sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Ataque de Gilmar à Ficha Limpa convém a Temer, que está inelegível



Jornal GGN - 

 O ataque de Gilmar Mendes à Lei da Ficha Limpa vem em momento muito oportuno para o grupo que incentiva a candidatura de Michel Temer (PMDB) em 2018, caso seu governo tenha sucesso o bastante para tentar uma reeleição.

Disse Gilmar, após decisão do Supremo Tribunal Federal muito criticada por praticamente anistiar 80% dos políticos enquadrados como ficha-suja, que a Lei, de tal mal feita, parece ter sido redigida por "bêbados". A OAB, uma de suas patrocinadores, disse que isso não coisa para sair da boca de um ministro do Supremo.

A Corte decidiu, na semana passada, que um prefeito só pode se tornar inelegível graças à Lei da Ficha Limpa se a Câmara Municipal referendar decisão do Tribunal de Contas do Estado favoráveis à rejeição das contas do governo.

Como a Câmara não é obrigada nem tem prazo para analisar tais contas, basta engavetar o parecer negativo do TCE para que o político fique a salvo. Ou desengavetar se quiserem usar para atingir politicamente algum mandatário.

O caso de Temer é um pouco diferente. O interino foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo por ter doado cerca de R$ 16 mil acima do que poderia na eleição de 2014, para dois candidatos do PMDB.

A defesa de Temer alega que a decisão do TRE-SP não foi feita em colegiado, como manda a Lei da Ficha Limpa, mas o Tribunal já enviou para a Justiça Eleitoral a mensagem de que Temer está inelegível pelos próximos oito anos.

Aliados do peemedebista reagiram com desdenho à decisão do TRE: disseram que, se necessário for, a lei será alterado para que Temer seja candidato em 2018 - se assim quiser.

A crítica de Gilmar vem justamente esboçar o quadro de necessidade de se aprimorar a Lei. Quem sabe de maneira que a maioria dos chamados "ficha-suja" seja anistiada, caso as mudanças derrubem o que está em vigor e passem a valer para depois de 2018.

Cabe ressaltar que Gilmar presidente o Tribunal Superior Eleitoral, e caberá à Corte decidir se a eventual candidatura de Temer pode ou não receber aval da Justiça Eleitoral. É nisso que apostam os advogados do interino hoje.

100 dias que abalaram o país


Na próxima segunda-feira, o golpismo completa cem dias de (má) gestão oriunda do golpe patrocinado pelo mega larápio Eduardo Cunha, contando com a cumplicidade do Poder Judiciário.

Desde então, o país assistiu ao mais audacioso assalto aos cofres públicos dos últimos tempos, à luz do dia e tratado como se fosse obra austera no trato dos dinheiros públicos quando, na verdade, tratou-se nada mais nada menos da artificialização do rombo existente em nossas contas a fim de pagar os custos do torpe golpe que apeou do poder a presidenta Dilma.

Assistiu, também, um desfile de larápios sendo desnudados de sua aura de homens sérios, revelando-se, isto sim, notórios assaltantes cujas folhas corridas certamente não caberiam apenas em uma lei penal, daí passarem de ministros de estado a réus de um dia para o outro.

Viu-se, ainda, a audácia dessa quadrilha interina operar a tunga de direitos sociais, bem como suspender conquistas sociais oriundas de políticas públicas, que desapareceram junto com os orgãos governamentais que foram extintos juntos a fim de sobrar dinheiro para engordar o butim do citado assalto.

No meio de tudo isso, assiste-se a insatisfação popular manifestar-se nos quatro cantos do país, principalmente em eventos esportivos ocorridos nas Olimpíadas 2016(RJ), apesar da tentativa inicial dos golpistas de reprimir a livre manifestação da sociedade.

Na verdade, esses protestos aqui e acolá parecem ensaios gerais do que ainda enfrentaremos a julgar pela ânsia dos golpistas em aprofundar a subtração de direitos sociais arduamente conquistados e pelo apetite voraz dessa quadrilha de ladrões quando se trata de roubar dinheiro público. Com efeito, se já está ruim tudo tende a piorar e nos levar a um quadro político/social semelhante aos tempos de outro solerte golpe aplicado contra o povo brasileiro, me refiro ao embuste da famigerada 'Nova República', ponto de partida da hegemonia dessa mesma quadrilha que até hoje demonstra apetite pantagruélico,mesmo estando empanturrada da bufunfa que roubam desde então.Lamentável!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Medalhas são mesmo prioridade?


