sábado, 14 de novembro de 2009
Revista "Forbes" deixa de consultar Caetano e FHC, e inclui Lula na lista dos mais poderosos do Mundo
Lula é o "analfabeto" de Fernando Henrique Veloso. Lula é o "apedeuta" do jornalismo de esgoto. Lula é o homem dos quatro dedos nos adesivos da classe média paulistana. Lula é o "subperonista" de FHC.
A revista "Forbes" - afoita e despreparada - não consultou FHC, nem Caetano, nem o jornalismo de esgoto brasileiro.
A revista "Forbes" , por isso, comete essa gafe lamentável: inclui Lula na lista dos homens mais poderosos do Mundo.
A "Forbes" deve ter entrado na lista da imprensa que faz o jogo lulista por receber verbas publicitárias do Planalto, como choramingou dia desses um articulista da "Folha" - http://www.rodrigovianna.com.br/radar-da-midia/doi-no-bolso-bateu-o-desespero-na-turma-da-ditabranda (antes, as verbas iam só para os barões da imprensa).
Mas, vamos aos fatos.
Lula não é importante por causa do reconhecimento da "Forbes".
Lula é importante porque:
- criou mercado interno no Brasil, o que foi fundamental para enfrentar a crise de 2008;
- iniciou o resgate da dívida social brasileira (com programas clássicos da melhor tradição social-democrata);
- restabeleceu a dignidade e a independência da política externa brasileira;
- deixou de criminalizar os movimentos sociais, como faziam os governos anteriores;
- reverteu a trajetória privatista, voltando a investir em planejamento estatal (ainda que de forma insuficiente, como vimos agora com o "Apagão" - que não pode ser comparado ao "Apagão" tucano de 2001, que era estrutural, fruto de uma visão liberalóide e privateira).
Lula é importante também porque não brincou com a democracia, e recusou-se a caminhar para o terceiro mandato (FHC, lembremos, mudou as regras d jogo para aprovar a reeleição, num atentado às regras democráticas; e o fez sem consulta popular, só manobrando a base de apoio no Congresso).
Por tudo isso Lula é importante. Menos para a oposição canhestra brasileira.
Não deixa de ser irônico que ele tenha o reconhecimento da "Forbes", enquanto a "Veja" preferiu desferir em Lula um chute no traseiro.
No fim das contas, é o Brasil que vai dar um chute no traseiro da "Veja" e do jornalismo de esgoto. Jornalismo praticado por apedeutas analfabetos.
Vejam a materia da "BBC Brasil" sobre a lista da "Forbes" - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/11/091112_lista_forbes_lula_rw.shtml.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a 33ª pessoa mais poderosa do mundo, segundo um ranking preparado pela revista americana Forbes e divulgado nesta quinta-feira.
O ranking completo, com 67 nomes, traz ainda o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, que é o maior produtor mundial de soja, na 62ª posição.
A lista é encabeçada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, seguido pelos presidente da China, Hu Jintao, e pelo premiê e ex-presidente russo Vladimir Putin.
O presidente do Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, é considerado pela revista o 4º homem mais poderoso do mundo.
Segundo a revista, a compilação da lista tentou responder a questões como que influência as pessoas têm sobre outras, o controle que elas têm de grandes recursos financeiros e o poder que elas têm em múltiplas esferas.
A revista justifica a escolha de Lula como 33º de sua lista dizendo que ele “governa o maior produtor de alimentos do mundo, o maior exportador de açúcar, de suco de laranja, de café, de carne e de frango”.
A Forbes comenta que seu “projeto de estimação” é a exploração dos vastos campos de petróleo na costa brasileira, “tornando o país o número 1 no mercado de carbono projetado em US$ 125 bilhões”.
No perfil que faz de Blairo Maggi, por sua vez, observa que ele ajudou a fazer da soja o principal produto de exportação brasileiro, mas que foi acusado de desmatar a floresta amazônica, pelo que recebeu o prêmio “Motosserra de Ouro”, da ONG Greenpeace, em 2005.
Apesar disso, a revista observa que ele mudou sua imagem com os ambientalistas ao conseguir reduzir dramaticamente o desmatamento no Estado e ao defender uma compensação financeira para que os agricultores não desmatem a floresta.
Lula aparece no ranking pouco acima de figuras como os premiês do Japão, Yukio Hatoyama, e da Índia, Manmohan Singh, e do saudita Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, em 35º, 36º e 37º lugares na lista, respectivamente.
Mas fica atrás de outras figuras políticas como os primeiro-ministros da Itália, Silvio Berlusconi (12º lugar), da Alemanha, Angela Merkel (15º), e da Grã-Bretanha, Gordon Brown (29º), ou do líder da Coreia do Norte, Kim Jong Il (24ª posição na lista), e até mesmo do ex-presidente americano Bill Clinton (31ª) ou do prefeito de Nova York, o milionário Michael Bloomberg, que aparece no 20º lugar.
Nos primeiros lugares da lista estão também empresários, como os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page, em 5º lugar, o mexicano Carlos Slim Helu, em 6º, o magnata da mídia Rupert Murdoch, em 7º, Michael T. Duke, presidente da Wal-Mart, em 8º, e Bill Gates, fundador da Microsoft e homem mais rico do mundo, em 10º.
A Forbes observa que a lista tem um nome para cada 100 milhões de habitantes da Terra.
Do blog "O escrevinhador"
Vox Populi: Oposição vai fracassar no uso eleitoral do blecaute
O blecaute que atingiu pelo menos 18 Estados brasileiros na noite da última terça-feira e na madrugada de quarta-feira não deverá ter impacto relevante nas eleições presidenciais de 2010, segundo o diretor do instituto de pesquisa Vox Populi, Marcos Coimbra. Para ele, o caso isolado é algo que não pode ser atrelado de "maneira indiscutível" a um candidato.
"Não se pode dizer que é culpa da Dilma (Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, atual titular da Pasta da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva e provável candidata à Presidência). Por mais que a oposição tenha usado isso, não convenceria (o eleitorado)", afirmou Coimbra.
Segundo o diretor do instituto de pesquisa, "raríssimas pessoas fariam ligação entre ela e o apagão. Portanto, me parece que, do ponto de vista eleitoral, não deve ter impacto relevante".
Coimbra afirmou que o cenário político atual é distinto do momento vivido nas eleições de 2002, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sofreu um desgaste e não elegeu o candidato José Serra (PSDB). Naquele ano, Lula foi o vencedor do pleito após quatro candidaturas consecutivas.
"O que teve impacto relevante na (eleição) de 2002, não foi o fato de, em um determinado dia, o País ter ficado sem luz, mas o que foi muito ruim para a imagem do Fernando Henrique foi o racionamento (de energia elétrica). Foi as pessoas terem de discutir como iria funcionar o elevador e o sinal de trânsito ou em que horário poderiam tomar banho. O prejuízo da imagem de Fernando Henrique (ao longo de 2001) foi muito grave e uma das causas prováveis da derrota (nas urnas)", afirmou.
Segundo Coimbra, FHC havia enfrentado antes do racionamento a crise cambial em 1999, que afetou gravemente a economia e desvalorizou o Real, pilar do seu governo.
"Em 2000, o governo foi se recuperando, mas quando chegou no inicio de 2001 - entre março e abril -, começou a crise energética, e o governo Fernando Henrique imbicou numa decrescente e não se recuperou mais. Em 2002, ele tinha nível de aprovação ótimo e bom em torno de 25%. O Lula tem hoje cerca de 70% de aprovação", disse.
Segundo a pesquisa Vox Populi/Band, divulgada na última terça-feira, o índice de aprovação do presidente Lula subiu de 65% em outubro para 68% em novembro. A margem de erro é de 2,4%. Dois mil eleitores foram ouvidos em 170 municípios de todos os Estados, com execeção de Acre, Roraima e Rondônia.
Antecipação eleitoral
Cientista político, Coimbra, que tem acompanhado todas as eleições no País, disse que a antecipação eleitoral - como está acontecendo atualmente no Brasil - jamais foi vista nos anos anteriores. Ele ainda brincou: "amo os anos pares", fazendo referência aos anos em que ocorrem as eleições no País.
A antecipação da corrida por alianças para as eleições de 2010 foi intensificada no início de outubro, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou que PT e PMDB estarão juntos. O anúncio causou desconforto nos diretórios estaduais, principalmente em São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Os dirigentes nesses Estados não concebem palanques regionais entre essas duas legendas.
Porém, a oposição não está mais confortável. No PSDB, ainda há um impasse sobre quem será o presidenciável - ou o governador de São Paulo, José Serra, ou Aécio Neves, governador de Minas Gerais. O governador mineiro afirmou, no início do mês, que poderá concorrer a uma vaga no Senado em 2010 caso seu partido não defina seu candidato à Presidência até o fim do ano. O governador disse considerar o mês de março de 2010 um prazo "extremamente longo ou tardio" para a definição da candidatura. Segundo ele, isso dificultaria a construções de alianças mais sólidas. Aécio também já descartou ser o vice na chapa puro-sangue.
Nesta quinta-feira, a executiva nacional do Psol aprovou a formação de uma comissão para iniciar negociações formais com a senadora Marina Silva, pré-candidata à Presidência da República pelo PV. Segundo o presidente do Psol no Rio Grande do Sul, Roberto Robaina, essa decisão "abre a possibilidade de uma aliança que se constitua em um pólo alternativo diante dos dois grandes blocos que disputam o poder - PT e PSDB -, mas que não têm grandes divergências programáticas", disse.
Fonte: Terra
Nota do Aguinaldo: Para quem tem memória curta, cabe lembrar em primeiro lugar que, no início da década, não tivemos um "apagão", mas meses de racionamento.
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"Não se pode dizer que é culpa da Dilma (Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, atual titular da Pasta da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva e provável candidata à Presidência). Por mais que a oposição tenha usado isso, não convenceria (o eleitorado)", afirmou Coimbra.
Segundo o diretor do instituto de pesquisa, "raríssimas pessoas fariam ligação entre ela e o apagão. Portanto, me parece que, do ponto de vista eleitoral, não deve ter impacto relevante".
Coimbra afirmou que o cenário político atual é distinto do momento vivido nas eleições de 2002, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sofreu um desgaste e não elegeu o candidato José Serra (PSDB). Naquele ano, Lula foi o vencedor do pleito após quatro candidaturas consecutivas.
"O que teve impacto relevante na (eleição) de 2002, não foi o fato de, em um determinado dia, o País ter ficado sem luz, mas o que foi muito ruim para a imagem do Fernando Henrique foi o racionamento (de energia elétrica). Foi as pessoas terem de discutir como iria funcionar o elevador e o sinal de trânsito ou em que horário poderiam tomar banho. O prejuízo da imagem de Fernando Henrique (ao longo de 2001) foi muito grave e uma das causas prováveis da derrota (nas urnas)", afirmou.
Segundo Coimbra, FHC havia enfrentado antes do racionamento a crise cambial em 1999, que afetou gravemente a economia e desvalorizou o Real, pilar do seu governo.
"Em 2000, o governo foi se recuperando, mas quando chegou no inicio de 2001 - entre março e abril -, começou a crise energética, e o governo Fernando Henrique imbicou numa decrescente e não se recuperou mais. Em 2002, ele tinha nível de aprovação ótimo e bom em torno de 25%. O Lula tem hoje cerca de 70% de aprovação", disse.
Segundo a pesquisa Vox Populi/Band, divulgada na última terça-feira, o índice de aprovação do presidente Lula subiu de 65% em outubro para 68% em novembro. A margem de erro é de 2,4%. Dois mil eleitores foram ouvidos em 170 municípios de todos os Estados, com execeção de Acre, Roraima e Rondônia.
Antecipação eleitoral
Cientista político, Coimbra, que tem acompanhado todas as eleições no País, disse que a antecipação eleitoral - como está acontecendo atualmente no Brasil - jamais foi vista nos anos anteriores. Ele ainda brincou: "amo os anos pares", fazendo referência aos anos em que ocorrem as eleições no País.
A antecipação da corrida por alianças para as eleições de 2010 foi intensificada no início de outubro, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou que PT e PMDB estarão juntos. O anúncio causou desconforto nos diretórios estaduais, principalmente em São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Os dirigentes nesses Estados não concebem palanques regionais entre essas duas legendas.
Porém, a oposição não está mais confortável. No PSDB, ainda há um impasse sobre quem será o presidenciável - ou o governador de São Paulo, José Serra, ou Aécio Neves, governador de Minas Gerais. O governador mineiro afirmou, no início do mês, que poderá concorrer a uma vaga no Senado em 2010 caso seu partido não defina seu candidato à Presidência até o fim do ano. O governador disse considerar o mês de março de 2010 um prazo "extremamente longo ou tardio" para a definição da candidatura. Segundo ele, isso dificultaria a construções de alianças mais sólidas. Aécio também já descartou ser o vice na chapa puro-sangue.
Nesta quinta-feira, a executiva nacional do Psol aprovou a formação de uma comissão para iniciar negociações formais com a senadora Marina Silva, pré-candidata à Presidência da República pelo PV. Segundo o presidente do Psol no Rio Grande do Sul, Roberto Robaina, essa decisão "abre a possibilidade de uma aliança que se constitua em um pólo alternativo diante dos dois grandes blocos que disputam o poder - PT e PSDB -, mas que não têm grandes divergências programáticas", disse.
Fonte: Terra
Nota do Aguinaldo: Para quem tem memória curta, cabe lembrar em primeiro lugar que, no início da década, não tivemos um "apagão", mas meses de racionamento.
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Lula e o blecaute: "Quero apuração correta"
Lula diz que análises sobre apagão são "achismo" e compara caso ao acidente da TAM, de 2007
por Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta sexta-feira (13) de "achistas" as opiniões de especialistas até o momento sobre o apagão que atingiu 18 Estados na terça-feira. Segundo Lula, existem críticos aparentemente satisfeitos com o incidente, assim como na tragédia com um avião da TAM em São Paulo, que matou 199 pessoas no aeroporto de Congonhas em 2007.
O presidente disse que vai aguardar mais investigações sobre o incidente e criticou os "achistas". "Tenho notado algumas pessoas falando do apagão com o mesmo prazer que falavam culpando o governo quando o avião da TAM teve o acidente em Congonhas. Disseram que o governo ia carregar 200 mortos nas costas. Depois, disseram que era a Infraero. Até que a verdade foi aparecendo e prevaleceu que foi falha humana, que pode ter sido problema técnico", afirmou o presidente a jornalistas, após abertura de um congresso em uma faculdade de São Paulo.
Na quinta-feira (12), o governo deu por encerrado o assunto e atribuiu a falta de energia elétrica a "raios, ventos e chuva", nas palavras da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "O sistema é robusto, bem estruturado. Agora nada neste mundo pode ser tão estruturado que possa suplantar alguma coisa que foi causada por intempéries ou por falha humana que não sabemos ainda", afirmou Lula.
Questionado sobre se as críticas se destinam à oposição, Lula negou. "São esses especialistas que vão à mídia. Vocês é que conhecem", completou. "Esse não é assunto de análise política, é de análise técnica. Estamos na fase do 'achismo', mas depois vamos entrar na fase dos resultados mais objetivos.
O presidente também disse que existe uma "deformação" nas comparações da falta de energia no Brasil em 2001 com a de agora. Ele descartou as hipóteses de sabotagem e afirmou que não se pronunciou logo após o incidente "porque tinha que ouvir antes de falar".
"O que eu quero é um resultado final depois de uma apuração correta para que a opinião pública brasileira fique sabendo o que aconteceu", disse Lula.
Comentário do Aguinaldo: Ah, gente voces são chatos. Se a oposição não tiver nenhum argumento a coisa vai ser sem graça demais. Acho que Serra deveria ter saído na hora do apagão para assustar as pessoas: buuuuuu. Já pensaram? O apagão, mais a feiura "por fora" dele, o Lula ia cair uns 15 pontos na pesquisa. As mães das criancinhas vão dizer: "viu seu Lula; vc deixou a gente no escuro e um monstro assustou meu filhinho..."
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por Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta sexta-feira (13) de "achistas" as opiniões de especialistas até o momento sobre o apagão que atingiu 18 Estados na terça-feira. Segundo Lula, existem críticos aparentemente satisfeitos com o incidente, assim como na tragédia com um avião da TAM em São Paulo, que matou 199 pessoas no aeroporto de Congonhas em 2007.
O presidente disse que vai aguardar mais investigações sobre o incidente e criticou os "achistas". "Tenho notado algumas pessoas falando do apagão com o mesmo prazer que falavam culpando o governo quando o avião da TAM teve o acidente em Congonhas. Disseram que o governo ia carregar 200 mortos nas costas. Depois, disseram que era a Infraero. Até que a verdade foi aparecendo e prevaleceu que foi falha humana, que pode ter sido problema técnico", afirmou o presidente a jornalistas, após abertura de um congresso em uma faculdade de São Paulo.
Na quinta-feira (12), o governo deu por encerrado o assunto e atribuiu a falta de energia elétrica a "raios, ventos e chuva", nas palavras da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "O sistema é robusto, bem estruturado. Agora nada neste mundo pode ser tão estruturado que possa suplantar alguma coisa que foi causada por intempéries ou por falha humana que não sabemos ainda", afirmou Lula.
Questionado sobre se as críticas se destinam à oposição, Lula negou. "São esses especialistas que vão à mídia. Vocês é que conhecem", completou. "Esse não é assunto de análise política, é de análise técnica. Estamos na fase do 'achismo', mas depois vamos entrar na fase dos resultados mais objetivos.
O presidente também disse que existe uma "deformação" nas comparações da falta de energia no Brasil em 2001 com a de agora. Ele descartou as hipóteses de sabotagem e afirmou que não se pronunciou logo após o incidente "porque tinha que ouvir antes de falar".
"O que eu quero é um resultado final depois de uma apuração correta para que a opinião pública brasileira fique sabendo o que aconteceu", disse Lula.
Comentário do Aguinaldo: Ah, gente voces são chatos. Se a oposição não tiver nenhum argumento a coisa vai ser sem graça demais. Acho que Serra deveria ter saído na hora do apagão para assustar as pessoas: buuuuuu. Já pensaram? O apagão, mais a feiura "por fora" dele, o Lula ia cair uns 15 pontos na pesquisa. As mães das criancinhas vão dizer: "viu seu Lula; vc deixou a gente no escuro e um monstro assustou meu filhinho..."
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Maurício Dias: 2010 será um plebiscito
por Mauricio Dias, em Carta Capital
Não haverá terceira via como opção concreta de vitória na eleição presidencial de 2010. A disputa terá um caráter plebiscitário, como quer o PT e como não quer o PSDB, os únicos dois partidos com chances reais de vitória.
Há poucos dias, por exemplo, Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, em almoço com empresários paulistas, tomou posição clara sobre a questão. O discurso preparado, lido – uma surpresa no hábito improvisador do mineiro que prefere a superficialidade da frase de efeito puramente político – tocou com firmeza nesse ponto. Desponta um novo Aécio. No mínimo mais candidato do que antes, alertou:
“Precisamos resistir à principal armadilha que começa a ser apresentada à sociedade, a de que a próxima eleição será plebiscitária. Não estaremos dizendo sim ou não ao governo do presidente Lnte Lula. Estaremos escolhendo o nosso futuro. Um futuro que virá, para alguns, apesar do presidente Lula e, para outros, por causa do presidente Lula.”
Aécio quer tirar Lula da disputa. Lula não vai sair. O presidente trabalha o viés plebiscitário da eleição. Em diversas reuniões políticas, acentua o “nós contra eles” ou, como disse em certa reunião com o aliado PSB, “a nossa turma contra a turma do Fernando Henrique”.
