A perspectiva de vendas de até 3 mil megawatts (MW) de energia eólica no leilão que o governo federal deverá realizar no dia 18 de dezembro garantiu a entrada de mais um grande fabricante mundial de aerogeradores no ainda pequeno mercado brasileiro. A americana General Electric deve começar em janeiro a atender encomendas em sua fábrica de Campinas (SP), onde concluiu este mês um investimento de R$ 145 milhões para adaptar suas linhas de montagem.
Segundo a empresa, os aerogeradores terão um índice de nacionalização de 60%. Mas dependendo da demanda gerada pelo leilão de dezembro, o índice poderá atingir 100%.
"Existe uma pressão muito grande em todos os países em fazer a produção local. E estamos confiantes tanto na demanda brasileira quanto na possibilidade de fazer do país uma plataforma para exportações", afirmou o vice-presidente mundial da General Electric e encarregado na empresa da parte de infraestrutura e energia, John Krenicki.
O executivo afirmou que a produção de componentes para a indústria da energia permaneceu relativamente imune aos efeitos da crise econômica global iniciada em setembro de 2008. "Esta é uma indústria de longo prazo. Uma torre eólica garante energia para sempre. De modo que não é afetada por acontecimentos imediatos", comentou.
Atualmente, a GE no Brasil fornece apenas a tecnologia para a produção de pás eólicas feitas pela Tecsis, empresa instalada em Sorocaba (SP) que tem na multinacional americana sua maior cliente. Por meio da Tecsis, no ano passado a GE exportou cerca de US$ 300 milhões deste produto do Brasil para a União Europeia e o Japão. Não havia atendimento da demanda nacional. No ano passado, a Tecsis recebeu um financiamento de US$ 120 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para ampliar a sua produção no país.
De acordo com Krenicki, o mercado mundial de energia eólica atualmente representa US$ 6 bilhões por ano. A empresa é a segunda maior fabricante de componentes para este mercado do mundo, atrás da dinamarquesa Vestas. No Brasil, irá concorrer com a argentina Impsa e as alemãs Wobben e Siemens. Existem atualmente 441 projetos inscritos para o leilão de dezembro, que somam 13.341 MW. A Associação Brasileira de Energia Eólica divulgou previsões apostando em uma contratação entre 1,5 mil e 2 mil MW, mas a GE é mais otimista e acredita que podem ser adquiridos entre 2 mil e 3 mil MW.
A maioria dos projetos está longe da fábrica da GE. A região Nordeste é o local com maior número de projetos, somando 322 propostas, que seriam capazes de gerar 9.549 MW. O Rio Grande do Sul é a origem de 86 projetos, somando 2.894 MW. Atualmente, o parque eólico instalado no Brasil é de 550 MW, equivalente à demanda do Peru e cinco vezes menos que a demanda do México. Na matriz energética brasileira, a energia eólica ainda é pouco representativa e responde por 0,23%.
A falta da produção nacional dos componentes é justamente um dos gargalos que impede esta modalidade de energia de se desenvolver. No leilão de dezembro, contudo, o governo não estabeleceu índices mínimos de fabricação local de componentes. Apenas determinou que os parques eólicos não poderão ter peças usadas. Os contratos que serão licitados em dezembro terão início de produção em julho de 2012 e devem garantir fornecimento de energia ao contratante por vinte anos.
A GE não revela qual será a capacidade instalada em sua fábrica de Campinas. Em termos mundiais, a produção de componentes de energia eólica da empresa garante a geração do equivalente a 15 mil MW.
Valor Econômico
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