Como em toda competição internacional, a turma do provincianismo vira-latas tentará desmoralizar os resultados da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio. Agora, por motivos óbvios, com fúria redobrada.

O ramerrão é previsível: contas descabidas forjando custos exorbitantes por medalha, fracasso de expectativas supervalorizadas, comparações absurdas com outros países.

Não defendo o ufanismo cego, nem reduzo toda crítica a ressentimento antipatriótico. Apenas cobro consistência argumentativa, a partir de duas premissas complementares.

Primeiro, uma base conceitual e estatística sólida. A referência a qualquer exemplo internacional demanda conhecer seus programas de apoio, suas legislações específicas, os valores aplicados em cada modalidade, etc.

Segundo, a adoção de um modelo coerente de investimento, sem esquizofrenias sobre o papel do Estado no incentivo ao setor. Queremos que o esporte de ponta ganhe prioridade no uso do dinheiro público? Ou medalhas são responsabilidade da TV Globo, da Adidas, do Bradesco, da Vale?

Também é necessário superar o mito da formação de atletas olímpicos como trabalho de base apenas sócio-educativa. Se alto rendimento esportivo dependesse da qualidade da educação e da saúde oferecidas aos cidadãos comuns, os melhores IDHs do mundo seriam campeões de medalhas olímpicas.

Não resta dúvida sobre a importância do esporte para a infância e a juventude, mas pódios exigem mais do que diletantismo e popularidade. Exigem instalações modernas, equipamentos de última geração, laboratórios avançados, especialistas,suporte incondicional da mídia. Em suma, um tratamento digno de estratégia geopolítica.

Eis o núcleo indigesto do debate sobre nosso rendimento olímpico. Antes de aderir a politizações oportunistas e achismos simplórios, a cobrança por medalhas precisa levar em conta o nível de sacrifício e comprometimento necessários para se construir o idílio esportivo.
no: http://guilhermescalzilli.blogspot.com.br/2016/08/medalhas-sao-mesmo-prioridade.html

O Ministério Público tem sido o grande representante do Fascismo na sociedade brasileira


A única consequência possível de um povo que vibra com sangue e ódio é o adoecimento de suas instituições. Uma delas é o Ministério Público, o qual, em tese, fala pela sociedade brasileira supercampeã em desigualdade social, discriminação racial, de gênero e outras mais variadas formas.

Como porta-voz dessa sociedade nas relações processuais, o MP tem prestado um excelente serviço em todos escalões - de Cabrobó até Brasília, o posicionamento da instituição caminha no sentido de ser o mais reacionário possível, inclusive em respostas exigidas nos concursos para ingresso na carreira[1]. 

Não são raras as vezes que o Ministério Público opta pelo senso comum que repudia a diferença. Um exemplo paradigmático foi quando, no julgamento da descriminalização das drogas, o chefe da instituição Rodrigo Janot naturalizou o chorume de comentários na rede social e foi além de todos que se posicionaram contra: passou a inventar dados. Disse, entre outras desinformações, que 90% das pessoas que fumam maconha se viciam; não satisfeito, segundo ele, basta fumar uma vez para que a pessoa se torne dependente química. Parece brincadeira de péssimo gosto, mas foi o argumento encontrado pela autoridade máxima da instituição.

