As suspeitas levantadas nos últimos anos sobre a revista VEJA pela imprensa independente e blogs, estão sendo confirmadas pelas revelações feitas no óvazamento das informações da operação Monte Carlo. Da fabricação de factóides políticos à espionagem ilegal, a revista esteve todo o tempo representando interesses de uma organização criminosa da qual faz parte. Seja com o intuito de livrar criminosos da condenação, como aconteceu na cruzada para inviabilizar juridicamente a operação Satiagraha e desmoralizar os responsáveis por ela, seja para criar crises institucionais no governo federal, ou para defender interesses financeiros do consórcio que faz parte, a revista e seus prepostos cometeram crimes e atentaram gravemente contra o estado de direito democrático.
Confirmada a relação próxima do diretor da Sucursal de Brasília da revista, Policarpo Junior, com o conhecido contraventor Carlinhos Cachoeira e seus arapongas, começam a aparecer os indícios que a VEJA usava com frequência os serviços de espionagem de políticos, ministros e personalidades públicas para servir de base as suas reportagens.
Essa semana o Correio Braziliense publicou uma matéria que aponta que as imagens publicadas pela revista do Hotel onde se hospedava José Dirceu teriam sido obtidas pela equipe de arapongas do contraventor. Até hoje a VEJA jurava que as imagens tinham sido obtidas pelo circuito interno do Hotel. Na época, nós analisamos as imagens e afirmamos, em primeira mão, que pelas suas características tinham sido obtidas através de câmeras espiãs (Clique aqui para ler o artigo VEJA passou recibo do crime).
Diálogos captados pela Polícia Federal mostram que Carlinhos Cachoeira gabava-se por ser a maior fonte da revista. Foram registradas mais de duzentas ligações entre o contraventor e Policarpo Junior, além de encontros pessoais. A revista, por sua vez, utilizava o material obtido ilegalmente por Cachoeira, imagens, vídeos, áudios e e-mails interceptados, e atribuía a “fontes” na ABIN, com o intuito de acusar o governo federal de tentar atacar adversários políticos utilizando os métodos que a própria revista praticava, e ao mesmo tempo tentando enfraquecer a agência de inteligência e a Polícia Federal.
O conhecido episódio do suposto grampo da conversa entre o Senador preferido do Contraventor, Demóstenes Torres, e o Presidente do STF à época, Gilmar Mendes, cujo áudio nunca foi mostrado pela revista, e que investigações recentemente concluídas pela PF afirmaram que nunca existiu, foi motivo de grande estardalhaço no país, com o governo Lula sendo acusado de estado policialesco, gerando grande desconforto quando Mendes declarou publicamente que “chamaria o Presidente às falas”, e culminando com a demissão de Paulo Lacerda da ABIN, um profissional qualificado que vinha se dedicando a desmontar o crime organizado no país.
A grave farsa que colocou em risco a estabilidade política do país e o equilíbrio entre os poderes, tramada por personagens que as investigações da operação Monte Carlo revelaram serem sócios (Demóstenes, A VEJA e provavelmente Gilmar Mendes) apesar de ter sido completamente desmontada por investigação séria, não motivou qualquer retratação da revista ou dos outros personagens envolvidos que cobraram explicações do governo federal à época.
Em um país com uma imprensa e judiciários sérios, esses episódios seriam suficientes para levar a revista a encerrar suas atividades e levar seus responsáveis ao banco dos réus, mas os tentáculos da organização criminosa alcança o poder judiciário e outros veículos de comunicação ( com raras exceções como no caso da revista Carta Capital).
Muita informação ainda está por ser revelada, como o conteúdo das conversas entre o contraventor e o representante da VEJA, portanto preparem seus narizes para o mau cheiro que essas informações vão exalar.