Plebiscito é um instrumento da democracia participativa através do voto. Toda eleição tem caráter plebiscitário. Raramente, porém, é o sim contra o não. E essa é a diferença da competição do ano que vem.
“Uma boa administração é um fator plebiscitário. O eleitor tem a perder e não quer perder”, define o estatístico Erich Ulrich, diretor da UP Pesquisa e Marketing, ex-diretor da área de estatística do Ibope.
“A eleição de 2010 será plebiscitária. Haverá a presença de um presidente com uma aprovação em torno de 70% e líder do maior partido de esquerda”, afirma.
Ulrich, que cultiva a dúvida como método de análise eleitoral, evita afirmar se Lula fará ou não o sucessor. Mas não vacila quando diz que “estará na disputa o programa de Lula.”
Esse é o sim contra o não. O voto simbólico que tem embutido o “nós contra eles”. A turma de Lula contra a turma de FHC, como pontua o próprio presidente da República.
A última eleição claramente plebiscitária ocorrida no Brasil completará 60 anos em 2010.
Nota do Aguinaldo: A questão nem é exatamente plebiscitária.
O que está em jogo é uma discussão política.
Não haverá terceira via como opção concreta de vitória na eleição presidencial de 2010. A disputa terá um caráter plebiscitário, como quer o PT e como não quer o PSDB, os únicos dois partidos com chances reais de vitória.
Há poucos dias, por exemplo, Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, em almoço com empresários paulistas, tomou posição clara sobre a questão. O discurso preparado, lido – uma surpresa no hábito improvisador do mineiro que prefere a superficialidade da frase de efeito puramente político – tocou com firmeza nesse ponto. Desponta um novo Aécio. No mínimo mais candidato do que antes, alertou:
“Precisamos resistir à principal armadilha que começa a ser apresentada à sociedade, a de que a próxima eleição será plebiscitária. Não estaremos dizendo sim ou não ao governo do presidente Lnte Lula. Estaremos escolhendo o nosso futuro. Um futuro que virá, para alguns, apesar do presidente Lula e, para outros, por causa do presidente Lula.”
Aécio quer tirar Lula da disputa. Lula não vai sair. O presidente trabalha o viés plebiscitário da eleição. Em diversas reuniões políticas, acentua o “nós contra eles” ou, como disse em certa reunião com o aliado PSB, “a nossa turma contra a turma do Fernando Henrique”.
Plebiscito é um instrumento da democracia participativa através do voto. Toda eleição tem caráter plebiscitário. Raramente, porém, é o sim contra o não. E essa é a diferença da competição do ano que vem.
“Uma boa administração é um fator plebiscitário. O eleitor tem a perder e não quer perder”, define o estatístico Erich Ulrich, diretor da UP Pesquisa e Marketing, ex-diretor da área de estatística do Ibope.
“A eleição de 2010 será plebiscitária. Haverá a presença de um presidente com uma aprovação em torno de 70% e líder do maior partido de esquerda”, afirma.
Ulrich, que cultiva a dúvida como método de análise eleitoral, evita afirmar se Lula fará ou não o sucessor. Mas não vacila quando diz que “estará na disputa o programa de Lula.”
Esse é o sim contra o não. O voto simbólico que tem embutido o “nós contra eles”. A turma de Lula contra a turma de FHC, como pontua o próprio presidente da República.
A última eleição claramente plebiscitária ocorrida no Brasil completará 60 anos em 2010.
Nota do Aguinaldo: A questão nem é exatamente plebiscitária.
O que está em jogo é uma discussão política.
“Ameaça iraniana”? Onde?
“ por Jeff Nygaard, Counterpunch
O real significado da atual histeria sobre as armas nucleares iranianas está quase completamente ocultado sob a propaganda oficial. O melhor primeiro passo no esforço para escapar das versões de propaganda é considerar os países que já têm armas nucleares; o segundo é analisar o mapa do Sudeste da Ásia.
Oito nações no mundo conhecido possuem armas nucleares. Todas são próximas do Irã, seja literalmente próximas ou próximas em sentido imperial. Cinco delas – China, França, Rússia, Reino Unido e EUA – são signatárias, oficialmente, do Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares [ing. Nuclear Nonproliferation Treaty, NPT], descrito como “principal marco do regime global de não-proliferação”. Três estados – Índia, Israel e Paquistão – também têm armas nucleares, mas não são signatárias do Tratado de Não-proliferação. E Israel “não admite nem nega ter armas nucleares”, segundo a Associação de Controle de Armas [ing. Arms Control Association], mas todo mundo sabe que Israel tem arm as nucleares; só não se sabe se são 200 ou 300 ou mais.
Consideremos então nosso mapa do Irã. Imagine-se um cidadão iraniano que olha à volta, para saber de que lado precaver-se contra alguma ameaça – nuclear ou outra. O que veem os cidadãos iranianos?
Imediatamente a oeste do Irã, está o Iraque, efetivamente sob controle dos EUA (“próximo”, em sentido imperial, é isso). As atividades secretas dos EUA orientadas para desestabilizar outros países muito frequentemente usam como base de operação as embaixadas norte-americanas; e os EUA construíram no Iraque “as maiores e mais caras instalações de todos os tempos para sua embaixada”, segundo o Christian Science Monitor. Segundo o New York Times de 9/10, “Os norte-americanos esperam que, na próxima primavera já estarão operando no Iraque a partir de seis super bases e 13 bases menores.”
Imediatamente a leste do Irã, estão Afeganistão e Paquistão. O Paquistão é dos principais aliados dos EUA, embora sempre errático; e tem seu próprio arsenal nuclear, sem qualquer regulação ou supervisão. Do mesmo modo que o Iraque a leste, o Afeganistão também é base das atividades imperiais dos EUA, mesmo que ainda não esteja sob total controle dos norte-americanos. Enquanto o governo Obama discute oficialmente o que fazer, “A CIA está deslocando para o Afeganistão equipes de agentes, espiões, analistas e pessoal paramilitar, parte de um amplo movimento de ‘avanço’ dos serviços de inteligência, que converterá a base instalada naquela região em uma das maiores de toda a história da agência”, segundo declarações de funcionários.” – Isso se leu no Los Angeles Times de 20/9 passado.
Vê-se claramente que a embaixada que terá “as maiores e mais caras instalações de todos os tempos” está instalada exatamente a oeste do Irã; e que “uma das maiores bases de toda a história da CIA” também é vizinha do Irã, a leste. Evidentemente, aí estão todos os meios para executar as repetidas ameaças que os EUA têm feito ao Irã. Os EUA não se cansam de dizer “que todas as alternativas estão sendo analisadas”, palavreado que corresponde, no código da guerra, a bem clara ameaça de ataque militar. Não bastassem essas ameaças, o único Estado nuclear do Oriente Médio – Israel – também jamais se acanha de ameaçar o Irã. Manchete incansavelmente repetida, por exemplo nos programas noticiosos da CBS, dizia essa semana que “Israel provoc a os EUA para que ataquem o Irã.” Dia 5/7, a Associated Press noticiou que “o vice-presidente Joe Biden assinalou que o governo Obama não criará obstáculos se Israel decidir atacar as instalações nucleares do Irã.”
Além dos países que mantêm sob ocupação, os EUA têm outras instalações de interesse militar, praticamente à volta do Irã. Não só no Iraque e no Afeganistão, mas também na Turquia, outro país que faz fronteiras com o Irã. Várias grandes bases militares dos EUA (cerca de meia dúzia, no mínimo) existem também na Arábia Saudita, na outra margem do Golfo Persa e nos Emirados Árabes Unidos – a cerca de 160-300km de distância do Irã. Outra vez, podem-se medir as distâncias no mapa.
E não se pode esquecer de incluir nesse contexto a gigantesca base dos EUA no Oceano Índico, na ilha de Diego Garcia, base à qual John Pike, da GlobalSecurity.org, refere-se como “a mais importante unidade militar dos EUA”. Essa base, usada como campo secreto de prisão e tortura, e como base de lançamento de ações terroristas contra o Iraque e o Afeganistão, leva o estranho nome de “Campo Justiça” [ing. Camp Justice]. O território do Irã pode ser rapidamente alcançado pelos bombardeiros e mísseis dos EUA estacionados em “Campo Justiça”.
O mundo às avessas
No mundo imperial, detenções ilegais e tortura são consideradas ‘justiça’. E muitos outros valores são também completamente invertidos, quando se trata de ‘noticiar’ os movimentos pelos quais o ‘império’ norte-americano se mantém.
Dia 28/9, o Irã anunciou que testara alguns mísseis; e que “os mísseis iranianos podem alcançar qualquer alvo, em qualquer local de onde parta qualquer ameaça contra o Irã.” Matéria da Associated Press sobre esses testes levava a seguinte manchete: “Testes de mísseis iranianos fazem aumentar as preocupações.” As “preocupações” teriam aumentado, segundo a AP, porque “várias bases militares dos EUA no Oriente Médio” [passavam a ficar] “ao alcance dos mísseis iranianos”.
Nesse mundo às avessas, defender-se passou a ser agressão, porque quem se defenda ‘cria preocupações’ para os agressores. Basta pensar um pouco:
A principal superpotência mundial mantém bases militares em todo o planeta (são mais de 700!), inclusive nos dois países atualmente sob ocupação dos EUA. Essa Superpotência possui cerca de 10.000 ogivas nucleares; continua a ser o único país do planeta que, até hoje, detonou armas atômicas em cidades populosas, matando e mutilando milhões; e é ainda a mesma Superpotência que, em 1953, derrubou o governo democraticamente eleito no Irã.
Localizado entre os dois países atualmente sob ocupação dos EUA, e cercado por todos os lados por bases militares norte-americanas, o Irã está, isso sim, lutando incansavelmente para conquistar capacidade técnica para defender-se contra os ataques da superpotência cujas instalações militares já praticamente cercaram seu território. E é o Irã que se defende – não a sangrenta história de ocupação e violência dos EUA em todo o mundo (e naquela região) – que “faz aumentar as preocupações” da Associated Press! O Irã não desencadeou nenhuma guerra na história moderna – como bem observou o professor Juan Cole. De fato, as preocupações “aumentam”, porque está crescendo a capacidade de defesa de um Estado que os EUA ainda não conseguiram subordinar.
E aquele padrão ‘midiático’ repete-se incansavelmente. Por exemplo, em matéria divulgada pela agência UPI, dia 25/7. O lead dizia: “Irã bombardeará instalações nucleares de Israel, se Israel atacar o Irã, disse sábado o líder da Guarda Revolucionária Iraniana.” Lead normal e acurado. Mas lá estava, em letras garrafais, a manchete aterrorizante: “General iraniano ameaça instalações nucleares israelenses.”
O Irã sabe bem que a mais recente vítima de ataques militares e ocupação pelos EUA é o Iraque, nação com baixa capacidade de defesa; ao mesmo tempo, a Coreia do Norte, que já testou vários mísseis nucleares e tem reconhecida capacidade nuclear, continua sem ser atacada militarmente.
Irã irracional? Parece que não.
Desde 1979, o Irã tem sido apresentado aos cidadãos norte-americano como inimigo dos EUA; em meses recentes, abundam notícias sobre “a ameaça iraniana”. Mas o Irã foi um dos principais aliados dos EUA, antes de 1979. Para R.K. Ramazani, professor emérito da Universidade de Virginia, “até a Revolução Iraniana, os EUA, de fato, confiaram cegamente que o Irã faria as vezes de “guardião” da região do Golfo. Evidentemente, nada há de inerentemente ‘anti-EUA’ no Irã.”
Se o Irã é hoje uma ameaça aos EUA – e tudo que o governo dos EUA diz e faz indica que, sim, os EUA veem o Irã como uma ameaça – qual, então, seria a natureza dessa ameaça? Serão, mesmo, as armas nucleares? Parece-me pouco provável, por várias razões, algumas das quais discuto adiante.
O prof. Subhash Kapila, especialista do South Asia Analysis Group, publicou artigo, em 2006, no qual diz claramente que “com armas nucleares ou sem elas, o Irã jamais terá meios para oferecer resistência efetiva contra o poderio bélico dos EUA” – ideia que se confirma facilmente, se se consideram as informações acima, sobre bases militares dos EUA na Região.
Kapila diz também que “O principal impulso estratégico que modela a percepção de que o Irã implicaria algum tipo de ameaça aos EUA é a emergência do Irã como potência regional na Região do Golfo – com vários efeitos sobre os interesses nacionais dos EUA na mesma região.”
Gregory Aftandilian, assessor do Congresso para política exterior, acrescentou à discussão um aspecto que raramente se ouve considerado nos EUA: “o Irã não é estúpido a ponto de atacar Israel. (...) É Estado que tem milhares de anos, uma longa história. Teerã não pratica diplomacia de suicídio.”
John Negroponte, em depoimento na Comissão de Inteligência do Senado, quando era diretor do Serviço Nacional de Inteligência, em 2006, foi mais diretamente ao ponto. Para ele, “o poder militar convencional do Irã é considerado uma ameaça aos interesses dos EUA. O Irã está ampliando sua habilidade para proteger o próprio poder militar; nessa medida, ameaça a eficácia das operações dos EUA na Região – potencialmente intimidando aliados regionais de cuja solidariedade depende a eficácia das políticas norte-americanas –, e fazendo aumentar os custos da presença dos EUA e de seus aliados na Região.
“Teerã também continua a apoiar vários grupos terroristas, por considerar que esse apoio é crítico para a proteção do regime, porque aqueles grupos opõem-se a EUA e Israel, contribuem para conter ataques israelenses e norte-americanos, enfraquecem Israel e aumentam a influência do Irã na Região, por efeito da intimidação. O Hizbóllah libanês, principal aliado do Irã dentre os grupos terroristas – embora focado numa agenda nacional libanesa, e apoiando uma rede de terroristas palestinos –, mantém vasta rede mundial de contatos e é capaz de organizar ataques contra os interesses dos EUA, se sentir que seu parceiro iraniano esteja sob ameaça.
Vale observar que, nesses discursos, “a ameaça iraniana” assume duas formas. Uma, a capacidade para contrariar “interesses dos EUA”. A outra, a competência para conter “ataques dos EUA e de Israel”, vale dizer, “competência [do Irã] para se autodefender”.
Outro fato que torna ainda mais inverossímil que os estrategistas norte-americanos estejam realmente preocupados com bombas nucleares iranianas é a evidência de que os líderes religiosos já impuseram, há anos, proibição total de armas atômicas. Em declaração do governo iraniano à Agência Internacional de Energia Atômica, em 10/8/2005, lê-se: “O líder da República Islâmica do Irã, Aiatolá Ali Khamenei emitiu Fatwa que proíbe a produção, armazenamento e uso de armas nucleares; nos termos dessa Fatwa, o Irã jamais terá armas atômicas.” Não há como duvidar da eficácia dessa Fatwa, se se acredita no que dizem os jornais – que Khamenei é o líder supr emo e real poder no Irã (embora o presidente Ahmedinejad ocupe todas as manchetes).
Nada, de fato, faz muito sentido: os mais irados disseminadores do medo ante a ‘ameaça’ iraniana baseiam sua propaganda, em parte, num alegado fanatismo religioso das lideranças iranianas. Mas uma Fatwa de Khamenei, nesse caso, não seria prova suficiente de que não há qualquer ameaça das ‘armas nucleares iranianas’: para dois pesos, duas medidas?
Resumidamente, se pode dizer que:
1. Não há qualquer evidência de que o Irã esteja realmente produzindo armas nucleares;
2. Se o Irã planejasse produzir armas nucleares, nada haveria de irracional ou ‘fanático’ nessa ideia, dada a gravidade das ameaças que realmente cercam o país e contra as quais é racional que o Irã procure defender-se. E ainda que a máxima irracionalidade esteja nas próprias armas nucleares, sempre haverá mais bombas atômicas irracionais em Israel e nos EUA, do que no Irã; e
3. Se o Irã de fato estiver buscando construir armas nucleares e vier a ter sucesso, a probabilidade de que essas armas sejam usadas para fins ofensivos é praticamente igual a zero.
Se se aceitam as premissas acima, é preciso buscar outra causa, diferente da chamada “ameaça nuclear iraniana”, para explicar a histeria anti-Irã que toma conta dos EUA.
O “jogo” – como dizem os geoestrategistas do ‘império’ norte-americano – consiste em defender o espaço privilegiado de um único poder regional. Só há lugar para um país-‘líder’, que modele os eventos na Região e, pelo menos, tenha poder para vetar ações intentadas por outros Estados. Os EUA querem reservar para eles mesmos esse espaço e esse posto – em parceria com seu Estado-cliente, Israel. A verdadeira “ameaça iraniana”, portanto, advém de o Irã – aos olhos dos estrategistas dos EUA – ter ou parecer ter potencial para realmente ameaçar a hegemonia da dupla EUA-Israel na Região.
O bizarro mundo que, para os norte-americanos ‘informados’ pela mídia, seria o Oriente Médio é mostrado como mundo às avessas, porque é indispensável manter ocultados os objetivos imperialistas dos EUA para toda aquela Região. Assim, é útil manter os cidadãos norte-americanos hipnotizados de medo ante uma “ameaça iraniana” que seria consequência de antiamericanismo fanático ou de fanatismo religioso. Ante tal inimigo, a única via razoável a considerar seria manter-se em guerra, sempre a postos para “atacar preventivamente” inimigo tão perigoso.
O trabalho do sistema de propaganda dos EUA para o Oriente Médio opera para criar uma percepção de que o mundo é local perigoso, cheio de armadilhas e ameaças. Por isso há “a ameaça iraniana” e a “ameaça terrorista”, exatamente como, antes, houve a “ameaça comunista”. O custo para manter o império norte-americano é muito alto, e só cidadãos aterrorizados aceitariam desperdiçar quase 700 bilhões de dólares num único ano, para manter exércitos de ocupação, como aconteceu em 2009. Esse número, já muito alto, sobe à estratosfera se se incluem os gastos com veteranos, com os programas especiais, com ajudas a países-parceiros nas guerras, com juros de dívidas de guerras passadas, e a lista é longa. O império é empreitada caríssima – e o medo, por isso, tem de ser correspondentemente imenso.
É importante que os norte-americanos aprendamos a ver o mundo como o mundo é, não às avessas; que aprendamos a identificar corretamente as ameaças que crescem à nossa volta. O Irã, os iranianos e suas armas nucleares com certeza não estão incluídos nessa lista de ameaças e ‘perigos’ reais.
Jeff Nygaard é jornalista e ativista em Minneapolis, Minnesota. Publica um e-jornal de livre distribuição, Nygaard Notes
Traduzido pelo coletivo Política para Todos
O real significado da atual histeria sobre as armas nucleares iranianas está quase completamente ocultado sob a propaganda oficial. O melhor primeiro passo no esforço para escapar das versões de propaganda é considerar os países que já têm armas nucleares; o segundo é analisar o mapa do Sudeste da Ásia.
Oito nações no mundo conhecido possuem armas nucleares. Todas são próximas do Irã, seja literalmente próximas ou próximas em sentido imperial. Cinco delas – China, França, Rússia, Reino Unido e EUA – são signatárias, oficialmente, do Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares [ing. Nuclear Nonproliferation Treaty, NPT], descrito como “principal marco do regime global de não-proliferação”. Três estados – Índia, Israel e Paquistão – também têm armas nucleares, mas não são signatárias do Tratado de Não-proliferação. E Israel “não admite nem nega ter armas nucleares”, segundo a Associação de Controle de Armas [ing. Arms Control Association], mas todo mundo sabe que Israel tem arm as nucleares; só não se sabe se são 200 ou 300 ou mais.