Quando a desinformação e autoritarismo rendem aplausos, as prioridades mudam. Em tempos de chacina de 19 pessoas pela polícia, o ouvidor da corporação paulista do Estado elencou alguns motivos para que a PM assassinasse tanta gente com tamanha naturalidade. Um deles: policiais acusados de matarem são sistematicamente alvos de pedidos de absolvição pelo Ministério PúblicoA mesma conclusão foi da Human Rights Watch, a qual analisou a atuação policial no Rio de Janeiro e percebeu que “há má vontade do Ministério Público em investigar esses casos e que normalmente as investigações só avançam quando há interesse social e pressão por parte da mídia”

O Delegado de Polícia Orlando Zaccone percebeu a mesma coisa e foi na sua tese de Doutorado pesquisar como promotores e promotoras fundamentavam o pedido de arquivamento de casos em que quem está no banco dos réus não é um dos p’s (pobre, preto e puta), mas sim um policial. Em entrevista ao Justificando, ele esclareceu, basicamente, os porquês dessa benevolência:

O fundamento basicamente tem a grande pergunta do auto de resistência: não como a polícia agiu, mas quem ela matou. Então, completada a figura do inimigo, isto é, o traficante de drogas, e esse fato ocorrendo dentro de favelas, de guetos, isso é colocado na escrita dos promotores de justiça como elementos a justificar a morte.

Então é o seguinte: o Ministério Público é benevolente apenas e tão-somente com policiais militares, pois entende que por trás de cada assassinato há algo que o justifique, ou, ainda que não haja, "matar bandido" é necessário. Uma das premissas fascistas é o arbítrio e a naturalidade com as quais as instituições lidam com a violação maciça de direitos humanos, em especial, se o alvo for um inimigo público. E em um país desigual e racista, não há inimigo maior do que o jovem negro da periferia.

Se esses jovens não são violados pela omissão do Ministério Público no controle da polícia que mais mata no mundo, são enviados para nossos presídios, a masmorra contemporânea, muito por conta de uma lei de drogas racista, cuja principal razão de existir é encarcerá-los, sob o protagonismo do Ministério Público de acusar e brigar pela prisão a todo custo, contra qualquer forma de liberdade.

Fascismo vive de inimigos a serem combatidos. O Ministério Público sabe disso melhor do que ninguém

Pela unidade da nação, que entrega sua liberdade em nome de um bem maior, a existência de um inimigo interno é a melhor coisa que uma instituição que descambou para o fascismo poderia desejar. Atualmente, além do jovem pobre, o inimigo atende pelo nome de político corrupto.

O termo é uma pegadinha, na verdade. Não são corruptos todos os políticos que percebem uma vantagem financeira indevida, mas especificamente políticos de um determinado partido - o PT. É curioso que o partidarismo do MP seja sempre rebatido por analistas simpáticos à instituição toda vez que um cacique do PSDB sofre um processo judicial. Tá vendo? - desafiam. Para eles, digo que falta o recorte de classe na análise: promotores e promotoras de justiça vêm de famílias elitizadas, além de perceberem um salário de classe média alta. São pessoas que reproduzem a opinião política majoritária na elite econômica, filiada no país ao PSDB. 

Por isso promotores são tão vorazes contra "corruptos" do PT e políticos de demais partidos que representem a imagem e o voto do pobre, do evangélico, do incauto; em parceria com a magistratura, que sofre do mesmo mal, conseguem a liminar para prejudicar os planos do partido em um dia (alguém lembra do pedido de prisão baseado em Marx e Hegel?)Contudo, quando um helicóptero cheio de cocaína é descoberto, bem, aí não acontece nada mesmo - há outras razões para o partidarismo, além do recorte de classe. Processo em face de tucanos rende menos mídia e menos tapinha nas costas nas confraternizações, por exemplo.

Então está feito o disclaimer. Político corrupto é uma categoria bem específica, mas é capaz de "unir" o país a ponto de milhões de pessoas ocuparem as ruas nas mais variadas cidades e aplaudirem quem está combatendo esse inimigo. No caso do Judiciário, Sérgio Moro e os Procuradores do Ministério Público Federal ganharam tamanho empoderamento e capital político a ponto de reunir duas milhões de assinaturas pelas 10 medidas contra a corrupção.

Um pouco diferente da batalha contra o jovem periférico, a guerra contra a corrupção esconde outra motivação preocupante: o sequestro da política pelo poder Judiciário - entendidos nesse contexto como magistratura e ministério público. A Judicialização da política é ainda mais preocupante quando os juristas não escondem uma preferência partidária, muito menos o gosto agridoce do poder.

