terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Os militares e a segurança pública no Brasil

 por Leonardo José Ostronoff e Felipe Ramos Garcia

31 de janeiro de 2022
compartilhar
visualização

Por que recorrer aos militares, soldados treinados para guerra contra um inimigo externo, para lidar com seus próprios cidadãos dentro do estado de direito? A segurança pública seria um assunto da Defesa?

A segurança pública no Brasil ganhou uma expressão maior no debate público nos últimos anos, tornando-se um dos temas cruciais para nossa sociedade. Hoje é impossível ignorar tal tema, seja nos programas de governo, salas de aula, ou mesmo nas “conversas de bar”. Muitas vezes pautada pela direita, as políticas públicas de segurança são fundamentais para consolidação da democracia; por exemplo, é impossível pensar nossa sociedade contemporânea sem a existência da polícia, portanto, o tema é uma necessidade para os debates do campo da esquerda democrática. Uma ressalva fundamental, no presente artigo: a partir de agora, utilizaremos o termo “políticas públicas de segurança” em vez de “segurança pública”, pois o mesmo deve ser compreendido enquanto uma política pública integrada em outros temas como educação, assistência social, saúde, direitos humanos etc. Não se pode fazer política pública na área de segurança apartadas desses temas. A diminuição da violência somente tem eficácia dentro dessa prática de fazer e pensar de forma integrada as políticas.

Nesse sentido, é fundamental discutirmos a participação das Forças Armadas na política de segurança pública em nosso país, mais precisamente a utilização do mecanismo institucional da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Apesar da regulação formal do mecanismo de intervenção militar por meio da GLO ter ocorrido apenas em 2001 – após a criação do Ministério da Defesa, em 1999 –, a atuação das Forças Armadas já fazia parte do repertório do Estado para administrar questões como greves de policiais, violência urbana e segurança de grande evento. As Forças Armadas têm sido empregadas desde, pelo menos, o início dos anos 1990, tendo como marco a Eco 92. Diversas GLOs foram realizadas nas últimas três décadas, destacando-se a Operação Arcanjo nos complexos do Alemão e Penha, bem como, a Intervenção Militar na Segurança Pública do Rio de Janeiro (Ostronoff, 2021). Luís Eduardo Soares (2000), ao relatar seus “quinhentos dias no front da segurança pública do Rio de Janeiro”, mostra a representatividade que os militares possuem no quadro interno dessa pasta institucional naquele estado. Segundo ele, ainda na Constituição de 1988, o Exército preservou um poder estratégico quando foi outorgado que as polícias militares devem responder a ele em última instância. A utilização das GLOs reforça esse poder, consolidando as políticas públicas de segurança não somente como caso de polícia, mas como assunto militar, por excelência. Essa associação tornou-se um senso comum que deve ser criticado com ênfase.

Ostronoff (2021) demonstra que até mesmo oficiais de alta patente do Exército brasileiro questionam a eficácia das GLOs, justamente porque as Forças Armadas são treinadas para combater o inimigo, não para lidar com cidadãos, função das forças de segurança pública, por sua vez. O mesmo autor, traz ainda relatos de oficiais que afirmam a incapacidade de se resolver o problema da violência urbana somente com a utilização da força, sendo necessário ações em educação, assistência social, saúde, moradia, ou seja, melhorar as condições de vida da população ofertando mais oportunidades e igualdade de condições sociais. Essa perspectiva pode parecer estranha se considerarmos o pensamento do grupo de oficiais que atualmente compõe o governo. Esse é um ponto importante, pois vai na contramão de todo pensamento bolsonarista, que tem como um dos pilares dessa “expressão política” justamente a ideia de um militarismo como o da ditadura militar de 1964, que preserva a ordem através das armas e da prática institucional de tortura, justificando combater um suposto inimigo interno: o comunismo em 1964 – ou os petistas hoje.

