quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A REPÚBLICA DOS BUROCRATAS E O PODER POLÍTICO - I



(Jornal do Brasil) - Um procurador do Ministério Público, do Estado de Goiás, usando de argumentação e justificativa claramente políticas, que refletem - sem esconder apaixonada ojeriza - sua opinião a respeito do atual governo, manda tirar do ar a campanha das Olimpíadas.

Outro procurador, ligado à Operação Lava-Jato, afirma que é preciso, no contexto do trabalho realizado no âmbito da mesma operação, “refundar a República”.

Ora, não consta na Constituição Federal, que o Ministério Público, tenha entre suas atribuições, refletir a opinião pessoal - e muito menos partidária, que lhes é vetada - de seus membros, ou a de “refundar a República”.

A República, organizada enquanto Estado, fundamenta-se na Lei, e um de seus principais guardiões é, justamente, o Ministério Público, a quem cabe obedecer à Constituição Federal, até que esta, eventualmente, seja mudada em Assembleia Nacional Constituinte.

Se alguns procuradores do Ministério Público querem “refundar” a República, que, do modo que está, parece não ser de seu feitio, o caminho, em nosso atual regime, é outro:

Cabe-lhes lutar, como cidadãos, pela convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

E, depois, quem sabe favorecidos pela notoriedade alcançada pela espetacularização de certas “operações” em curso, abandonar a carreira e passar a exercer – o que também lhes é vetado enquanto não o façam – atividade político-partidária.

Candidatando-se, finalmente, ao posto de deputados constituintes, para mudar o texto constitucional, e, por meio deste, a Nação.

Há um estranho fenômeno, neste Brasil dos últimos tempos, que é o de que funcionários da estrutura do Estado se metam a querer tutelar politicamente a Nação, principalmente quando a atividade política lhes é – sábia e claramente – vetada pela própria carreira.

Falta-lhes mandato para fazê-lo, ou para “salvar o Brasil”, embora, aproveitando-se da criminalização geral da atividade política e de campanhas destinadas a angariar, de forma corporativa, apoio na opinião pública para suas teses - o que inclui tentar legislar indiretamente - eles continuem insistindo nisso, como se organizados estivessem em verdadeiros partidos.

Neste caminho, confundem-se – em alguns casos, quem sabe, propositadamente - alhos com bugalhos, e pretende-se transformar em crime o que não passam de atos inerentes à própria atividade política.

Esse é o caso, agora, por exemplo, do fato de a imprensa pretender transformar em denúncia a afirmação do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, em sua peça contra o Deputado Wander Loubet, encaminhada ao STF, de que Lula teria dado pessoalmente “ascendência” ao Senador Fernando Collor, sobre a BR Distribuidora, em 2009, em troca de “apoio para o governo no Congresso”.

Ora, não é possível acreditar que o nobre Procurador tenha estranhado, ou queira transformar em fato excepcional e muito menos em crime – caso isso tenha mesmo ocorrido, o que já foi desmentido pelo ex-presidente - a nomeação de membros de um ou de outro partido para a diretoria de uma empresa pública, em um regime presidencialista de coalizão.

Crime existirá – e deve ser exemplarmente punido - se for efetivamente, inequivocamente, provado, o eventual desvio de dinheiro do erário pelos que foram, então, indicados, para cargos nessa empresa.

O resto é Política, no sentido de uma prática que vem se consolidando desde que os homens começaram a se reunir em comunidade, e, em nosso território, desde as Capitanias Hereditárias, quando, em troca também de apoio político a El Rey, na Metrópole, nobres eram indicados para a exploração de nossas riquezas; passando pelo Império, em que partidos e políticos eram apoiados ou indicados pelo imperador de turno em troca de fidelidade; pela República Velha; por Getúlio Vargas e o Estado Novo; por JK à época da construção de Brasília; pelo regime militar, que nomeava até prefeitos de capitais e senadores biônicos, pelo governo do próprio Fernando Collor; pelos de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso, pelos governos de Lula e de Dilma Roussef, que não teriam como governar – sem apoio do Congresso ou de determinadas parcelas do eleitorado - se não tivessem assim agido.

Afinal, os partidos políticos existem para disputar, conquistar e ocupar o poder no Estado, para fazer obras ou levar, em troca de votos e de simpatia, por meio de projetos e programas, benefícios à população, e disputam e negociam entre si cargos e pedaços da estrutura pública para atingir tais objetivos.

Essa é a essência da Democracia – um regime imperfeito, cheio de defeitos, mas que ainda é o melhor que existe, entre aqueles que surgiram ao longo dos últimos 2.500 anos, e, fora isso, só existem, na maioria das vezes,  ditaduras nuas, duras e cruas, em que a negociação é substituída pela vontade, o arbítrio e o terror dos ditadores.

Vivemos em tempos em que não basta destruir-se, institucionalmente, a Política, como se ela fosse alguma coisa à parte do país e da sociedade, e não um instrumento – o único que existe - para a busca do equilíbrio possível entre os vários setores sociais, grupos de interesse e a população.

