sexta-feira, 11 de maio de 2012

Roberto Gurgel, além de sósia de Jô Soares, também é humorista


Se tivesse que definir o Zeitgeist (clima intelectual e cultural do mundo em uma determinada época) de nosso tempo, diria que vivemos a era da hipocrisia e da desfaçatez. E tal fenômeno não é afeito só ao Brasil, mas ao mundo, à época em que vivemos.
Os Estados Unidos, por exemplo, inventam que um país milenar do Oriente possui “armas de destruição em massa”, mesmo que só tenha o petróleo de que a potência precisa, e, assim, invadem-no, matam populações civis como moscas e continuam posando como nação de super-heróis.
Aqui na América do Sul, uma casta de vigaristas depõe um presidente legitimamente eleito, fecha o congresso e, depois que o golpe fracassa, acusa o presidente reconduzido ao poder pelo povo de ser “ditador” apesar de suas vitórias eleitorais serem inquestionáveis.
Perto disso tudo, pode parecer menos grave a hipocrisia e a desfaçatez que imperam no país, mas nem tanto. Nas últimas vinte e quatro horas pudemos ver que não fazemos feio em disputas desse tipo. Basta ver o show humorístico do mais fidedigno sósia do humorista Jô Soares já encontrado.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu sentido ao termo caradurismo. Como tem sido amplamente veiculado, ele teve nas mãos todos os indícios de que Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres dirigiam uma organização criminosa e sentou em cima das provas.
Por conta disso, a CPMI do Cachoeira quer convocá-lo a depor para explicar por que agiu assim. O movimento por sua convocação cresce entre governistas e oposicionistas. Mas foi só após o depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Souza na última terça-feira que esse sentimento cresceu.
O delegado deixou claro que o procurador-geral da República poderia ter agido há quase três anos contra Cachoeira e companhia limitada e nada fez. A ele se juntaram oposicionistas como o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). E, claro, os membros governistas da CPMI.
Só para ilustrar o caso, Lorenzoni, do De-mo-cra-tas, declarou que “Ele [Gurgel] está sem defesa” porque “Estava com a bomba atômica na mão [relatório contra Demóstenes] e nada fez”.
Isso não impediu que o humorista mor da República declarasse que os que querem convocá-lo a se explicar agem assim porque estariam “com medo” de sua atuação no inquérito do mensalão, como se Randolfe ou Lorenzoni estivessem envolvidos no caso.
Para que refletir que confrontá-lo obviamente seria o caminho mais curto para enfurecê-lo, gerando o risco de uma vingança de sua parte na condução do processo?
Alguns dirão que pior ainda é a mídia dizer que a Veja não fazia parte do esquema Cachoeira apesar de as escutas da PF mostrarem o contrário, ou seja, que o bando a usava, por exemplo, para derrubar funcionários do governo que atrapalhavam a construtora Delta e, em troca, o contraventor municiava a publicação com denúncias contra o mesmo governo.
Pois eu digo que o quadro humorístico de Gurgel é ainda mais hilariante. Os políticos e a imprensa fazem jogo político, não se espera desses atores a postura que se espera do chefe de uma instituição como o MPF, alguém que tem por dever constitucional fazer exatamente o contrário do que fez.
Jô Soares já pode até tirar umas férias e colocar Gurgel em seu lugar que, muito provavelmente, ninguém notará a diferença. Talvez até achem o procurador-geral mais engraçado.

Teste: Esquerda ou direita? Libertário ou autoritário?


O amigo Ricardo Melo enviou link para um teste interessante, que no final vai definir se a pessoa é de esquerda ou direita, autoritário ou libertário. Apesar de ser em espanhol, é de fácil entendimento (e dá para fazer em inglês também).

Vejam meus resultados:
Derecha/Izquierda Economicista: -8.50
Anarquismo/Autoritarismo Social: -6.87


Eu no gráfico (clique na figura para vê-la em tamanho real):



Abaixo, alguns exemplos de personagens históricos famosos e o espectro ideológico no qual se encaixam, segundo o site (clique nas figuras para vê-las em tamanho real):




Alinhamento ideológico dos governos da União Européia em 2006:



Alinhamento ideológico de compositores:



Fico feliz de estar em tão boas companhias... Se você também tiver coragem de passar pelo teste e descobrir se está mais para Hitler, para Gandhi ou para Stalin, clique neste link. Dá para fazer o teste em inglês também - clique aqui.