O cientista político Paulo Ribeiro da Cunha (2020), que pesquisa militares há mais de duas décadas, defende pensá-los não de forma homogênea ou como um bloco monolítico, mas como uma instituição que possui diferentes grupos e correntes internas que buscam assegurar seus interesses e suas pautas enquanto corporação. Evidentemente que existe uma série de similaridades envolvendo o grupo, principalmente no que diz respeito ao “ser militar” e ao “ser civil”, uma visão de mundo corporificada no “espírito militar”, como brilhantemente expõe o antropólogo Celso Castro (1990). Aliás essa é uma tese partilhada por vários pesquisadores e pesquisadoras que mais recentemente têm ganhado destaque no debate público. Neste artigo partilhamos dessa concepção, afinal, nas Ciências Sociais aprendemos que nada é lá muito homogêneo na sociedade, não sendo diferente com as instituições militares. Pensando com Foucault, diante das relações de poder, compreendemos a existência de diferentes sujeitos e posições que estão em disputa continuamente no interior das Forças Armadas. É um equívoco tratar militares como um todo uníssono, é preciso perceber as brechas e diferentes matizes que apresentam, isto é uma contribuição fundamental do pensamento sociológico para esse tema. Também, em termos políticos, não se pode ignorar que o Ministério da Defesa esteve sob treze anos de governo do PT, o que certamente teve uma influência nas Forças Armadas, principalmente se pensarmos nos investimentos federais feitos nesse período no campo militar. Aqui cabe uma crítica aos governos tanto de esquerda, como os de direita ou centro, que, apesar de corroborarem com o controle civil dos militares por meio da criação do Ministério da Defesa e a manutenção de civis como ministros, nunca ousaram repensar os currículos das escolas de formação de oficiais, mantendo a antiga noção presente na corporação de que as Forças Armadas, mas principalmente o Exército, seriam bastiões da democracia e do estado de direito – noção que tem sido replicada por alguns oficiais da ativa e da reserva e propagada por políticos e simpatizantes bolsonaristas. Esse nó ainda não desatinado contribui para reforçar a associação de senso comum dos militares com a manutenção e garantia da ordem em operações de segurança pública.

Helicópteros das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea) realizam manobras no Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico em movimento durante a Operação Poseidon 2021, coordenada pelo Ministério da Defesa. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Neste ponto, abre-se um questionamento interessante em termos institucionais: onde está alocada a secretaria nacional de segurança pública? Está no Ministério da Justiça, não no da Defesa. Portanto, em termos institucionais, o Estado brasileiro associa segurança pública a uma área civil e não militarizada. É possível então entender as GLOs como um reconhecimento, por parte federal, da incapacidade de certos estados, em determinados momentos, darem conta da segurança pública? No caso da intervenção militar no Rio de Janeiro em 2018, pode-se afirmar isso. Segundo Ostronoff (2021), tal ação militar não visou combater o crime organizado como GLOs anteriores, mas reorganizar institucionalmente a área de segurança pública daquele estado em termos financeiros e estruturais, em crise devido aos problemas de corrupção do governo Sergio Cabral. A intervenção tornou possível repassar altos montantes de verbas federais para o estado do Rio de Janeiro, o que pelo menos pagou salários do funcionalismo da área de segurança, que estavam atrasados na época. De fato, tal situação abria um precedente perigoso, tornando as forças de segurança do estado quase inoperantes, o que seria uma verdadeira crise institucional (Ostronoff, 2021). Mas por que recorrer aos militares, soldados treinados para guerra contra um inimigo externo, para lidar com seus próprios cidadãos dentro do estado de direito? Então a segurança pública é um assunto da Defesa? Discordamos veementemente dessa posição e afirmamos a necessidade da participação civil nos assuntos de segurança pública e defesa.

Entretanto, cabe ressaltar aqui que, apesar das críticas à participação dos militares das Forças Armadas em operações de segurança pública por meio do mecanismo da GLO, essas atuações ocorrem sempre a pedido do chefe de Estado. A Presidência da República tem a prerrogativa de acionar os militares para atuar nessas operações, seja por iniciativa própria, seja por pedido de governadores. Nesse sentido, é importante reforçar que essa relação simbiótica dos militares com a segurança pública não é apenas de responsabilidade dos oficiais. Embora existam alguns casos em que eles capitalizam politicamente sua atuação em operações via GLO,[1] de modo geral a atuação ocorre por conta de uma dificuldade crônica do Estado brasileiro em gerir a segurança pública, que está relacionada com outros problemas que fazem parte da gênese da formação do Brasil: racismo, desigualdade e autoritarismo.