Agora se pretende criminalizar também a prática política, como se alianças entre diferentes partidos ou a nomeação de pessoas para o preenchimento de cargos de confiança, ou a edição de medidas provisórias – destinadas a assegurar milhares de empregos em um momento de grave crise econômica internacional - fossem, em si mesmos, crimes, e não, como são em qualquer nação do mundo, atos normais e corriqueiros de negociação política e de gestão pública.

Obviamente, seria melhor que as agremiações políticas se reunissem apenas em torno de ideias, propostas e bandeiras e não de cargos, verbas, empresas, mas quem ocupa o poder tem a prerrogativa de indicar quem lhe aprouver ou contar com sua confiança e se for para se mudar isso, qualquer mudança terá que ser feita no Poder Legislativo, por deputados e senadores, que para isso são escolhidos, por meio do voto, por seus eleitores. 

O que está ocorrendo hoje é que, com a cumplicidade de uma parte da mídia, voltada para a deseducação da população quanto ao Estado e à cidadania, há funcionários públicos que, longe de se submeter ao poder político – e na ausência de votos, que não têm - pensam que foram guiados pela mão de Deus na hora de preencher as respostas dos exames em que foram aprovados, tendo sido assim ungidos pelo altíssimo para assumir o destino de comandar o país e corrigir os problemas nacionais, que não são – e nunca deixarão de ser - poucos.

A situação chegou a tal ponto de surrealismo que alguns espertos e os imbecis que os secundam na internet, parecem querer dar a impressão de que a solução para o país seria acabar com as eleições e os partidos e fazer concurso para vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, ministros do Supremo Tribunal Federal – essa última “sugestão” se multiplica por centenas de sites e redes sociais - e para Presidente da República.

Substituindo, assim – como se tal delírio fosse de alguma forma possível - a soberania popular pela “meritocracia” e o suposto saber e competência de meia dúzia de iluminados que entraram muitos deles, na carreira pública, por ter dinheiro para pagar cursinhos e na base da decoreba para passar em exames - criados por empresas e instituições terceirizadas, que ruborizariam - pelo estilo e forma como são elaborados - um professor secundário dos anos 1950.

Afinal, para parte da burocracia atual - à qual se poderia acrescentar, sem medo de exagerar no erro, um “r” a mais, do ponto de vista de seu entendimento prático e histórico do que é e de como funcionam nosso sistema político e a própria Democracia - o povo brasileiro é visto como uma massa amorfa e ignorante, que não sabe, nem merece, votar, e que dá o tom do nível intelectual e de “competência” daqueles que chegam eleitos, ao Executivo e ao Legislativo.

Tudo lindo, maravilhoso.

Se não fossem, boa parte das vezes, péssimos os serviços prestados à população por essa mesma burocracia; se os cidadãos não estivessem conscientes da importância do direito de voto de quatro em quatro anos; se o artigo primeiro da Constituição Federal não rezasse que todo o poder – mesmo o dos burocratas de qualquer tipo - emana do Povo e em seu nome deve ser exercido; se não houvesse carreiras que pagam quase 100 vezes mais do que ganha um trabalhador da base da pirâmide social; se mais de 600 funcionários concursados não tivessem sido demitidos, no ano passado, a bem do serviço público, só na esfera federal, por crimes como prevaricação, peculato, extorsão, corrupção, etc.

Afinal, para o bem da população - que pode votar sem exigir diplomas de seus candidatos - passar em concurso – por mais que pensem o contrário muitos brasileiros - não é selo nem garantia de honestidade, nem de caráter, nem de sanidade mental, nem de compromisso com o bom senso, ou com o futuro, com a soberania, o desenvolvimento e a dignidade da Nação.


Ou passou a ser isso tudo, e não fomos informados disso?
No: http://www.maurosantayana.com/2016/02/a-republica-dos-burocratas-e-o-poder.html

As sete marcas de chocolate que usam trabalho escravo infantil

“Os espancamentos eram parte da minha vida.” Esse é o depoimento de uma das crianças libertadas das fazendas de cacau que fornecem matéria-prima para empresas como Mars, Nestlé e Hershey. Estas marcas foram acusadas judicialmente, em 2015, de enganar seus consumidores ao afirmar que “sem querer” financiavam o mercado do trabalho escravo infantil do chocolate na África Ocidental.

Grave bem esta imagem para quando for comprar chocolate  
Crianças de 11 a 16 anos (e por vezes até mais jovens) são submetidas a até 100 horas de
trabalhos forçados em fazendas de cacau
Investigações feitas para a produção do documentário Escravidão: uma investigação global descobriram que crianças entre 11 e 16 anos (algumas vezes até mais novas) são obrigadas a trabalhar em plantações isoladas cerca de 100 horas por semana.

No documentário foram entrevistadas crianças libertadas que contaram os horrores pelos quais passaram nas plantações de cacau. Muitas afirmaram que frequentemente apanharam com murros, cintos e chicotes. “Os espancamentos eram uma parte da minha vida”, afirmou Aly Diabate, uma das crianças libertadas.

“Sempre que carregávamos sacos [de grãos de cacau] e caíamos durante o transporte ninguém nos ajudava. Em vez disso nos batiam, e batiam até que nos levantássemos de novo”, denunciou o pequeno.

