida criada pelo Governo não ia resolver o problema de afluxo excessivo de dólares. O balanço cambial de outubro só tornou isso evidente, embora parte da mídia brasileira não quisesse ver.


Hoje, a Folha de S. Paulo publica que o Governo, por isso, estuda um conjunto de medidas para que investidores estrangeiros não precisem trazer dólares para aplicações no país. Isso abrangeria desde a emissão de títulos da dívida pública em reais no exterior à abertura de contas-garantia fora do brasil para aplicação em bolsa, aqui.

O problema do Governo Lula em matéria de política econômica é que, mesmo já tendo se mostrado charlatães, os santos do altar neoliberal ainda continuam a receber certas reverências. E as boas e velhas políticas de proteção da moeda nacional, como a taxação na saída do capital, ficam como “tabus”, que não podem ser adotadas, “porque os investidores vão fugir”.

Vão, nada. Enquanto estiverem lucrando muito aqui - e é por isso que entram - os capitais entram, porque sabem que podem sair no minuto em que aqui já não estiver dando tanto lucro e aparecer um lugar melhor aplicações que não os imobilizam. Colocar 10 milhões de dólares na bolsa é uma decisão mais fácil que aplicar um milhão em uma fábrica.

A “cegueira” de boa parte da nossa mídia vem de um fato.As nossas elites, que vivem lambendo os respingos da roda da fortuna que virou o mercado financeiro, é que cultuam aqueles santos do pau-ôco, que como os do século 17, servem para drenar as riquezas nacionais. O capital estrangeiro é, para elas, o “sinhô”, e o “sinhô” não tem que pedir licença para entrar, fazer o que quiser e sair da senzala. Por isso, ridicularizavam quando Brizola falava em “perdas internacionais” de nossa economia.

Bom, criaram um tímido pedido de “me dá licença?” para o capital entrar. Não resolveu e não resolverá. Conta, se paga é na saída.

Comentários (1)

Frase do dia

“se um tucano estiver apertado para fazer xixi, entrar no banheiro e encontrar dois vasos, faz nas calças, não vai conseguir decidir-se a tempo”.

De Quércia, ex-corrupto para Serra, sobre tucanos, logo após sua vitória em 1986.

Caixa dois de tucano é chique: "Coleta irregular de verbas"





As verbas estavam andando, dando sopa, quando o Azeredo passou, viu e fez a coleta.

Foi irregular, já que ele fez a coleta depois do horário. Irregular como é irregular atrasar para um compromisso, por exemplo. Não foi crime, nem contravenção. Essas coisas acontecem.

Quando chegar a vez do Zé Dirceu, vão trazer de volta a "quadrilha", a "corrupção" e o "PT" às manchetes.

Eduardo Azeredo, senador do PSDB de Minas Gerais, ex-presidente do partido, que testemunhou a gênese do esquema? Bem, aí a denúncia é "confusa" e o esquema "teria funcionado".

Lembram-se?

A meta agora é vender o Brasil e passar a escritura

PSDB É BRIGA DE FOICE NO ESCURO – E TAPAS

por Laerte Braga

A quase totalidade dos fundadores do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) – os tucanos – saiu do PMDB em 1988. Dois anos antes do fim do mandato do último ditador, o general Figueiredo (terminou em 1984), foram realizadas as primeiras eleições diretas para governos estaduais desde 1965.

Franco Montoro, Leonel Brizola e Tancredo Neves foram eleitos governadores dos três maiores estados da Federação de mentirinha. São Paulo, Rio e Minas Gerais. O vice-governador de Montoro era Orestes Quércia.

Em 1986 o grupo do governador Franco Montoro (um homem decente), ao qual pertenciam José Serra (seu secretário de governo) e Fernando Henrique Cardoso (senador e derrotado por Jânio Quadros nas eleições municipais de 1985), tentou de todas as formas evitar a candidatura de Quércia ao governo do estado. Covas, Mário Covas, que já havia sido prefeito nomeado de São Paulo, era o preferido do grupo.

Quércia venceu-os na convenção do PMDB e FHC foi indicado candidato ao Senado. Não era propriamente uma candidatura à reeleição já que em 1978 perdeu para Montoro. Virou suplente já que a legislação à época assim o determinava em decorrência do expediente casuístico da sublegenda.

As eleições para o governo do estado de São Paulo em 1986 foram disputadas por Orestes Quércia (PMDB), Antônio Ermírio de Moraes (PTB) e Paulo Maluf (PDS). FHC, mesmo candidato a senador pelo PMDB, apoiou a candidatura de Ermírio de Moraes, até...

...Até que as pesquisas divulgadas três dias antes das eleições apontavam a vitória de Orestes Quércia. Quem tiver boa memória vai se lembrar que Ermírio e Maluf quase se atracaram num debate transmitido por uma rede de tevê e isso acabou beneficiando Quércia, já que, naquele momento, não existia a figura do segundo turno.

À véspera da eleição o candidato do PMDB Orestes Quércia fazia panfletagem numa montadora no ABCD paulista em companhia do então deputado Fernando Moraes (hoje autor consagrado de várias biografias). Num dado momento Fernando Moraes notou que o “fusca” de FHC estava chegando e o candidato ao Senado, sem nenhum constrangimento, típico dos amorais, achegou-se e juntou-se ao candidato favorito.

Ao perceber a chegada de FHC, Fernando Moraes virou-se para Quércia e disse-lhe o seguinte – “agora não tenho dúvidas que você venceu, olha quem chegou” –. Definição perfeita para o caráter oportunista do então senador e candidato.

O fato foi publicado na coluna PAINEL do jornal FOLHA DE SÃO PAULO.

José Serra naquele ano foi eleito deputado federal.

Em 1988, depois de tentar de todas as formas o comando do PMDB paulista e se insurgindo contra Ulisses Guimarães, o grupo de FHC e Serra saiu do partido e resolveu fundar o PSDB. Uma das explicações dadas de público é que o partido havia sido dominado em São Paulo por “corruptos”, no caso o governador Quércia e estava se desviando de seu caminho de partido popular, à esquerda. O PSDB, segundo seus fundadores, resgatava o extinto MDB, na linha de frente da luta por um Congresso Nacional Constituinte que não cedesse às pressões de grupos conservadores (PFL e outros) e o PMDB que, nos dois principais estados da Federação de mentirinha, São Paulo e Minas, estava em mãos de políticos “corruptos”, no caso Quércia e Newton Cardoso.

Mário Covas foi o relator da principal comissão do Congresso Nacional Constituinte, ainda no PMDB e FHC, também no PMDB, foi o autor da emenda que dispunha sobre tributação de heranças (quando foi presidente mandou esquecer desse negócio).

Em 1989 Covas foi indicado candidato do partido, já o PSDB, à presidência da República. No segundo turno, disputado entre Lula e Collor, foi dos primeiros a se postar ao lado de Lula, assim como Leonel Brizola e Ulisses Guimarães.

Covas veio a ser eleito governador de São Paulo em 1994, depois de derrotado em 1990 por Luís Antônio Fleury, candidato de Quércia. Havia sido eleito senador em São Paulo em 1986 e arrastara FHC na segunda vaga, estavam no PMDB. Naquela eleição Covas assombrou os especialistas com a votação que teve, mais de sete milhões de votos.