Como proposta para segurança pública, trazemos a participação da sociedade civil através de conselhos e fóruns institucionais como fundamental. Um exemplo é o conselho nacional de juventude no governo Dilma Rousseff, que mostrou como tais espaços institucionais são eficazes, podendo ser referência para o campo das políticas públicas de segurança. Não podemos nos acomodar ao senso comum de que esse tema é caso exclusivo de polícia, muito menos de militares. Certamente que eles terão participação, mas é preciso ampliar o debate para além dos muros das bases e quartéis. A consolidação da democracia brasileira passa por uma outra concepção da segurança pública, ou seja, desmilitarizada, participativa e embasada pelos direitos humanos. Do contrário, continuaremos assistindo espetáculos militares através das GLOs, mas sem efetividade na transformação da situação social.

 

Leonardo José Ostronoff é sociólogo. Doutor em sociologia pela USP, possui pós-doutorado pela mesma universidade. Autor do livro Não existe almoço grátis (2021).

Felipe Ramos Garcia é sociólogo e doutorando em sociologia pela USP.

 

Referências

Castro, Celso. O Espírito Militar: um antropólogo na caserna. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.

Cunha, Paulo Ribeiro. Militares e militância: uma relação dialeticamente conflituosa. São Paulo: Editora Unesp, 2020.

Ostronoff, Leonardo José. Não existe almoço grátis – 1.ed. – Curitiba: Brazil Publishing, 2021. 268p.: il.; 21 cm. ISBN 978-65-5861-599-6.

Soares, Luís Eduardo. Meu casaco de general: 500 dias no front da segurança pública no Rio de Janeiro- São Paulo: Companhia das Letras, 2000. ISBN 85-359-0079-9.

[1] É o caso do general Braga Netto, que atuou na intervenção do Rio de Janeiro, foi ministro-chefe da Casa Civil e atualmente é ministro da Defesa.


https://diplomatique.org.br/os-militares-e-a-seguranca-publica-no-brasil/

A Construção do Poder Popular além das capitais

 19 de janeiro de 2022

Manifestação de estudantes em Cabo Frio, uma das principais cidades do interior do Rio. Foto: Jornal A Verdade

Para construção de um Poder Popular em um país continental como o Brasil é tarefa dos revolucionários apresentar ao povo do interior a construção de uma sociedade mais justa e a possibilidade de ter esperança na mudança advinda do nosso esforço e trabalho coletivo. 

Rafael Figueira

CABO FRIO/RJ – O Brasil, hoje tem 213 milhões de habitantes divididos em 5500 cidades nos seus 26 estados mais o Distrito Federal. Historicamente as indústrias, empregos, oportunidades e principais disputas políticas se concentram nas capitais fazendo com que hoje 23,87% da população Brasileira se concentre em 27 cidades. 

As capitais estão acostumadas com mais mobilizações de rua em busca de direitos, mais repressão e inúmeras novidades no decorrer da história que escreveram os episódios da construção da sociedade brasileira como é hoje. As grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Brasília concentram favelas, desigualdades e os embates sociais que já conhecemos muito bem. 

Além disso, contando com as capitais, somam 49 cidades do país que tem mais de 500 mil habitantes, juntando elas aproximadamente 72 milhões de habitantes, 31% da população brasileira. Todas essas cidades concentram as disputas políticas públicas do cotidiano fazendo com que a velha política brasileira, de coronelismo barato e violento, seja mais enfrentada nas maiores e mais ricas cidades. Porém 69% da população brasileira segue residindo no interior do nosso país.

Cidades pequenas, com pouquíssima referência de organização, lutas sindicais por falta de categorias organizadas, a maioria esmagadora sem Universidades Públicas, com índices de feminicídio grotesco e sem nenhum indício de política pública entre outras mazelas do sistema capitalista que crescem de forma majoritária quando não se tem questionamentos de rua, públicos e organizados.

Todas as localidades têm suas características próprias que devemos entender, vivenciar e pensar ao máximo de como temos condições de intervir na realidade. É muito familiar a disputa do espaço político das ruas e o grau de vitórias que esse meio de luta nos trás, porém, nos interiores nossa ousadia pode ser maior ainda.