Voltando, 10 medidas contra a corrupção é, de fato, um ótimo nome para um projeto de lei. Quem seria oposição a 10 medidas contra a corrupção? O Procurador que percorre o país na defesa delas é bem arrumado, tem gel no cabelo penteado para o lado e sorriso bobo. Verdadeiro menino bom. Ocorre que por trás de tanta bondade, reside um projeto de lei que rebaixa o Habeas Corpus, legaliza prova ilícita, reduz a prescrição, cria crimes cuja prova deve ser feita pelo réu e demais arbítrios que destroem a Constituição Federal. A crítica não é apenas a Deltan Dallagnol, mas sim, a toda carreira, ante o simbolismo e representatividade de sua atuação.

"Contra o político corrupto vale tudo, o que não aguentamos mais é impunidade" - dirá o mantra da nação, empunhando suas bandeiras por um Brasil melhor contra-tudo-que-está-aí. Todavia, o procurador de sorriso bobo e o Ministério Público são incapazes de fazer, por terem submergido ao fascismo, a constatação de que estamos no pódio de países que mais prendem no mundo. Impunidade aqui é piada e qualquer projeto, qualquer um mesmo, que venha a arrancar mais garantias das pessoas, endurecer mais uma instituição já autoritária e empoderada, vai piorar o que já está péssimo. Vai prender o político corrupto? Vai, mas vai prender MUITO o jovem pobre também - fora que, convenhamos, violar a Constituição para cumprir a lei é um contrassenso tão grande que não vale nem adentrar no assunto.

Tatue na testa para não esquecer: quem vai pagar essa conta de oba-oba contra a corrupção é o pobre, o negro, o jovem, a mulher, o político corrupto, o honesto, ou quem mais não os agrade. Por isso, muita gente séria tem se levantado contra a perda dos direitos e garantias individuais, pela Constituição e se opondo a olhar no cárcere solução para o que quer que seja. É a lógica do anti-punitivismo, que, infelizmente, não vende jornal, nem passa às 20h na tela da Globo. Para quem quiser conhecer a opinião de renomados estudiosos de todo país desconstruindo, medida a medida, esse absurdo de marketing institucional, sugiro a leitura do boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.

Pelos aplausos, poder de investigar e serem o salva-guarda da nação, o MP rebaixa o Estado de Direito no país - já tão baixo. Para quem ainda não entendeu, o problema não é ser contra ou a favor da corrupção - acredito que é até tosco imaginar alguém a favor. O cenário complica quando alguém, ou alguma instituição, acredita ser a personificação da moral e da ética, quando, a bem da verdade, é só a personificação do fascismo mesmo.

Brenno Tardelli é diretor de redação do Justificando

[1] Há exceções de promotores e promotoras compromissados com a Constituição Federal. Ocorre que, além de serem cada vez mais raros, são perseguidas dentro da própria carreira e servem como prova de que a regra é outra, muito mais sórdida.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Aos juízes, não basta serem deuses. É preciso que sejam deuses maus



Por Fernando Brito, Tijolaço 

Publica o Estadão a decisão do desembargador Freitas Filho, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, de soltar o jornaleiro José Valde Bizerra, de 62 anos, preso desde dezembro do ano passado por xingar o juiz José Francisco Matos, da 9ª Vara Cível de Santo André.

Certamente pesou na decisão o fato de ter saído no jornal, dias atrás,  o absurdo de uma condenação a  7 anos e 4 meses de prisão por xingar alguém.

Embora o alguém fosse um juiz, e não um ninguém, como nós.

Ainda assim acho que quase todos nós fomos xingados de algo.

A maioria das vezes, até, sem merecer.

Mas duvido que qualquer um de nós, passada a fúria da ofensa, viesse a querer que nosso ofensor gramasse tantos anos de cadeia por um “filho da p…” que fosse.

A porfia envolveu dois josés, mas o que acabou na cadeira foi o Bizerra, jornaleiro com mais de 30 anos de banca em Santo André, que teve de deixar o lugar onde trabalhava. Tudo porque se meteu a alugar um outro ponto, num terreno ao lado do cemitério, vejam só.

Não sei você, mas acho que nenhum monstro agressor sobrevive como jornaleiro por três décadas.