Em 2001 a FDA (órgão governamental dos Estados Unidos) tentou aprovar um projeto de lei que obrigaria as empresas a identificarem suas embalagens de alimentos com o selo “slave free” (livre de trabalho escravo). Porém, antes da votação, o cartel do chocolate, que inclui a Nestlé, a Hershey e a Mars, conseguiu barrar o projeto com propina e promessas de que o trabalho escravo seria abolido até 2005.

No entanto, este prazo já foi adiado incontáveis vezes, a meta agora é abolir o trabalho escravo até 2020. Enquanto isso o número de crianças que trabalham na indústria do cacau aumentou 51% entre 2009 e 2014, segundo um relatório apresentado em julho do ano passado na Universidade de Tulane em Nova Orleans.

No documentário uma das crianças libertadas fala sobre o “preço” do chocolate: “Vocês desfrutam de algo que foi feito com o meu sofrimento. Trabalhei duro para eles, sem nenhum benefício. Estão comendo a minha carne”.

As sete empresas onde foi identificado o trabalho escravo infantil para a produção de chocolate são: Hershey, Mars, Nestlé, ADM Cocoa, Godiva, Fowler’s Chocolate e Kraft.

O documentário O lado negro do chocolate pode ser assistido abaixo:



Com Vermelho, VIA: http://www.contextolivre.com.br/2016/02/as-sete-marcas-de-chocolate-que-usam.html

A UNIVERSIDADE NÃO DEVE NOS PREPARAR PARA O EMPREGO. ELA DEVE NOS PREPARAR PARA A VIDA.

Banco de Imagem - feliz, americano africano, estudante universitário. Fotosearch - Busca de Fotografias, Fotografia Mural, Fotos Clipart
Michael S. Roth

[artigo originalmente publicado na New Republic]

Assim que a temporada de admissões na universidade acelera, tenho conversado com muitos jovens estressados com a decisão sobre que faculdade devem escolher. Como reitor de uma universidade dedicada à educação liberal, exorto-os a considerar a faculdade não apenas como uma oportunidade de adquirir competências específicas, mas como uma oportunidade notável para explorar a sua vida individual e social em conexão com o mundo em que eles vão viver e trabalhar.

Debates contenciosos sobre os benefícios – ou desvantagens – da ampla aprendizagem integradora, a aprendizagem liberal, são tão antigos quanto a própria América. Vários dos fundadores viram a educação como o caminho para a independência e liberdade. Um amplo comprometimento com a pesquisa era parte de sua dedicação à liberdade. Mas os críticos da educação também têm uma longa tradição. De Benjamin Franklin no século XVIII aos especialistas da Internet de hoje, eles atacaram sua irrelevância e elitismo – muitas vezes pedindo por mais instrução profissional.

Benjamin Franklin provavelmente teria tido alguma simpatia em relação à mensagem contra a universidade: “Você não precisa de faculdades. Saia e aprenda coisas em seu próprio país. Você acredita que é um inovador? Você pode prová-lo sem diploma. Você quer começar uma empresa de sucesso? Você não precisa da permissão de professores fora de alcance.” De Tom Paine a Steve Jobs, histórias de pessoas com inteligência e audácia o suficiente para educarem a si mesmas às suas próprias maneiras ressoam há tempos entre os americanos.

Mas Franklin também não via com bons olhos a exibição arrogante de provincianismo. Ele ficaria chocado com a atual mania de conduzir jovens a lugares cada vez mais estreitos em nome do “primeiro dia” de trabalho. Ele certamente reconheceria que, quando os líderes industriais e cívicos exigem especialização cada vez mais cedo, estão nos colocando num caminho que fará com que as pessoas sejam menos capazes enquanto cidadãos e ainda menos capazes de se adaptar às mudanças no mercado de trabalho.

Cidadãos capazes de ver através das contradições políticas ou burocráticas também são trabalhadores que podem defender seus direitos em face dos ricos e poderosos. A educação protege contra a tirania estúpida e o privilégio arrogante. A aprendizagem liberal não tem a ver apenas com treinamento numa especialidade; é um convite a pensar por si mesmo. Por gerações, cidadãos alfabetizados e bem preparados foram vistos como essenciais para uma república saudável. Cidadãos amplamente educados não são apenas um conjunto de habilidades – eles são pessoas inteiras. Para os críticos de hoje – geralmente utilizando jargões sofisticados do Vale do Silício -, no entanto, uma ampla e contextual educação é puro desperdício – não-monetizado – de escolaridade.



Não é à toa que, numa sociedade caracterizada por uma desigualdade de renda radical, a ansiedade sobre como obter o primeiro emprego vai levar muitos a apontar para as necessidades imediatas do mercado atual. O alto custo da faculdade e a dívida ruinosa que muitos assumem apenas pioram essa ansiedade. Neste contexto, alguns afirmam que a educação deve simplesmente preparar as pessoas para serem consumidores, ou, se são talentosas o suficiente, para serem “inovadoras”. Mas quando as necessidades do mercado mudarem – e elas certamente irão -, as pessoas com essa formação estreita ficarão sem sorte. Seus chefes, os responsáveis pela definição de tendências de mercado, ficarão bem, porque eles provavelmente nunca se limitaram a uma maneira ultra-especializada de fazer as coisas. Tome cuidado com os críticos da educação que ocultam o seu desejo de proteger privilégios (e desigualdade) nas vestes da reforma educacional.

