por Luiz Carlos Azenha
O Viomundo sugeriu ao presidente Lula e à ministra Dilma Rousseff que identificassem Fernando Henrique Cardoso como um homem do século 20, com ideias do século 20, defensor de um capitalismo para poucos. Um homem do passado.
Em outras palavras, acreditamos que o governo não deve repetir a batalha ideológica que vem sendo travada desde os anos 60, entre esquerda e direita. Convenhamos, o governo Lula é uma coalizão centrista e como tal deve se apresentar. Deve falar aos eleitores sobre coisas concretas: banheiro com privada, melhoria do acesso à saúde e educação, oportunidades de emprego, melhoria salarial, projetos sociais para fortalecer o mercado interno, agricultura familiar, etc. Deve articular a ideia de que os projetos sociais melhoram o mercado interno, o que é bom para todos os brasileiros: mais gente comprando é mais gente produzindo. Chamem de capitalismo solidário, capitalismo do século 21, capitalismo para todos. A nomenclatura pouco importa.
Importa articular a ideia de que existe uma grande diferença entre um projeto político includente e outro, excludente.
Apesar de não ser exatamente uma novata, Dilma Rousseff pode se apresentar, sim, como candidata da renovação, por ser a primeira mulher com chances de chegar ao Planalto. José Serra e FHC, do outro lado, se encaixam perfeitamente -- no campo da imagem -- na ideia de forças do passado. Se o candidato tucano fosse Aécio Neves, as coisas seriam diferentes:
Lula critica FHC e Dilma diz que ‘forças do passado são patéticas’
por Maria Angélica Oliveira
Do G1, em São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas à oposição e, em especial, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nesta sexta-feira (6). Além disso, Lula voltou a defender a candidatura da ministra Dilma Roussef à presidência em 2010.
"O Fernando Henrique Cardoso eu tenho uma convicção absoluta de que ele tinha certeza absoluta de que nós seríamos um fracasso e que ele poderia voltar por conta do meu fracasso. É isso que magoa. Eu lamento, porque o mundo não deveria ser assim. A gente quando perde uma coisa a gente tem que torcer para o outro fazer", afirmou, durante o 12º Congresso do PC do B, em São Paulo.
A fala do presidente foi interpretada como uma resposta a artigo escrito por FHC e publicado no último domingo (1) nos principais jornais do país, em que o ex-presidente criticou o governo Lula e pediu o 'fim do continuísmo'.
Num discurso que durou uma hora, ele mostrou um recorte de jornal com uma reportagem cujo título era, segundo ele, “Contra Lula, PSDB treina cabos eleitorais no Nordeste.
“É um pouco do que Hitler fazia para os alemães pegarem os judeus, ou seja, vamos treinar gente para não permitir que eles sobrevivam. (...) Fiquei com pena. (...) Vão encontrar gente do PT, do PC do B, da CUT, do MST. Acho que vão se dar mal”, disse.
Em nota, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que Lula age como um "psiquiatra", que interpreta sentimentos alheios. FHC disse que sempre torceu, porque ama o Brasil, que o governo Lula desse certo e, para isso, preparou uma transição "suave".
Em outro momento, Lula defendeu o nome da ministra Dilma Rousseff para “consagrar a continuidade”. Ele disse sentir “uma certa tristeza” porque “vai ser a primeira eleição para a Presidência da República que meu nome não vai estar na cédula”. “Vai ter um vazio. Na minha cabeça, vai ter um vazio. Por isso, depois dele, a Dilma, para gente poder consagrar a continuidade de um projeto. Preste atenção porque essa coisa é muito séria. Quem é prefeito ou governador sabe que um estranho no ninho pode desmontar tudo o que foi feito em apenas dois anos”.
'Patéticos'
Ao lado de Lula e diante de ministros e lideranças de partidos da base aliada, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apontada como possível candidata do PT ao Palácio do Planalto, afirmou que “forças do passado” usam “velhas táticas” para tentar fragmentar a base aliada do governo e que “são patéticas ao tentar confundir as pessoas”.
“Os que vão fazer o Brasil avançar não serão aqueles que imobilizaram num modelo neoliberal este país por tantos anos, forças do passado que mais uma vez tentam se organizar e que usam as mesmas velhas táticas. Pensam ser astutos ao tentar fragmentar a base aliada do governo Lula por meio de crises artificiais. São patéticos ao tentar confundir as pessoas ao dizer que nossos modelos são parecidos, nossa política econômica é a mesma. São patéticos quando afirmam que o Bolsa Família é a continuidade do Vale Gás e do Bolsa Escola”.
"Eles reiteradamente se esqueceram do povo, dilapidaram o patrimônio público com privatizações. Ele não tem moral para falar de nós", referindo-se ao ex-presidente e a seu partido, o PSDB. A ministra disse ainda identificar por parte dos opositores "queixumes, resmungos e lamúrias", além de ´excesso de vaidade´e falta de rumo.
Antes de discursar, Dilma foi saudada como “futura presidente da República” pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT), e pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).
Na mesa com Lula e Dilma, estavam também os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Orlando Silva (Esportes), Tarso Genro (Justiça), Paulo Vanucchi (Direitos Humanos), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), lideranças do PC do B e deputados do PSB e PDT, que falaram em nome de seus partidos.
A ministra afirmou ainda que o povo brasileiro “sabe comparar”. “O povo brasileiro sabe comparar. Pensa, reflete e decide muito bem. (...) O povo brasileiro vai saber comparar um país que está vencendo a crise, que consolidou a participação dos movimentos sociais, um país que quebrou mitos, que soube criar uma fórmula que permite distribuir renda e crescer.”
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