Pois a a juíza Maria Lucinda Costa, da 1.ª Vara Criminal de Santo André, colega de prédio do outro José, este o Juiz da 9ª Vara Cível do mesmo forum, condenou Bizerra  à cadeia por 7 anos e 4 meses como “uma ameaça à ordem pública”. A juíza expediu mandado de prisão. Bizerra foi preso no dia seguinte e nunca mais saiu da cadeia, conta o repórter Alexandre Hisayasu.
Por três vezes Bizerra teve negado um habeas corpus.

Uma delas pelo desembargador Freitas Filho, que agora o solta, depois que o assunto foi para os jornais, porque “ao que se depreende dos autos, ao reverso do que quer levar a crer o impetrante, a custódia cautelar do paciente, de fato, desponta imprescindível, independentemente dos predicados que ostenta, para assegurar a garantia da ordem pública”.

A transformação dos juízes – e desembargadores, e ministros, e promotores e procuradores – tem um lado tão ou mais perverso  do que a montanha de dinheiro público que sustenta seus privilégios.

É que os R$ 30, 40, 50, 100 mil que, todo mês, com subsídios e penduricalhos fartos, lhes vêm aos bolsos os tornam incapazes de compreender as dores de quem tem que ganhar o pão nesta selva.

São incapazes de avaliar as dores de um homem comum. Mais ainda sua revolta.

Um dos josés, o Bizerra, tinha de brigar pela féria da banca todo dia, quando quase ninguém compra jornal e ainda do lado do cemitário.

Será absurdo que ele tenha revolta com o outro josé, que não precisa sorrir, que não aparece no trabalho na sexta, que tem um emprego sólido como uma rocha e macio como um algodão?

Mas a Justiça brasileira, com a exceções que só confirmam a regra – tornou-se uma casta, e um casta má, que a todos exige submissão, em lugar de granjear de todos o respeito.

Não lhes basta serem deuses, é preciso que sejam deus mau e temido, como o do Velho Testamento.

E que gerou um Cristo impiedoso, Sérgio Moro, que não conhece o perdão.

Talvez levemos mais que os 12 séculos para que possa haver um Francisco de Assis.

E que alguém aprenda a amar o perdão
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http://magazinebrasil.blogspot.com.br/2016/07/aos-juizes-nao-basta-serem-deuses-e.html

Calote de Serra amplia guerra interna no PSDB

 "Conflito entre os principais interessados em concorrer à presidência da República pelo PSDB – os senadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin – já foi parar na Justiça; comando nacional do partido, presidido por Aécio, se recusa a pagar uma dívida de R$ 17,1 milhões que Serra deixou em sua campanha à Prefeitura de São Paulo em 2012, quando foi derrotado por Fernando Haddad (PT); o diretório estadual paulista, influenciado por Alckmin, também não reconhece a dívida; queda de braço apenas adianta o cenário interno da legenda em 2018

Brasil 247 

Os três maiores interessados em concorrer à Presidência da República em 2018 pelo PSDB, os senadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já adiantaram um conflito motivado pelo calote deixado por Serra em sua campanha à Prefeitura de São Paulo em 2012, quando foi derrotado por Fernando Haddad (PT), atual prefeito.


O comando nacional do partido, que é presidido por Aécio Neves, se recusa a pagar uma dívida de R$ 17,1 milhões deixada por Serra. Enquanto o presidente do PSDB de São Paulo, deputado Pedro Tobias, sob influência de Alckmin, também não reconhece que a dívida tenha que ser quitada pelo diretório estadual. "É impagável", afirma ele.

O caso foi parar na Justiça, segundo reportagem da Folha nesta sexta-feira 15, porque Tobias alega que o diretório não pode ajudar Serra por ter seu fundo bloqueado pela Justiça Eleitoral. Um dos prejudicados pelo calote, o jornalista Luiz González, dono da empresa Campanhas Comunicação, responsável pela comunicação da campanha de Serra, tenta derrubar esse argumento na Justiça.

A agência de Gonzáles levará ao Tribunal de Justiça o balanço patrimonial do partido de 2014, que encerrou o ano com dinheiro em caixa suficiente para quitar sua dívida, de R$ 8 milhões. Segundo a reportagem, o jornalista, que coordenou a campanha de Gilberto Kassab à Prefeitura em 2008 – que derrotou Geraldo Alckmin – não é mais atendido por nenhum dos dirigentes tucanos.