Consideremos então nosso mapa do Irã. Imagine-se um cidadão iraniano que olha à volta, para saber de que lado precaver-se contra alguma ameaça – nuclear ou outra. O que veem os cidadãos iranianos?
Imediatamente a oeste do Irã, está o Iraque, efetivamente sob controle dos EUA (“próximo”, em sentido imperial, é isso). As atividades secretas dos EUA orientadas para desestabilizar outros países muito frequentemente usam como base de operação as embaixadas norte-americanas; e os EUA construíram no Iraque “as maiores e mais caras instalações de todos os tempos para sua embaixada”, segundo o Christian Science Monitor. Segundo o New York Times de 9/10, “Os norte-americanos esperam que, na próxima primavera já estarão operando no Iraque a partir de seis super bases e 13 bases menores.”
Imediatamente a leste do Irã, estão Afeganistão e Paquistão. O Paquistão é dos principais aliados dos EUA, embora sempre errático; e tem seu próprio arsenal nuclear, sem qualquer regulação ou supervisão. Do mesmo modo que o Iraque a leste, o Afeganistão também é base das atividades imperiais dos EUA, mesmo que ainda não esteja sob total controle dos norte-americanos. Enquanto o governo Obama discute oficialmente o que fazer, “A CIA está deslocando para o Afeganistão equipes de agentes, espiões, analistas e pessoal paramilitar, parte de um amplo movimento de ‘avanço’ dos serviços de inteligência, que converterá a base instalada naquela região em uma das maiores de toda a história da agência”, segundo declarações de funcionários.” – Isso se leu no Los Angeles Times de 20/9 passado.
Vê-se claramente que a embaixada que terá “as maiores e mais caras instalações de todos os tempos” está instalada exatamente a oeste do Irã; e que “uma das maiores bases de toda a história da CIA” também é vizinha do Irã, a leste. Evidentemente, aí estão todos os meios para executar as repetidas ameaças que os EUA têm feito ao Irã. Os EUA não se cansam de dizer “que todas as alternativas estão sendo analisadas”, palavreado que corresponde, no código da guerra, a bem clara ameaça de ataque militar. Não bastassem essas ameaças, o único Estado nuclear do Oriente Médio – Israel – também jamais se acanha de ameaçar o Irã. Manchete incansavelmente repetida, por exemplo nos programas noticiosos da CBS, dizia essa semana que “Israel provoc a os EUA para que ataquem o Irã.” Dia 5/7, a Associated Press noticiou que “o vice-presidente Joe Biden assinalou que o governo Obama não criará obstáculos se Israel decidir atacar as instalações nucleares do Irã.”
Além dos países que mantêm sob ocupação, os EUA têm outras instalações de interesse militar, praticamente à volta do Irã. Não só no Iraque e no Afeganistão, mas também na Turquia, outro país que faz fronteiras com o Irã. Várias grandes bases militares dos EUA (cerca de meia dúzia, no mínimo) existem também na Arábia Saudita, na outra margem do Golfo Persa e nos Emirados Árabes Unidos – a cerca de 160-300km de distância do Irã. Outra vez, podem-se medir as distâncias no mapa.
E não se pode esquecer de incluir nesse contexto a gigantesca base dos EUA no Oceano Índico, na ilha de Diego Garcia, base à qual John Pike, da GlobalSecurity.org, refere-se como “a mais importante unidade militar dos EUA”. Essa base, usada como campo secreto de prisão e tortura, e como base de lançamento de ações terroristas contra o Iraque e o Afeganistão, leva o estranho nome de “Campo Justiça” [ing. Camp Justice]. O território do Irã pode ser rapidamente alcançado pelos bombardeiros e mísseis dos EUA estacionados em “Campo Justiça”.
O mundo às avessas
No mundo imperial, detenções ilegais e tortura são consideradas ‘justiça’. E muitos outros valores são também completamente invertidos, quando se trata de ‘noticiar’ os movimentos pelos quais o ‘império’ norte-americano se mantém.
Dia 28/9, o Irã anunciou que testara alguns mísseis; e que “os mísseis iranianos podem alcançar qualquer alvo, em qualquer local de onde parta qualquer ameaça contra o Irã.” Matéria da Associated Press sobre esses testes levava a seguinte manchete: “Testes de mísseis iranianos fazem aumentar as preocupações.” As “preocupações” teriam aumentado, segundo a AP, porque “várias bases militares dos EUA no Oriente Médio” [passavam a ficar] “ao alcance dos mísseis iranianos”.
Nesse mundo às avessas, defender-se passou a ser agressão, porque quem se defenda ‘cria preocupações’ para os agressores. Basta pensar um pouco:
A principal superpotência mundial mantém bases militares em todo o planeta (são mais de 700!), inclusive nos dois países atualmente sob ocupação dos EUA. Essa Superpotência possui cerca de 10.000 ogivas nucleares; continua a ser o único país do planeta que, até hoje, detonou armas atômicas em cidades populosas, matando e mutilando milhões; e é ainda a mesma Superpotência que, em 1953, derrubou o governo democraticamente eleito no Irã.
Localizado entre os dois países atualmente sob ocupação dos EUA, e cercado por todos os lados por bases militares norte-americanas, o Irã está, isso sim, lutando incansavelmente para conquistar capacidade técnica para defender-se contra os ataques da superpotência cujas instalações militares já praticamente cercaram seu território. E é o Irã que se defende – não a sangrenta história de ocupação e violência dos EUA em todo o mundo (e naquela região) – que “faz aumentar as preocupações” da Associated Press! O Irã não desencadeou nenhuma guerra na história moderna – como bem observou o professor Juan Cole. De fato, as preocupações “aumentam”, porque está crescendo a capacidade de defesa de um Estado que os EUA ainda não conseguiram subordinar.
E aquele padrão ‘midiático’ repete-se incansavelmente. Por exemplo, em matéria divulgada pela agência UPI, dia 25/7. O lead dizia: “Irã bombardeará instalações nucleares de Israel, se Israel atacar o Irã, disse sábado o líder da Guarda Revolucionária Iraniana.” Lead normal e acurado. Mas lá estava, em letras garrafais, a manchete aterrorizante: “General iraniano ameaça instalações nucleares israelenses.”
O Irã sabe bem que a mais recente vítima de ataques militares e ocupação pelos EUA é o Iraque, nação com baixa capacidade de defesa; ao mesmo tempo, a Coreia do Norte, que já testou vários mísseis nucleares e tem reconhecida capacidade nuclear, continua sem ser atacada militarmente.
Irã irracional? Parece que não.
Desde 1979, o Irã tem sido apresentado aos cidadãos norte-americano como inimigo dos EUA; em meses recentes, abundam notícias sobre “a ameaça iraniana”. Mas o Irã foi um dos principais aliados dos EUA, antes de 1979. Para R.K. Ramazani, professor emérito da Universidade de Virginia, “até a Revolução Iraniana, os EUA, de fato, confiaram cegamente que o Irã faria as vezes de “guardião” da região do Golfo. Evidentemente, nada há de inerentemente ‘anti-EUA’ no Irã.”
Se o Irã é hoje uma ameaça aos EUA – e tudo que o governo dos EUA diz e faz indica que, sim, os EUA veem o Irã como uma ameaça – qual, então, seria a natureza dessa ameaça? Serão, mesmo, as armas nucleares? Parece-me pouco provável, por várias razões, algumas das quais discuto adiante.
O prof. Subhash Kapila, especialista do South Asia Analysis Group, publicou artigo, em 2006, no qual diz claramente que “com armas nucleares ou sem elas, o Irã jamais terá meios para oferecer resistência efetiva contra o poderio bélico dos EUA” – ideia que se confirma facilmente, se se consideram as informações acima, sobre bases militares dos EUA na Região.
Kapila diz também que “O principal impulso estratégico que modela a percepção de que o Irã implicaria algum tipo de ameaça aos EUA é a emergência do Irã como potência regional na Região do Golfo – com vários efeitos sobre os interesses nacionais dos EUA na mesma região.”
Gregory Aftandilian, assessor do Congresso para política exterior, acrescentou à discussão um aspecto que raramente se ouve considerado nos EUA: “o Irã não é estúpido a ponto de atacar Israel. (...) É Estado que tem milhares de anos, uma longa história. Teerã não pratica diplomacia de suicídio.”
John Negroponte, em depoimento na Comissão de Inteligência do Senado, quando era diretor do Serviço Nacional de Inteligência, em 2006, foi mais diretamente ao ponto. Para ele, “o poder militar convencional do Irã é considerado uma ameaça aos interesses dos EUA. O Irã está ampliando sua habilidade para proteger o próprio poder militar; nessa medida, ameaça a eficácia das operações dos EUA na Região – potencialmente intimidando aliados regionais de cuja solidariedade depende a eficácia das políticas norte-americanas –, e fazendo aumentar os custos da presença dos EUA e de seus aliados na Região.
“Teerã também continua a apoiar vários grupos terroristas, por considerar que esse apoio é crítico para a proteção do regime, porque aqueles grupos opõem-se a EUA e Israel, contribuem para conter ataques israelenses e norte-americanos, enfraquecem Israel e aumentam a influência do Irã na Região, por efeito da intimidação. O Hizbóllah libanês, principal aliado do Irã dentre os grupos terroristas – embora focado numa agenda nacional libanesa, e apoiando uma rede de terroristas palestinos –, mantém vasta rede mundial de contatos e é capaz de organizar ataques contra os interesses dos EUA, se sentir que seu parceiro iraniano esteja sob ameaça.
Vale observar que, nesses discursos, “a ameaça iraniana” assume duas formas. Uma, a capacidade para contrariar “interesses dos EUA”. A outra, a competência para conter “ataques dos EUA e de Israel”, vale dizer, “competência [do Irã] para se autodefender”.
Outro fato que torna ainda mais inverossímil que os estrategistas norte-americanos estejam realmente preocupados com bombas nucleares iranianas é a evidência de que os líderes religiosos já impuseram, há anos, proibição total de armas atômicas. Em declaração do governo iraniano à Agência Internacional de Energia Atômica, em 10/8/2005, lê-se: “O líder da República Islâmica do Irã, Aiatolá Ali Khamenei emitiu Fatwa que proíbe a produção, armazenamento e uso de armas nucleares; nos termos dessa Fatwa, o Irã jamais terá armas atômicas.” Não há como duvidar da eficácia dessa Fatwa, se se acredita no que dizem os jornais – que Khamenei é o líder supr emo e real poder no Irã (embora o presidente Ahmedinejad ocupe todas as manchetes).
Nada, de fato, faz muito sentido: os mais irados disseminadores do medo ante a ‘ameaça’ iraniana baseiam sua propaganda, em parte, num alegado fanatismo religioso das lideranças iranianas. Mas uma Fatwa de Khamenei, nesse caso, não seria prova suficiente de que não há qualquer ameaça das ‘armas nucleares iranianas’: para dois pesos, duas medidas?
Resumidamente, se pode dizer que:
1. Não há qualquer evidência de que o Irã esteja realmente produzindo armas nucleares;
2. Se o Irã planejasse produzir armas nucleares, nada haveria de irracional ou ‘fanático’ nessa ideia, dada a gravidade das ameaças que realmente cercam o país e contra as quais é racional que o Irã procure defender-se. E ainda que a máxima irracionalidade esteja nas próprias armas nucleares, sempre haverá mais bombas atômicas irracionais em Israel e nos EUA, do que no Irã; e
3. Se o Irã de fato estiver buscando construir armas nucleares e vier a ter sucesso, a probabilidade de que essas armas sejam usadas para fins ofensivos é praticamente igual a zero.
Se se aceitam as premissas acima, é preciso buscar outra causa, diferente da chamada “ameaça nuclear iraniana”, para explicar a histeria anti-Irã que toma conta dos EUA.
O “jogo” – como dizem os geoestrategistas do ‘império’ norte-americano – consiste em defender o espaço privilegiado de um único poder regional. Só há lugar para um país-‘líder’, que modele os eventos na Região e, pelo menos, tenha poder para vetar ações intentadas por outros Estados. Os EUA querem reservar para eles mesmos esse espaço e esse posto – em parceria com seu Estado-cliente, Israel. A verdadeira “ameaça iraniana”, portanto, advém de o Irã – aos olhos dos estrategistas dos EUA – ter ou parecer ter potencial para realmente ameaçar a hegemonia da dupla EUA-Israel na Região.
O bizarro mundo que, para os norte-americanos ‘informados’ pela mídia, seria o Oriente Médio é mostrado como mundo às avessas, porque é indispensável manter ocultados os objetivos imperialistas dos EUA para toda aquela Região. Assim, é útil manter os cidadãos norte-americanos hipnotizados de medo ante uma “ameaça iraniana” que seria consequência de antiamericanismo fanático ou de fanatismo religioso. Ante tal inimigo, a única via razoável a considerar seria manter-se em guerra, sempre a postos para “atacar preventivamente” inimigo tão perigoso.
O trabalho do sistema de propaganda dos EUA para o Oriente Médio opera para criar uma percepção de que o mundo é local perigoso, cheio de armadilhas e ameaças. Por isso há “a ameaça iraniana” e a “ameaça terrorista”, exatamente como, antes, houve a “ameaça comunista”. O custo para manter o império norte-americano é muito alto, e só cidadãos aterrorizados aceitariam desperdiçar quase 700 bilhões de dólares num único ano, para manter exércitos de ocupação, como aconteceu em 2009. Esse número, já muito alto, sobe à estratosfera se se incluem os gastos com veteranos, com os programas especiais, com ajudas a países-parceiros nas guerras, com juros de dívidas de guerras passadas, e a lista é longa. O império é empreitada caríssima – e o medo, por isso, tem de ser correspondentemente imenso.
É importante que os norte-americanos aprendamos a ver o mundo como o mundo é, não às avessas; que aprendamos a identificar corretamente as ameaças que crescem à nossa volta. O Irã, os iranianos e suas armas nucleares com certeza não estão incluídos nessa lista de ameaças e ‘perigos’ reais.
Jeff Nygaard é jornalista e ativista em Minneapolis, Minnesota. Publica um e-jornal de livre distribuição, Nygaard Notes
Traduzido pelo coletivo Política para Todos
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
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Comentário do Aguinaldo: Não é curioso que a miriam leitão, fhc, sardemberg, artur virgílio, alexandre garcia, etc. atinjam a satisfação orgástica sempre que alguma coisa dá errado?
Deve ser algum curto circuito no fluxo bioelétrico dos figuras...
Imagino se não é deles tentarem alguma forma de aterramento prá se livrar de toda esta energia negativa.
Penso que eles precisam mesmo é de um "fio terra".
SP não acionou sistema anti-blecaute
Eletrobrás questiona por que SP não acionou sistema anti-blecaute
O presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz, disse à Agência Brasil que deveria ter ocorrido o "ilhamento" do problema que originou a falta de luz em 18 estados do país. Segundo ele, houve falha e é preciso investigar o motivo que levou o sistema de segurança a não ser ativado.
“Nós tivemos um problema meteorológico em Itaberá, estado de S.Paulo, que levou à queda das três linhas de 750 Kilovolt (kV), o que significa dizer que perdemos a capacidade de transmitir metade da energia gerada por Itaipu. Deveria ter acontecido o ilhamento do problema para possibilitar o religamento do sistema. Mas como isto não aconteceu, aí o problema se estendeu para as duas linhas de corrente contínua que liga Itaipu a São Paulo. O que é preciso levantar é porque não entrou em operação o sistema chamado ERAT que existe exatamente para levar ao ilhamento”.
O presidente da holding que controla as empresas de energia do governo disse que não houve problema de falta de energia, mas sim uma interrupção temporária nas linhas de transmissão. Para ele, o sistema elétrico está bem dimensionado e os investimentos foram feitos.
Muniz lembrou o fato de que, dentro do planejamento energético elaborado para o país, várias novas usinas, principalmente hidroelétricas de grande capacidade de geração, estão em fase de construção ou de licitação - citando as usinas do Rio Madeira e de Belo Monte, no Pará, que entrá prevista para entrar em operação em 2014 interligando as regiões Norte e Sul e, consequentemente, fortalecendo o sistema elétrico brasileiro. “Com as obras que estão planejadas e sendo executas, nós não temos dúvidas de que vamos atender ao aumento da demanda. O sistema não só está apto a atender ao crescimento, como a população pode ficar tranquila, porque acidentes como este dificilmente voltarão a se repetir”.
“Eu não tenho dúvidas de que o sistema elétrico brasileiro está preparado para atender à demanda de energia por parte da população, como também está preparado para atender ao crescimento econômico do país esperado para os próximos anos. O que houve foi um problema no sistema de transmissão, tanto que restabelecida a operação, o país está funcionando dentro da normalidade do ponto de vista energético desde às 4h da manhã desta terça-feira”.
Comentário de Aguinaldo: a barbeiragem foi na cesp do serra...
assim como o enem sumiu da gráfica da folha.
foi sem querer?...
ou foi sem querer querendo?...
Sindicato dos Engenheiros: Sistema é robusto; blecaute foi surpresa
S
Sistema energético brasileiro é robusto e blecaute foi surpresa, diz engenheiro
por Flávia Albuquerque
da Agência Brasil
Em São Paulo
O diretor da área de energia do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, Carlos Augusto Kirchner, disse estar surpreso com a falta de energia ocorrida ontem (10) no Brasil e no Paraguai. Segundo ele, o sistema energético brasileiro é complexo, mas tem recebido investimentos para torná-lo mais robusto e menos sujeito a esse tipo de contingência. "É surpreendente pelo fato de ter tomado uma dimensão tão grande pelo número de locais atingidos e pelo tempo de demora da recomposição do sistema".
Kirchner afirmou que blecautes continuarão acontecendo, mas que espera que não tomem a proporção observada ontem e que os mecanismos de proteção do sistema façam um "ilhamento" do sistema de transmissão, para que a falta de energia fique circunscrita apenas a uma região. "Temos que ter certa cautela agora para investigar as causas, porque o sistema não conseguiu enfrentar um problema para o qual ele estava preparado, e o motivo da demora para recompor o sistema. Não se sabe o que aconteceu, sabe-se que foi uma coisa completamente nova, inusitada".
O engenheiro ressaltou que o país está em uma situação favorável, com seus reservatórios hídricos cheios, sem necessidade de ligar as usinas termoelétricas que permanecem desligadas, não ultrapassa um período de racionamento de energia e tem o sistema de transmissão robusto, com mais linhas interligadas e mais proteções ao sistema, motivo pelo qual o blecaute é ainda mais surpreendente. "Estamos em uma situação oposta a que seria em um período de racionamento. Com relação aos reservatórios estamos em uma situação que nunca estivemos".
Kirchner disse ainda que não se pode atribuir a falta de energia a gargalos do sistema já que todas as obras de infraestrutura e expansão de transmissão necessárias e previstas têm sido feitas, diferente da situação ocorrida em 1999, quando ocorreu um blecaute semelhante por causa de problemas na subestação de Bauru. "A época era de transição de modelo de transmissão anterior para o atual. Nesse período as coisas não estavam engrenadas e haviam obras planejadas para serem feitas que estavam atrasadas. Isso não ocorre mais".
Sistema energético brasileiro é robusto e blecaute foi surpresa, diz engenheiro
por Flávia Albuquerque
da Agência Brasil
Em São Paulo
O diretor da área de energia do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, Carlos Augusto Kirchner, disse estar surpreso com a falta de energia ocorrida ontem (10) no Brasil e no Paraguai. Segundo ele, o sistema energético brasileiro é complexo, mas tem recebido investimentos para torná-lo mais robusto e menos sujeito a esse tipo de contingência. "É surpreendente pelo fato de ter tomado uma dimensão tão grande pelo número de locais atingidos e pelo tempo de demora da recomposição do sistema".