Trabalhadores de Carpina, interior de Pernambuco, em mobilização contra o governo Temer, em 2017. Foto: Jornal A Verdade

O papel dos revolucionários nos interiores

Ao organizar uma categoria que nunca teve acesso a um sindicato, as mulheres para pensar políticas públicas municipais de combate ao machismo, a juventude em busca por alternativas de educação perto da sua casa e de qualidade, temos total condições de disputar os espaços parlamentares dessas cidades e regiões. Como tudo no capitalismo o dinheiro dá as primeiras cartas, mas pelas dimensões dessas localidades temos mais condições de através do trabalho explorar uma massa que irá nos conhecer e criar referências de lutas da cidade e não só de um segmento específico. 

As cidades relativamente pequenas são um terreno fértil para o trabalho revolucionário, com muita descrença na política “tradicional” e normalmente sem opções revolucionárias e até social democratas de organização para o povo trabalhador e a juventude. Desde o interior turístico até o interior agrário a denúncia da exploração capitalista sempre vai ter uma conotação local mais firme e que doa na realidade das pessoas locais.

O turismo predatório, a falta de condições estruturais para as populações sobrevivem sem uma política mínima de geração de empregos fora de temporada e estabilidade financeira. É muito comum nessas cidades a maior empregadora ser a Prefeitura e a grande maioria sendo contratados temporariamente, um alvo fácil pro assédio moral e a velha barganha em troca de votos e favores que se nas capitais acontecem muito nas cidades pequenas a covardia das famílias tradicionais da política é maior ainda botando nosso povo em situação de dependência e precarização maior ainda.

Não precisa estar no interior para visualizar como a grande maioria dos partidos políticos do Brasil são tratados de forma fisiológica e movida por interesses individuais. Essa dança das cadeiras das famílias tradicionais e o descrédito pesa muito nas cidades pequenas, disputar no meio do povo a referência coletiva de um projeto com a de grandes salvadores da pátria que ficam longe de fazer o mínimo da resultado com a mistura da denúncia política e a construção de alternativas de combate a fome (como as redes de solidariedade do MLB) e também de soluções para a falta de política pública eficiente dos governos entre todos os segmentos.

Construir o Poder Popular em um país continental como o Brasil é tarefa dos revolucionários. Por isso, é importante apresentar ao povo do interior a construção de uma sociedade mais justa e a possibilidade de ter esperança na mudança advinda do nosso esforço e trabalho coletivo como em todos os nossos trabalhos, explorando a energia e a referência que só uma juventude combativa e com perspectiva de dirigir um processo revolucionário pode ter.


https://averdade.org.br/2022/01/a-construcao-do-poder-popular-alem-das-capitais/

Cuba é o segundo país que mais vacinou contra a Covid-19 no mundo

 14 de janeiro de 2022

COVID-19. Cuba é exemplo no combate à pandemia. (Foto: Joaquín Hernández Mena)

83,4% dos cubanos têm o esquema completo de imunização contra o Covid-19. A ilha socialista é líder da América Latina em vacinação e fica em segundo lugar no mundo.

Igor Barradas | Redação Rio

INTERNACIONAL – Cuba enfrenta há cerca de dois anos, com todas suas dificuldades, a pandemia causada pelo Covid-19. Mesmo passando por um embargo econômico, a pequena ilha socialista foi o país que mais vacinou seus habitantes na América Latina e o segundo em todo o mundo.

Ao todo, 83,4% dos cubanos (9.331.520 habitantes), possuem o esquema completo de imunização contra o Covid-19. Dessa forma, o país se mantém com um alto número de vacinados e é referência mundial no enfrentamento ao vírus.

As consequências desta doença terrível são extremamente graves. Tanto no campo da saúde como na ordem econômica e social, a Covid-19 deixou um lastro de perdas em todo o mundo. 

Fornecimento de vacinas para outros países 

Indo em direção contrária às mortes da sociedade capitalista, a população cubana conseguiu lutar bravamente contra o vírus com seus três imunizantes próprios: Soberana Plus, Soberana 02 e a Abdalla. 