Quem elege quem?


Cada vez que termina uma eleição sempre ouço de várias pessoas as seguintes perguntas: Por que elegem quase sempre os mesmos candidatos? Como elegem um congresso tão atrasado (às vezes usam o termo “conservador”) que não nos representa?

Para entendermos por que isso ocorre, é preciso analisar por que as pessoas deixam de votar em algum candidato e por que as pessoas, que votam sempre, costumam escolher candidatos já conhecidos ou ligados a esses candidatos conhecidos.

As pessoas que normalmente deixam de votar em algum candidato sempre alegam que não existem candidatos a altura do voto e depois das eleições reclamam que o congresso ficou pior. Não deveriam reclamar, já que deixou que outros escolhessem os candidatos piores! As pessoas deixam de votar por acharem que todos são corruptos, falta ética, não fazem nada, etc. Se os que têm consciência da importância do voto para Justiça social, defesa das Leis Trabalhistas e melhor qualidade de vida para todos e deixam de votar, certamente irão ser eleitos os que forem escolhidos pelos que tem algum tipo de curral eleitoral.

Os eleitores que nunca deixam de votar podem ser classificados, em sua grande maioria, em cinco grupos, com os seguintes tipos de votos: voto de cabestro; voto religioso (no irmão da igreja que faz parte); voto no patrão (pensam que estão conservando o emprego), voto em celebridades (jogadores, atores e atrizes com fama na TV são os principais) e os que vendem o voto. Esses grupos geralmente não sofrem críticas da mídia e na maioria dos casos, os líderes, são alinhados com a grande imprensa. Os que fazem parte destes grupos são os que sempre irão eleger e reeleger os mesmo candidatos ou eleger os familiares destes candidatos. Haja vista, que tem candidato ou família de candidato com vários mandatos que chegam a ultrapassar gerações!


Voto de Cabresto

Esse tipo de voto é muito comum nas pequenas cidades e também ocorrem na periferia das grandes cidades. Ocorra o que ocorrer o eleitor do voto de cabresto sempre vota no candidato que ele diz ser dele! Nas chamadas cidades do interior não podemos sequer dizer que existem partidos políticos. As pessoas sempre votam nos candidatos de um lado ou de outro e pouco importa quem esteja sendo candidato de um lado ou de outro por que eles sempre votam no candidato deles e pouco importa se honesto perante a justiça ou não. Alegam que não vão deixar de votar em um candidato amigo que pode sempre pedir alguma coisa quando precisar!




Se tornou comum religiosos saírem candidatos e terem preferência de uma grande parte dos irmão de igreja. Esses tem sempre o voto garantido e pode ter acusação de envolvimento em corrupção, crimes de agressão ou não que geralmente os irmão votam alegando que Deus é quem deve julgar, mas nunca vão deixar de ajudar um irmão!!! Estranhamente, costumam julgarem e condenarem os que não fazem parte da mesma religião!


Voto em celebridades

Esse tipo de voto é mais comum nos grandes centros urbanos. Cada dia mais se torna comum as pessoas votarem no jogador do time preferido, no ator da novela preferida, o cantor preferido, no apresentador de porgramas televisivos, etc. O maior exemplo atual é o Senador Romárioque foi jogador da Seleção Brasileira e de vários grande times de futebol brasileiro.


Voto no Patrão

Uma grande parte do eleitorado votam no candidato patrão (quando candidato) ou no candidato que o patrão indica. Alegam que não podem arriscar perder o emprego e pouco se importam com as qualidades do candidato em que estão votando. Depois reclamam quando esses candidatos começam a retirar direitos trabalhistas!


Os votos vendidos

Embora não se podem considerar as pessoas que vendem o voto como pertencentes a algum curral eleitoral, eles fazem parte de um grupo muito grande de eleitores que tem grande influência na composição dos quadros dos políticos eleitos. Embora se coloque como sendo uma prática em cidades do interior, é muito comum nas periferias das grandes cidades. Os que vendem o voto alegam que o voto nunca muda nada e vendendo pelo menos ganham algum dinheirinho. São os que mais reclamam que tudo tá ruim e que nada muda!