Kirchner afirmou que blecautes continuarão acontecendo, mas que espera que não tomem a proporção observada ontem e que os mecanismos de proteção do sistema façam um "ilhamento" do sistema de transmissão, para que a falta de energia fique circunscrita apenas a uma região. "Temos que ter certa cautela agora para investigar as causas, porque o sistema não conseguiu enfrentar um problema para o qual ele estava preparado, e o motivo da demora para recompor o sistema. Não se sabe o que aconteceu, sabe-se que foi uma coisa completamente nova, inusitada".
O engenheiro ressaltou que o país está em uma situação favorável, com seus reservatórios hídricos cheios, sem necessidade de ligar as usinas termoelétricas que permanecem desligadas, não ultrapassa um período de racionamento de energia e tem o sistema de transmissão robusto, com mais linhas interligadas e mais proteções ao sistema, motivo pelo qual o blecaute é ainda mais surpreendente. "Estamos em uma situação oposta a que seria em um período de racionamento. Com relação aos reservatórios estamos em uma situação que nunca estivemos".
Kirchner disse ainda que não se pode atribuir a falta de energia a gargalos do sistema já que todas as obras de infraestrutura e expansão de transmissão necessárias e previstas têm sido feitas, diferente da situação ocorrida em 1999, quando ocorreu um blecaute semelhante por causa de problemas na subestação de Bauru. "A época era de transição de modelo de transmissão anterior para o atual. Nesse período as coisas não estavam engrenadas e haviam obras planejadas para serem feitas que estavam atrasadas. Isso não ocorre mais".
Dilma: Racionamento, sim (como o de FHC), é barbe
Dilma diz que Brasil não está livre de novos blecautes
Apagão afetou 18 estados na terça-feira.
Ministra falou pela primeira vez sobre o caso.
Robson Bonin Do G1, em Brasília
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse nesta quarta-feira que o país por voltar a ter novos apões. "Nós não estamos livres de blecautes". Segundo ela, "ninguém pode prometer que não vai ter interrupção no sistema". A ministra falou pela primeira vez sobre o apagão, que afetou 18 estados entre a noite de terça-feira (10) e a madrugada de quarta (11).
Dilma disse que o que não ocorrerá mais no Brasil é racionamento de energia. “O que nós prometemos é que não terá nesse país mais racionamento. Racionamento é barbeiragem. Por que é barbeiragem? Porque racionamento de oito meses implica que eu com cinco anos de antecedência não soube a quantidade de energia que tinha de entrar para abastecer o país.”
A ministra afirmou que não iria polemizar sobre as causas do apagão. “Eu não vou entrar nesse tipo de polêmica. Isso não me interessa. Não se pode politizar uma coisa tão séria para o país", disse a ministra.
Nesta quarta-feira (11), o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse, ao ao sair da reunião do PAC do setor elétrico, que o governo considera o assunto apagão "superado". "Buscamos a causa do problema e conseguimos uma solução rápida. O sistema é confiável e robusto. Este assunto está superado", afirmou.
Na terça-feira, ele atribuiu a raios, chuva e ventos fortes a causa do apagão. O Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe), no entanto, concluiu que é mínima a chance de um raio ter provocado o blecaute.
Críticas da oposição
Logo depois da entrevista de Lobão, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também comentou as críticas da oposição no Congresso, que pretende convocar o ministro de Minas e Energia e a ministra-chefe da Casa Civil para esclarecer o caso do apagão.
"O fundamental é não politizar um debate como esse. Não podemos politizar sobre um acidente. Qualquer tentativa de politizar esse episódio vai durar menos que o incidente de quarta para quinta-feira", afirmou Padilha.
Comentário do Aguinaldo: Para mim tudo é muito claro. O que aconteceu tem que ser apurado para se evitar que ocorra novamente e da mesma maneira. Agora, garantir que uma rede de transmissão, construída e gerenciada pelo homem, e sujeita as intempéries da natureza, não vai falhar novamente, de maneira nenhuma, é a discussão mais estúpida que eu já presenciei nas minha cinco décadas de existência. Guardada as devidas proporções, é a mesma coisa que solicitar garantias dos fabricantes de aviões que nunca mais vai ocorrer um acidente aéreo, porque eles(os fabricantes) teriam desenvolvimento uma turbina que funcionaria perfeitamente.
E quem foi que disse que um blackout semelhante ao de terça-feira é a primeira vez que ocorre no mundo?
Novamente o Sr. Ali Kamel e a rede Globo tentam tripudiar da nossa inteligência. Até quando?
Apagão afetou 18 estados na terça-feira.
Ministra falou pela primeira vez sobre o caso.
Robson Bonin Do G1, em Brasília
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse nesta quarta-feira que o país por voltar a ter novos apões. "Nós não estamos livres de blecautes". Segundo ela, "ninguém pode prometer que não vai ter interrupção no sistema". A ministra falou pela primeira vez sobre o apagão, que afetou 18 estados entre a noite de terça-feira (10) e a madrugada de quarta (11).
Dilma disse que o que não ocorrerá mais no Brasil é racionamento de energia. “O que nós prometemos é que não terá nesse país mais racionamento. Racionamento é barbeiragem. Por que é barbeiragem? Porque racionamento de oito meses implica que eu com cinco anos de antecedência não soube a quantidade de energia que tinha de entrar para abastecer o país.”
A ministra afirmou que não iria polemizar sobre as causas do apagão. “Eu não vou entrar nesse tipo de polêmica. Isso não me interessa. Não se pode politizar uma coisa tão séria para o país", disse a ministra.
Nesta quarta-feira (11), o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse, ao ao sair da reunião do PAC do setor elétrico, que o governo considera o assunto apagão "superado". "Buscamos a causa do problema e conseguimos uma solução rápida. O sistema é confiável e robusto. Este assunto está superado", afirmou.
Na terça-feira, ele atribuiu a raios, chuva e ventos fortes a causa do apagão. O Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe), no entanto, concluiu que é mínima a chance de um raio ter provocado o blecaute.
Críticas da oposição
Logo depois da entrevista de Lobão, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também comentou as críticas da oposição no Congresso, que pretende convocar o ministro de Minas e Energia e a ministra-chefe da Casa Civil para esclarecer o caso do apagão.
"O fundamental é não politizar um debate como esse. Não podemos politizar sobre um acidente. Qualquer tentativa de politizar esse episódio vai durar menos que o incidente de quarta para quinta-feira", afirmou Padilha.
Comentário do Aguinaldo: Para mim tudo é muito claro. O que aconteceu tem que ser apurado para se evitar que ocorra novamente e da mesma maneira. Agora, garantir que uma rede de transmissão, construída e gerenciada pelo homem, e sujeita as intempéries da natureza, não vai falhar novamente, de maneira nenhuma, é a discussão mais estúpida que eu já presenciei nas minha cinco décadas de existência. Guardada as devidas proporções, é a mesma coisa que solicitar garantias dos fabricantes de aviões que nunca mais vai ocorrer um acidente aéreo, porque eles(os fabricantes) teriam desenvolvimento uma turbina que funcionaria perfeitamente.
E quem foi que disse que um blackout semelhante ao de terça-feira é a primeira vez que ocorre no mundo?
Novamente o Sr. Ali Kamel e a rede Globo tentam tripudiar da nossa inteligência. Até quando?
BNDES aprova financiamento de R$ 826,1 milhões para saneamento básico em São Paulo
Será que o governador José Serra vai lembrar de colocar em sua campanha eleitoral na TV que,a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai receber R$ 826,1 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investir em cinco projetos de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto.
De acordo com o BNDES, a participação do banco ocorrerá por meio da subscrição de debêntures simples contemplando três emissões pela Sabesp. Os recursos complementarão o plano de investimentos da companhia no valor de R$ 1 bilhão.
De acordo com o BNDES, a participação do banco ocorrerá por meio da subscrição de debêntures simples contemplando três emissões pela Sabesp. Os recursos complementarão o plano de investimentos da companhia no valor de R$ 1 bilhão.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Teorias conspiratórias.
Fiquei impressionado com a eficiência da imprensa. Às três da manhã, quando a energia elétrica retornou, havia montes de matérias nos portais de internet sobre um “apagão” que se abateu sobre vários Estados do Sul e do Sudeste no fim da noite de ontem. E os jornais todos saem hoje com matérias amplas sobre o assunto.
Detalhe: a falta de luz começou depois das 22 horas, muito próximo do fechamento das edições do principais jornais do país, que mostraram-se incrivelmente mobilizados para coberturas tão emergenciais. Pareceu até haver um esquema de “cobertura” muito bem montado.
O termo “apagão”, que foi o que vi no G1 e no UOL, deverá ser generalizado e explorado à farta pela mídia. Ela tentará vincular um episódio isolado e desencadeado por causa desconhecida ao racionamento de energia que ocorreu no fim do governo Fernando Henrique Cardoso devido a falta de investimentos em geração de energia naquela época.
A exploração de um episódio isolado, porém, terá vida curta... Mas será que terá mesmo? E se o episódio não for isolado e outros apagões misteriosos voltarem a ocorrer?
Chama atenção, assim, como os portais da grande mídia parecem ter organizado um plantão especial nas redações de ontem para hoje. Há uma fartura de informações em matérias longas que, repito, parecem ter precisado de um poderoso aparato jornalístico para ser produzidas
A colunista Eliane Cantanhêde, da Folha de São Paulo, por exemplo, em plena madrugada produziu uma conversinha sobre “empurra-empurra entre Itaipu e Furnas”. Eu poderia jurar que a matéria estava pronta quando acabou a luz em metade do país.
Aí entra em cena informação divulgada pelo jornal paraguaio ‘ABC Color’ de que a primeira peça que caiu no dominó elétrico seria... de São Paulo.
Claro que tudo pode não passar de teoria conspiratória minha, mas é bom ficarmos atentos. Já imaginaram que maravilha seria, para certos grupos políticos, se outros episódios como esse continuassem acorrendo? Haveria como dizer, no ano que vem, que Lula também produziu um apagão como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
É por isso que quero recomendar ao menos ao Ministério das Minas e Energia que investigue a fundo as causas desse apagão supostamente desencadeado em São Paulo. Acredito que alguns políticos são capazes de “pisar no pescoço” de qualquer um que ameace o sucesso de seus projetos políticos, como sempre diz Ciro Gomes.
Aliás, bom mesmo seria pôr a Polícia Federal na parada. Sabotadores de linhas de transmissão podem ser contratados e poderiam agir com facilidade num país como o nosso. Sucessivos cortes de energia são tudo o que certa oposição descerebrada poderia querer no momento em que afunda nos próprios dejetos.
Escrito por Eduardo Guimarães às 04h49
Detalhe: a falta de luz começou depois das 22 horas, muito próximo do fechamento das edições do principais jornais do país, que mostraram-se incrivelmente mobilizados para coberturas tão emergenciais. Pareceu até haver um esquema de “cobertura” muito bem montado.
O termo “apagão”, que foi o que vi no G1 e no UOL, deverá ser generalizado e explorado à farta pela mídia. Ela tentará vincular um episódio isolado e desencadeado por causa desconhecida ao racionamento de energia que ocorreu no fim do governo Fernando Henrique Cardoso devido a falta de investimentos em geração de energia naquela época.
A exploração de um episódio isolado, porém, terá vida curta... Mas será que terá mesmo? E se o episódio não for isolado e outros apagões misteriosos voltarem a ocorrer?
Chama atenção, assim, como os portais da grande mídia parecem ter organizado um plantão especial nas redações de ontem para hoje. Há uma fartura de informações em matérias longas que, repito, parecem ter precisado de um poderoso aparato jornalístico para ser produzidas
A colunista Eliane Cantanhêde, da Folha de São Paulo, por exemplo, em plena madrugada produziu uma conversinha sobre “empurra-empurra entre Itaipu e Furnas”. Eu poderia jurar que a matéria estava pronta quando acabou a luz em metade do país.
Aí entra em cena informação divulgada pelo jornal paraguaio ‘ABC Color’ de que a primeira peça que caiu no dominó elétrico seria... de São Paulo.
Claro que tudo pode não passar de teoria conspiratória minha, mas é bom ficarmos atentos. Já imaginaram que maravilha seria, para certos grupos políticos, se outros episódios como esse continuassem acorrendo? Haveria como dizer, no ano que vem, que Lula também produziu um apagão como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
É por isso que quero recomendar ao menos ao Ministério das Minas e Energia que investigue a fundo as causas desse apagão supostamente desencadeado em São Paulo. Acredito que alguns políticos são capazes de “pisar no pescoço” de qualquer um que ameace o sucesso de seus projetos políticos, como sempre diz Ciro Gomes.
Aliás, bom mesmo seria pôr a Polícia Federal na parada. Sabotadores de linhas de transmissão podem ser contratados e poderiam agir com facilidade num país como o nosso. Sucessivos cortes de energia são tudo o que certa oposição descerebrada poderia querer no momento em que afunda nos próprios dejetos.
Escrito por Eduardo Guimarães às 04h49
a mÍRIAN TEM O DIREITO DE FALAR BESTEIRA SOBRE O "APAGÃO": aFINAL ELA NÃO PENSA SÓ OUVE ESPECIALISTAS !
A Míriam não pensa, só ouve e reproduz o que falam os "especialistas". Em função disso, eu aceito com tranquilidade que ela fale e escreva muita besteira.
Se ela pensasse, como faz a minha neta de três anos, não embarcaria com avidez no lugar comum de culpar o governo federal de todos os males (ainda que mínimos) que ocorrem no Brasil e no mundo, escrevendo besteira.
***
Minha neta, ontem, presenciou pela primeira vez um blecaute de energia elétrica.
Ao contrário da Míriam que já pensou "oba, amanhã vou meter o pau no governo", minha doce neta me perguntou, com a curiosidade natural das crianças (por motivos profissionais estou no Rio):
"Vô, o que foi que aconteceu que está tudo escuro?"
Respondi: "parece que parou o fornecimento de energia elétrica aqui em Botafogo"
Ela continuou brincando com seus bonecos e comigo, à luz de vela.
Uma hora depois voltou a perguntar: "Então, daqui a pouco a luz volta, não é?"
"Deixa ver se foi só aqui em Botafogo ou na cidade toda", disse eu didaticamente
Peguei meu iPhone, acessei a internet e constatei que o blecaute estava ocorrendo em vários estados. Expliquei como pude, adicionando informações sobre o sistema brasileiro de energia elétrica.
Depois dessas explicações, ela me perguntou, com um sorriso maroto:
"Vô, isso sempre acontece? Porque eu não me lembro de ter visto coisa semelhante, nesses meus três anos bem vividos"...
Entrei no Google e pesquisei quando ocorreram outros blecautes, passando para ela as informações que encontrei:
"a) Em 2007, atingiu o Espírito Santo e parte do Estado do Rio.
Causa: Segundo Furnas, a causa do apagão foi a poluição acumulada sobre os cabos de energia por conta da falta de chuvas na região por cerca de oito meses.
b) Em 2005, atingiu o estado do Rio de Janeiro.
Causa: Há quem diga que foi causado pela ação de hackers
c) O Brasil enfrentou uma série de problemas de fornecimento de energia elétrica entre o meio de 2001 e no início de 2002. Durante esse período, no governo Fernando Henrique, a energia foi racionada no país devido ao fato de a demanda ser maior do que a oferta e à ocorrência de uma estiagem que deixou os reservatórios das hidrelétricas em níveis muito baixos.
d) Houve blecautes, incluindo um em janeiro de 2002, ainda no Governo Fernando Henrique, que deixou dez estados e o Distrito Federal sem energia."
Minha neta, muito atenta - e já sabendo fazer contas - me interrompeu:
"Vô, quer dizer que tirando os apagões durante o Governo Fernando Henrique, por falta de atendimento da demanda, os demais foram acidentais e de curtíssima duração, certo?"
Anuí com a cabeça, enquanto pensava como as crianças de hoje utilizam palavras sofisticadas como atendimento da demanda, acidentais e curtíssima duração, como quem fala mamãe, papai e vovô...
Uma vez feita a análise situacional, ela fez nova pergunta, na linha de análise de surpresas, do Carlos Matus:
"Vô, pra resolver isso, para que nunca mais aconteça, fica muito caro?"
Aproveitei a deixa e respondi do alto da minha sabedoria de engenheiro bem sucedido:
"Em engenharia, meu anjo, para chegarmos ao risco zero, temos que se gastar muito, mas muito, dinheiro, para evitar ou para minimizar a ocorrêcia da surpresa.
Nesse caso, temos que pensar se vale a pena gastar uma montanha de dinheiro que serviria para alimentar milhões de pessoas, durante décadas, para garantir que não falte energia elétrica durante algumas horas, a cada dois ou mais anos, quando ocorrer um acidente"
No que ela complementou, me pegando de surpresa:
"Vô, pensando bem, nem tudo é ruim quando falta luz.
Nós, por exemplo, estamos aproveitando para conversar e brincar, porque não tem televisão para atrapalhar.
E isso é muito bom, não é?"
Enquanto rabiscava um papel com giz de cera, completou:
"Pensando bem, é melhor usar esse dinheiro para alimentar milhões de pessoas... né?"
***
Se a Míriam fizesse este tipo de reflexão não precisaria pedir opinião a especialistas que não perdem uma oportunidade de aparecer no Blog da Míriam, ou em qualquer espaço privilegiado das Organizações Serra, para meter o pau no governo Lula.
Pense, Míriam, pense bem...
do blog F B I
Vox Populi: sites e blogues superam revistas e jornais somados
Pesquisa encomendada pelo Grupo Máquina ao Vox Populi que ouviu 2,5 mil pessoas e teve seu resultado publicado no Meio Mensagem desta semana reforça a tese insistentemente defendida aqui.
O levantamento mostra que a principal fonte de informação do brasileiro ainda é a TV com 55,9% da preferência dos entrevistados, mas o segundo já são os sites de notícias e blogues, com 20,4%, um resultado fantástico para um tipo de comunicação que ainda não chegou à adolescência.
E mais fantástico ainda porque é o dobro do público que se informa por jornais impressos, preferidos de 10,5%. E quase três vezes mais do que o rádio, com 7,8%.
Não pensem, porém, que a força da internet se resume à força de sites e blogues. As redes sociais já contam 2,7% da preferência dos pesquisados como fonte primeira de informação, estando à frente dass versões online dos jornais, 1,8%, e das revistas impressas, com 0,8%.
Em relação à credibilidade, os sites e blogues jornalísticos também ocupam boa posição. Neste quesito, o rádio está em primeiro lugar com nota média de 8,21 e os sites e blogues jornalísticos estão um centésimo atrás com 8,20.
Só depois aparecem TV, 8,12, jornais online, 8,03, jornais impressos, 7,99, revistas impressas, 7,79, redes sociais, 7,74, e revistas online, 7,67.
Conclui-se que, não se pode mais denominar de grande mídia os jornais diários brasileiros, dada a irrelevância das tiragens que têm. Esta pesquisa só reforça a tese de que cada vez mais brasileiros estão formando sua opinião de forma horizontal, a partir de espaços onde não são apenas espectadores, mas também analistas e produtores de informação.
O levantamento mostra que a principal fonte de informação do brasileiro ainda é a TV com 55,9% da preferência dos entrevistados, mas o segundo já são os sites de notícias e blogues, com 20,4%, um resultado fantástico para um tipo de comunicação que ainda não chegou à adolescência.