Essas vacinas, criadas pelos cientistas cubanos para combater o Covid-19, mostraram alta efetividade. Segundo os estudos da fase clínica e de intervenção populacional, chegaram a um nível de eficácia superior a 90%.

A forma em que Cuba lidou com a pandemia comprova a superioridade do sistema socialista. Mesmo com um embargo econômico que dura mais de 60 anos, houve uma enorme mobilização para garantir que todos os cidadãos tivessem acesso à saúde digna.

A solidariedade entre os povos também ficou demonstrada na prática. O governo Cubano já iniciou a exportar seu imunizante próprio ao Vietnã, e irá fornecer cinco milhões de doses para população do país asiático.


https://averdade.org.br/2022/01/cuba-e-o-segundo-pais-que-mais-vacinou-contra-a-covid-19-no-mundo/

Pátria não é povo passando fome e trabalhadores sem direitos

 

LUTA CONTRA A FOME – Ato do MLB contra a carestia e a fome em São Paulo. (Foto: Jorge Ferreira / Jornal A Verdade)

Enquanto 14 mil famílias são despejadas no Brasil, três filhos do presidente compram mansões em Brasília. Essa é a pátria amada que o fascista, os partidos do Centrão e os generais defendem: 19,1 milhões vivendo na extrema pobreza e 42 bilionários aumentando suas fortunas diariamente.

Luiz Falcão


O genocida, os deputados e senadores do Centrão e os generais fascistas enchem a boca e gritam: “Pátria amada”.

Mas que Pátria é essa que defendem?

Uma pátria com 15 milhões de pessoas desempregadas e 25% da força de trabalho
desalentada, subocupada ou sem emprego.

Uma pátria com o litro da gasolina custando R$ 7,00; o botijão de gás mais de R$ 100 e aumentos constantes na conta de luz e nos preços dos alimentos.

Na pátria do governo fascista, o verde e o amarelo da nossa bandeira são usados para esconder a subserviência aos Estados Unidos e o enriquecimento de uma minoria de exploradores do povo. Vejamos: de março a junho deste ano, um seleto grupo de pessoas – 42 bilionários – aumentaram suas fortunas em R$ 34 bilhões e 1%da população mais rica detém metade de toda a riqueza do Brasil, mostram o relatório da Riqueza Global e a Oxfam.

Do outro lado, 6 em cada 10 famílias brasileiras vivem em insegurança alimentar, o que quer dizer que não têm o que comer todos os dias. Desde que o ex-capitão (expulso do Exército em 1988) assumiu a presidência do país, a pobreza e a miséria não param de crescer.

Hoje, 19,1 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza e 61 milhões na pobreza, revela estudo da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pois bem, uma pessoa com fome, mesmo vacinada, tem imunidade baixa e está vulnerável a qualquer vírus.

Não bastasse, 14.301 famílias foram despejadas por não terem dinheiro para pagar o aluguel, estão morando nas ruas como bichos sem dono.

Entretanto, três filhos do presidente da República compraram mansões. Flávio Bolsonaro adquiriu uma luxuosa residência no Lago Sul de Brasília por R$ 6 milhões. Sua nova residência tem quatro suítes, hidromassagem, piscina, pisos revestidos de mármores, academia, spa e espaço gourmet. Já o Jair Renan não quis ficar atrás e se mudou para uma imensa mansão no Lago Sul, avaliada em R$ 3,2 milhões, com 1.200 metros quadrados, dois pisos e quatro suítes. Um terceiro filho, Carlos Bolsonaro, comprou um luxuoso apartamento também em Brasília por R$ 470 mil e pagou à vista. O pai desses riquinhos mora no Palácio da Alvorada, não paga aluguel, faz churrasco com picanha de R$ 1.500 o quilo e passeia nas praias do litoral paulista e de Santa Catarina, tudo à custa dos cofres públicos.

Essas injustiças eles chamam de pátria amada!

Ditadura para defender exploração capitalista

A burguesia, uma minoria de super-ricos que vivem da exploração do trabalhador brasileiro, dos imensos lucros com a exportação do agronegócio e da venda das riquezas do país, diz que ama o Brasil, mas o que adoram é o dinheiro, o lucro acima da vida.