Em 1992, quando Collor começou a enfrentar dificuldades em seu governo e era visível que o desfecho não lhe seria favorável, o presidente convidou FHC para exercer funções semelhantes às de um primeiro ministro e de pronto o senador aceitou. Sem consultar partido, sem ouvir ninguém, aceitou. A ordem viera de Washington, da Fundação Ford, o projeto de Collor viria a ser aplicado por FHC com o mesmo nível de corrupção a partir de 1994. Não virou ministro por conta da oposição de Covas e nasceu aí mal disfarçada rivalidade entre os dois dentro do PSDB.

Serra sempre ao lado de FHC, sempre trabalhando seu projeto pessoal.

Pouco antes de virar ministro das Relações Exteriores o então senador FHC disse a alguns jornalistas que seria candidato a deputado federal, temia não ser reeleito para o senado nas eleições de 1994. Ministro das Relações Exteriores do governo Itamar Franco, em seguida ministro da Fazenda, construiu sua candidatura presidencial nos bastidores, iludindo e mentindo (o que sempre fez), à custa de intrigas, beneficiou-se do Plano Real e dos altos índices de aprovação do governo Itamar.

Eleito, entre outros, derrotou o candidato do PMDB, exatamente Orestes Quércia. José Serra foi nomeado Ministro do Planejamento. Em pouco mais de três meses bateu de frente (tem um temperamento do cão, além de ser traiçoeiro e mau caráter) com Pedro Malan, ministro da Fazenda. FHC chamou Serra e o ministro pediu demissão. Foi franca a confissão de FHC – “não posso demitir Malan” –.

Por que? Malan não era e nem é tucano. Malan não era amigo de FHC. Por que? Malan não fora indicado por FHC, mas pelos condutores externos e internos do processo neoliberal que resultou no desastre absoluto do governo tucano, nas privatizações e FHC era e é empregado desses condutores, digamos assim.

Serra voltou e no Ministério da Saúde quando se aproximavam as eleições de 2002 e os tucanos precisavam de um candidato. Aí, a essa altura do campeonato, já absorvido e na folha de pagamento dos mesmos grupos que pagaram e pagam a FHC.

Foi Serra quem armou a operação contra Roseana Sarney em cima de um esquema para beneficiar a si e favorecer a GLOBO. No exato momento que Roseana subiu nas pesquisas e ameaçou a candidatura do tucano, a Polícia Federal sob controle tucano trepou nas tamancas e armou todo aquele fuzuê contra Roseana. O jornalista Luís Antônio Magalhães, de credibilidade acima de qualquer suspeita, revela hoje que foi Serra quem mandou que Regina Duarte fizesse a declaração “tenho medo da eleição de Lula”.

O que acontece dentro do PSDB hoje é uma espécie de briga de foice no escuro entre José Serra e Aécio Neves pela indicação presidencial para as eleições de 2010. Tanto um como outro obedecem aos mesmos patrões. A disputa é só de poder. Se Aécio é um tresloucado controlado pela irmã, pelo vice-governador Anastasia, Serra é um ditadorzinho sem caráter algum, sem nenhum escrúpulo, cheio de ódio, que não admite qualquer tipo de contestação, paranóico e obcecado com o poder.

E ambos estão liquidando com seus estados, São Paulo e Minas. Os próximos governadores desses dois estados pagarão as contas dos absurdos cometidos com dinheiro público.

Quer dizer, o povo pagará a conta.

A notícia divulgada pelo jornalista Juca Kfhoury sobre o tapa dado pelo governador de Minas na namorada numa festa no Rio foi passada a jornalistas do País inteiro, a partir de jornalistas aliados de Serra. Joyce Pascowitch (tem ligações e caso com o governador de São Paulo). Se Aécio deu ou não deu o tapa é outra história. Serra e Aécio são dois perigos para o País. Dois políticos corruptos, sem escrúpulos. E Aécio vai carregar uma carga da qual nunca se livrará. Tancredo Neves, seu avô, tinha aversão a FHC e a Serra, considerando-os exatamente como são. Canalhas aproveitadores, oportunistas e doentios, no caso de Serra.

Orestes Quércia, hoje, é o principal aliado de Serra dentro do PMDB, principalmente o paulista, já que Michel Temer, presidente da Câmara, deve ser o vice na chapa de Dilma Roussef.

Como serão duas as vagas em disputa para o Senado (renovação de dois terços) em 2010, uma delas é de Quércia, isso no acordo com Serra, resta saber se o povo vai embarcar na canoa furada.

De Quércia, ex-corrupto para Serra, sobre tucanos, logo após sua vitória em 1986 –“se um tucano estiver apertado para fazer xixi, entrar no banheiro e encontrar dois vasos, faz nas calças, não vai conseguir decidir-se a tempo” –.

Um e outro se merecem. Os corruptos se encontram muito antes do infinito. Não são paralelos, são congruentes.

Vem mais chumbo grosso contra Aécio e ele que se cuide. É que o mineiro resolveu entrar na briga pela indicação partidária. Uma coisa é certa. Aécio saber também dar o troco. Já avisou a Serra que se o indicado for ele, apóia outro candidato, Serra nunca.

Tucano tem esse negócio de raivinha, de ódio, de descabelar quando em jogo está o poder e o que o poder representa.

Não existe um que preste. Não é partido político, é quadrilha.

A meta agora é acabar de vender o Brasil e passar a escritura.

nota do AGUINALDO:
Textos como esse compensam ficarmos na blogosfera, uma síntese da história recente do Brasil, com dados que havíamos nos esquecido ou não sabíamos.
Parabéns ao autor.

A plataforma do candidato





O RECENTE ARTIGO do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece ter como único objetivo sua candidatura à Presidência da República. Observadores atentos da situação política suspeitam que, por detrás da indecisão do PSDB em escolher entre o governador de São Paulo e o governador de Minas, haja manobra do próprio Fernando Henrique, talvez com a aquiescência de Serra. Ambos atuariam como servidores dos poderosos interesses de São Paulo. Diante do impasse entre Aécio e Serra, e do provável crescimento da candidatura de Ciro e - quem sabe? - da própria Dilma, a saída seria a ida de alguns próceres do PSDB e de outras agremiações ao escritório político do ex-presidente, instalado com doações de empresários, no final de seu governo. Ali, apelariam para o patriotismo paulista de sua excelência, a fim de recuperar o poder.

O presidente Lula tem sido beneficiado pelas circunstâncias, o que não é mau. Mas é inegável que ele é sincero na luta pela redenção de milhões de famílias pobres às quais, durante a história do país, foram negados o conhecimento, a dignidade e os salários justos. Ele conseguiu isso sem provocar a reação dos empresários inteligentes, que descobriram um mercado de consumo que não conheciam: o do próprio país. O reconhecimento popular pode ter inflado as velas do barco de Lula, que se sente estimulado a, tal como Pico de la Mirandola, discorrer sobre todos os assuntos e mais alguns. Mas, nisso, ele tem ótimo modelo no próprio weberiano Fernando Henrique. Trata-se de pecado menor, e, no caso de Lula, justificável em sua inigualável biografia de vitorioso. Ele, pelo menos, não se considera "mais inteligente do que vaidoso".

O artigo de FHC é uma plataforma de candidato, com argumentos anacrônicos. Ele e outros identificam o "discurso ultrapassado dos anos 50" nos nacionalistas de hoje. Mas repete os de Lacerda contra Jango, no caso da falsa Carta Brandi, em que se denunciava (também) o propósito de instalar-se, no Brasil, uma república sindicalista sob molde peronista.