E mais fantástico ainda porque é o dobro do público que se informa por jornais impressos, preferidos de 10,5%. E quase três vezes mais do que o rádio, com 7,8%.
Não pensem, porém, que a força da internet se resume à força de sites e blogues. As redes sociais já contam 2,7% da preferência dos pesquisados como fonte primeira de informação, estando à frente dass versões online dos jornais, 1,8%, e das revistas impressas, com 0,8%.
Em relação à credibilidade, os sites e blogues jornalísticos também ocupam boa posição. Neste quesito, o rádio está em primeiro lugar com nota média de 8,21 e os sites e blogues jornalísticos estão um centésimo atrás com 8,20.
Só depois aparecem TV, 8,12, jornais online, 8,03, jornais impressos, 7,99, revistas impressas, 7,79, redes sociais, 7,74, e revistas online, 7,67.
Conclui-se que, não se pode mais denominar de grande mídia os jornais diários brasileiros, dada a irrelevância das tiragens que têm. Esta pesquisa só reforça a tese de que cada vez mais brasileiros estão formando sua opinião de forma horizontal, a partir de espaços onde não são apenas espectadores, mas também analistas e produtores de informação.
Enquanto isso numa gráfica em Barueri...
Prosseguem em ritmo acelerado os trabalhos de impressão, mixagem e empacotamento das 7 milhões de provas do Saresp - Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, remarcadas para os dias 17, 18 e 19 deste mês.
Na imagem acima, capturada na última noite pelas câmeras do infalível esquema de vigilância montado nos galpões da IGB, vê-se a força-tarefa de 350 pessoas, incluindo 200 alunos da Escola de Formação de Soldados da Polícia Militar, trabalhando para que não haja a menor chance de vazamento dos exames. O próprio secretário estadual da Educação de São Paulo, o lobista Paulo Renato Souza, visitou a gráfica para supervisionar o serviço.
Comentário do Aguinaldo: Um tucano diz para o outro: vamos aproveitar e imprimir já os santinhos eleitorais dizendo que o PSDB é o partido da Educação, que está no coração dos professores.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Vox Populi: Serra 36%, Dilma 19%
Pesquisa do Vox Populi que acaba de ser divulgada pelo Jornal da Band mostra que José Serra lidera a corrida presidencial, seguido pela ministra Dilma Rousseff.
Serra passou de 40% para 36%.
Dilma passou de 15% para 19%.
Ciro passou de 12% para 13%.
Marina passou de 5% para 3%.
Heloisa Helena, incluída nessa pesquisa, apareceu com 6%.
A taxa de rejeição de Serra é de 11%, a de Dilma está em 12%.
Dos entrevistados, 55% estão longe de se decidir em quem vão votar.
A taxa de aprovação do presidente Lula passou de 65% para 68%.
A margem de erro é de + ou - 2,4%.
Nota do Aguinaldo: Alguém ai lembra da pesquisa do Lauro Jardim, da Veja?. Está aqui: Serra, 40%, Dilma 15%.
Serra passou de 40% para 36%.
Dilma passou de 15% para 19%.
Ciro passou de 12% para 13%.
Marina passou de 5% para 3%.
Heloisa Helena, incluída nessa pesquisa, apareceu com 6%.
A taxa de rejeição de Serra é de 11%, a de Dilma está em 12%.
Dos entrevistados, 55% estão longe de se decidir em quem vão votar.
A taxa de aprovação do presidente Lula passou de 65% para 68%.
A margem de erro é de + ou - 2,4%.
Nota do Aguinaldo: Alguém ai lembra da pesquisa do Lauro Jardim, da Veja?. Está aqui: Serra, 40%, Dilma 15%.
Partidos da base lulista fecham acordo por Ciro
Reunidos na sede do PDT em São Paulo, a convite do deputado federal Paulo Ferreira da Silva, o Paulinho da Força, os líderes de oito partidos da base governista fecharam acordo para elaborar uma agenda política em comum, seguindo também unidos na disputa pelo governo de São Paulo.
E o candidato deverá ser o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE). Único nome a unir boa colocação nas pesquisas de opinião e aceitação de todos os partidos envolvidos (PT, PDT, PSB, PSL, PSC, PRB, PTN, PPL e PCdoB), Ciro contaria ainda com o apoio declarado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo ainda buscará o apoio do PR, do PP e do PTB.
O acordo praticamente tira da disputa o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que não conta com apoio do PT e do PDT. Outra possibilidade seria a aliança apoiar um candidato petista, o que só ocorrerá caso Ciro Gomes se candidate à Presidência.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) acredita que o acordo muda a qualidade da disputa em São Paulo, na medida em que propõe um novo projeto de oposição, com viabilidade eleitoral e em sintonia com o governo federal. Ao final de sua fala, ouviu do anfitrião, Paulinho: "Esse é um bom discurso para ser candidato a governador", deixando o senador encabulado e provocando riso nos presentes.
O PT foi o partido que enviou mais nomes de peso para a reunião. Além de Mercadante, compareceram o deputado federal e presidente do PT, Ricardo Berzoini, o presidente estadual Edinho Silva, o líder do PT na Assembleia Legislativa e deputado estadual Rui Falcão, além da vice-prefeita de Bauru, Estela Almagro.
A aliança formará três grupos de trabalho: de deputados, presidentes dos partidos e lideranças. Esses grupos avaliarão as condições de se eleger uma bancada forte na Assembleia e elaborarão uma agenda política comum, com encontros para apresentação de propostas, criando uma plataforma alternativa para o governo de São Paulo.
Mello: A crise anunciada pela mídia prejudicou a indústria?
Com base em uma reportagem publicada em "O Globo", o Mello se pergunta se os colunistas da mídia corporativa não são diretamente responsáveis por propagar uma crise maior que a de fato aconteceu:
A imagem aí de cima é uma reprodução de um box publicado no Globo de sábado. Mostra o tremendo prejuízo que grandes empresas estão amargando por apostarem na crise propagada pelo PIG e seus colunistas (todos eles ainda recebendo milhares de reais para darem palestras para executivos país afora).
O box foi encaixado numa reporcagem sobre a movimento recorde de venda de televisores de LCD no país. A Samsung já se conforma: não vai conseguir atender de 30% a 35% das encomendas. A LG, de 20% a 25%. Imagine o quanto isso representa de prejuízo.
Já a Philips afirma que está tudo OK. Porque “houve prioridade para os mercados emergentes”. Ou seja, eles acreditaram no país, e que a crise seria uma marolinha, como afirmou o presidente, ridicularizado pelo PIG.
Para ler mais, vá ao blog do Mello
Na entrevista ao Financial Times, Lula elogia a oposição
Entrevista publicada no dia 8 de novembro pelo jornal britânico Financial Times:
Financial Times: Sr. Presidente, me diga, como é que o Brasil saiu da crise financeira e econômica global tão rapidamente?
Presidente Lula: Bom, primeiro de tudo, eu acredito que é importante para você entender o que aconteceu no Brasil antes da crise. Estávamos determinados a acabar com a paralisia que o Brasil sofreu durante os anos 80 e 90. O Brasil teve de voltar ao caminho do crescimento e investir em infra-estrutura como condição para o sucesso nas décadas futuras. Uma coisa importante é que muitas das medidas que alguns países tomaram só após a crise, o Brasil já as havia feito em janeiro de 2007.
Deixe-me lhe dizer algo que vai soar como uma ironia do destino. Eu tinha medo de concorrer a um segundo mandato. Não estava satisfeito com a idéia de concorrer novamente. Por quê? Porque eu tinha a impressão de que um segundo mandato, poderia ser apenas mais da mesma coisa. Teria falta de motivação se as coisas não fossem bem, e tudo que tínhamos conseguido fazer no primeiro mandato, não seria suficientemente bom para sustentar um segundo mandato. Eu ainda tinha muito vivo em minha mente os erros de Fernando Henrique Cardoso [Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor ], em seu segundo mandato. O fracasso dele ainda estava em minha mente.
Muito bem, em 2006, discutindo o segundo mandato, disse aos meus colegas que era necessário começar 2007 com um programa de investimento que iria nos ocupar completamente nos próximos quatro anos. E nós preparamos o PAC. O PAC é o programa de crescimento acelerado. O PAC iria ser lançado em 2006. Mas um dos meus conselheiros em comunicação aconselhou-me não lançá-lo em 2006, porque seria visto como parte da campanha de políticos durante as eleições, e que poderia perder a credibilidade com a população.
E os meus assessores disseram - "Você não precisa do programa de aceleração do crescimento para ganhar esta eleição" - as eleições presidenciais de 2006. Então, o PAC foi lançado somente após as eleições, e é isso que nós fizemos em 22 de janeiro de 2007. E o PAC foi uma das principais razões da crise ter chegado tarde ao Brasil e é uma das razões do Brasil ter saído da crise em primeiro lugar, porque para um país desenvolvido, US $ 300 bilhões de investimentos é nada, mas para um país do tamanho do Brasil que não estava acostumado a fazer tais investimentos, os investimentos públicos, um programa de investimentos do governo para quatro anos de US $ 300 bilhões, era um desafio extraordinário.
Então o que aconteceu realmente foi que, quando veio a crise, o Brasil já está fazendo muitos investimentos, coisa que outros países só começaram a discutir hoje. O Brasil já estava fazendo investimentos pesados. As coisas já estavam em curso e, em uma reunião com o meu Ministro da Fazenda, com o Presidente do Banco Central, com o Ministro do Planejamento, disse a eles, "temos agora de tratar a economia como se estivéssemos em guerra".
Não podíamos perder tempo em reuniões e ouvindo um monte de pessoas. As medidas anti-cíclicas tinham que ser implementadas imediatamente. E nós tivemos a participação do Congresso. Isso foi muito importante, porque todas as medidas, todos os projetos que nós mandamos para o Congresso para enfrentar a crise, o Congresso aprovou-los muito rapidamente. Mesmo a oposição passou nossas medidas muito rapidamente em uma demonstração clara de que todos estavam muito preocupados com os efeitos da crise no nosso país.
É importante lembrar que em 22 de dezembro de 2008, eu fiz algo que eu nunca imaginei que eu faria. Houve um grande pânico provocado pela imprensa e nos meios de comunicação sobre os E.U.A, o que estava acontecendo na Grã-Bretanha, na Europa, uma crise mundial, e toda a imprensa dizendo que o consumo iria cair. Então eu fui na TV nacional e fiz uma declaração, uma declaração de nove minutos para chamar o povo brasileiro a comprar mais, consumir mais de uma forma responsável. Havia uma idéia de que os trabalhadores não estavam comprando mais nada porque estavam com medo de perder seus empregos, e eles não conseguiriam pagar suas prestações, suas contas. Fui à televisão para dizer que era compreensível esse medo de perder o emprego, mas que eu tinha certeza que eles iriam perder seus empregos se não comprassem nada. Portanto, era necessário que, dentro do orçamento de cada um, deverámos comprar tudo o que nós esttvéssemos interessados em comprar.
Ao mesmo tempo concedemos incentivos fiscais para a indústria automobilística, para produtos de linha branca, geladeiras, máquinas de lavar, fogões e materiais de construção. E por último, mas não menos importante, anunciamos um programa de construção de um milhão de casas para a população de baixa renda, das quais metade são para a faixa de renda muito baixa, que é de zero a três salários mínimos. E nós colocamos R $ 100 bilhões, o equivalente a US $ 50 bilhões a mais ou menos, no banco de desenvolvimento nacional, um banco estatal, pelo que poderá financiar projetos de desenvolvimento.
Lançamos no mercado mais R $ 100 bilhões dos depósitos compulsórios que os bancos têm de manter no Banco Central, para abrir os fluxos de crédito. Fizemos os bancos públicos comprarem as carteiras de bancos pequenos usadas para financiar compras de carros usados e nós tomamos a iniciativa de comprar dois bancos importantes; a Caixa Econômica do Estado de São Paulo e 50 por cento do Banco Votorantim . Isso é um banco de direito privado.
Por que fazemos isso? Porque o mercado de carros usados ficou paralisado, completamente sem vendas. Se você não vender seu carro usado, você não compra um carro novo, e Banco do Brasil, que é um banco estatal, não tinha experiência neste domínio, no financiamento de veículos usados, assim, ao invés de ensinar o seu pessoal a aprender sobre financiamento de carros usados, compramos um banco que tinha grande experiência no mercado de carros usados; o governo comprou 50 por cento desse banco.
E hoje, graças a Deus, o mercado se normalizou e a indústria automobilística no Brasil é vende normalmente os carros novos.
E então, nós também enfrentamos um problema muito sério de venda de caminhões. Nós queríamos renovar a frota de caminhões no Brasil. E agora nós desenvolvemos um programa de financiamento para permitir que as pessoas possam comprar caminhões novos, em condições altamente vantajosas. Assim, o autônomo, motorista free-lance poderia comprar seu próprio caminhão.
Em julho do ano passado, lançamos um outro programa chamado Mais e Melhor Alimentação, e que financiou a compra de 60.000 tratores e 300.000 máquinas agrícolas para a agricultura familiar.
FT: Senhor Presidente, sobre a imagem que o senhor descreveu para um grande momento. O senhor disse que estava preocupado com o seu segundo mandato. Muitos financistas internacionais e dos mercados de Wall Street estavam preocupados antes e durante o seu primeiro mandato. Será que eles erraram a leitura? Que tipo de socialista o senhor é?
PL: Primeiro de tudo, eles erraram a leitura, mesmo. Se as pessoas tivessem lido minha biografia, perceberiam a forma sempre muito responsável que conduzimos nossa atividade junto ao movimento sindical no Brasil, e se essas pessoas levassem em conta o fato de que tínhamos perdido três eleições anteriores, e que havíamos esperado por 12 anos, tempo suficiente para o partido amadurecer e para um candidato a amadurecer. E eu era o único candidato no Brasil que não poderia falhar. Eu não podia me dar ao luxo de cometer erros. Eu não poderia proceder do mesmo modo que [Lech] Wałęsa fez na Polonia, ou nenhum trabalhador jamais seria eleito presidente novamente.Estávamos trabalhando com a idéia da necessidade do sucesso, para que outros trabalhadores pudessem ter os mesmos sonhos que tive, e eles também poderiam concorrer à presidência. Então, eu estava trabalhando obsessivamente com a convicção de que eu não podia cometer erros.
Assim, em nível internacional, acredito que eles fizeram uma análise sociológica às pressas. Eles me julgaram erradamente, a mim mesmo e o nosso partido além de subestimar nossas possibilidades. Os melhores intelectuais no Brasil estavam nos apoiando.Tínhamos ao nosso lado a maioria dos movimentos sociais. Tínhamos o apoio da maioria do movimento operário. Tínhamos uma grande parte da esquerda política no Brasil. Também tivemos ao nosso lado o que faltava para eu termos vencido as eleições anteriores, e que foi um grande empresário como meu vice-presidente; ter alguém da classe empresarial para ser meu vice-presidente, que era a maneira de conquistar os 20 por cento dos votos que faltaram em cada uma das eleiçõs anteriores.
Então eu trouxe para ser vice-presidente uma pessoa que considero ser o melhor vice-presidente do mundo, um homem do mundo empresarial, que tem hoje a maior empresa têxtil no mundo. Ele é vice-presidente e ajudou a quebrar tabus e preconceitos no mundo empresarial. Este foi um passo importante que só depois das eleições alguns setores empresariais começaram a compreender, e aqui eu quero dizer publicamente, que Gordon Brown era alguém muito importante, uma pessoa muito importante, porque através de todo esse tempo, ele confiava no Brasil e sempre falou bem do meu governo. E o diretor-gerente do FMI, eu me lembro de uma reunião em Paris, em 2003, quando eu estava conversando com [Horst] Köhler sobre o Brasil, sobre a minha vida. Isso foi quando eu tinha sido pouco menos de um mês no cargo. E, de repente, estávamos abraçados e nós estávamos a chorar.
FT: O quê, você Köhler?
PL: Sim, em Paris, 2003; janeiro de 2003. Então havia muita compreensão de alguns líderes internacionais, apoiando as nossas políticas, diferentemente de outros períodos. Todo mundo que veio nos visitar sabia dos esforços que nós estávamos emppreendendo, e em seguida, eles começaram a falar bem do Brasil ao redor do mundo. Assim, os mercados tornaram-se um pouco menos preconceituosos, e [Jacques] Chirac foi uma figura muito importante que me apoiou. Olha, eu estou falando sobre o direito do povo de direita.
FT: Você persuadiu [George W] Bush?
PL: Sim. Sou muito grato ao presidente Bush. Lembro muito bem como se fosse hoje. Em 10 de dezembro de 2002, antes da inauguração, fui a Casa Branca para falar com o presidente Bush. Bush estava falando sobre a guerra do Iraque, o futuro da guerra do Iraque , de uma forma muito obsessiva, dizendo que estava lutando contra o terrorismo ... Ele falou muito francamente. Após 40 minutos disse ao presidente Bush - "Presidente Bush, o Iraque é de 14.000 quilômetros de distância do meu país. Não tenho nada contra o Iraque, mas tenho uma outra guerra no Brasil. Essa é a guerra é para acabar com a fome no meu país. Esta é a minha prioridade. Assim, a partir daí em diante, nós estabelecemos uma amizade muito boa. Tornei-me um amigo de Bush.
FT: Senhor Presidente, quero fazer outra pergunta sobre a economia, mas muito brevemente, o senophr se referiu à sua formidável coligação que o ajudou a ganhar o seu primeiro mandato. Essa coligação que pode manter-se unida quando deixar o poder?
PL: Sim
FT: Por quê?
PL: Sim, e nós estamos sempre construindo esta coligação. Primeiro de tudo, porque sei que quem vai ser o futuro presidente não será capaz de mudar todas as conquistas que a sociedade brasileira veio a se beneficiar. Em segundo lugar, porque eu tenho um candidato muito bom, ela é muito competente, que conhece o Brasil muito bem. Muito poucas pessoas sabem o Brasil como ela faz, ela é o grande gerente do sucesso do nosso governo.
FT: Mas ela não tem o seu carisma, Senhor Presidente.
PL: Ela vai ter que construir. Uma coisa que eu acredito que é importante é que se eu conseguir eleger Dilma, o meu grande contribuição será para lhe permitir desenvolver seu próprio estilo, para desenvolver sua própria maneira de fazer as coisas.
FT: Alguma vez o senhor pensou em um terceiro mandato? E eu pergunto, porque eu só passei uma hora e meia com o presidente [Álvaro] Uribe.
PL: Eu comecei a entrevista dizendo que eu estava com medo do meu segundo mandato. Acredito que o sucessor que consegue isso através de uma eleição não tem o direito de pensar de um terceiro mandato, porque o sucessor, uma vez eleito tem direito apenas a um segundo mandato.
FT: Vamos voltar para a economia. É esse crescimento atual é sustentável? É demasiado dependente de commodities?
PL: Não, não é dependente de commodities. O crescimento é sustentável porque envolve diversos setores. Commodities sim, são importantes. O setor industrial é importante. As exportações são importantes. A indústria de construção naval e da indústria da construção são importantes. A indústria petroquímica é importante. Ou seja, nós tomamos a decisão de tornar o Brasil uma economia grande e verdadeira, e Deus ajudou-nos de duas formas, basicamente.
Em primeiro lugar, porque o mundo vai continuar a precisar de mais alimentos, e o Brasil tem todas as condições adequadas para produzir parte desse alimento. Em segundo lugar, porque descobrimos uma enorme reserva de petróleo, e nós não queremos usar o petróleo como tradicionalmente os países produtores de petróleo têm usado , para ser apenas meros exportadores de petróleo cru e petróleo cru não combina com o desenvolvimento nacional. Portanto, estamos desenvolvendo um fundo no escopo do novo marco regulador da indústria do petróleo só para cuidar especificamente ...
