Agradeço a Geisy
por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com
Poucos assuntos esquentaram tanto a galera quanto esse caso da Uniban e o massacre moral que praticou contra a estudante Geisy Arruda. Li vários textos interessantes, que abordaram desde os aspectos mais tétricos do que fizeram com a moça quanto o que ela fará com a fama conquistada – se posará para a Playboy ou se estreará algum programa infantil na Globo, onde poderá exibir seus dotes físicos para crianças pequenas, grandes e até para as da terceira idade.
O que chama a atenção até da imprensa internacional nesse caso é o surto moralista numa sociedade conhecida por exibir mulheres completamente nuas na tevê no Carnaval. Chamam atenção os que se escandalizam com três centímetros a mais de coxa e com o rebolar de uma jovem. Pergunta-se como coexistem com os festejos carnavalescos por quatro dias ao ano.
A mim não importa o que Geisy fará com a fama, com o papel de namoradinha – e que namoradinha! – do Brasil, se é que fará. Em minha opinião, se ela puder transformar esse limão numa limonada, acharei até justo. Não só porque ela precisa e tem direito tanto quanto qualquer BBB da vida, mas porque teve a coragem de expor essa safadeza dessa universidade sem-vergonha, hipócrita, dirigida por gente que toca uma universidade como se fosse a venda da esquina, onde “o cliente sempre tem razão”.
Outras se recolheriam, sumiriam no nada de onde vieram com medo da exposição e dos advogados da poderosa universidade. Por enfrentar tudo o que está enfrentando – ataques à sua honra por mentirosos que não hesitaram em inventar que ela começou a mostrar as “partes íntimas” para todos –, Geisy poderá ajudar a que se faça na questão da absurda discriminação contra a mulher que se viu o que a comunidade internacional está fazendo com Honduras ao não permitir que os golpistas se dêem bem.
Os trogloditas de todas as idades e posições da Uniban também não podem se dar bem. E os trogloditas metidos a machões que quiseram filmar por baixo da saia da garota ainda estão tendo que agüentar a fama não de homossexuais por a instituição em que estudam estar sendo chamada de “Unibambi”, pois o homossexual masculino adora mulheres, torna-se amigo delas, muitas vezes o melhor. A fama é de misóginos, de homens que odeiam as mulheres a ponto de fazerem o que fizeram com Geisy.
E é muito bom que seja assim. E muito melhor ainda que a imprensa esteja cumprindo seu papel. Há que pressionar para impedir que a conduta desses energúmenos tenha sucesso. Todos temos irmãs, mães, filhas, netas. Nenhum de nós quer correr o risco de vê-las sendo chamadas de “putas” e de “vagabundas” – ou até sofrendo ameaça de estupro – por algum palhaço achar que aquela roupa dela revela mais do que deveria.
Por tudo isso é que quero agradecer a Geisy e fazer votos de que toda essa barbaridade pela qual ela está passando possa ao menos resultar em um emprego melhor do que aquele que tem na vendinha próxima de sua casa, onde trabalha honestamente segundo depoimentos do patrão, dos vizinhos, dos amigos e de sua família, os quais garantem, todos, ser ela uma moça “de família”. Não sei o que é moça “de família”, mas sei que, com sua coragem, Geisy ajudou muito as mulheres.
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