Juraram nos seus meios de comunicação que com as reformas da Previdência e Trabalhista, que retiraram vários direitos dos trabalhadores, a situação iria melhorar, teríamos mais empregos e melhores salários. Mentiram descaradamente! A verdade: nenhum trabalhador consegue mais se aposentar no Brasil e o salário é tão baixo que o preço de uma cesta básica consome mais de 55% do atual salário mínimo. Não bastasse, aprovam outra reforma para retirar mais direitos dos trabalhadores e tornar ainda mais precárias as condições de vida e de trabalho da classe operária.

Na pátria dos fascistas, a Amazônia, maior floresta do mundo, é queimada para virar pasto para os reis do gado ou para as grandes madeireiras roubarem nossas árvores e as mineradoras internacionais, nossos minérios.

Na educação, o fascista quer acabar com as cotas para os negros, os quilombolas e os indígenas, mas defende o privilégio de sua “filhota” entrar no Colégio Militar sem fazer sequer um teste.

Nessa pátria fascista, a indústria nacional é destruída, a ciência abandonada e a cultura incendiada, como evidenciou a cinemateca em São Paulo e o Museu Nacional no Rio de Janeiro.

A soberania nacional dos fascistas é uma ilusão, pois o presidente e seus filhos choram diante da bandeira dos Estados Unidos. A Ford fechou a fábrica no Brasil, demitiu cinco mil operários, deixou milhares de famílias desamparadas e o presidente, em vez de defender os interesses nacionais, declarou que o mercado era soberano.

O banqueiro Paulo Guedes, atual ministro da Economia, aumenta os juros para os donos das empresas de cartões de crédito esfolarem o povo e declara que “não adianta chorar, que não há problema em pagar uma conta de energia mais cara”. É um hipócrita, pois a conta de energia onde mora é paga pelo povo. Ademais, o povo está sem dinheiro para comprar feijão e pagar aluguel, como vai conseguir reservar mais dinheiro para novos reajustes na energia elétrica?

Diante do apagão, a ordem e o progresso que defendem é apagar a luz e acender um candeeiro ou lampião.

Alguns se perguntam como um governo pode ser tão irresponsável e incapaz? O objetivo do fascista (e de sua milícia) é mergulhar a nação no caos para se apresentar como salvador e se tornar o Hitler do Brasil.

Os generais, almirantes e brigadeiros são cúmplices desse genocídio e da destruição da nação brasileira. Só se preocupam com os polpudos salários dos seis mil cargos que ocupam, com as mordomias e as safadezas de Brasília. A essa conivência com a corrupção e com o autoritarismo definem como respeito às quatro linhas da Constituição.

O que é pátria?

Pátria não é massacrar o povo, impor uma ditadura e distribuir ministérios e bilhões do Orçamento para os partidos do Centrão.

Pátria não é roubar os direitos dos trabalhadores e deixar centenas de milhares de pessoas sem vacina para fazer negociatas e cobrar comissões da Covaxin e da Pfizer e superfaturar máscaras e cloroquina.

Pátria não é uma minoria de ricos banqueiros assaltarem os cofres públicos, grandes empresários cobrarem preços abusivos e trabalhadores com salários miseráveis ou desempregados.

Pátria não é reduzir o valor do auxílio emergencial para garantir subsídios e juros para os especuladores.

Pátria é defender o patrimônio público, e não dilapidá-lo, como faz hoje esse governo entreguista com os Correios, a Eletrobrás e a Petrobras.

Pátria é defender o direito dos que trabalham, e não dos exploradores.

Pátria é garantir a sobrevivência dos pobres, e não massacrá-los, jogá-los no desespero.

Pátria é emprego, salário digno, comida, cultura, saúde e educação.

Pátria é toda família ter direito de morar dignamente, e não os filhos do presidente
comprando mansões.

Pátria é vida, e não genocídio, é democracia, e não ditadura.

A Pátria é do povo, e não de uma família que faz rachadinhas e quer vender o Brasil
ao capital privado nacional e estrangeiro.

Pátria é o poder do povo, e não de uma minoria de ricos!


https://averdade.org.br/2021/09/patria-nao-e-povo-passando-fome-e-trabalhadores-sem-direitos/