Há quem veja em seu artigo apenas a expressão de preconceito de intelectual contra o torneiro mecânico que está dando certo - mas isso seria reduzir a inteligência do acadêmico. É melhor deduzir que seu objetivo é mesmo o de se pôr como tertius na disputa.

Ele já tentara a mesma manobra, na segunda eleição de Lula, quando dificultou a candidatura de José Serra, em favor de Geraldo Alckmin. Sabe que Serra poderá, sem dificuldades maiores, reeleger-se para o Palácio dos Bandeirantes. Entende que, sem a unidade do partido em torno de Serra ou de Aécio, faltarão votos para vencer o pleito. E - aí está o pulo do gato - sabe também que, para alguns empresários paulistas, nada melhor do que ter representantes tanto no Morumbi quanto no Planalto.

O ex-presidente duvida da memória de seus leitores, que não se esquecem do que foram as privatizações e o uso dos fundos de pensões, na operação que tornou o senhor Daniel Dantas um dos homens mais poderosos do Brasil. Quanto à Vale do Rio Doce, a nação compreenderia o seu silêncio, se ele evitasse tocar no assunto. Nunca, desde el-rei dom Manuel, houve doação de bem público de tal monta a um grupo de favoritos. Os interesses de São Paulo - também representados no governo Lula - conduzem a União, há quase 16 anos em violação ao pacto republicano da igualdade entre os estados, e continuarão por mais oito anos, se a manobra der certo. Dentro de 11 dias, a República fará 120 anos. Já é tempo para que se torne, tal como a quiseram então, uma Federação de direito e de fato.

Aécio recusa, como é da conveniência dos mineiros, a Vice-Presidência.

Ele interpreta bem o sentimento de Minas que, desde o regime militar, vem dando credibilidade ao Planalto com seus vice-presidentes, e já se cansou disso. Castelo Branco buscou José Maria de Alkmin para endossar a ditadura inaugural; Costa e Silva recrutou Pedro Aleixo (menosprezado no episódio do AI-5); Aureliano serviu de avalista a Figueiredo; Collor foi atrás de Itamar e, por último, Lula teve que se valer de José Alencar para tranquilizar os meios empresariais.

O ex-presidente previa o caos, se Lula fosse eleito. A vitória do trabalhador provavelmente tenha salvado o país do caos. Se os programas do governo não houvessem aliviado a situação dos famintos e humilhados, teria sido impossível conter a explosão do desespero.

Por: Mauro Santayana- maurosantayana@jb.com.br

Mensalão tucano. Aécio ficou fora





Ministério Público acusa o senador Eduardo Azeredo deter patrocinado esquema de coleta de verbas eleitorais --esquema ficou conhecido como mensalão mineiro.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reafirmou nesta quarta-feira ao STF (Supremo Tribunal Federal) que "existe certeza do crime e imputações veementes da autoria" sobre a suposta arrecadação ilegal de recursos para a campanha de reeleição ao governo de Minas Gerais do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998. O esquema ficou conhecido como mensalão mineiro.

O STF analisa nesta quarta-feira denúncia do Ministério Público Federal proposta pelo ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, que acusa Azeredo de ter cometido por sete vezes o crime de peculato e por seis vezes lavagem de dinheiro.

Gurgel disse que os indícios são claros de que foram desviados R$ 3,5 milhões por meio de contratos de publicidade firmados com a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais) pela SMPB, agência de Marcos Valério (apontado como o operador dos dois mensalões), para financiar a campanha de Azeredo.

Segundo o procurador-geral, tanto a cúpula do governo de Minas --incluindo Azeredo-- e o comando da campanha de reeleição tinham conhecimento de um esquema de desvio de recursos públicos por empréstimos fictícios e patrocínios superfaturados.

"Todos os denunciados tinham consciência que a captação de recursos teriam como formado o quadro delituoso descrito que não teria tido sucesso sem a cúpula do governo de Minas Gerais e da campanha de reeleição de Azeredo. Foram empréstimos fictícios em favor da campanha cujo o implemento partiu de recursos públicos e de empresas privadas com interesses no Estados", afirmou.

Gurgel disse que ficou claro o envolvimento do comando da campanha do tucano com o publicitário Marcos Valério. "O senador e o comando da campanha mantinha intenso relacionamento com o núcleo que operou o esquema. Houve uma série de telefonemas a Marcos Valério. Foram 72 ligações, sendo 57 telefonemas do próprio Marcos Valério", disse.

Para o procurador, chamou atenção o fato de que a Copasa jamais tinha patrocinado eventos esportivos. "A Copasa jamais patrocinou esse tipo de evento e nem depois de 1998 voltou a repetir. As contas da companhia mostram ainda que seus patrocínios não passavam de R$ 400 mil", afirmou.

O relator do caso no Supremo, ministro Joaquim Barbosa, deve propor a abertura da ação penal contra o senador e ex-governador, como fez no caso do mensalão.

O senador será investigado pelo STF, cabendo à Justiça Federal em Minas analisar o processo que envolve Valério e os outros investigados.

O Supremo analisa se a denúncia apresenta indícios de autoria e materialidade dos crimes apontados pelo procurador. Presentes os indícios, a denúncia é recebida e a Corte abre ação penal contra o investigado, que se torna réu.

Se os ministros considerarem ausentes esses indícios, a denúncia é rejeitada e o inquérito é arquivado.Em sua defesa prévia, Azeredo nega o envolvimento no esquema e afirma que o Ministério Público não descreveu qualquer "fato criminoso" praticado por ele. Da Folha amiga dos tucanos

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Brasil é o melhor entre os Bric, diz gestor americano

O Brasil é o melhor lugar para investir entre os maiores mercados emergentes por conta do crescimento da demanda por commodities. Já os Estados Unidos deveriam ser evitados por causa da perspectiva de uma recuperação em forma de W, com uma nova fase de recessão, disse John Mauldin, presidente da Millennium Wave Advisors.

A demanda interna da economia brasileira - a maior da América Latina - e o crescimento econômico mais acelerado dos mercados emergentes, principalmente dos países que compõem o grupo conhecido como Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China), vão puxar os preços das commodities, disse Mauldin em entrevista em São Paulo. A Millennium Wave, sediada no Estado americano do Texas, presta consultoria a fundos hedge.

"Dos Bric, o Brasil é o caso mais interessante hoje em dia", disse ele. "Os Estados Unidos vão ter uma segunda recessão devido aos enormes aumentos dos impostos", afirmou o executivo. "Quando os Estados Unidos caírem devido à recessão, será que os demais mercados vão cair? Provavelmente. É por isso que as pessoas têm de realizar operações de proteção (hedge) para suas apostas."

Os investidores deveriam começar a se retirar das ações e investir em áreas que se beneficiarão da continuidade da demanda por matérias-primas, entre as quais produtos agrícolas, antes que os Estados Unidos resvalem para uma segunda recessão até 2011, disse Mauldin, cujo boletim semanal é distribuído para cerca de 1,5 milhão de assinantes.

As commodities desbancaram as ações como o investimento que vai oferecer a melhor oportunidade de lucros durante o ano que vem. É o que revela uma pesquisa mundial realizada pela "Bloomberg" entre os usuários de seus terminais. O Índice Reuters/Jefferies CRB, que leva em conta 19 matérias-primas, subiu 20% neste ano, com a recuperação da economia mundial.

O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, café e suco de laranja, o segundo maior de soja e o terceiro maior de milho. O país também é sede da Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro. Negócios em câmbio e imóveis no Brasil, principalmente de terras agrícolas, são investimentos mais atraentes do que as ações neste momento, depois da alta de 79% registrada neste ano pelo Índice Bovespa, disse Mauldin.

"Se eu fosse um investidor rico e de longo prazo, compraria terras agrícolas no Brasil", disse ele. "Acaba-se tendo uma ferrovia que passe por ali, e uma fazenda barata vai ficar cara porque a pessoa conseguirá fazer chegar sua soja ou qualquer que seja o produto ao mercado", disse o executivo. "A demanda por produtos agrícolas não diminuirá no futuro", afirmou.

Ao lado dos recursos naturais, das vantagens de produzir commodities agrícolas, como soja, da grande força de trabalho e da presença de uma população "dinâmica" com uma grande classe empreendedora, o Brasil terá nos próximos anos um crescimento econômico que os países desenvolvidos "adorariam ter", avaliou Mauldin.

O Brasil deverá ter uma expansão de 4,8% em 2010, depois de crescer 0,18% neste ano, segundo a última pesquisa semanal do Banco Central com cerca de 100 economistas. O real registrou valorização de 34% neste ano no câmbio com o dólar, a maior alta dentre as 16 moedas mais negociadas do mundo.

frase do dia.

" Quem se curva aos opressores, mostra a bunda aos oprimidos".

Millôr Fernandes.

Perda salarial no Brasil na crise está entre as menores do G-20




O Brasil está entre os países do G20 que registraram menor perda salarial durante a crise financeira, segundo relatório divulgado nesta terça-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Os dados indicam que os salários médios mensais no Brasil registraram crescimento de 2,8% em 2008, acima de países como Canadá (2%), Austrália (1,1%) e Grã-Bretanha (0,5%).

As maiores perdas foram registradas em países como México (-3,5 %), Japão (-0,9%), África do Sul (-0,3%) e Alemanha (-0,6%).

'Memorável'

Embora o estudo não revele estatísticas de dois dos principais emergentes membros do G20, Índia e China, o autor do estudo, Patrick Belser, disse à BBC que o Brasil está, "certamente, entre os três países do grupo em que os salários mais cresceram".

Segundo o economista, as políticas de recuperação da economia implementadas pelo governo brasileiro tiveram impacto positivo no emprego e salários do país.

A OIT considera que o governo brasileiro tomou medidas "decisivas não somente para prevenir a crise, mas também para reforçar a proteção social".

Entre elas, o relatório cita o aumento do salário mínimo e as iniciativas para garantir a continuidade de investimentos em infraestrutura, "que tiveram um impacto favorável na demanda por mão-de-obra", na opinião de Patrick Belser. Apesar disso, o economista é cauteloso.

"O Brasil conseguiu atravessar o período de crise de maneira memorável, mas já observamos, no primeiro trimestre deste ano, uma queda pronunciada na evolução dos salários e uma estabilização no segundo trimestre. O segundo semestre de 2009 será crucial para determinar se os salários vão seguir tendência de queda ou se irão manter o crescimento", disse.

Futuro

Os dados publicados são uma atualização do Relatório Mundial sobre os Salários, publicado em 2008 e editado a cada dois anos pela OIT.

As novas estatísticas indicam que, apesar dos primeiros sinais de recuperação da economia mundial, a situação dos salários no mundo continua a se deteriorar.

Segundo a OIT, o aumento dos salários médios no mundo caiu, passando de 4,3% em 2007 para 1,4% em 2008. Os dados indicam que mais de 25% dos 53 países analisados registraram queda ou estagnação salarial. BBC Brasil

Ressureição no Dia de Finados?

DR. ROSINHA*

FHC parece sonhar com uma passeata como a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, que precedeu o golpe de 1964. Não faltaria apoio de setores conservadores

Na minha infância, o Dia de Finados não era só feriado. Era um dia de respeito, orações, recordações e memória. Para alguns, de mau agouro. Íamos ao cemitério visitar o túmulo dos parentes e alguns amigos.

Ainda hoje há muitas pessoas que respeitam este dia e têm nele uma data de pesar, dor, recordações e orações. Outros aproveitam o feriado e vão para a festa ou para a praia.

Mas, na véspera de Finados, quando é celebrado o Dia de Todos os Santos, o ex-presidente FHC fez uma tentativa de ressurreição. Errou até a data: ressurreição é na Páscoa.

Tentou sua própria ressurreição com o artigo "Para onde vamos?", publicado por diversos jornais do país em 1º de novembro.

Num dos jornais que publicou o texto, uma sofisticação: o desenho de uma placa de trânsito, de cor vermelha, e ao centro a palavra "STOP", assim mesmo, em caixa alta e em inglês. E a letra "O", substituída pela mão do presidente Lula, justamente aquela em que falta um dedo —amputado após um acidente de trabalho.

A ilustração demonstra o preconceito e a afinidade dos tucanos com os Estados Unidos. Forço a barra? Talvez. Mas que FHC governou em circunflexão perante aos EUA, ninguém tem dúvida.

Vale lembrar que, em março de 2002, Celso Lafer, então ministro das Relações Exteriores de FHC, foi obrigado a tirar os sapatos, não uma, mas três vezes ao entrar e sair dos EUA.

Isto me lembra uma frase do Millôr Fernandes: "Quem se curva aos opressores mostra a bunda aos oprimidos". Os oprimidos brasileiros, cansados de ver o que não queriam de FHC, mudaram de governo.

Ao ler a primeira frase do artigo ("A enxurrada de decisões governamentais esdrúxulas, frases presidenciais aparentemente sem sentido e muita propaganda..."), pensei: antes tarde do que nunca, FHC ressuscita para fazer uma autocrítica de seu período de governo.

Adiante, vi que não se tratava de uma autocrítica, mas uma crítica ao presidente Lula. Quanto mais lia, mais entendia: dor de cotovelo e sonho. FHC parece sonhar com a possibilidade de organizar uma passeata aos moldes da Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, que precedeu o golpe de 1964. Apoio não faltaria por parte de setores conservadores da imprensa, dos Democratas [sic] e do PPS.

Pensei em dar uma resposta, comentar ideia por ideia e comparar um governo e outro. Porém, seria chato e enfadonho, tal como é o artigo de FHC.

O ex-presidente clama por ideais democráticos, quando ele corrompeu o Congresso, talvez por menos de 30 moedas, para obter sua reeleição, enquanto Lula negou mais um período, apesar de haver apoio para um terceiro mandato.

E o que dizer da corrupção deslavada na chicana das privatizações? Nunca num governo os amigos tiveram tanto como no governo FHC. Daniel Dantas que o diga.

Em seus oito anos de governo, FHC não conseguiu construir nenhuma obra. Nem manter as que tinham. Privatizou estradas, e as não privatizadas eram intransitáveis, só buracos. O salário dos servidores públicos foi achatado. As empresas estatais, vendidas. E o Estado nada investiu. Ao criticar as obras do PAC, tenho a impressão de que FHC reage como criança invejosa.

Na véspera de Finados, FHC tentou sair de seu sepulcro político e fez bobagem. Resolveu dar pau no melhor e mais popular presidente que o Brasil já teve. O melhor seria ter se mantido em seu silêncio sepulcral, pois tal comportamento não ajuda seu partido.

Quando criança, no Dia de Finados, eu só ia ao cemitério porque não tinha com quem ficar em casa. Tinha medo e achava que seria mau agouro. Agora, adulto, entendo: mau agouro é ter tucano para nos atucanar, ou melhor, a nos atocaiar.

Para onde vamos? Não tenho dúvidas: sem tucanos, para tempos melhores.

Um jaboti na árvore dos royalties do pré-sal?



Henrique Alves e Sérgio Cabral, amigos e correligionários, não falaram sobre royalties? E se falaram, o que aconteceu?
Um dos mais conhecidos ditados políticos é o que que, se houver um jaboti no alto de uma árvore, pode ter certeza de que alguém o colocou lá. É o que está parecendo esta história dos royalties dos estados que confrontam com os futuros campos produtores do pré-sal - porque aos já conhecidos, licitados e concedidos não há nova regra a aplicar - e que, com boa-vontade, só vão começar a produzir em algo como 10 anos.

Portanto, governante algum dos que está hoje no poder - federal, estadual e municipal - vai poder governar com estes recursos. Só isso já deveria fazer com que o debate fosse menos passional, mais racional e equilibrado.

Depois, qualquer criança de primeiro grau sabe que, mesmo somados e sem um voto contrário, Rio, Espírito Santo e São Paulo (que está quieto) têm um total de 126 deputados, o que não chega a 25% dos 513 que compõem a Câmara. Portanto, não podem impor uma divisão que desagrade a todos os demais estados. Nem entrar em obstrução a isso dará certo, pois a maioria basta para dar quorum.

O Governo tinha se abstido de mudar as regras no projeto que enviou ao Congresso. O relator, Henrique Alves, mudou. Só que o relator é do mesmo partido do Governador Sérgio Cabral e Paulo Hartung(ES). E todos da mesma corrente, pró-governo, em seu partido. O Correio Braziliense publicou, dia 22 de outubro, uma matéria onde diz que Henrique Eduardo Alves elaborou uma proposta com a ajuda de Joaquim Levy, secretário de Fazenda de Cabral. Cabral e Alves tiveram reuniões antes da apresentação do relatório. O que aconteceu?

Quem sabe as coisas que acontecem na política brasileira pode achar que alguém está colocando um bode na sala para negociar a retirada do bode.

Já disse aqui o que considero justo. Os royalties podem ficar como estão originalmente ou no parecer do relator. As perdas são ínfimas e absolutamente suportáveis. Quanto às participações especiais que, no argumento do relator, estão embutidas na própria partilha, não vejo qual o problema de que se estabeleça, dentro deste percentual e a partir de próximo à data em que se prevê a redução da capacidade de extração da Bacia de Campos, passe a haver a transferência de uma parcela compensatória aos estados e municipios confrontantes ao pré-sal.

Isso pode ser aceito por todos. mas quando se coloca uma posição que não satisfaz a maioria e é totalmente inaceitável para uma minoria, algo há nisso. Ressalvo a posição de Miro Teixeira que, por tudo o que tenho lido, se apóia numa convicção de que há um direito legal à continuidade das atuais regras de partilha. mas não é isso que tenho ouvido nas outras argumentações. Discutir se vão ser 18%, 22,5% ou 33% é puramente político.

Nem eu, como deputado, e acho que nem o povo do Rio de Janeiro quer entrar em jogos obscuros. Receber uma parte justa da renda do petróleo é direito do Rio. Querer que os demais brasileiros não se beneficiem dele não é, com certeza, algo que combine com nosso sentimento de Nação.

Brizola neto

Sarney, o acima da lei



Nem o Supremo Tribunal Federal pode nada contra o poder de Sarney
O presidente do Senado, José Sarney, aceitou o recurso apresentado hoje pelo senador Expedito Júnior , cassado por compra de votos e abuso de poder. Com isso, protela o cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal), que determinava a imediata cassação do mandato de Expedito e a posse de Acir Gurgacz, do PDT

A cassação de Expedito foi determinada pelo TSE ( em junho. Mas não foi cumprida até agora pelo Senado.No recurso, Expedito pedia o direito de apresentar defesa na Comissão de Constituição e Justiça e no plenário antes da Casa cumprir a determinação do STF. Na prática, a CCJ assume o papel de revisora da decisão judicial.

No julgamento do mandato de segurança interposto por Gurgacz, o ministro Celso de Mello (STF) dissera ser “inaceitável” que a Mesa Diretora do Congresso não tenha cumprido a decisão.Vai ter de aceitar, Ministro. A menos que o Ministério Público reaja, criou-se uma nova instância no país. É o STS - Supremo Tribunal do Sarney. Enfim aparece um concorrente à altura de Gilmar Mendes.

Casa onde falta o pão,todos brigam e ninguém tem razão



Parte do PSDB está "pedindo a cabeça", segundo a Folha. de Luiz González
Você e eu temos visto, a toda hora, pesquisas que dão José Serra lá na frente e a Dilma capengando na faixa dos 15%, menos da metade do que tem o governador paulista. Aí eu fico pensando: por que é tem tanta briga Serra x Aécio, Demos x Serra, “não me bota na chapa”, “não quero você no meu programa de TV”, etc…

Eu não tenho nada com as disputas internas da oposição, embora me pareça esquisito que candidato tão favorito não esteja com todo mundo a lhe agradar e adular. Mas não posso deixar de comentar, porque saiu hoje na Folha Online, a gritaria entre os tucanos contra o marqueteiro de Serra, o senhor Luiz González.

Fui ler a entrevista que ele deu ao Valor. Meu Deus! O sujeito é um poço de arrogância, grosseria e empáfia. Refere-se ao eleitor de Serra como esclarecido e dos que não votam nele de desinformado e dependente do Governo. Refere-se a Dilma como apenas como “aquela mulher”. Desqulaifica Ciro Gomes e trata Marina Silva quase como uma “coitadinha”: “vai murchar”.

Os tucanos de fora de São Paulo o detestam, os paulistas acham ele o máximo, pois elegeu Gilberto Kassab .

Ele, na entrevista, dá umas pistas do que pode acontecer, com suas qualidade de adivinho.

Sobre Dilma: “até o início da campanha ela vai sofrer com matérias que ela não emplaca. Alguém do PT em off criticando, dizendo que o gênio dela é ruim, que ela briga com todo mundo. Só bastidores. Ela vai sofrer com isso.”

Sobre Ciro: “ele é verborrágico e alguém vai provocá-lo. Pode ser o Serra ou até mesmo a Dilma, porque pode se travar uma disputa entre ela e o Ciro pelo segundo lugar. Para nós é o melhor cenário. Isso se o Ciro não tiver cometido nenhum deslize verborrágico, o que eu não acredito”.

MST denuncia à OIT perseguição política

do site do MST

O integrante da coordenação nacional do MST João Paulo Rodrigues entregou ao diretor-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Juan Somavia, e à representante permanente do Brasil junto à ONU (Organização das Nações Unidas), embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, uma denúncia sobre o processo de repressão e criminalização da luta dos trabalhadores rurais pela Reforma Agrária no país, em audiência em Genebra, nessa segunda-feira (2/11).

Em outubro, foi instalada por iniciativa de parlamentares da bancada ruralista uma CPI contra o MST, como forma de represália ao anúncio do governo federal da atualização dos índices de produtividade. Essa é a terceira CPI contra o MST instalada nos últimos quatro anos. “Estamos sofrendo uma perseguição política, que pretende atingir a Reforma Agrária, a organização do povo na luta por direitos e a democracia no Brasil”, afirmou João Paulo.

O documento apresentado pelo MST afirma que “se organiza esse grande quebra-cabeças que é a repressão aos movimentos sociais, em particular ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil, voltado para a manutenção do desrespeito à Constituição Federal, ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais e à manutenção da injustiça nas relações agrárias”.

A denúncia foi apresentada em parceria com os dirigentes das centrais sindicais brasileiras, CUT, CTB, Força Sindical, UGT, NCST e CGTB, que entregaram uma denúncia contra procedimentos do Ministério Público do Trabalho.

Com essa iniciativa, o MST começa uma campanha internacional contra a criminalização dos movimentos sociais por setores do Poder Judiciário, do Congresso Nacional e da mídia burguesa.

Abaixo, leia a denúncia apresentada à OIT e à ONU.

A ATUALIDADE DA VIOLÊNCIA CONTRA OS TRABALHADORES SEM TERRA NO BRASIL

Derrotada a ditadura militar brasileira, o campesinato fez sua reentrada em cena, demandando acesso à terra. O país marcado pela grande extensão e pela concentração da propriedade viu-se questionado pelo volume das ações camponesas e pela radicalidade das demandas, assim como pelo reaparecimento de velhos novos atores – indígenas e afrodescendentes – e pela consciência da necessidade de um ajuste de contas com o passado e o futuro das relações de propriedade da terra que enfrentasse a questão da abundância de terras produtivas inexploradas, multidões de trabalhadores rurais sem acesso a elas e minorias ínfimas de proprietários latifundistas para quem a terra mal chega a ser fator econômico, reduzida quase sempre a fator de poder.

A busca da terra prometida por Deus e pelos homens[1]gerou uma nova forma de articulação camponesa, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST, e de recuperação das áreas que não cumpriam a função social[2], as ocupações massivas[3].

O surgimento do MST e das ocupações coletivas redundou em aspectos aparentemente conflitantes, mas que se harmonizaram na realidade da luta pela terra no Brasil.

De um lado, ultrapassou-se a fase em que as ocupações eram realizadas quase que individualmente. Acompanhados de suas famílias ou, raramente, em pequenos grupos de duas ou três famílias, camponeses adentravam a mata e lançavam suas lavouras em terras públicas, ali permanecendo o tempo que a sorte lhes permitisse, sobrevivendo do que logravam obter das plantações, da coleta e da caça. Até que um dia eram descobertos pelos pistoleiros a mando de alguém que se intitulava possuidor da terra e o encontro terminava quase sempre na expulsão ou em choupanas queimadas e cadáveres insepultos devorados por animais, ossadas incorporadas ao húmus da floresta, vez ou outra descobertos, agora, quando a “civilização” chega àquelas paragens.

Se o pequeno número de ocupantes favorecia seu ocultamento na mata, e se esse ocultamento possibilitava uma sobrevida como resultado do desconhecimento da ocupação pelos grileiros, tinham também em si a raiz de sua derrota pela incapacidade de resistir à força do latifundiário e pela garantia do acobertamento de sua violência. Esse tipo de ocupação, ademais, tinha a característica de mascarar os dados reais da luta pela terra, eis que esses pequenos conflitos resolvidos pela morte no fundo da mata não chegavam ao conhecimento da sociedade, ficando quase sempre limitados aos próprios grileiros e matadores e às autoridades que os acobertavam.

O surgimento do novo movimento camponês deu visibilidade aos conflitos: não se as podia esconder as ocupações massivas, nem era possível agredi-las tão facilmente. Essa maior visibilidade, contrastando com o silêncio tumular – diga-se – anterior, permitiu muitas vezes que se atribuísse à presença do MST numa determinada região o surgimento dos conflitos pela terra, quando, na verdade, ela apenas era responsável pela retirada do véu que os encobria.

Essa nova fase da luta camponesa se iniciou exatamente no período em que a sociedade mais fortemente manifestou seu repúdio à violência e à tortura, e também esse fator algemou as mãos do latifúndio limitando o direto exercício da violência que praticava anteriormente, obrigando-o a lançar mão de seus agentes no aparelho policial, tendo sido esse, principalmente, o motivo que fez com que, na segunda metade da década de 80 a repressão às demandas camponesas fosse feita pelo exército privado do latifúndio, mas já em substituição pelo organismo policial, reservada à polícia local uma primeira ação, em geral sem muita preocupação com a legalidade, com vistas a impor aos camponeses o medo do Estado protetor do latifúndio.

Depois, quando ineficaz esta ação policial atemorizadora, o que ocorria quase sempre nas condições do atuar coletivo dos trabalhadores, foi ganhando corpo a intervenção do Ministério Público e do Poder Judiciário, num primeiro esforço para dar contornos legais à repressão contra os camponeses, adequada aos novos tempos que se apresentavam como "democráticos" e submetidos ao "império da lei".

Ao longo de vinte anos, houve no Brasil, um aprofundamento e alargamento desse processo, com a busca incessante por parte do estatado de mecanismos mais adequados ao exercício da repressão aos movimentos sociais. O qual não cessou, um instante sequer, de buscar articular fórmulas que ultrapassam os marcos da lei e outras que se mantém dentro de suas lindes.

A eficácia apenas parcial das articulações da violência direta do latifúndio com aquelas dos organismos estatais – policial, do Ministério Público e do Poder Judiciário -, fez surgir uma terceira fase, aquela em que estamos no momento, em que se busca, mais que tudo, uma deslegitimação do movimento camponês e o estabelecimento de uma repulsa social contra ele, apresentando-o já não apenas como violento, mas, principalmente, como agente de corrupção.
Não se trata, repita-se, de substituição de uma fórmula por outra, mas do surgimento de novas fórmulas que se vão articulando com as antigas, ganhando procedência sobre estas, sem que nenhuma delas seja, porém, abandonada.

Da repressão que se quis fora dos marcos legais, verifique-se, a título de exemplo, que embora se tivesse buscado o apoio policial para a violência contra o MST, as armas dos pistoleiros não foram abandonadas. Nos Estados de Pernambuco e Pará, principalmente, ainda hoje grande número de trabalhadores sem-terra caem vítimas das balas dos pistoleiros a serviço do latifúndio.

Estado de Pernambuco

Em Junho de 1997 pistoleiros atacaram um acampamento de trabalhadores sem terra, no Engenho Camarazal, ferindo cinco trabalhadores e matando Pedro Augusto da Silva e Inácio José da Silva. O Estado Brasileiro foi denunciado perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos por garantir até hoje a impunidade dos criminosos, entre os quais são apontados policiais e pistoleiros;

Em Agosto de 2006, dois dirigentes do MST em Pernambuco, Josias Sales e Samuel Barbosa, foram assassinados por pistoleiros no município de Moreno.

No dia 06 de julho deste ano (2009) os Sem Terra João Pereira da Silva, de 39 anos, José Juarez Cesário da Silva, 21 anos, Natalício Gomes da Silva, 36 anos, José Angelino Morais da Silva, 43 anos e Olímpio Cosmo Gonçalves foram mortos por pistoleiros quando participavam da construção das casas no Assentamento Chico Mendes, Agreste de Pernambuco. Além dos cinco mortos, um outro trabalhador sem terra, Erionaldo José da Silva, ficou ferido.

Em Julho de 2000, José Marlúcio da Silva, 47, foi morto com um tiro no peito disparado por policiais que reprimiram uma manifestação de trabalhadores sem-terra em Recife. Também nesse caso o Estado vem cuidando de garantir a impunidade dos matadores.

Estado do Pará

No dia 17 de abril de 1996, um destacamento da Polícia Militar do Estado do Pará, sob o comando do Coronel Mário Colares Pantoja assassinou 19 trabalhadores rurais sem terra que faziam uma marcha pela reforma agrária, no que ficou conhecido como o Massacre de Eldorado de Carajás. O Poder Judiciário do Pará garantiu a impunidade de todos os policiais envolvidos, com exceção do Coronel Pantoja e do Capitão Raimundo José Almendra Lameira que, embora condenados encontram-se ainda hoje em liberdade.

Em março de 1998, os trabalhadores rurais e dirigentes do MST Onalício Araújo Barros e Valentim Serra, conhecidos como “Fusquinha” e “Doutor”, foram assassinados, por pistoleiros que atuavam em parceria com policiais militares. Depois de executarem uma operação de reintegração de posse, junto com policiais militares, alguns deles participantes do Massacre de Eldorado de Carajás, pistoleiros seqüestraram Onalício e Valentim e os assassinaram, lançando os corpos na estrada. Até hoje o inquérito se encontra paralisado, numa forma de exercício da garantia estatal da impunidade aos crimes do latifúndio.

No dia 2 de fevereiro de 2005, pistoleiros e fazendeiros assassinaram Irmã Dorothy Mae Stang em Anapu, no Pará. Três pistoleiros foram condenados pelo crime, sendo que dois deles já se encontram em liberdade. Nenhum dos fazendeiros foi condenado.

Não apenas no Pará e em Pernambuco, porém, segue o exercício direto e através de policiais da violência contra a população camponesa.

No sul do Brasil, no Paraná, são grandes empresas multinacionais como a Syngenta que organizam a morte dos trabalhadores, o que levou a que pistoleiros a serviço da empresa, agindo sob título de “empresa de segurança”, no dia 22 de outubro de 2007, matassem o dirigente sem-terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno. Os pistoleiros da Syngenta estão sendo protegidos pelo Estado. Os trabalhadores sem terra que reagiram ao crime estão sendo processados.

Em Minas Gerais, no dia 29 de outubro deste ano (2009), a Freira Dominicana Geralda Magela da Fonseca, conhecida como “Irmã Geraldinha”, foi ameaçada de morte por fazendeiros da região do Vale do Jequitinhonha, pertencentes à família Cunha Peixoto, por apoiar as demandas do MST. As ameaças a Irmã Geraldinha repetem aquelas feitas a Irmã Dorothy Stang antes de seu assassinato e repetem outras que foram feitas contra trabalhadores sem terra posteriormente vitimados no chamado

Massacre de Felisburgo

Em 20 de novembro de 2004, 18 assassinos encapuzados, coordenados pelo latifundiário Adriano Chafik, foram ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais e atiraram contra homens, mulheres e crianças. Cinco camponeses Sem Terra Iraguiar Ferreira da Silva, Miguel José dos Santos, Francisco Nascimento Rocha, Juvenal Jorge Silva e Joaquim José dos Santos foram mortos. Mais 13 pessoas, incluindo crianças, foram baleadas e cem famílias foram desalojadas.

No Rio Grande do Sul, no dia 21 de agosto, a Brigada Militar (polícia militar estadual) matou o trabalhador sem terra Elton Brum da Silva durante a desocupação de uma área no município de São Gabriel. Embora houvesse informações que o disparo fora realizado pelo comandante do 2º RPMon de Livramento, Ten. Coronel Flávio da Silva Lopes, a Brigada Militar foi eficaz em não deixar provas.

Da repressão que o suporte do latifúndio disse se realizar dentro dos limites legais, quer a repressão policial, quer aquela de que se incumbiram os agentes do Ministério Público e do Poder Judiciário das comarcas do interior, fregueses de cama e mesa do latifúndio, foram se frustrando ante uma advocacia popular que se foi organizando e estreitando laços com as organizações camponesas, e encontrou formas técnicas de exercer seu papel, derrotando passo a passo as fórmulas jurídicas que foram buscadas para impedir o reconhecimento da legalidade da demanda pela reforma agrária.

O processo de criminalização dos movimentos sociais, nome que, entre nós damos às ações de agentes estatais, como de políticos e da mídia, visando a reprimir os movimentos sociais e seus militantes como criminosos ou criar condições para que tal repressão se exerça, não cessou, porém, e nem tem como cessar porque o que buscamos, de nosso lado, é o cumprimento das normas constitucionais que determinam a realização da reforma agrária, enquanto buscam os latifundiários e seus apoiadores impedir a realização do mandamento constitucional.

Por esse motivo, mais recentemente, e principalmente a partir do atual governo, as forças do latifúndio tem dirigido seus esforços para, sem deixar de matar, prender e torturar trabalhadores sem terra, produzir uma estigmatização do MST, que resulte num abandono por seus apoiadores e, simultaneamente, a destruição de sua articulação.

O meio utilizado para isso tem sido a articulação dos diversos elementos, promotores de justiça e magistrados vinculados ao latifúndio, parlamentares e agentes contratados da mídia.

Em dezembro de 2003, primeiro ano do governo do Presidente Lula, e com vistas também a atacar a atuação do governo e evitar o cumprimento de seus compromissos de candidato com a reforma agrária, a bancada ruralista no Senado e Câmara dos Deputados instalaram uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito declaradamente destinada a investigar as atividades do MST e de organizações e pessoas que o apóiam.

Dois anos depois, em dezembro de 2005, o relatório final da Comissão foi rejeitado por uma maioria de descontentes com o diagnóstico aprofundado da situação agrária de nosso país e as diversas sugestões apresentadas para que a Constituição brasileira fosse cumprida. Os dissidentes apresentaram um relatório que, mais do que o próprio MST, buscou criminalizar organizações da sociedade civil que apóiam a reforma agrária, chegando ao cúmulo de pretender que as ocupações de terra fossem tipificadas como crime de terrorismo, com o que terrorismo no Brasil seria identificado como ocupação de terras, já que não existe, entre nós, esse tipo penal.

Já em 2006, a bancada ruralista no Senado, propõe a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito, que foi instalada em março de 2007 e ficou conhecida como CPI das ONGs, com o objetivo declarado de pressionar as entidades que apóiam o MST.

Embora essa Comissão ainda esteja em funcionamento, uma vez mais a bancada de defesa do latifúndio volta à carga neste mês de outubro, propondo e logrando a instalação de uma terceira Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, para pressionar o MST, as atividades de apoio a ele e o próprio governo do Presidente Lula, acusando o MST de apropriar-se de recursos públicos, através de entidades que estabelecem convênios com o governo.

É que em agosto deste ano o Presidente Lula assumiu o compromisso de assinar o decreto de atualização dos índices de produtividade. Estes índices são importantes para o cumprimento do dispositivo constitucional que fala da reforma agrária, porque é com base neles que se avalia se uma determinada propriedade cumpre o requisito do “aproveitamento racional e adequado” sem o que não será atendida a exigência de observância da função social da propriedade.

Os atuais índices foram fixados em 1980 e tiveram como base o censo agropecuário de 1975. O estabelecimento de novos índices deverá levar em conta a média de produtividade das microrregiões entre 1996 e 2007. Como os latifundiários preferem deixar a terra improdutiva, para tê-la apenas como reserva de valor ou de poder, muito mal cumprem os índices estabelecidos em 1980, o que torna o latifúndio, do ponto de vista constitucional, alvo de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária.

Pretende a bancada do latifúndio, assim alcançar o triplo objetivo de colar no MST a imagem de movimento de corruptos; estabelecer uma fissura no apoio que a sociedade brasileira e muitos parceiros nacionais e internacionais brindam às aspirações camponesa, e, finalmente, fazer o governo recuar em seu intento de promover a atualização dos índices de produtividade das propriedades rurais.

Essas medidas dos defensores políticos do latifúndio contam sempre com a mais forte divulgação da mídia, eis que, no Brasil, a maioria dos donos de jornais são também proprietários rurais ou partilham interesses com eles.

Com essas atitudes não apenas se visa lograr o enfraquecimento da demanda pela terra, como a destruição da própria articulação dos camponeses sem terra brasileiros.

Que este é o objetivo da repressão ao MST vê-se da atuação coordenada desses mesmos agentes políticos e da mídia.

No Estado do Rio Grande do Sul, ali mesmo onde a Brigada Militar evoluiu do cerco, prisão e espancamento para o assassinato de trabalhadores sem terra, o Poder Judiciário viola seguidamente o direito de manifestação, ordenando à força policial que impeça marchas de trabalhadores.

Num episódio ocorrido no ano passado, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul deixou vazar ata de reunião do Conselho Superior em que diversos promotores se articulam para usar o poder estatal contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, acoimando este de violar a segurança nacional.

Em seguida a isso, o Ministério Público Federal propôs ação penal contra oito trabalhadores sem terra, acusando-os de crime contra a segurança nacional, processo que ainda está em curso, no mais claro caso de criminalização de um movimento social:

“O MST é réu num processo político. (...) A denúncia oferecida contra os oito militantes do MST na Justiça Federal na comarca de Carazinho é base de uma ação política, porque os réus são, ali, acusados de violação aos artigos 16; 17, caput; 20, caput e 23, I, da Lei de Segurança Nacional”

... “De quatro dispositivos penais utilizados, o primeiro criminaliza a pertinência a uma organização política; o segundo criminaliza a ação dessa organização política; o quarto criminaliza a divulgação de seu ideário, e o terceiro é aquele cujo objetivo é apenas o de intitular de terrorista a associação política que se quer destruir.

No plano jurídico a eleição da Lei de Segurança Nacional tem o condão de proibir o exercício da ampla defesa, uma vez que obriga cada um dos réus a justificar todas as ações de qualquer integrante da organização a que pertença, podendo - em tese - virem a ser condenados no Rio Grande do Sul por algum ato que tenha sido praticado por outro integrante da mesma associação - mesmo sem seu conhecimento - num remoto vilarejo do Amazonas.

Mas, e é o que nos parece mais importante destacar, sendo os réus acusados de pertinência a uma organização de que se diz ser criminosa, é a própria organização que está, na verdade, sendo acusada - criminalizada - sem que lhe seja dada a possibilidade de defender-se. Quanto aos réus, são eles na verdade meros peões eleitos aleatoriamente, eis que qualquer um dos milhares de integrantes do MST poderia ser igualmente adequado para figurar na denúncia, já que ainda que pessoalmente nada se possa provar contra eles, o simples fato de admitirem ou ser provada sua filiação já justificaria a ojeriza do MPF no Rio Grande do Sul.

Tanto assim é que, admita-se a hipótese, ainda que todos à exceção de um negassem sua adesão ao MST e esta não ficasse provada, o fato de um único a admitir e por isso ser condenado, já implicaria a existência de uma decisão judicial estabelecendo que teria ele participado de ‘associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça’.

O que implicaria dizer que o MST seria uma tal ‘associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça’.

Resulta, assim, evidente que ademais de se estar criminalizando o MST como entidade, como movimento social, está-se procedendo judicialmente de modo a impedir que esse movimento se defenda nos autos do processo, permitindo-se o MPF e a Justiça Federal eleger os oito cordeiros para o sacrifício da democracia.”[4]

Essa mesma articulação que integra alguns promotores de justiça com procuradores da república, trouxe à casa a imprensa latifundista gaúcha e setores da magistratura, de modo que o Ministério Público ajuizou ações civis pleiteando o despejo de acampamentos de trabalhadores, a imprensa fez a defesa da medida e o judiciário a deferiu, liminarmente, o que constitui um absoluto contra-senso, já que se os trabalhadores ganharem a ação, ao final, já não haverá possibilidade de retomar os acampamentos. O que denuncia, por si só, a intenção malvada por detrás da medida.

Essa mesma articulação integrou também o governo do Estado do Rio Grande do Sul, pleiteando e obtendo o Ministério Público o fechamento das escolas que atendiam as crianças acampadas e assentadas. Depois do fechamento, que implicou deixar milhares de crianças sem acesso à educação, o mesmo promotor responsável pela violação dos direitos humanos daqueles infantes ameçou processar os pais que não matriculassem e conduzissem as crianças às escolas distantes às vezes dezenas de quilômetros do local onde se encontram acampados ou assentados.

RESUMO

Não arrefece, antes se sofistica, a repressão contra as demandas camponesas.

Na atualidade, os inimigos da reforma agrária que a Constituição Federal ordena seja feita articulam diversos tipos de ações repressivas.

Exercitam a violência valendo-se do braço armado do latifúndio no Pará e em Pernambuco, principalmente, mas também em Minas Gerais, com o rosto do pistoleiro.

Permitem-se matar com o uniforme das empresas de seguranças constituídas pelas multinacionais voltadas à produção de organismos geneticamente modificados, no Paraná.

Juntam no mesmo ambiente os assassinos e torturadores com a farda da Brigada Militar gaúcha, com os sofisticados meneios do Ministério Público estadual e federal, a condescendência cúmplice do Poder Judiciário e o assente cúmplice do Governo do Estado no Rio Grande do Sul.

Voltam-se a estigmatizar como corruptos o MST e seus parceiros, visando ao rompimento desse suporte, pela palavra dos mais descredenciados porta-vozes do latifúndio mais arcaico, através de sua articulação no Parlamento e nos tribunais de contas.

Cada um desses elementos, cada um dos pedacinhos com que se organiza esse grande quebra-cabeças que é a repressão aos movimentos sociais, em particular ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil voltado para a manutenção do desrespeito à Constituição Federal, ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais e à manutenção da injustiçã nas relações agrárias.

[1] A Constituição da República Federativa do Brasil trata, no Capítulo III, da política agrícola e fundiária e da reforma agrária. Ali se determina, no art. 184, que “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.”

[2] O Art. 186 da Constituição Federal afirma que “A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

[3] O surgimento do MST recupera a experiência das Ligas Camponesas, anteriores à ditadura militar, de realizar ocupações massivas de terras violadoras da função social da propriedade.

[4] FON FILHO, Aton; FIGUEREDO, Suzana Angélica Paim. Estratégias de Criminalização Social, in Direitos Humanos no Brasil 2008. São Paulo: Rede Social de Justiça e Direitos Humanos



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