FT: Não há a preocupação do demasiado peso da mão do Estado?
PL: Não, não estou preocupado. Estamos desenvolvendo um fundo com o objetivo de investir em educação, ciência e tecnologia, saúde, cultura e meio ambiente. Estas são as prioridades. É um fundo que será investido nos mercados, e vamos repassar todos os investimentos que temos neste fundo. Nós não vamos gastar o dinheiro do fundo. Queremos ser exportadores de derivados de petróleo, e não exportadores de petróleo, porque nós queremos desenvolver uma forte indústria de petróleo e uma indústria naval forte também. Queremos construir nossas plataformas de perfuração, nossas próprias plataformas offshore, e os nossos próprios navios. E nós queremos desenvolver uma forte indústria petroquímica. Nós já estamos trabalhando nisso.
FT: Petrobras é uma empresa de classe mundial. Nós sabemos disso. Mas você vai precisar de alguma tecnologia estrangeira aqui.
PL: Sim, e nós queremos isso, e nós queremos compartilhar o nosso conhecimento com estrangeiros também, então é por isso que estamos fazendo todos os esforços para incentivar as empresas de petróleo em todo o mundo a desenvolver parcerias conosco na construção de estaleiros com docas secas, para que possamos construir coisas no Brasil.
FT: Muitas pessoas que criticam o seu governo, mas também existem pessoas que não são tão críticas, disseram que há uma pressão do Estado nesse sentido. Houve pressão sobre a Vale, por exemplo, para investir na produção de aço? Como vê a relação entre os setores público e privado no futuro governo?
PL: Eu acredito que, se você analisar as coisas corretamente, duvido que em qualquer momento da história do Brasil o setor privado tenha tido mais respeito por parte do Estado do que tem hoje. Duvido que eles não tenham aproveitado esse respeito, ou que já tenham ganho mais dinheiro. O que peço a Vale é que deve transformar minério de ferro em aço no Brasil e, ao mesmo tempo, comprar o maquinário e os navios que precisa no Brasil, porque é assim que você trazer a tecnologia para o país.
Agora, se você não fizer isso, o que acontece? Nós vamos vender o nosso minério de ferro para a China. China vai construir navios de grande porte. China produz 540 milhões de toneladas de aço, eo Brasil só fabrica 35milhões de toneladas de aço. E precisamos exportar material com valor agregado também.
FT: Senhor Presidente, o senhor é um patriota econômico, então? Ou você é um nacionalista econômico?
PL: Eu sou um patriota, um patriota econômico. Isso é um termo que eu gosto. Sim, gosto disso. Isso me agrada. Você tem que pensar sobre o futuro do país. O minério de ferro e petróleo, estas são coisas que funcionam para fora, por isso, se você não tiver cuidado, logo você esgotará a oferta, e ficará órfão. Então o que precisamos fazer? Temos que aproveitar este momento e construir uma base industrial mais sólida e no Brasil. Nós não estamos cometendo nenhum pecado. Nós queremos ser um país mais industrializado.
FT: Não é um pecado, mas as pessoas querem entender qual a forma de Estado não vai ser no futuro. Quão grande é o papel do Estado na determinação do futuro da economia do Brasil?
PL: A minha visão do Estado é que esta discussão sobre o estado ... na minha opinião, a discussão usual sobre o papel do estado terminou como resultado da crise global. Por um longo tempo, em todo o mundo, inclusive no Brasil, as pessoas disseram que o estado não tinha e os mercados governariam tudo. E no Brasil, você sabe, eles até pensaram que o mercado deve regular até mesmo a educação , o que é uma idéia absurda.
Então, primeiro de tudo, e quero deixar isto bem claro aqui, eu sou contra o Estado ser o gestor da economia. Eu sou contra essa idéia. O estado tem que ser forte, mas como um catalisador de desenvolvimento, uma entidade que impulsiona o desenvolvimento em nível regional no nosso país, e o estado ao mesmo tempo, deve exercer a supervisão das boas práticas, econômicas e políticas de boas práticas. E podemos dar-lhe um exemplo. Por que o sistema financeiro no Brasil não quebrou na crise? Porque ele é fortemente regulamentado.
FT: Porque lá o senhor não tem muitos loiros de olhos azuis...
PL: É importante esclarecer isso, porque quando eu falei sobre o cabelo loiro e os olhos azuis, quando a crise aumentou, eu estava reagindo aos comentários de pessoas que colocaram a culpa da crise sobre os migrantes e imigrantes. As pessoas pobres da África e do mundo vão ter de pagar a crise e que não foram eles que causaram. Então é por isso que eu disse, esta crise não é uma crise dos pobres, não é proveniente do pobre, ou latino-americanos, ou de africanos. Essa crise é proveniente dos ricos com os olhos azuis. E eu disse isso ao Gordon Brown em palácio, no Palácio do Presidente.
Você sabe o que fizemos no Brasil há dois meses? Legalizamos todas as pessoas que estavam em situação irregular no Brasil, todos eles, para dar uma demonstração clara aos países ricos que não temos de perseguir os pobres por causa de uma crise econômica da qual não são culpados.
Agora, por favor, preste atenção. Você pode imaginar que se todos os países ricos gastassem 10 por cento do dinheiro que eles gastaram na crise global para salvar o sistema financeiro em uma política de ajuda aos países mais pobres do mundo? Os países ricos dizem que não podem ter recursos para financiar a redução da pobreza nos países pobres. Mas, para salvar seus bancos, eles encontraram trilhões e trilhões. Se tivessem ajudado alguns países pobres, o mundo seria um lugar melhor. O dinheiro que eles não tinham para ajudar os países pobres, de repente apareceu. Trilhões e trilhões de dólares apareceram para salvar um sistema financeiro que havia sido quebrado de forma irresponsável.
Então, eu acredito que isso deve servir de aviso para nós. O Estado não pode controlar tudo ou intrometer-se em todos os assuntos, mas você não pode manter o estado longe de tudo, como era nos anos 80 e nos anos 90.
FT: Senhor Presidente me perdoe a brincadeira, mas eu gostaria de citar uma outra coisa que você disse, voltando para assuntos externos, o que eu pensei que era um pouco ideal, que é: o senhor disse que quando começou como sindicalista, se houvesse um problema no Brasil, você iria culpar o governo. Então, quando o senhor estava disputando a presidência como candidato da oposição, se houvesse um problema, o senhor culparia o governo. Mas então, quando o senhor se tornou presidente do Brasil, e houve um problema em seu país, o senhor culpou os Estados Unidos?
PL: Não, não vou para o inferno por esse pecado. Nunca transferi minhas responsabilidades para os outros. Quando eu era um líder trabalhista colocava menos culpa no governo, porque era um líder dos metalúrgicos. Isso não teve nada a ver diretamente com o governo; era diretamente com a classe empresarial. Quando eu estava lutando contra o governo era porque eles não forneciam informações sobre as taxas de inflação. Eles ocultavam essa informação, ou mentiam, ou quando o governo proibiu as manifestações dos trabalhadores ou para chegar a um acordo. Eles iriam intervir na mesa de negociação. Mas a minha luta naqueles dias era contra os empregadores, e não contra o governo.
É verdade, sim, que todo mundo que está na oposição, põe a culpa no governo. É verdade. Eu fiz isso também. O meu partido fez isso também. Mas, por favor, eu nunca coloquei a culpa seja no imperialismo ianque, e menos ainda sobre os outros países ricos, porque a culpa, porque o Brasil é o que é, a culpa deve ser colocado na elite brasileira, a elite econômica e política. Esses são os únicos culpados. Pessoas que não têm uma mentalidade para pensar sobre questões sociais ... Eles não pensam no país como um todo e, durante séculos eles eram ficaram subordinados a outros interesses, subservientes.
E tenho dito para muitos líderes, os líderes políticos da América Latina, parar de colocar a culpa nos outros. Olhar para dentro de seu país, o que acontece dentro de seu país. O que acontece com a classe política em seu país, olhar para eles. Como é que o setor empresarial se comporta em seu país? É muito fácil você transferir suas responsabilidades para outros, colocar a culpa nos outros.
FT: O senhor mantém boas relações com outros países da América Latina que seguem políticas diferentes das suas, e têm idéias diferentes das suas.
PL: Bem, eu carrego comigo uma lição que eu aprendi. Eu penso de quando o Presidente Nixon, em 1973, decidiu fazer da China um parceiro comercial preferencial. Eu acredito em convivência com a diversidade. Nós não temos o direito de pensar que outras pessoas devem pensar como nós. Temos de trabalhar muito e democracia permite-lhe ter relações pacíficas entre os diferentes países.
E olha como isso é extraordinário. Temos excelentes relações com a Colômbia e o Peru, temos excelentes relações com Venezuela e Bolívia. Porque eu faço isso? Porque para mim, as diferenças entre nós são muitas vezes históricas. Nós ainda temos muitos problemas que herdamos do século 19 na América Latina; fronteiras, questões de fronteiras terrestres questões, mar.
Então, qual é o papel de um país que é a maior economia, a maior da população e tem muito mais tecnologia? Qual é o papel que o Brasil deveria ter? Não se trata de estabelecer uma política hegemônica vis-à-vis a outros países. Ou ele deve estabelecer uma relação democrática, para que as pessoas possam ver que não estamos interferindo ou com ingerência na política interna de sua soberania, na sua política soberana. Você não pode empurrar as pessoas em cantos. É muito importante para você entender que ... Eu sempre digo que o Brasil não deve trabalhar no sentido de hegemonia, mas apenas para a construção de parcerias, porque durante o século 20, ou pelo menos, dois terços do século 20, a Política Estadual de os E.U. foi no sentido de convencer países sul-americanos que o grande império era o Brasil.
Então olhe para este paradoxo. Empresários bolivianos tinham medo dos empresários brasileiros, mas eles não tinham medo dos empresários americanos. Empresários mexicanos tinham medo dos empresários brasileiros, mas eles não tinham medo dos empresários americanos. Chávez foi um professor da academia militar, e ele dizia isso publicamente em suas aulas, dizia que os militares venezuelanos devem estar muito alertas contra o império brasileiro. Na política você só aprende a teoria maquiavélica: dividir para conquistar. No Brasil, sob o meu governo, nós começamos a reconstruir a confiança na América do Sul, porque você não pode se desenvolver sem a confiança política. E graças a Deus, estamos conseguindo fazer isso.
FT: Os Brics são quatro os países com os seus próprios interesses divergentes. Você acha que é um grupo significativo?
PL: Sim, é. O maior exemplo que posso dar é a União Europeia. Parecia impossível há 30 anos para nós imaginar que a União Europeia seria como hoje. Há quantos anos a França foi bombardeada pela Alemanha? Então, de repente, todos esses países estão juntos, e agora eles ainda decidiram eleger um Presidente da União Europeia e um ministro dos negócios estrangeiros. Isso é algo fantástico. Quem poderia imaginar que a Alemanha iria eleger uma mulher da Alemanha Oriental tornar-se chanceler da Alemanha?
Então, é para essas coisas positivas que temos de trabalhar. É como quando você encontra uma nova namorada. Se você olhar apenas defeitos e falhas, você vai conseguir nada. Mas se você olhar pelo lado positivo, pode acabar se casando. E na política, temos que saber existem divergências entre os Brics, e colocá-los de lado. Coloque as divergências de lado e começar a trabalhar sobre os pontos que podemos construir juntos, e é assim que vamos construir uma aliança forte entre os Brics.
Não se trata de exigir que alguém deve fazer concessões sobre as coisas que eles não acreditam. Queremos desenvolver objetivos que possam ser alcançados por todos. Deixe-me dar um exemplo.
Sugeri na reunião passada, dos BRICs, que foi em Yekaterinburg, que devemos começar a operar em nossas próprias moedas. Nós não precisamos do dólar. Podemos comérciar com a nossa própria moeda nacional. Isso iria ajudar sobretudo que as pequenas e médias empresas tenham acesso a moeda nacional e os bancos centrais fornecem a garantia. Qual é o problema? Não há problema. É apenas uma questão cultural, porque estamos acostumados com o dólar, mas isso pode mudar. E esta é uma mudança extraordinária para os países que têm de comprar dólares. Agora, nesta crise, tivemos que colocar nosso dinheiro de reservas para garantir os nossos exportadores devido à crise de crédito.
FT: Ninguém poderia imaginar... Vocês estavam mesmo emprestando dinheiro ao FMI. Há uma ironia histórica.
PL: A ironia foi quando eu chamei de Rato o FMI e disse que eu não queria o dinheiro do FMI. Ele disse, não, nós precisamos de emprestar o dinheiro para o Brasil. O Brasil precisa de pedir emprestado. Brasil deve manter seus empréstimos com o FMI. É muito importante para mim, para mostrar que o Brasil ... Eu disse: não, eu não quero seu dinheiro. E ele estava realmente chateado quando recebeu de volta os US $ 16 bilhões que nós emprestou. E eu ainda trabalhei com a idéia de que vamos chegar ao final do meu mandato com uma taxa de inflação de 4 por cento. Não muito tempo atrás eu costumava sonhar de acumular US $ 100 bilhões em reservas cambiais. Em breve teremos $ 300 bilhões.
FT: Vamos falar sobre Copenhague. O Brasil está em uma posição incomum. Tem uma matriz energética limpa e pode reduzir as suas emissões de CO2 através da redução do desmatamento. Mas isso é muito difícil para os outros países emergentes? O que o Brasil pode oferecer em termos de liderança?
PL: O Brasil vai com muito cuidado e com grande responsabilidade para Copenhagen. Em primeiro lugar, já assumiu o compromisso, em setembro do ano passado na ONU, para se estabelecer uma meta, um alvo, para reduzir o desmatamento em 80 por cento até ao ano 2020. E o Brasil tem outras coisas que pretende fazer. Primeiro, porque 85 por cento da nossa energia elétrica é limpa. E de nossa matriz energética total, 47 por cento é limpa. Nenhum outro país tem tanta energia limpa. O Reino Unido tem somente 2 por cento de energia limpa.
Agora o Brasil compreende a realidade de cada país e o Brasil não vai fazer o discurso fácil de fazer exigências aos outros. Não, nós vamos mostrar em Copenhagen, qual é a meta para o Brasil e nós não queremos nos subordinar os outros países a adotar a meta brasileira.
Objetivos no Brasil são objetivos do Brasil, mas vamos trabalhar para que possamos construir um acordo que poderia ser viável para outros países.
Creio que algo importante já está ocorrendo. Todo mundo percebe que todos nós temos que fazer algo. E eu acredito que com todos fazendo um pouco de sua parte, podemos evitar a morte do planeta. Temos um processo de aquecimento de 2 graus nos últimos 30 anos. Nós estamos tentando trabalhar com a idéia, juntamente com outros países e, certamente, a minha conversa com o primeiro-ministro Gordon Brown noite será na questão ambiental. Nós já conversamos com os E.U.A. , com a França e com a Alemanha. Em 26 de novembro, vamos ter uma reunião com os países amazônicos, em Manaus, a capital do Amazonas. Já temos o mapeamento do zoneamento agro-ecológico da cana para a floresta, e agora nós estamos fazendo um levantamento de como podemos recuperar as terras degradadas no Brasil, e nós estamos fortalecendo nossa política de bio-diesel. Acabamos de aprovar para 1 de janeiro o diesel B5. Para o próximo ano vamos ter uma mistura de 5 por cento de biodiesel no óleo diesel.
FT: O que você vai pedir de Gordon Brown?
PL: O Brasil não está pedindo nada.
FT: E o que Gordon Brown vai ser pedir ao Brasil?
PL: O Reino Unido sempre foi e continuará a ser um parceiro internacional. Eu acredito que o Reino Unido deve trabalhar com a idéia da Europa para avançar um pouco mais, inclusive em termos de bio-diesel no óleo diesel e também em termos de redução do aquecimento global. Deverá haver um fundo para financiar os países mais pobres. A UE irá desenvolver um trabalho extraordinário de seqüestro, seqüestro de carbono.
FT: Teria que ser como o Fundo Amazônia do Brasil?
PL: Pode ser algo semelhante para o Fundo Amazônia. Estamos indo para ir à reunião com a mente aberta, de modo que outras propostas poderiam ser benvindas. Acho que não é hora de radicalizar. O bom senso deve prevalecer. Se queremos apenas fazer um discurso ideológico, um discurso fácil, nós poderíamos obter alguns aplausos, mas não vamos obter nenhum resultado. E agora não é o momento de colocar a culpa em ninguém. Agora é a hora de encontrar uma saída.
FT: Senhor Presidente, muito obrigado.
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Financial Times: Sr. Presidente, me diga, como é que o Brasil saiu da crise financeira e econômica global tão rapidamente?
Presidente Lula: Bom, primeiro de tudo, eu acredito que é importante para você entender o que aconteceu no Brasil antes da crise. Estávamos determinados a acabar com a paralisia que o Brasil sofreu durante os anos 80 e 90. O Brasil teve de voltar ao caminho do crescimento e investir em infra-estrutura como condição para o sucesso nas décadas futuras. Uma coisa importante é que muitas das medidas que alguns países tomaram só após a crise, o Brasil já as havia feito em janeiro de 2007.
Deixe-me lhe dizer algo que vai soar como uma ironia do destino. Eu tinha medo de concorrer a um segundo mandato. Não estava satisfeito com a idéia de concorrer novamente. Por quê? Porque eu tinha a impressão de que um segundo mandato, poderia ser apenas mais da mesma coisa. Teria falta de motivação se as coisas não fossem bem, e tudo que tínhamos conseguido fazer no primeiro mandato, não seria suficientemente bom para sustentar um segundo mandato. Eu ainda tinha muito vivo em minha mente os erros de Fernando Henrique Cardoso [Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor ], em seu segundo mandato. O fracasso dele ainda estava em minha mente.
Muito bem, em 2006, discutindo o segundo mandato, disse aos meus colegas que era necessário começar 2007 com um programa de investimento que iria nos ocupar completamente nos próximos quatro anos. E nós preparamos o PAC. O PAC é o programa de crescimento acelerado. O PAC iria ser lançado em 2006. Mas um dos meus conselheiros em comunicação aconselhou-me não lançá-lo em 2006, porque seria visto como parte da campanha de políticos durante as eleições, e que poderia perder a credibilidade com a população.
E os meus assessores disseram - "Você não precisa do programa de aceleração do crescimento para ganhar esta eleição" - as eleições presidenciais de 2006. Então, o PAC foi lançado somente após as eleições, e é isso que nós fizemos em 22 de janeiro de 2007. E o PAC foi uma das principais razões da crise ter chegado tarde ao Brasil e é uma das razões do Brasil ter saído da crise em primeiro lugar, porque para um país desenvolvido, US $ 300 bilhões de investimentos é nada, mas para um país do tamanho do Brasil que não estava acostumado a fazer tais investimentos, os investimentos públicos, um programa de investimentos do governo para quatro anos de US $ 300 bilhões, era um desafio extraordinário.
Então o que aconteceu realmente foi que, quando veio a crise, o Brasil já está fazendo muitos investimentos, coisa que outros países só começaram a discutir hoje. O Brasil já estava fazendo investimentos pesados. As coisas já estavam em curso e, em uma reunião com o meu Ministro da Fazenda, com o Presidente do Banco Central, com o Ministro do Planejamento, disse a eles, "temos agora de tratar a economia como se estivéssemos em guerra".