“Se fizermos com que o dinheiro seja o objeto de treinamento do homem”, W.E.B Dubois escreveu no início do século XX, “vamos desenvolver fabricantes de dinheiro, mas não necessariamente homens”. Ele continuou a descrever como “a inteligência, a ampla simpatia, o conhecimento de como o mundo foi e de como ele é e a relação dos homens diante disso – este é o currículo do ensino superior que deve estar subjacente à verdadeira vida.” Sendo um bom pragmatista, DuBois sabia que era por meio da educação que desenvolvemos padrões de pensamento que se tornam padrões de ação. Como William James ensinou, o objetivo de aprendizagem não é chegar a verdades que de alguma forma correspondem à realidade. O objetivo da aprendizagem é a aquisição de melhores formas de lidar com o mundo, melhores formas de agir.

A educação liberal pragmática tem como objetivo capacitar os estudantes com meios poderosos de lidar com as questões que irão enfrentar no trabalho e na vida. É por isso que ela deve ser ampla e contextual, inspirando hábitos de atenção e crítica que serão recursos para estudantes anos após a graduação. Para desenvolver este recurso, os professores devem enxergar o estudante como uma pessoa completa, não apenas como um conjunto de ferramentas que pode ser aprimorado. Precisamos de ferramentas, é claro, mas a educação universitária precisa convidar os estudantes a aprender a aprender, criando hábitos de pensamento crítico e criativo independentes, que duram toda uma vida.

No século XIX, Emerson incitou os estudantes a “resistir à prosperidade vulgar que retroage sempre à barbárie”. Ele enfatizou que uma verdadeira educação iria ajudar o indivíduo a encontrar o seu próprio caminho através da expansão do seu mundo, e não de seu estreitamento: perceber tudo, mas imitar nada, ele pediu. O objetivo desta atenção cultivada não é descobrir alguma grande Verdade, mas também não é apenas preparar o indivíduo para o pior trabalho que provavelmente terá: o seu primeiro trabalho após a formatura.


Em vez disso, o objetivo da educação liberal é, nas palavras de John Dewey, “a experiência livre de rotina e capricho”. Esse objetivo fará com que haja mais pessoas eficazes no mundo, e isso vai ajudar para que elas continuem a crescer como pessoas inteiras além da universidade. Esse projeto, como a aprendizagem em si, nunca deve acabar.

Ano Zero via feicibuqui Marcos Bourscheid
via: http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2016/02/a-universidade-nao-deve-nos-preparar.html



terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Zika: demolir a economia brasileira


Sanguessugado do Octopus



O BRICS é um conjunto de países que reúne o Brasil, a Rússia, a Índia, a China  e a África do Sul. Representam 40% da população mundial e um poder económico equivalente ao da União Europeia ou ao dos Estados Unidos.


Durante a cimeira de Fortaleza (no Brasil) em julho de 2014, decidiram criar um banco de desenvolvimento que fornece empréstimos, sem a imposição de constrangimentos, como no caso do FMI, para o desenvolvimento de infra-estructuras, saúde ou educação. Têm por objectivo reformar o sistema monetário internacional.

Reformar o quê? Como é que países emergentes são capazes de tal afronta? Reformar o sistema monetário que está a funcionar tão bem? Pelo menos para alguns que vivem desse mesmo sistema!

A vitória de Dilma Rousseff, para o bem e para o mal, representou uma derrota para o sistema capitalista americano. O Brasil é um país emergente que tem um grande peso a nível mundial.

Temos de ter em conta que este conjunto de países, os BRICS, é um verdadeiro quebra cabeças para o sistema económico mundial ao quererem criar uma alternativa ao sistema vigente, ou seja o dólar falido e os petro-dólares.


Ao analisarmos esses vários países temos:

- A Rússia, fora do baralho, não assujeitada aos Estados Unidos, com a intenção de recuperar a sua antiga hegemonia mundial.

- A Índia, que vai fazendo o seu caminho, isolada das influências capitalistas mais ortodoxas.

- A China, com um complexo sistema marxista-capitalista sui generis, longe da influência americana.

- E a África do Sul, dominada pelos USA.

- Só sobrava um país que sempre foi, como o resto da América do Sul, domínio dos Estados Unidos, mas que estava a fugir à seu influência: o Brasil.

O elo mais fraco estava encontrado. Fazer do Brasil, crise após crise, com corrupção à mistura, uma país quebrável. Sob as luzes da ribalta, por ter sido escolhido para os próximos Jogos Olímpicos, o cenário não poderia ser melhor.


Subitamente, vê-se envolvido como foco de numa inesperada e estranha pandemia. Já não são só os casos de microcefalia provocadas pelo terrível vírus Zika, isso não era suficiente para assustar o planeta, esse vírus já se poderá propagar pelo sémen, pelo sangue (transfusões) e até pela saliva!

Gente comum tenha medo, muito medo, nada irá conseguir travar mais esta pandemia mundial, desta vez não trata de aves, mas sim de um simples mosquito. Mosquitos esses que teimosamente estão por toda a parte.