Deixar de votar é deixar que os outros escolham


Quando parte do eleitorado deixa de votar por qualquer motivo (justo ou não), certamente os cinco grupos citados acima serão os responsáveis na escolha dos ocupantes de cargos e também os responsáveis diretos no tipo e qualidade dos escolhidos. Indiretamente, podemos dizer que os que deixaram de votar, escolheram indiretamente por omissão.

Os grupos políticos ou partidos que sempre aparecem recendo críticas e denuncias, dos grandes meios de comunicação, são sempre os que têm eleitores não alinhados com esses grupos e são justamente esses que anulam o voto! É a melhor maneira de influenciar nos resultados das eleições é fazendo com que o adversário político tenha os votos anulados enquanto os grupos citados (geralmente alinhados aos patrões e meios de comunicação) sempre votam e acabam escolhendo a formação do nosso congresso que mais parecem serem representantes dos grandes empresários (patrões) e dos grandes meios de comunicação.

http://carlos-geografia.blogspot.com.br/2016/08/quem-elege-quem.html

Democracia não é só uma palavra


Sou um defensor radical da democracia, não só como sistema social e político, mas em toda as atividades humanas.

Se a democracia estivesse realmente fazendo parte do dia a dia das pessoas, o mundo, garanto, seria muito melhor que hoje.

Pego o exemplo da minha profissão - ou ex, já que estou aposentado.

Numa redação de jornal (ou de revista, televisão, rádio...) a democracia não tem vez. 

O repórter é um mero cumpridor de ordens - ou, no jargão jornalístico, de pautas -, o editor segue a linha editorial da casa, que, por sua vez, reflete o pensamento do patrão.

Tudo verticalizado.

Tudo na base da imposição, das ordens peremptórias.

Claro que esse regime ditatorial é disfarçado com um monte de reuniões - de pautas, de matérias para primeira página, de reportagens especiais ... -, que não passam de um teatrinho mal encenado para fazer de conta que todo mundo é ouvido.

E se numa redação de jornal, composta por pessoas bem informadas, de curso superior, letradas e tal, é assim que são as coisas, imagine no resto das atividades sociais.

O conceito da democracia é bem conhecido por todos, imagino. 

Mas como a sua prática é, na realidade, pouco desenvolvida no Brasil, as pessoas acabam dando pouca  - ou nenhuma - importância para os valores democráticos.

Conheço muita gente mais ou menos de minha idade, que viveu o período da ditadura militar e tem saudade daquele tempo, por julgar que, naquela época o país era mais organizado e funcionava bem melhor que hoje.

Sinceramente, não sei como essas pessoas podem pensar assim, se sofreram uma lobotomia, estão com Alzheimer, ou simplesmente são idiotas.

Tudo, repito, tudo, era pior no Brasil da ditadura militar.

Não existe termos de comparação.

Claro que não foi só o ressurgimento da democracia, mesmo que trôpega, que levou o país a um outro nível civilizatório. 

Para que houvesse esse avanço foi necessário uma soma de fatores, desde a formação de uma geração de lideranças políticas, sindicais e sociais, que levaram muita porrada, até a massificação informativa e cultural provocada pela internet e pelas novas tecnologias voltadas à comunicação, como os telefones celulares, smartphones, tablets, notebooks...

Hoje, só não se informa instantaneamente quem não quer.

O problema é que, paradoxalmente, a maioria utiliza todos esses gadgets que estão à sua disposição, capazes de revelar os segredos mais profundos do universo, para colher informações das mesmas fontes de sempre, aquelas para as quais a democracia é muito, mas muito relativa.

Só quando as pessoas compreenderem que quase sempre o que leem, ouvem ou veem diariamente não é a verdade factual, mas uma edição parcial e corrompida da realidade, é que a verdadeira democracia começará a se fortalecer no Brasil.

E até que isso ocorra, estaremos sujeitos à manipulação mais grosseira, que, infelizmente para todos, pode nos levar a um retrocesso de consequências trágicas. 
(Carlos Motta)