Não podíamos perder tempo em reuniões e ouvindo um monte de pessoas. As medidas anti-cíclicas tinham que ser implementadas imediatamente. E nós tivemos a participação do Congresso. Isso foi muito importante, porque todas as medidas, todos os projetos que nós mandamos para o Congresso para enfrentar a crise, o Congresso aprovou-los muito rapidamente. Mesmo a oposição passou nossas medidas muito rapidamente em uma demonstração clara de que todos estavam muito preocupados com os efeitos da crise no nosso país.
É importante lembrar que em 22 de dezembro de 2008, eu fiz algo que eu nunca imaginei que eu faria. Houve um grande pânico provocado pela imprensa e nos meios de comunicação sobre os E.U.A, o que estava acontecendo na Grã-Bretanha, na Europa, uma crise mundial, e toda a imprensa dizendo que o consumo iria cair. Então eu fui na TV nacional e fiz uma declaração, uma declaração de nove minutos para chamar o povo brasileiro a comprar mais, consumir mais de uma forma responsável. Havia uma idéia de que os trabalhadores não estavam comprando mais nada porque estavam com medo de perder seus empregos, e eles não conseguiriam pagar suas prestações, suas contas. Fui à televisão para dizer que era compreensível esse medo de perder o emprego, mas que eu tinha certeza que eles iriam perder seus empregos se não comprassem nada. Portanto, era necessário que, dentro do orçamento de cada um, deverámos comprar tudo o que nós esttvéssemos interessados em comprar.
Ao mesmo tempo concedemos incentivos fiscais para a indústria automobilística, para produtos de linha branca, geladeiras, máquinas de lavar, fogões e materiais de construção. E por último, mas não menos importante, anunciamos um programa de construção de um milhão de casas para a população de baixa renda, das quais metade são para a faixa de renda muito baixa, que é de zero a três salários mínimos. E nós colocamos R $ 100 bilhões, o equivalente a US $ 50 bilhões a mais ou menos, no banco de desenvolvimento nacional, um banco estatal, pelo que poderá financiar projetos de desenvolvimento.
Lançamos no mercado mais R $ 100 bilhões dos depósitos compulsórios que os bancos têm de manter no Banco Central, para abrir os fluxos de crédito. Fizemos os bancos públicos comprarem as carteiras de bancos pequenos usadas para financiar compras de carros usados e nós tomamos a iniciativa de comprar dois bancos importantes; a Caixa Econômica do Estado de São Paulo e 50 por cento do Banco Votorantim . Isso é um banco de direito privado.
Por que fazemos isso? Porque o mercado de carros usados ficou paralisado, completamente sem vendas. Se você não vender seu carro usado, você não compra um carro novo, e Banco do Brasil, que é um banco estatal, não tinha experiência neste domínio, no financiamento de veículos usados, assim, ao invés de ensinar o seu pessoal a aprender sobre financiamento de carros usados, compramos um banco que tinha grande experiência no mercado de carros usados; o governo comprou 50 por cento desse banco.
E hoje, graças a Deus, o mercado se normalizou e a indústria automobilística no Brasil é vende normalmente os carros novos.
E então, nós também enfrentamos um problema muito sério de venda de caminhões. Nós queríamos renovar a frota de caminhões no Brasil. E agora nós desenvolvemos um programa de financiamento para permitir que as pessoas possam comprar caminhões novos, em condições altamente vantajosas. Assim, o autônomo, motorista free-lance poderia comprar seu próprio caminhão.
Em julho do ano passado, lançamos um outro programa chamado Mais e Melhor Alimentação, e que financiou a compra de 60.000 tratores e 300.000 máquinas agrícolas para a agricultura familiar.
FT: Senhor Presidente, sobre a imagem que o senhor descreveu para um grande momento. O senhor disse que estava preocupado com o seu segundo mandato. Muitos financistas internacionais e dos mercados de Wall Street estavam preocupados antes e durante o seu primeiro mandato. Será que eles erraram a leitura? Que tipo de socialista o senhor é?
PL: Primeiro de tudo, eles erraram a leitura, mesmo. Se as pessoas tivessem lido minha biografia, perceberiam a forma sempre muito responsável que conduzimos nossa atividade junto ao movimento sindical no Brasil, e se essas pessoas levassem em conta o fato de que tínhamos perdido três eleições anteriores, e que havíamos esperado por 12 anos, tempo suficiente para o partido amadurecer e para um candidato a amadurecer. E eu era o único candidato no Brasil que não poderia falhar. Eu não podia me dar ao luxo de cometer erros. Eu não poderia proceder do mesmo modo que [Lech] Wałęsa fez na Polonia, ou nenhum trabalhador jamais seria eleito presidente novamente.Estávamos trabalhando com a idéia da necessidade do sucesso, para que outros trabalhadores pudessem ter os mesmos sonhos que tive, e eles também poderiam concorrer à presidência. Então, eu estava trabalhando obsessivamente com a convicção de que eu não podia cometer erros.
Assim, em nível internacional, acredito que eles fizeram uma análise sociológica às pressas. Eles me julgaram erradamente, a mim mesmo e o nosso partido além de subestimar nossas possibilidades. Os melhores intelectuais no Brasil estavam nos apoiando.Tínhamos ao nosso lado a maioria dos movimentos sociais. Tínhamos o apoio da maioria do movimento operário. Tínhamos uma grande parte da esquerda política no Brasil. Também tivemos ao nosso lado o que faltava para eu termos vencido as eleições anteriores, e que foi um grande empresário como meu vice-presidente; ter alguém da classe empresarial para ser meu vice-presidente, que era a maneira de conquistar os 20 por cento dos votos que faltaram em cada uma das eleiçõs anteriores.
Então eu trouxe para ser vice-presidente uma pessoa que considero ser o melhor vice-presidente do mundo, um homem do mundo empresarial, que tem hoje a maior empresa têxtil no mundo. Ele é vice-presidente e ajudou a quebrar tabus e preconceitos no mundo empresarial. Este foi um passo importante que só depois das eleições alguns setores empresariais começaram a compreender, e aqui eu quero dizer publicamente, que Gordon Brown era alguém muito importante, uma pessoa muito importante, porque através de todo esse tempo, ele confiava no Brasil e sempre falou bem do meu governo. E o diretor-gerente do FMI, eu me lembro de uma reunião em Paris, em 2003, quando eu estava conversando com [Horst] Köhler sobre o Brasil, sobre a minha vida. Isso foi quando eu tinha sido pouco menos de um mês no cargo. E, de repente, estávamos abraçados e nós estávamos a chorar.
FT: O quê, você Köhler?
PL: Sim, em Paris, 2003; janeiro de 2003. Então havia muita compreensão de alguns líderes internacionais, apoiando as nossas políticas, diferentemente de outros períodos. Todo mundo que veio nos visitar sabia dos esforços que nós estávamos emppreendendo, e em seguida, eles começaram a falar bem do Brasil ao redor do mundo. Assim, os mercados tornaram-se um pouco menos preconceituosos, e [Jacques] Chirac foi uma figura muito importante que me apoiou. Olha, eu estou falando sobre o direito do povo de direita.
FT: Você persuadiu [George W] Bush?
PL: Sim. Sou muito grato ao presidente Bush. Lembro muito bem como se fosse hoje. Em 10 de dezembro de 2002, antes da inauguração, fui a Casa Branca para falar com o presidente Bush. Bush estava falando sobre a guerra do Iraque, o futuro da guerra do Iraque , de uma forma muito obsessiva, dizendo que estava lutando contra o terrorismo ... Ele falou muito francamente. Após 40 minutos disse ao presidente Bush - "Presidente Bush, o Iraque é de 14.000 quilômetros de distância do meu país. Não tenho nada contra o Iraque, mas tenho uma outra guerra no Brasil. Essa é a guerra é para acabar com a fome no meu país. Esta é a minha prioridade. Assim, a partir daí em diante, nós estabelecemos uma amizade muito boa. Tornei-me um amigo de Bush.
FT: Senhor Presidente, quero fazer outra pergunta sobre a economia, mas muito brevemente, o senophr se referiu à sua formidável coligação que o ajudou a ganhar o seu primeiro mandato. Essa coligação que pode manter-se unida quando deixar o poder?
PL: Sim
FT: Por quê?
PL: Sim, e nós estamos sempre construindo esta coligação. Primeiro de tudo, porque sei que quem vai ser o futuro presidente não será capaz de mudar todas as conquistas que a sociedade brasileira veio a se beneficiar. Em segundo lugar, porque eu tenho um candidato muito bom, ela é muito competente, que conhece o Brasil muito bem. Muito poucas pessoas sabem o Brasil como ela faz, ela é o grande gerente do sucesso do nosso governo.
FT: Mas ela não tem o seu carisma, Senhor Presidente.
PL: Ela vai ter que construir. Uma coisa que eu acredito que é importante é que se eu conseguir eleger Dilma, o meu grande contribuição será para lhe permitir desenvolver seu próprio estilo, para desenvolver sua própria maneira de fazer as coisas.
FT: Alguma vez o senhor pensou em um terceiro mandato? E eu pergunto, porque eu só passei uma hora e meia com o presidente [Álvaro] Uribe.
PL: Eu comecei a entrevista dizendo que eu estava com medo do meu segundo mandato. Acredito que o sucessor que consegue isso através de uma eleição não tem o direito de pensar de um terceiro mandato, porque o sucessor, uma vez eleito tem direito apenas a um segundo mandato.
FT: Vamos voltar para a economia. É esse crescimento atual é sustentável? É demasiado dependente de commodities?
PL: Não, não é dependente de commodities. O crescimento é sustentável porque envolve diversos setores. Commodities sim, são importantes. O setor industrial é importante. As exportações são importantes. A indústria de construção naval e da indústria da construção são importantes. A indústria petroquímica é importante. Ou seja, nós tomamos a decisão de tornar o Brasil uma economia grande e verdadeira, e Deus ajudou-nos de duas formas, basicamente.
Em primeiro lugar, porque o mundo vai continuar a precisar de mais alimentos, e o Brasil tem todas as condições adequadas para produzir parte desse alimento. Em segundo lugar, porque descobrimos uma enorme reserva de petróleo, e nós não queremos usar o petróleo como tradicionalmente os países produtores de petróleo têm usado , para ser apenas meros exportadores de petróleo cru e petróleo cru não combina com o desenvolvimento nacional. Portanto, estamos desenvolvendo um fundo no escopo do novo marco regulador da indústria do petróleo só para cuidar especificamente ...
FT: Não há a preocupação do demasiado peso da mão do Estado?
PL: Não, não estou preocupado. Estamos desenvolvendo um fundo com o objetivo de investir em educação, ciência e tecnologia, saúde, cultura e meio ambiente. Estas são as prioridades. É um fundo que será investido nos mercados, e vamos repassar todos os investimentos que temos neste fundo. Nós não vamos gastar o dinheiro do fundo. Queremos ser exportadores de derivados de petróleo, e não exportadores de petróleo, porque nós queremos desenvolver uma forte indústria de petróleo e uma indústria naval forte também. Queremos construir nossas plataformas de perfuração, nossas próprias plataformas offshore, e os nossos próprios navios. E nós queremos desenvolver uma forte indústria petroquímica. Nós já estamos trabalhando nisso.
FT: Petrobras é uma empresa de classe mundial. Nós sabemos disso. Mas você vai precisar de alguma tecnologia estrangeira aqui.
PL: Sim, e nós queremos isso, e nós queremos compartilhar o nosso conhecimento com estrangeiros também, então é por isso que estamos fazendo todos os esforços para incentivar as empresas de petróleo em todo o mundo a desenvolver parcerias conosco na construção de estaleiros com docas secas, para que possamos construir coisas no Brasil.
FT: Muitas pessoas que criticam o seu governo, mas também existem pessoas que não são tão críticas, disseram que há uma pressão do Estado nesse sentido. Houve pressão sobre a Vale, por exemplo, para investir na produção de aço? Como vê a relação entre os setores público e privado no futuro governo?
PL: Eu acredito que, se você analisar as coisas corretamente, duvido que em qualquer momento da história do Brasil o setor privado tenha tido mais respeito por parte do Estado do que tem hoje. Duvido que eles não tenham aproveitado esse respeito, ou que já tenham ganho mais dinheiro. O que peço a Vale é que deve transformar minério de ferro em aço no Brasil e, ao mesmo tempo, comprar o maquinário e os navios que precisa no Brasil, porque é assim que você trazer a tecnologia para o país.
Agora, se você não fizer isso, o que acontece? Nós vamos vender o nosso minério de ferro para a China. China vai construir navios de grande porte. China produz 540 milhões de toneladas de aço, eo Brasil só fabrica 35milhões de toneladas de aço. E precisamos exportar material com valor agregado também.
FT: Senhor Presidente, o senhor é um patriota econômico, então? Ou você é um nacionalista econômico?
PL: Eu sou um patriota, um patriota econômico. Isso é um termo que eu gosto. Sim, gosto disso. Isso me agrada. Você tem que pensar sobre o futuro do país. O minério de ferro e petróleo, estas são coisas que funcionam para fora, por isso, se você não tiver cuidado, logo você esgotará a oferta, e ficará órfão. Então o que precisamos fazer? Temos que aproveitar este momento e construir uma base industrial mais sólida e no Brasil. Nós não estamos cometendo nenhum pecado. Nós queremos ser um país mais industrializado.
FT: Não é um pecado, mas as pessoas querem entender qual a forma de Estado não vai ser no futuro. Quão grande é o papel do Estado na determinação do futuro da economia do Brasil?
PL: A minha visão do Estado é que esta discussão sobre o estado ... na minha opinião, a discussão usual sobre o papel do estado terminou como resultado da crise global. Por um longo tempo, em todo o mundo, inclusive no Brasil, as pessoas disseram que o estado não tinha e os mercados governariam tudo. E no Brasil, você sabe, eles até pensaram que o mercado deve regular até mesmo a educação , o que é uma idéia absurda.
Então, primeiro de tudo, e quero deixar isto bem claro aqui, eu sou contra o Estado ser o gestor da economia. Eu sou contra essa idéia. O estado tem que ser forte, mas como um catalisador de desenvolvimento, uma entidade que impulsiona o desenvolvimento em nível regional no nosso país, e o estado ao mesmo tempo, deve exercer a supervisão das boas práticas, econômicas e políticas de boas práticas. E podemos dar-lhe um exemplo. Por que o sistema financeiro no Brasil não quebrou na crise? Porque ele é fortemente regulamentado.
FT: Porque lá o senhor não tem muitos loiros de olhos azuis...
PL: É importante esclarecer isso, porque quando eu falei sobre o cabelo loiro e os olhos azuis, quando a crise aumentou, eu estava reagindo aos comentários de pessoas que colocaram a culpa da crise sobre os migrantes e imigrantes. As pessoas pobres da África e do mundo vão ter de pagar a crise e que não foram eles que causaram. Então é por isso que eu disse, esta crise não é uma crise dos pobres, não é proveniente do pobre, ou latino-americanos, ou de africanos. Essa crise é proveniente dos ricos com os olhos azuis. E eu disse isso ao Gordon Brown em palácio, no Palácio do Presidente.
Você sabe o que fizemos no Brasil há dois meses? Legalizamos todas as pessoas que estavam em situação irregular no Brasil, todos eles, para dar uma demonstração clara aos países ricos que não temos de perseguir os pobres por causa de uma crise econômica da qual não são culpados.
Agora, por favor, preste atenção. Você pode imaginar que se todos os países ricos gastassem 10 por cento do dinheiro que eles gastaram na crise global para salvar o sistema financeiro em uma política de ajuda aos países mais pobres do mundo? Os países ricos dizem que não podem ter recursos para financiar a redução da pobreza nos países pobres. Mas, para salvar seus bancos, eles encontraram trilhões e trilhões. Se tivessem ajudado alguns países pobres, o mundo seria um lugar melhor. O dinheiro que eles não tinham para ajudar os países pobres, de repente apareceu. Trilhões e trilhões de dólares apareceram para salvar um sistema financeiro que havia sido quebrado de forma irresponsável.
Então, eu acredito que isso deve servir de aviso para nós. O Estado não pode controlar tudo ou intrometer-se em todos os assuntos, mas você não pode manter o estado longe de tudo, como era nos anos 80 e nos anos 90.
FT: Senhor Presidente me perdoe a brincadeira, mas eu gostaria de citar uma outra coisa que você disse, voltando para assuntos externos, o que eu pensei que era um pouco ideal, que é: o senhor disse que quando começou como sindicalista, se houvesse um problema no Brasil, você iria culpar o governo. Então, quando o senhor estava disputando a presidência como candidato da oposição, se houvesse um problema, o senhor culparia o governo. Mas então, quando o senhor se tornou presidente do Brasil, e houve um problema em seu país, o senhor culpou os Estados Unidos?
PL: Não, não vou para o inferno por esse pecado. Nunca transferi minhas responsabilidades para os outros. Quando eu era um líder trabalhista colocava menos culpa no governo, porque era um líder dos metalúrgicos. Isso não teve nada a ver diretamente com o governo; era diretamente com a classe empresarial. Quando eu estava lutando contra o governo era porque eles não forneciam informações sobre as taxas de inflação. Eles ocultavam essa informação, ou mentiam, ou quando o governo proibiu as manifestações dos trabalhadores ou para chegar a um acordo. Eles iriam intervir na mesa de negociação. Mas a minha luta naqueles dias era contra os empregadores, e não contra o governo.
É verdade, sim, que todo mundo que está na oposição, põe a culpa no governo. É verdade. Eu fiz isso também. O meu partido fez isso também. Mas, por favor, eu nunca coloquei a culpa seja no imperialismo ianque, e menos ainda sobre os outros países ricos, porque a culpa, porque o Brasil é o que é, a culpa deve ser colocado na elite brasileira, a elite econômica e política. Esses são os únicos culpados. Pessoas que não têm uma mentalidade para pensar sobre questões sociais ... Eles não pensam no país como um todo e, durante séculos eles eram ficaram subordinados a outros interesses, subservientes.
E tenho dito para muitos líderes, os líderes políticos da América Latina, parar de colocar a culpa nos outros. Olhar para dentro de seu país, o que acontece dentro de seu país. O que acontece com a classe política em seu país, olhar para eles. Como é que o setor empresarial se comporta em seu país? É muito fácil você transferir suas responsabilidades para outros, colocar a culpa nos outros.
FT: O senhor mantém boas relações com outros países da América Latina que seguem políticas diferentes das suas, e têm idéias diferentes das suas.
PL: Bem, eu carrego comigo uma lição que eu aprendi. Eu penso de quando o Presidente Nixon, em 1973, decidiu fazer da China um parceiro comercial preferencial. Eu acredito em convivência com a diversidade. Nós não temos o direito de pensar que outras pessoas devem pensar como nós. Temos de trabalhar muito e democracia permite-lhe ter relações pacíficas entre os diferentes países.
E olha como isso é extraordinário. Temos excelentes relações com a Colômbia e o Peru, temos excelentes relações com Venezuela e Bolívia. Porque eu faço isso? Porque para mim, as diferenças entre nós são muitas vezes históricas. Nós ainda temos muitos problemas que herdamos do século 19 na América Latina; fronteiras, questões de fronteiras terrestres questões, mar.
Então, qual é o papel de um país que é a maior economia, a maior da população e tem muito mais tecnologia? Qual é o papel que o Brasil deveria ter? Não se trata de estabelecer uma política hegemônica vis-à-vis a outros países. Ou ele deve estabelecer uma relação democrática, para que as pessoas possam ver que não estamos interferindo ou com ingerência na política interna de sua soberania, na sua política soberana. Você não pode empurrar as pessoas em cantos. É muito importante para você entender que ... Eu sempre digo que o Brasil não deve trabalhar no sentido de hegemonia, mas apenas para a construção de parcerias, porque durante o século 20, ou pelo menos, dois terços do século 20, a Política Estadual de os E.U. foi no sentido de convencer países sul-americanos que o grande império era o Brasil.