Esqueçam o Carnaval, não se podem divertir, esqueçam até o mundial de futebol, não se empolguem, estamos todos sob a ameaça do vírus Zika. Esqueçam os problemas mesquinhos do dia a dia, da falta de emprego, da violência urbana, da corrupção. Agora o Brasil está sob suspeita de ter originado o foco de uma pandemia planetária.


Os mais deprimidos que não se preocupem, a fundação Rockfeller tem uma solução: uma vacina desenvolvida em 1952, estava sem dúvida a prever que tal pandemia poderia acontecer. Intuição...

De como o Ocidente cria o terrorismo




Via Rebelión



Andre Vltchek - CounterPunch
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti


 O terrorismo se apresenta sob muitas formas e muitos caras, mas a mais terrível de todas é sua fria crueldade.

Pedem-nos que acreditemos que os terroristas são uns lunáticos sujos que correm por aí com bombas, metralhadoras e cinturões explosivos. E é assim como nos dizem que os imaginamos. 

Muitos deles tem barba, quase todos tem “aspecto estrangeiro”, não são brancos, não são ocidentais. Resumindo, são sujeitos que batem em suas esposas, violam crianças e destroem estátuas gregas e romanas.

Na realidade, durante “Guerra Fria”, houve alguns “terroristas” de aspecto ocidental: os esquerdistas pertencentes às células revolucionárias na Itália e em outros locais da Europa. Contudo, somente agora nos inteiramos que os atos terroristas atribuídos a eles foram cometidos realmente pelo Império, por alguns governos direitistas europeus e seus serviços de inteligência. Lembram? Os países da OTAN faziam explodir pelos ares trens dentro de túneis ou colocavam bombas em estações inteiras de trens...

“Era preciso fazê-lo”, com o fim de desacreditar a esquerda e assegurar-se que as pessoas não fossem tão irresponsáveis a ponto de votar nos comunistas ou nos verdadeiros socialistas.

Também havia alguns grupos “terroristas” na América Latina, movimentos revolucionários que lutavam pela liberdade e contra a opressão, principalmente contra o colonialismo ocidental. Era preciso contê-los, liquidá-los e, se estivessem no poder, derrubá-los.

Mas os terroristas somente se tornaram realmente  populares no Ocidente depois que a União Sovíética e o bloco comunista foram destruídos através de milhares de ações econômicas, militares e de propaganda, e depois de que o Ocidente se sentisse demasiadamente exposto, sozinho sem ninguém contra quem lutar. De alguma forma, o Ocidente sentia que precisava justificar suas monstruosas ações opressoras na África, Oriente Médio, América Latina e Ásia. 

Era necessário um novo inimigo”poderoso”, realmente poderoso, que permitisse racionalizar os astronômicos orçamentos militares e dos serviços secretos. Não era suficientemente convincente fazer frente a algumas poucas centenas de ”bichos raros” em algum lugar da selva colombiana, ou na Irlanda do Norte ou na Córsega. Era preciso haver algo realmente enorme, algo que estivesse ao nível da “maligna” ameaça soviética.

Certamente, essa ameaça foi uma grande perda, de repente! Certamente, era somente uma ameaça, não um perigo de ideais igualitários e internacionalistas.

...
Foi assim que o Ocidente vinculou o terrorismo com o Islã, que uma das maiores culturas do planeta, com 1,6 bilhões de seguidores.  O Islã era suficientemente grande e poderoso para assustar para valer as donas de casa de classe média das áreas residenciais ocidentais! E, acima de tudo, tinha que ser contido de todos os modos, já que essencialmente também era demasiadamente socialista e demasiadamente pacífico.

Nesse momento da história, todos os grandes líderes seculares e socialistas dos países muçulmanos  (como no Irã, na Indonésia e no Egito) foram derrubados pelo Ocidente, maldizendo-se o seu legado e proibindo suas manifestações.

Contudo, isso não era suficiente pára o Ocidente!

Para a finalidade de fazer do Islã um inimigo de peso, o Império teria que primeiro radicalizá-l0 e perverter os inúmeros movimentos e organizações muçulmanas, e em seguida criar outras novas, treinando-as, armando-as e as financiando adequadamente, para que realmente tivessem um aspecto suficientemente aterrorizante.

Certamente há uma razão mais importante pela qual o “terrorismo”, particularmente o muçulmano, é tão essencial para a sobrevivência das doutrinas, do excepcionalismo e da ditadura global do Ocidente: é que o “terrorismo” justifica a idéia de superioridade cultural e moral absoluta do Ocidente.

A coisa funciona da seguinte maneira:
Durante séculos, o Ocidente se comportou como um monstro louco sedento de sangue. Apesar da propagada glorificadora que os meios de comunicação ocidentais transmitiram para todo o planeta, estava se tornando evidente para todos que o Império violava, assassinava e saqueava em todos os rincões do globo. Mais algumas décadas,  e o mundo veria o Ocidente exclusivamente como uma enfermidade sinistra e tóxica. Um cenário assim teria que ser evitado de todas as formas.

