Passo os olhos por centenas de fotos de blocos carnavalescos com que a internet nos presenteia.
Demorei mais numa coleção delas, feitas na tarde de sexta-feira em Jundiaí e publicadas no site Jundiaqui, dos considerados Edu Cerioni e Picoco Barbaro. As fotos registram a folia de um bloco que brinca, tradicionalmente, nas ruas centrais da cidade, o Refogado do Sandi, recentemente elevado à condição de patrimônio imaterial jundiaiense.
Segundo relato da imprensa (?) local, de 15 mil a 20 mil pessoas passaram a tarde e começo da noite na folia.
Muitos jovens, muita gente classe média, fantasias e tudo mais.
É bom ressaltar que o Refogado não é o único grupo de carnavalescos que sai às ruas de Jundiaí - há vários outros, o suficiente para inserir a cidade nessa moda que tomou conta dos paulistas nesta época, os blocos de rua.
O Refogado do Sandi tem esse nome em homenagem a um prato de um tradicional bar jundiaiense.
Um de seus fundadores e, talvez o principal incentivador, foi Erazê Martinho, ex-publicitário, ex-vereador.
Erazê foi um dos fundadores do PT em Jundiaí.
Em 1982 ele se elegeu vereador, o primeiro do partido, sendo reeleito outras duas vezes.
Era um homem de esquerda, não um dogmático, mas um socialista desses rotulados de "democrático" - como se qualquer socialista não o fosse...
Erazê participou intensamente da política jundiaiense, conheceu e fez campanha para Lula e outros expoentes do partido, como o ex-senador Eduardo Suplicy.
Criou, junto com outro publicitário ligado ao PT, o saudoso Carlito Maia, a campanha do ex-senador para a prefeitura paulistana de 1985 - o bordão "experimente Suplicy, diferente de tudo o que está aí" ficou famoso.
Era, enfim, um progressista - que gostava, entre outras coisas, do Carnaval.
Erazê morreu em 2006, precisamente em 1º de abril, o dia da mentira.
Não sei se Jundiaí vai lembrar, de alguma forma, os dez anos de sua morte. Gostaria que sim, pois Jundiaí é uma cidade um tanto carente de figuras especiais, que de alguma forma contribuem para fazer deste um mundo melhor.
Não sei também o que Erazê diria se visse, em plena bagunça do Refogado uma mulher, fantasia meia-boca, exibir um cartaz insultando o PT e Lula, de quem ele tanto gostava, e a presidenta Dilma, que talvez não tenha conhecido pessoalmente, mas que, como ele, faz diferença neste Brasil tão carente de cordialidade, tolerância - e amor.
Não sei qual seria a reação de Erazê, mas posso imaginá-lo perdoando esse ato pequeno e vil, dando de ombros e talvez sorrindo, porque o Carnaval é uma festa que, sob o disfarce da alegria, a hipnose da música e o efeito do álcool, acaba revelando o caráter de cada um.
Demorei mais numa coleção delas, feitas na tarde de sexta-feira em Jundiaí e publicadas no site Jundiaqui, dos considerados Edu Cerioni e Picoco Barbaro. As fotos registram a folia de um bloco que brinca, tradicionalmente, nas ruas centrais da cidade, o Refogado do Sandi, recentemente elevado à condição de patrimônio imaterial jundiaiense.
Segundo relato da imprensa (?) local, de 15 mil a 20 mil pessoas passaram a tarde e começo da noite na folia.
Muitos jovens, muita gente classe média, fantasias e tudo mais.
É bom ressaltar que o Refogado não é o único grupo de carnavalescos que sai às ruas de Jundiaí - há vários outros, o suficiente para inserir a cidade nessa moda que tomou conta dos paulistas nesta época, os blocos de rua.
O Refogado do Sandi tem esse nome em homenagem a um prato de um tradicional bar jundiaiense.
Um de seus fundadores e, talvez o principal incentivador, foi Erazê Martinho, ex-publicitário, ex-vereador.
Erazê foi um dos fundadores do PT em Jundiaí.
Em 1982 ele se elegeu vereador, o primeiro do partido, sendo reeleito outras duas vezes.
Era um homem de esquerda, não um dogmático, mas um socialista desses rotulados de "democrático" - como se qualquer socialista não o fosse...
Erazê participou intensamente da política jundiaiense, conheceu e fez campanha para Lula e outros expoentes do partido, como o ex-senador Eduardo Suplicy.
Criou, junto com outro publicitário ligado ao PT, o saudoso Carlito Maia, a campanha do ex-senador para a prefeitura paulistana de 1985 - o bordão "experimente Suplicy, diferente de tudo o que está aí" ficou famoso.
Era, enfim, um progressista - que gostava, entre outras coisas, do Carnaval.
Erazê morreu em 2006, precisamente em 1º de abril, o dia da mentira.
Não sei se Jundiaí vai lembrar, de alguma forma, os dez anos de sua morte. Gostaria que sim, pois Jundiaí é uma cidade um tanto carente de figuras especiais, que de alguma forma contribuem para fazer deste um mundo melhor.
Não sei também o que Erazê diria se visse, em plena bagunça do Refogado uma mulher, fantasia meia-boca, exibir um cartaz insultando o PT e Lula, de quem ele tanto gostava, e a presidenta Dilma, que talvez não tenha conhecido pessoalmente, mas que, como ele, faz diferença neste Brasil tão carente de cordialidade, tolerância - e amor.
Não sei qual seria a reação de Erazê, mas posso imaginá-lo perdoando esse ato pequeno e vil, dando de ombros e talvez sorrindo, porque o Carnaval é uma festa que, sob o disfarce da alegria, a hipnose da música e o efeito do álcool, acaba revelando o caráter de cada um.
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2016/02/carnaval-e-o-carater-de-cada-um.html
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