Então olhe para este paradoxo. Empresários bolivianos tinham medo dos empresários brasileiros, mas eles não tinham medo dos empresários americanos. Empresários mexicanos tinham medo dos empresários brasileiros, mas eles não tinham medo dos empresários americanos. Chávez foi um professor da academia militar, e ele dizia isso publicamente em suas aulas, dizia que os militares venezuelanos devem estar muito alertas contra o império brasileiro. Na política você só aprende a teoria maquiavélica: dividir para conquistar. No Brasil, sob o meu governo, nós começamos a reconstruir a confiança na América do Sul, porque você não pode se desenvolver sem a confiança política. E graças a Deus, estamos conseguindo fazer isso.
FT: Os Brics são quatro os países com os seus próprios interesses divergentes. Você acha que é um grupo significativo?
PL: Sim, é. O maior exemplo que posso dar é a União Europeia. Parecia impossível há 30 anos para nós imaginar que a União Europeia seria como hoje. Há quantos anos a França foi bombardeada pela Alemanha? Então, de repente, todos esses países estão juntos, e agora eles ainda decidiram eleger um Presidente da União Europeia e um ministro dos negócios estrangeiros. Isso é algo fantástico. Quem poderia imaginar que a Alemanha iria eleger uma mulher da Alemanha Oriental tornar-se chanceler da Alemanha?
Então, é para essas coisas positivas que temos de trabalhar. É como quando você encontra uma nova namorada. Se você olhar apenas defeitos e falhas, você vai conseguir nada. Mas se você olhar pelo lado positivo, pode acabar se casando. E na política, temos que saber existem divergências entre os Brics, e colocá-los de lado. Coloque as divergências de lado e começar a trabalhar sobre os pontos que podemos construir juntos, e é assim que vamos construir uma aliança forte entre os Brics.
Não se trata de exigir que alguém deve fazer concessões sobre as coisas que eles não acreditam. Queremos desenvolver objetivos que possam ser alcançados por todos. Deixe-me dar um exemplo.
Sugeri na reunião passada, dos BRICs, que foi em Yekaterinburg, que devemos começar a operar em nossas próprias moedas. Nós não precisamos do dólar. Podemos comérciar com a nossa própria moeda nacional. Isso iria ajudar sobretudo que as pequenas e médias empresas tenham acesso a moeda nacional e os bancos centrais fornecem a garantia. Qual é o problema? Não há problema. É apenas uma questão cultural, porque estamos acostumados com o dólar, mas isso pode mudar. E esta é uma mudança extraordinária para os países que têm de comprar dólares. Agora, nesta crise, tivemos que colocar nosso dinheiro de reservas para garantir os nossos exportadores devido à crise de crédito.
FT: Ninguém poderia imaginar... Vocês estavam mesmo emprestando dinheiro ao FMI. Há uma ironia histórica.
PL: A ironia foi quando eu chamei de Rato o FMI e disse que eu não queria o dinheiro do FMI. Ele disse, não, nós precisamos de emprestar o dinheiro para o Brasil. O Brasil precisa de pedir emprestado. Brasil deve manter seus empréstimos com o FMI. É muito importante para mim, para mostrar que o Brasil ... Eu disse: não, eu não quero seu dinheiro. E ele estava realmente chateado quando recebeu de volta os US $ 16 bilhões que nós emprestou. E eu ainda trabalhei com a idéia de que vamos chegar ao final do meu mandato com uma taxa de inflação de 4 por cento. Não muito tempo atrás eu costumava sonhar de acumular US $ 100 bilhões em reservas cambiais. Em breve teremos $ 300 bilhões.
FT: Vamos falar sobre Copenhague. O Brasil está em uma posição incomum. Tem uma matriz energética limpa e pode reduzir as suas emissões de CO2 através da redução do desmatamento. Mas isso é muito difícil para os outros países emergentes? O que o Brasil pode oferecer em termos de liderança?
PL: O Brasil vai com muito cuidado e com grande responsabilidade para Copenhagen. Em primeiro lugar, já assumiu o compromisso, em setembro do ano passado na ONU, para se estabelecer uma meta, um alvo, para reduzir o desmatamento em 80 por cento até ao ano 2020. E o Brasil tem outras coisas que pretende fazer. Primeiro, porque 85 por cento da nossa energia elétrica é limpa. E de nossa matriz energética total, 47 por cento é limpa. Nenhum outro país tem tanta energia limpa. O Reino Unido tem somente 2 por cento de energia limpa.
Agora o Brasil compreende a realidade de cada país e o Brasil não vai fazer o discurso fácil de fazer exigências aos outros. Não, nós vamos mostrar em Copenhagen, qual é a meta para o Brasil e nós não queremos nos subordinar os outros países a adotar a meta brasileira.
Objetivos no Brasil são objetivos do Brasil, mas vamos trabalhar para que possamos construir um acordo que poderia ser viável para outros países.
Creio que algo importante já está ocorrendo. Todo mundo percebe que todos nós temos que fazer algo. E eu acredito que com todos fazendo um pouco de sua parte, podemos evitar a morte do planeta. Temos um processo de aquecimento de 2 graus nos últimos 30 anos. Nós estamos tentando trabalhar com a idéia, juntamente com outros países e, certamente, a minha conversa com o primeiro-ministro Gordon Brown noite será na questão ambiental. Nós já conversamos com os E.U.A. , com a França e com a Alemanha. Em 26 de novembro, vamos ter uma reunião com os países amazônicos, em Manaus, a capital do Amazonas. Já temos o mapeamento do zoneamento agro-ecológico da cana para a floresta, e agora nós estamos fazendo um levantamento de como podemos recuperar as terras degradadas no Brasil, e nós estamos fortalecendo nossa política de bio-diesel. Acabamos de aprovar para 1 de janeiro o diesel B5. Para o próximo ano vamos ter uma mistura de 5 por cento de biodiesel no óleo diesel.
FT: O que você vai pedir de Gordon Brown?
PL: O Brasil não está pedindo nada.
FT: E o que Gordon Brown vai ser pedir ao Brasil?
PL: O Reino Unido sempre foi e continuará a ser um parceiro internacional. Eu acredito que o Reino Unido deve trabalhar com a idéia da Europa para avançar um pouco mais, inclusive em termos de bio-diesel no óleo diesel e também em termos de redução do aquecimento global. Deverá haver um fundo para financiar os países mais pobres. A UE irá desenvolver um trabalho extraordinário de seqüestro, seqüestro de carbono.
FT: Teria que ser como o Fundo Amazônia do Brasil?
PL: Pode ser algo semelhante para o Fundo Amazônia. Estamos indo para ir à reunião com a mente aberta, de modo que outras propostas poderiam ser benvindas. Acho que não é hora de radicalizar. O bom senso deve prevalecer. Se queremos apenas fazer um discurso ideológico, um discurso fácil, nós poderíamos obter alguns aplausos, mas não vamos obter nenhum resultado. E agora não é o momento de colocar a culpa em ninguém. Agora é a hora de encontrar uma saída.
FT: Senhor Presidente, muito obrigado.
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Vox Populi - sites e blogs superam revistas e jornais
O blog do Renato Rovai publica pesquisa que mostra por que a internet apavora os tucanos, a "Folha" , a "Globo"...
Confiram - http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/blog/
(texto do Rovai)
Pesquisa encomendada pelo Grupo Máquina ao Vox Populi que ouviu 2,5 mil pessoas e teve seu resultado publicado no Meio Mensagem desta semana reforça a tese insistentemente defendida aqui.
O levantamento mostra que a principal fonte de informação do brasileiro ainda é a TV com 55,9% da preferência dos entrevistados, mas o segundo já são os sites de notícias e blogues, com 20,4%, um resultado fantástico para um tipo de comunicação que ainda não chegou à adolescência.
E mais fantástico ainda porque é o dobro do público que se informa por jornais impressos, preferidos de 10,5%. E quase três vezes mais do que o rádio, com 7,8%.
Não pensem, porém, que a força da internet se resume à força de sites e blogues. As redes sociais já contam 2,7% da preferência dos pesquisados como fonte primeira de informação, estando à frente dass versões online dos jornais, 1,8%, e das revistas impressas, com 0,8%. Um
Em relação à credibilidade, os sites e blogues jornalísticos também ocupam boa posição. Neste quesito, o rádio está em primeiro lugar com nota média de 8,21 e os sites e blogues jornalísticos estão um centésimo atrás com 8,20.
Só depois aparecem TV, 8,12, jornais online, 8,03, jornais impressos, 7,99, revistas impressas, 7,79, redes sociais, 7,74, e revistas online, 7,67.
Há alguns dias escrevi aqui que não se pode mais denominar de grande mídia os jornais diários brasileiros, dada a irrelevância das tiragens que têm. Esta pesquisa só reforça a tese de que cada vez mais brasileiros estão formando sua opinião de forma horizontal, a partir de espaços onde não são apenas espectadores, mas também analistas e produtores de informação.
Mais informações no Meio e Mensagem - http://www.mmonline.com.br/noticias.mm?url=Vox_Populi__Midia_brasileira_tem_alta_credibilidade&origem=home
Confiram - http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/blog/
(texto do Rovai)
Pesquisa encomendada pelo Grupo Máquina ao Vox Populi que ouviu 2,5 mil pessoas e teve seu resultado publicado no Meio Mensagem desta semana reforça a tese insistentemente defendida aqui.
O levantamento mostra que a principal fonte de informação do brasileiro ainda é a TV com 55,9% da preferência dos entrevistados, mas o segundo já são os sites de notícias e blogues, com 20,4%, um resultado fantástico para um tipo de comunicação que ainda não chegou à adolescência.
E mais fantástico ainda porque é o dobro do público que se informa por jornais impressos, preferidos de 10,5%. E quase três vezes mais do que o rádio, com 7,8%.
Não pensem, porém, que a força da internet se resume à força de sites e blogues. As redes sociais já contam 2,7% da preferência dos pesquisados como fonte primeira de informação, estando à frente dass versões online dos jornais, 1,8%, e das revistas impressas, com 0,8%. Um
Em relação à credibilidade, os sites e blogues jornalísticos também ocupam boa posição. Neste quesito, o rádio está em primeiro lugar com nota média de 8,21 e os sites e blogues jornalísticos estão um centésimo atrás com 8,20.
Só depois aparecem TV, 8,12, jornais online, 8,03, jornais impressos, 7,99, revistas impressas, 7,79, redes sociais, 7,74, e revistas online, 7,67.
Há alguns dias escrevi aqui que não se pode mais denominar de grande mídia os jornais diários brasileiros, dada a irrelevância das tiragens que têm. Esta pesquisa só reforça a tese de que cada vez mais brasileiros estão formando sua opinião de forma horizontal, a partir de espaços onde não são apenas espectadores, mas também analistas e produtores de informação.
Mais informações no Meio e Mensagem - http://www.mmonline.com.br/noticias.mm?url=Vox_Populi__Midia_brasileira_tem_alta_credibilidade&origem=home
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Brasileirão sob suspeita: presidente do Palmeiras chama juiz de "vigarista", e ameaça peitar a Globo
Como sabem alguns dos leitores desse "Contra a Maré", sou corinthiano de nascença. O que não me impede de (às vezes) manter alguma racionalidade futebolística.
É o que me faz afirmar que, neste domingo, o Palmeiras foi prejudicado pela arbitragem, no Maracanã, contra o Fluminense. O juiz Carlos Eugênio Simon viu falta de Obina no gol que o palmeirense marcou, de cabeça. Acontece que o gol foi legítimo, limpo,irretocável.
No filme "Boleiros", Otávio Augusto interpreta juiz que está "na gaveta" - como diz Belluzzo sobre Simon.
Com o gol anulado, Simon ajudou o Fluminense (que está ameaçado de rebaixamento pra segunda divisão). Mas ajudou também o time do Morumbi. O São Paulo passou a ocupar a liderança na tabela.
Há forças ocultas nos bastidores do Campeonato Brasileiro?
Quem viu o gol anulado fica em dúvida.
O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Beluzzo, não tem dúvida. Sempre tão educado, ele está botando fogo pelas ventas.
Ao "Lance", Belluzzo deu a seguinte definição sobre Simon: "É vigarista, safado e crápula. Se eu encontrá-lo na rua, dou uns tapas no vagabundo."
E não para por aí: "ele está na gaveta de alguém. "
O que é isso?
O Belluzzo sabe de algo que não sabemos?
Em outra entrevista, ao Luciano Borges, no 'Terra", o presidente do Palmeiras avisa também que vai "trombar com a Globo".
Como todo mundo sabe, a emissora carioca muda os horários dos jogos para que se adaptem à sua grade de programação. É um escândalo.
Por conta disso, o Palmeiras - que (segundo Belluzzo) foi garfado no Maracanã no domingo - voltaria a campo na quarta-feira, contra o Sport... É o "jogo da televisão" - como diz nossa "crônica esportiva".
E o time do Morumbi? Esse só entra em campo no fim-de-semana. Ganhou dez dias de descanso.
Hum...
Por que o Belluzzo está tão irritado com a Globo?
O que vocês acham?
Eduardo Guimarães agradece a Geisy
Agradeço a Geisy
por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com
Poucos assuntos esquentaram tanto a galera quanto esse caso da Uniban e o massacre moral que praticou contra a estudante Geisy Arruda. Li vários textos interessantes, que abordaram desde os aspectos mais tétricos do que fizeram com a moça quanto o que ela fará com a fama conquistada – se posará para a Playboy ou se estreará algum programa infantil na Globo, onde poderá exibir seus dotes físicos para crianças pequenas, grandes e até para as da terceira idade.
O que chama a atenção até da imprensa internacional nesse caso é o surto moralista numa sociedade conhecida por exibir mulheres completamente nuas na tevê no Carnaval. Chamam atenção os que se escandalizam com três centímetros a mais de coxa e com o rebolar de uma jovem. Pergunta-se como coexistem com os festejos carnavalescos por quatro dias ao ano.
A mim não importa o que Geisy fará com a fama, com o papel de namoradinha – e que namoradinha! – do Brasil, se é que fará. Em minha opinião, se ela puder transformar esse limão numa limonada, acharei até justo. Não só porque ela precisa e tem direito tanto quanto qualquer BBB da vida, mas porque teve a coragem de expor essa safadeza dessa universidade sem-vergonha, hipócrita, dirigida por gente que toca uma universidade como se fosse a venda da esquina, onde “o cliente sempre tem razão”.
Outras se recolheriam, sumiriam no nada de onde vieram com medo da exposição e dos advogados da poderosa universidade. Por enfrentar tudo o que está enfrentando – ataques à sua honra por mentirosos que não hesitaram em inventar que ela começou a mostrar as “partes íntimas” para todos –, Geisy poderá ajudar a que se faça na questão da absurda discriminação contra a mulher que se viu o que a comunidade internacional está fazendo com Honduras ao não permitir que os golpistas se dêem bem.
Os trogloditas de todas as idades e posições da Uniban também não podem se dar bem. E os trogloditas metidos a machões que quiseram filmar por baixo da saia da garota ainda estão tendo que agüentar a fama não de homossexuais por a instituição em que estudam estar sendo chamada de “Unibambi”, pois o homossexual masculino adora mulheres, torna-se amigo delas, muitas vezes o melhor. A fama é de misóginos, de homens que odeiam as mulheres a ponto de fazerem o que fizeram com Geisy.
E é muito bom que seja assim. E muito melhor ainda que a imprensa esteja cumprindo seu papel. Há que pressionar para impedir que a conduta desses energúmenos tenha sucesso. Todos temos irmãs, mães, filhas, netas. Nenhum de nós quer correr o risco de vê-las sendo chamadas de “putas” e de “vagabundas” – ou até sofrendo ameaça de estupro – por algum palhaço achar que aquela roupa dela revela mais do que deveria.
Por tudo isso é que quero agradecer a Geisy e fazer votos de que toda essa barbaridade pela qual ela está passando possa ao menos resultar em um emprego melhor do que aquele que tem na vendinha próxima de sua casa, onde trabalha honestamente segundo depoimentos do patrão, dos vizinhos, dos amigos e de sua família, os quais garantem, todos, ser ela uma moça “de família”. Não sei o que é moça “de família”, mas sei que, com sua coragem, Geisy ajudou muito as mulheres.
por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com
Poucos assuntos esquentaram tanto a galera quanto esse caso da Uniban e o massacre moral que praticou contra a estudante Geisy Arruda. Li vários textos interessantes, que abordaram desde os aspectos mais tétricos do que fizeram com a moça quanto o que ela fará com a fama conquistada – se posará para a Playboy ou se estreará algum programa infantil na Globo, onde poderá exibir seus dotes físicos para crianças pequenas, grandes e até para as da terceira idade.
O que chama a atenção até da imprensa internacional nesse caso é o surto moralista numa sociedade conhecida por exibir mulheres completamente nuas na tevê no Carnaval. Chamam atenção os que se escandalizam com três centímetros a mais de coxa e com o rebolar de uma jovem. Pergunta-se como coexistem com os festejos carnavalescos por quatro dias ao ano.
A mim não importa o que Geisy fará com a fama, com o papel de namoradinha – e que namoradinha! – do Brasil, se é que fará. Em minha opinião, se ela puder transformar esse limão numa limonada, acharei até justo. Não só porque ela precisa e tem direito tanto quanto qualquer BBB da vida, mas porque teve a coragem de expor essa safadeza dessa universidade sem-vergonha, hipócrita, dirigida por gente que toca uma universidade como se fosse a venda da esquina, onde “o cliente sempre tem razão”.
Outras se recolheriam, sumiriam no nada de onde vieram com medo da exposição e dos advogados da poderosa universidade. Por enfrentar tudo o que está enfrentando – ataques à sua honra por mentirosos que não hesitaram em inventar que ela começou a mostrar as “partes íntimas” para todos –, Geisy poderá ajudar a que se faça na questão da absurda discriminação contra a mulher que se viu o que a comunidade internacional está fazendo com Honduras ao não permitir que os golpistas se dêem bem.
Os trogloditas de todas as idades e posições da Uniban também não podem se dar bem. E os trogloditas metidos a machões que quiseram filmar por baixo da saia da garota ainda estão tendo que agüentar a fama não de homossexuais por a instituição em que estudam estar sendo chamada de “Unibambi”, pois o homossexual masculino adora mulheres, torna-se amigo delas, muitas vezes o melhor. A fama é de misóginos, de homens que odeiam as mulheres a ponto de fazerem o que fizeram com Geisy.
E é muito bom que seja assim. E muito melhor ainda que a imprensa esteja cumprindo seu papel. Há que pressionar para impedir que a conduta desses energúmenos tenha sucesso. Todos temos irmãs, mães, filhas, netas. Nenhum de nós quer correr o risco de vê-las sendo chamadas de “putas” e de “vagabundas” – ou até sofrendo ameaça de estupro – por algum palhaço achar que aquela roupa dela revela mais do que deveria.
Por tudo isso é que quero agradecer a Geisy e fazer votos de que toda essa barbaridade pela qual ela está passando possa ao menos resultar em um emprego melhor do que aquele que tem na vendinha próxima de sua casa, onde trabalha honestamente segundo depoimentos do patrão, dos vizinhos, dos amigos e de sua família, os quais garantem, todos, ser ela uma moça “de família”. Não sei o que é moça “de família”, mas sei que, com sua coragem, Geisy ajudou muito as mulheres.
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