Assim, os ideólogos e propagandistas do Império deram com uma nova e brilhante fórmula: “Vamos criar algo que tenha um aspecto e se comporte de forma ainda pior do que nós, e então poderemos proclamar que continuamos sendo, na realidade, a cultura mais razoável e tolerante da Terra!”

“E vamos fazer uma autêntica pirueta: vamos combater contra nossa própria criação, vamos combatê-la em nome da liberdade e da democracia!”

Foi assim que nasceu uma nova geração, uma nova fornada de “terroristas”, que continua viva e gozando de boa saúde, viva e serpenteante, multiplicando-se como as salamandras Capek (1)

* * *

O terrorismo ocidental na realidade não é discutido, embora suas formas mais extremas e violentas continuem maltratando o mundo sem descanso, como tem feito há muito tempo, com centenas de milhões de vítimas por todas as partes.

Contudo, nem sequer os legionários e gladiadores do Império, como os muhajedins, AL-Qaida ou ISIS se aproximam da barbárie demonstrada vez que outra por seus mestres britânicos, franceses, belgas, alemães ou norte-americanos. Lógico que tentam, sem descanso, alcançar o nível de seus gurus e provedores, mas simplesmente não são capazes de alcançar sua violência e brutalidade.

É preciso contar com toda uma “cultura ocidental” para massacrar certa de dez milhões de pessoas numa só região geográfica, quase de uma só tacada.

* * *

Então, o que é o terrorismo real e como poderiam o ISIS e outros grupos parecidos seguir sua liderança? Dizem que o ISIS está decapitando suas vítimas. Isso é muito ruim, mas quem tem sido seu mestre?

Há séculos, os impérios da Europa vem assassinando, torturando, violando e mutilando pessoas em todos os continentes do planeta. Os que não estavam fazendo isso de forma direta “investiam” em expedições colonialistas ou enviavam sua gente para se unir a batalhões genocidas.

O rei Leopoldo II (da Bélgica, N. do T.) e seus consortes conseguiram exterminar perto de 10 milhões de pessoas na África Ocidental e Central, no que hoje se conhece por Congo. Leopoldo caçava as pessoas como animais, obrigando-as a trabalhar em seus seringais. Se ele pensasse que elas não estavam enchendo seus cofres com suficiente rapidez, ele não tinha receios em cortar-lhes suas mãos ou em queimar vivas populações inteiras dentro de suas choças.

Dez milhões de vítimas desapareceram. Dez milhões! E esse fato não aconteceu num passado longínquo, em uma idade “obscura”, mas sim em pleno século XX, sob o império de uma monarquia considerada constitucional e auto-proclamada democrática. Como comparar isso com o terrorismo dominante nos territórios ocupados pelo ISIS? Comparemos a cifras e o nível de brutalidade!

E novamente, a partir de 1995, a República Democrática do Congo voltou a perder cerca de 10 milhões de pessoas mais em uma orgia horrível de terror, desatada pelos delegados do Ocidente, Ruanda e Uganda (ver o trailer de meu filme  “Rwanda Gambit”).

Os alemães perpetraram genocídios na África do Sudoeste, onde hoje é a Namíbia. A tribo Herero  foi exterminada, perdendo 90% de seus integrantes.

Primeiro, a população foi expulsa de suas terras e casas e conduzida para o deserto. Se sobrevivesse, os alemães a assediavam com expedições pré-nazistas, usando balas e outros meios de assassinato em massa.  Conduziram-se experimentos médicos em seres humanos, para demonstrar a superioridade da nação germânica e da raça branca.

Eram somente civis inocentes, pessoas cujo único delito era não serem brancos e viver em terras ocupadas e violadas pelos europeus.

Os talibãs não chegaram a tanto, tampouco o ISIS!

Nos dias de hoje, o governo da Namíbia continua exigindo o regresso de um grande número de cabeças de sua população, cabeças que pertenceram a corpos decapitados e que em seguida foram enviadas à Universidade de Freiburg e para alguns hospitais de Berlim para realização de experiências médicas.


Imaginem se o ISIS decapitasse milhares de europeus para levar a cabo experimentos médicos com o objetivo de demonstrar a superioridade da raça árabe. Absolutamente impensável!

A população local foi aterrorizada em praticamente todas as colônias ocupadas pela Europa, o que descrevi em detalhes em meu último livro, “Exposing Lies of the Empire”, com 840 páginas.

E que dizer dos britânicos e das crises de fome que utilizavam como tática de controle e intimidação da população na Índia? Em Bengala, não menos de cinco milhões de pessoas morreram somente em 1943, cinco milhões e meio em 1876-1878, cinco milhões de 1896-1897, e isso para citar somente alguns  poucos atos terroristas cometidos pelo Império Britânico contra uma população indefesa obrigada a viver sob seu horrível e opressivo regime de terror.

O que acabo de citar ocupa somente três curtos capítulos da longa história do terrorismo ocidental. Poderíamos compilar toda uma enciclopédia sobre esse tema.

Contudo, tudo isso encontra-se longe da consciência ocidental. As massas de europeus e norte-americanos preferem não saber nada sobre o passado e o presente. No que concerne a elas, governam o mundo porque são livres, brilhantes e grandes trabalhadores, e não porque durante séculos seus países tenham saqueado e assassinado, e sobretudo aterrorizado o planeta, obrigando-o à submissão. 