No http://tudo-em-cima.blogspot.com.br/2007/11/teste-esquerda-ou-direita-libertrio-ou.html

Presos e prostitutas



 Na busca pelos fundamentos da Ética, a que somos em consciência obrigados, parece-me bem próprio refletir a respeito de duas minorias totalmente excluídas da sociedade: prostitutas e presidiários.
Nestas minorias até a marca originária de humanidade costuma ser negada.
Há legislações que consideram a prostituição um crime, o que não é o caso do Brasil. Entretanto, embora transitando na faixa da legalidade, as prostitutas são assiduamente presas, sem fundamento legítimo. Maltratadas e ofendidas física e moralmente, vivem em condições econômicas quase sempre subumanas, isoladas às vezes do restante da população em zonas delimitadas, como um grupo excluído. Não têm acesso a cuidados médicos, nem a previdência social, nem ao amparo da lei. São consideradas não-pessoas.
Não obstante a liberdade sexual, a mudança de costumes, a transformação do mundo, a figura da prostituta perdura, como negação de Justiça, na paisagem humana.
Mas as prostitutas tomam consciência de sua dignidade como seres humanos. Lutam pelo respeito de que são credoras, pelo acesso à saúde, pelo direito de auto-organização e pela possibilidade de escolher outro caminho de vida, se assim desejarem. Em muitas situações, ganhar o pão através da entrega do corpo não é uma escolha, mas uma imposição de circunstâncias econômicas e sociais.
Ao lado da luta das próprias prostitutas, contam elas com o apoio de organizações da sociedade civil. Por motivos religiosos ou humanitários, muitas pessoas solidarizam-se com o clamor de Justiça desses seres humanos.      
Os presos são outro grupo humano excluído. No Brasil, há definição de direitos do preso, mas os direitos não são respeitados.
Uma distinção extremamente séria é a que se deve fazer entre o preso que não foi julgado e o preso que foi condenado. Em favor do preso que não foi julgado existe a presunção de inocência. Essa presunção só realmente vigora em favor de cidadãos poderosos, eventualmente aprisionados, fato bem raro.
Os presos também tomam consciência de seus direitos. Seu grito de Justiça é, às vezes, o grito surdo do desespero através da "rebelião". Não se lhes reconhece o direito de auto-organização.
Talvez, em parte, o poder que têm, dentro dos presídios, certas organizações criminosas decorra da inexistência de representação legítima e autônoma dos presos.
João Batista Herkenhoff, Direto da Redação

Curso de prostituição promete "formação" em uma semana na Espanha

Em país com desemprego acima dos 20%, organizadores do curso garantem dinheiro "rápido e fácil"



Uma campanha publicitária em outdoors com os dizeres "Trabalhe já! Curso de prostituição profissional" tem causado dores de cabeça nas autoridades de Valência, no leste espanhol. Pelo preço de cem euros, uma empresa afirma ensinar desde "técnicas especiais" até a história da "profissão mais antiga do mundo". As informações são do jornal espanhol Las Províncias.

Reprodução
Segundo a empresa que organiza o curso, 95 pessoas já se interessaram em participar.
Um dos "professores", identificado apenas por Brandon, que afirma fazer programas desde os 18 anos, diz que, com esse curso, os profissionais do sexo estarão mais preparados.

"Para que, acima de tudo, saibam o que estão fazendo. A prostituição éum um trabalho como qualquer outro", defende Marlon.
A empresa responsável pelas classes garante que, ao final do curso, os formados terão "quase certeza" de obter um emprego, podendo até mesmo dar aulas na própria instituição. Segundo a companhia, o sucesso é garantido pois este é um trabalho onde "se consegue muito dinheiro rápido e fácil".
O curso, que só é permitido para maiores de 18 anos, tanto homens ou mulheres, é relâmpago: dura apenas uma semana, com duas horas diárias, e cada aluno pode montar sua grade de acordo com suas necessidades. A confidencialidade dos alunos, segundo a empresa, é garantida.
Na grade curricular constam desde aulas teóricas (história da prostituição na Espanha; no resto do mundo; a microeconomia do setor; legislação; obtenção de dinheiro e lucro gerado) como práticas, com matérias como Kama Sutra, posições convencionais, não convencionais, acessórios e fetiches.
A prostituição é legalizada na Espanha, mas a Generalidade (órgão equivalente ao governo estadual) valenciana pediu à promotoria local que inicie uma investigação para saber se a empresa cometeu um delito por incentivar a prostituição (o que é proibido). E pediram a retirada dos anúncios por "publicidade sexista".

terça-feira, 8 de maio de 2012

Parlamentares defendem investigar a Veja na CPI

Por que a Veja ainda não demitiu Policarpo Junior?



A Veja deveria ser coerente com seu histórico de arrogância e usar contra o diretor da revista em Brasília, Policarpo Junior, os mesmos métodos fascistas e truculentos que a consagraram como Diário Oficial da Nova Inquisição. Nem que fosse por hipocrisia, outra marca do semanário da família Civita.
A credibilidade desse jornalista virou pó. Se ele fosse ministro do governo Dilma, estaria queimando numa fogueira de denúncias em praça pública. Mas não. Sabe o que Veja fez no primeiro dia útil deste 2012? Promoveu Policarpo a redator-chefe, ao lado de Thaís Oyama, Fábio Altman e Lauro Jardim, com a saída de Mário Sabino no último dia de 2011.
Voltemos ao caso em questão.
Não há mais dúvidas de que a relação do escrevinhador com o bicheiro Carlos Cachoeira foi criminosa ou, no mínimo, promíscua e incompatível com o mais frouxo dos códigos de ética jornalística.
Não param de vir à tona novos fatos que comprovam que Policarpo era usado como porta-voz e escriba dos interesses do crime organizado. Leia aqui.
Para a sociedade, o cara já está morto profissionalmente. Ele não passa de aspone de contraventor. Mais que uma fonte, Cachoeira praticamente pautava a publicação, sempre a partir dos interesses mais espúrios. Gravações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, deixam isso muito claro.
O mais provável é que a Veja entregue a cabeça de seu colaborador numa bandeja de prata, mas com fundo falso. O cara vai cair pra cima. Deve ganhar algum cargo corporativo e ser colocado na geladeira, longe da redação. Uma espécie de exílio na Sibéria, só que numa sala com ar condicionado e secretária. Logo a Veja, que critica tanto o stalinismo e aqueles que reescrevem a história queimando arquivos e apagando seus crimes e erros.
O jornalismo “investigativo” dos Civita foi feito com informações repassadas por um bicheiro com o único objetivo de beneficiar um grupo criminoso. Para aplicar essa “política editorial”, recrutaram mentirosos, arapongas e gente desqualificada. Eles devem explicações não só a seus leitores, mas à opinião pública.
É preciso insistir neste assunto, diante do pacto de silêncio decretado pela chamada grande mídia. Nós não veremos nem ouviremos nada sobre isso na Folha de S.Paulo e nas Organizações Globo.
Por que essa blindagem, essa cortina de fumaça, esse cordão de isolamento? São perguntas sérias, que a CPI do Cachoeira, instalada em Brasília, tem a obrigação de responder. E nós, a de cobrar.
Marco Antônio Araújo
No Blog do Saraiva

Coragem é a marca do governo Dilma



Os bancos já estão chiando contra a cruzada da presidente Dilma Rousseff para baixar os juros e aumentar o crédito. É normal, é um bom sinal. O sistema financeiro estava habituado há tanto tempo a nadar de braçada e impor ao país a sua própria "política econômica", que não se poderia esperar outra coisa.
A melhor prova de que a presidente mexeu numa ferida, e está certa na sua decisão, é que os bancos já convocaram seus "consultores" e "especialistas", todos muito bem remunerados, para criticar as medidas do governo em jornais, revistas e emissoras.
Para não dar muito na vista, eles qualificam as medidas como "populistas", de um lado; de outro, imaginem, eles se mostram preocupados com os pequenos poupadores após as mudanças introduzidas semana passada no rendimento das cadernetas de poupança.
Com Dilma não tem tema tabu nem áreas em que é melhor não mexer só porque, afinal, "foi sempre assim". No encontro que teve na semana passada com empresários para explicar as novas regras da poupança, ela cortou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que queria fazer média ao apoiar as medidas tomadas aproveitando um momento de alta popularidade da presidente.
"Eu tenho que fazer as coisas que entendo que deva fazer, independentemente dos índices de popularidade".
Tem sido assim desde a sua posse. Antes de completar um ano e meio no gabinete presidencial do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff já está deixando a sua marca.
Se o governo Fernando Henrique Cardoso foi marcado pela estabilização econômica e o do presidente Lula pela inclusão social de mais de 30 milhões de brasileiros, o de Dilma vem sendo caracterizado pela coragem ao enfrentar obstáculos dentro e fora do governo para o desenvolvimento do país, que não são poucos. "A vida quer é coragem" - não por acaso, este é o título do ótimo livro de Ricardo Amaral sobre a trajetória política e pessoal da presidente Dilma Rousseff.
Foi assim na chamada "faxina ética", que marcou seu primeiro ano de governo, sem medo de enfrentar o descontentamento de líderes dos partidos da sua base aliada. E será assim de novo, quando vetar pontos do novo Código Florestal aprovado por ampla maioria na Câmara.
"Fazer o que tem que ser feito" parece ser o seu lema, até com assuntos delicados como o da Comissão da Verdade, que deverá ser instalada ainda este mês. Os nomes já estão sendo definidos. O fato é que a mulher presidente vem fazendo coisas que seus antecessores homens não tiveram coragem de fazer.
Quem a conhece sabe que Dilma não tem medo de cara feia. Ainda na semana passada, quando recebeu um aviso dos barões da mídia, repassado pelo vice presidente Michel Temer, de que eles aceitariam a convocação de jornalistas da "Veja" na CPI, mas não a do dono da Editora Abril, Roberto Civita, respondeu com apenas duas palavras: "Problema deles".
Afinal, não é a presidente da República quem convoca ou deixa de convocar alguém para depor na CPI e, além do mais, ela vem mantendo uma saudável distância dos trabalhos da comissão.
Em pleno funcionamento de uma CPI, cuja instalação foi apoiada pela base do governo, o que não é muito normal, Dilma continua tocando a sua agenda sem dar muita bola para os embates no Congresso Nacional. "O governo tem que governar. Cepeizar é com o Congresso", ouvi de um importante interlocutor da presidente na minha passagem pelo Palácio do Planalto na semana retrasada.
Na outra ponta, em que a oposição perdeu completamente o discurso da moralidade, depois da descoberta da parceria Demóstenes-Cachoeira, o eterno presidente do PPS, Roberto Freire, usou o twitter para atacar o governo e cair no ridículo.
"Isso é uma ignomínia! Dilma pede e B.C. (Banco Central) coloca em circulação notas com a frase "Lula seja louvado"", repicando piada do site de humor G17, sem se dar conta de que a "notícia" era uma brincadeira.
Seria bom também alguém avisar Roberto Freire que é falso o Facebook criado com o nome da presidente Dilma, citado hoje na coluna de José Simão, na "Folha". É uma brincadeira a frase que ele reproduziu, mas não deixa de expressar um sentimento verdadeiro para quem convive com Dilma no Palácio do Planalto.
"Se fosse para ser simpática, seria guia da Disney, e não presidenta".
Por mais que às vezes seja difícil, só não podemos perder o bom humor.

domingo, 6 de maio de 2012

As matérias que Cachoeira plantou na Veja



Por Luis Nassif - Advivo
Em 2008 dei início à primeira batalha de um blog contra uma grande publicação no Brasil. Foi “O caso de Veja, uma série de reportagens denunciando o jornalismo da revista Veja. Nela, selecionei um conjunto de escândalos inverossímeis, publicados pela revista. