O Brasil é o melhor lugar para investir entre os maiores mercados emergentes por conta do crescimento da demanda por commodities. Já os Estados Unidos deveriam ser evitados por causa da perspectiva de uma recuperação em forma de W, com uma nova fase de recessão, disse John Mauldin, presidente da Millennium Wave Advisors.
A demanda interna da economia brasileira - a maior da América Latina - e o crescimento econômico mais acelerado dos mercados emergentes, principalmente dos países que compõem o grupo conhecido como Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China), vão puxar os preços das commodities, disse Mauldin em entrevista em São Paulo. A Millennium Wave, sediada no Estado americano do Texas, presta consultoria a fundos hedge.
"Dos Bric, o Brasil é o caso mais interessante hoje em dia", disse ele. "Os Estados Unidos vão ter uma segunda recessão devido aos enormes aumentos dos impostos", afirmou o executivo. "Quando os Estados Unidos caírem devido à recessão, será que os demais mercados vão cair? Provavelmente. É por isso que as pessoas têm de realizar operações de proteção (hedge) para suas apostas."
Os investidores deveriam começar a se retirar das ações e investir em áreas que se beneficiarão da continuidade da demanda por matérias-primas, entre as quais produtos agrícolas, antes que os Estados Unidos resvalem para uma segunda recessão até 2011, disse Mauldin, cujo boletim semanal é distribuído para cerca de 1,5 milhão de assinantes.
As commodities desbancaram as ações como o investimento que vai oferecer a melhor oportunidade de lucros durante o ano que vem. É o que revela uma pesquisa mundial realizada pela "Bloomberg" entre os usuários de seus terminais. O Índice Reuters/Jefferies CRB, que leva em conta 19 matérias-primas, subiu 20% neste ano, com a recuperação da economia mundial.
O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, café e suco de laranja, o segundo maior de soja e o terceiro maior de milho. O país também é sede da Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro. Negócios em câmbio e imóveis no Brasil, principalmente de terras agrícolas, são investimentos mais atraentes do que as ações neste momento, depois da alta de 79% registrada neste ano pelo Índice Bovespa, disse Mauldin.
"Se eu fosse um investidor rico e de longo prazo, compraria terras agrícolas no Brasil", disse ele. "Acaba-se tendo uma ferrovia que passe por ali, e uma fazenda barata vai ficar cara porque a pessoa conseguirá fazer chegar sua soja ou qualquer que seja o produto ao mercado", disse o executivo. "A demanda por produtos agrícolas não diminuirá no futuro", afirmou.
Ao lado dos recursos naturais, das vantagens de produzir commodities agrícolas, como soja, da grande força de trabalho e da presença de uma população "dinâmica" com uma grande classe empreendedora, o Brasil terá nos próximos anos um crescimento econômico que os países desenvolvidos "adorariam ter", avaliou Mauldin.
O Brasil deverá ter uma expansão de 4,8% em 2010, depois de crescer 0,18% neste ano, segundo a última pesquisa semanal do Banco Central com cerca de 100 economistas. O real registrou valorização de 34% neste ano no câmbio com o dólar, a maior alta dentre as 16 moedas mais negociadas do mundo.
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