As elites sabem de tudo isso, com certeza. E quanto mais sabem, mais colocam em prática esses conhecimentos.


O ofício do terrorismo e sua experiência são transmitidos pelos mestres ocidentais aos novos recrutas muçulmanos.

Se examinarmos de perto suas táticas de intimidação e terror, os mujeddins, a Al-Qaida ou o ISIS absolutamente não são originais. Baseiam-se nas práticas imperialistas e colonialistas do Ocidente. As notícias a respeito, ou sobre o terror infligidas pelo Ocidente, são meticulosamente censuradas. Você nunca poderá sobre elas nos jornais e revistas dos meios dominantes.

Por outro lado, a violência e a crueldade das organizações terroristas clientelares  constantemente se destacam. Elas nos são servidas nos mínimos detalhes, repetidas várias vezes  e “analisadas”.

Todo mundo está furioso, horrorizado. A ONU está “profundamente preocupada”, os governos ocidentais estão “indignados”, e o público ocidental “diz basta e não quer imigrantes desses países terríveis, berços do terrorismo e da violência".

O Ocidente “simplesmente tem que fazer alguma coisa”, e aqui entra em cena a Guerra contra o Terror.

Trata-se de uma guerra contra o próprio Frankenstein do Ocidente. É uma guerra  que não se espera que seja ganha, por que se ela for ganha, e que Deus não queira isso, haveria paz, e a paz significa reduzir os orçamentos de defesa e também fazer frente aos problemas reais de nosso planeta.


A paz significaria que o Ocidente acharia seu próprio passado. Significaria pensar na justiça e no reordenamento da totalidade das estruturas de poder do planeta, e isso não pode ser permitido.

Dessa maneira, o Ocidente está “jogando” jogos de guerra: está “combatendo” seus próprios  recrutas (ou simulando fazê-lo), enquanto que pessoas inocentes continuam morrendo.

Nenhuma parte do mundo, com exceção do Ocidente, seria capaz de inventar e dar rédeas soltas a algo tão vil e brutal como o ISIS ou a Al-Nusra.

Se olharmos mais de perto a estratégia desses grupos-implantes veremos que não tem raízes em nenhuma cultura muçulmana, mas em troca estão totalmente inspirados na filosofia ocidental  do terrorismo colonialista: “Se não acatarem plenamente nossos dogmas e nossa religião, então lhes cortaremos a cabeça, vamos degolá-los, violar suas famílias inteiras ou arrasar pelo fogo seus povoados. Vamos destruir seu grandioso patrimônio cultural, como fizemos na América do Sul há 500 anos, e em tantos outros lugares”.

E assim sucessivamente. Realmente é necessária uma grande disciplina para não se dar conta das conexões.

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Em 2006 eu estava visitando meu amigo, o ex-presidente da Indonésia e grande líder progressista muçulmano , Abdurrahman Wahid (conhecido na Indonésia como “Gus Dur”).  Nossa reunião se realizou na sede da organização de massas Nahdlatul Ulama (NU). Naquele momento, a NU era a maior organização muçulmana do planeta. 

Estávamos discutindo sobre o capitalismo e como ele estava destruindo e corrompendo a Indonésia. Gus Dur era um socialista “no armário”, e essa foi uma das razões principais pelas quais as servis elites pró-Ocidente e os militares da Indonésia o depuseram da presidência em 2001.

Quando entramos no tema do “terrorismo”, disse, de repente, com sua típica voz suave, apenas audível: “Sei quem fez explodir o Hotel Marriott em Djacarta. Foram nossos próprios serviços de inteligência com a finalidade de justificar o aumento do seu orçamento, assim como a ajuda que tem recebido do exterior.”

Presumivelmente os militares, os serviços de inteligência e a polícia da Indonésia são formados por uma raça especial de seres humanos. Durante várias décadas, desde de 1965, eles têm aterrorizado brutalmente sua própria população,  a partir do momento em que um golpe de estado pró-ocidental derrubou o presidente progressista Sukarno e levou ao poder uma camarilha militar fascista, aprovada pela comunidade empresarial, predominantemente cristã. Esse terror custou a vida de entre 2 e 3 milhões de pessoas na própria Indonésia, assim como no Timor Leste e em Papua, território ocupado e saqueado a varrer.

Três genocídios em somente cinco décadas!

O golpe de estado na Indonésia foi um dos maiores atos terroristas na história da humanidade. Os rios estavam obstruídos pelos cadáveres, e suas águas tinham se tornado vermelhas.

Para que? Para que o capitalismo sobrevivesse e as empresas de mineração ocidentais pudessem ter seu botim ás custas de uma nação indonésia completamente em ruínas, e para que o Partido Comunista da Indonésia (PKI) não pudesse ganhar as eleições democraticamente.

Contudo, no Ocidente, essa matanças intensivas planejadas pelo Império nunca receberam a qualificação de “terrorismo”. Entretanto, a  explosão de um hotel ou de um bar sempre a  recebe, principalmente se são freqüentados por uma clientela ocidental.

A Indonésia tem os seus próprios grupos de “terroristas”. São os que retornaram do Afeganistão, onde lutaram em nome do Ocidente contra a União Soviética.  Agora, estão regressando do Oriente Médio. Os recentes ataques em Djakarta poderão ser somente um aperitivo, um começo bem planejado de algo muito maior, talvez a abertura de uma nova “frente“ de soldados de brinquedo do Império no Sudeste Asiático.

Para o Ocidente e os seus planejadores, quanto mais caos, melhor.

Se tivessem permitido a Abdurrahaman Wahid manter-se como presidente da Indonésia, provavelmente não haveria a ocorrência de terrorismo.  Seu país teria aplicado reformas socialistas, instituído justiça social, reabilitado seus comunistas e abraçado o laicismo.  

Nas sociedades socialmente equilibradas, o terrorismo não prospera.

Contudo, isso seria inaceitável para o Império. Isso significara voltar aos dias de Sukarno. Não se pode permitir que o país muçulmano mais populoso da Terra siga o seu próprio caminho em direção ao socialismo e aniquile as células terroristas.  

Ele tem que ser mantido na borda do abismo, tem que estar pronto para ser utilizado como um peão, tem que ter medo e provocar medo. Assim é.

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Os jogos que o Ocidente está jogando são complexos e elaborados, são turvos e nihilistas, são tão destrutivos e brutais que inclusive os analistas mais acurados frequentemente questionam seus próprios conceitos e o que os seus olhos vêem, e dizem a si mesmos: “Será que tudo isso realmente está acontecendo”?

A resposta breve é: “Sim, isso acontece e aconteceu, durante longas décadas e séculos.”

Historicamente, o terrorismo é uma arma nativa do Ocidente. Foi utilizada com generosidade por personagens como Lloyd George, primeiro ministro britânico que se negou a assinar o acordo que proibia o bombardeio aéreo de civis, utilizando para isso uma firme lógica britânica: “Nos reservamos o direito de bombardear esses negros”. Ou Winston Churchill, que esteve a favor de lançar gás sobre as “raças inferiores”, como os curdos e os árabes.

Por isso, quando algum recém-chegado – um país como a Rússia – se intromete, lançando sua verdadeira guerra contra os grupos terroristas, todo o Ocidente entra em pânico. A Rússia está pondo seu jogo a perder! Está arruinando seu requintadamente elaborado equilíbrio neo-colonialista.

É  só vocês olharem como tudo está estupendo: depois de matar centenas de milhões de pessoas por todo o planeta, o Ocidente de auto proclama o campeão dos direitos humanos e da liberdade. Continua aterrorizando o mundo, além de saqueá-lo e controlá-lo totalmente, mas por sua vez é aceito como o líder supremo, como um assessor benevolente, como a única parte confiável do planeta.      

E quase ninguém ri.

Por que todo mundo tem medo.

Suas brutais legiões no Oriente Médio e África estão desestabilizando países inteiros, e suas origens são facilmente rastreáveis, mas quase ninguém se atreve a fazer esse tipo de rastreamento; alguns dos que tem tentado morreram.

Quanto mais ameaçadores são esses monstros terroristas inventados, fabricados e implantados, mais formoso parece o Ocidente. É tudo questão de truques. Tem suas raízes no mundo da publicidade e em um aparelho de propaganda com séculos.

O Ocidente age como se lutasse contra essas forças obscuras profundas. Utiliza uma potente linguagem, “virtuosa”, baseado claramente no dogma fundamentalista cristão. Se desencadeia toda uma mitologia, soa parecido ao Anel de Nibelung, de Wagner.  Os terroristas representam o mal, e não um enorme desembolso das arcas do Departamento de Estado, da União Européia e da OTAN. São piores que o próprio diabo!

E o Ocidente, cavalgando seu cavalo branco, um pouco ébrio de vinho mas sempre de bom humor, se apresenta como a vítima e o principal adversário desses grupos terroristas satânicos.

É um espetáculo incrível. Uma horrível farsa. Olhemos por baixo da máscara do cavaleiro: olhemos esses dentes expostos, esse sorriso mortal. Olhemos seus olhos vermelhos, cheios de avareza, luxúria e crueldade.

E não nos esqueçamos nunca: o colonialismo e o imperialismo são as duas formas mais mortais do terrorismo, e essas são ainda as duas principais armas desse cavaleiro que estão asfixiando o mundo.

Notas

[1] Karel Capek, A guerra das salamandras, 1935

Andre Vltchek é filósofo, novelista, cineasta e jornalista investigativo. Cobriu guerras e conflitos en dezenas de países. Suas últimas publicações são: “Exposing Lies Of The Empire” e “Fighting Against Western Imperialism”. Debate com Noam Chomsky: On Western Terrorism. Outras publicações: Point of No Return, Oceaniae e seu provocador livro  “Indonesia – The Archipelago of Fear”. Andre realiza reportagens para Telesur e Press TV. Residiu muito anos na América Latina e Oceania, e atualmente vive e trabalha na Asia Oriental e Oriente Próximo. Pode ser  consultado em seu site na  Internet ou contatado via   Twitter.
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