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Policarpo Júnior - Eurípedes Alcântara |
Abaixo o texto de Eurípedes Alcântara, na "Carta do Leitor" reconhecendo a grandeza da parceria Cachoeira-Veja - e inspirando o bicheiro a enviar o email de congratulações a seu parceiro Policarpo Jr
Carta do Leitor
Revista Veja - 01/08/2011
Sentinela avançada
A sucursal de VEJA em Brasília é a sentinela avançada da luta contra a corrupção por meio de reportagens investigativas. Nesta semana, enquanto ainda perdiam seus cargos os últimos acusados de corrupção no Ministério dos Transportes identificados por VEJA há três semanas, os repórteres de Brasília, sob o comando de Policarpo Junior, enviavam à sede da revista, em São Paulo, o resultado de uma nova frente de apuração, desta feita pondo em xeque a lisura dos negócios tocados pelos políticos na Conab, órgão do Ministério da Agricultura. "Ali só tem bandido", declarou a VEJA Oscar Jucá, irmão do líder do governo Romero Jucá, que diz ter recebido uma oferta de propina do próprio ministro da Agricultura.
Policarpo e sua equipe são uma pedra no sapato dos corruptos do mundo oficial. O trabalho constante e disciplinado de investigação da sucursal já prestou inestimáveis serviços ao Brasil. Policarpo foi peça crucial como repórter, editor ou chefe de sucursal nas mais relevantes reportagens investigativas da imprensa brasileira nas duas ultimas décadas - dos escândalos da era Collor à descoberta do balcão de negócios instalado na Casa Civil de Lula pela ministra Erenice Guerra, passando pelo escândalo do mensalão, da máfia dos anões do Orçamento, até a revelação da existência de um aparelho clandestino no governo anterior que espionava jornalistas e autoridades
VEJA e seus leitores contam com a vigilância permanente de Policarpo e dos repórteres da sucursal de Brasília. "Ao contrário do que às vezes pode parecer, a imprensa tem uma influência tremenda quando trabalha com rigor e transparência", diz Policarpo. "Mesmo nos momentos mais trevosos da gestão Lula, nossas reportagens investigativas produziram resultados e muitos corruptos perderam seus postos no governo.” Vários deles voltaram logo depois, é certo. Impunemente. Mas muitas práticas subterrâneas continuam esperando a ação da imprensa para ser dedetizadas pela luz solar - e muito, muito mais precisa ser feito pela própria imprensa, pelos procuradores, pelos policiais federais e pela Justiça, idealmente cobrados pela opinião pública.
Luis Nassif
Os vazamentos da Monte Carlo
"Policarpo também teria se encontrado com Cachoeira pessoalmente em 2011, sendo que o contraventor mandou um dos membros da quadrilha buscá-lo no aeroporto."
Esta conversa se deu no dia 11/08/2011, uma quinta-feira. É possível que estivessem se encontrando para tratar da grande reportagem que sairia dali a três semanas?
O fato é que, de acordo com a revista, as imagens captadas no Hotel Naohum são de 06/06 a 08/06/2011 - ou seja, a câmera havia sido colocada no corredor há quase dois meses!!! Teria sido obra do mesmo jornalista trapalhão que tentou invadir o quarto de Dirceu às vésperas da publicação da reportagem? E por que a Veja demoraria dois meses para fazer uma denúncia? Uma hipótese já levantada é que a câmera teria sido plantada pela equipe de Cachoeira, e não pela própria Veja. O encontro de Cachoeira com Policarpo teria sido para preparar o escândalo. Esta hipótese faz mais sentido cronologicamente, pois, na semana subsequente a Veja já tinha uma denúncia de capa (contra o ministro da agricultura), e, na semana seguinte, uma reportagem neutra sobre "dor". (A Veja tem o hábito de intercalar capas bombásticas com temas mais amenos, como dietas e remédios milagrosos.) Sendo assim, o material fornecido por Cachoeira no dia 11/08 poderia ser usado na edição de 31/08, que é quando a reportagem efetivamente saiu.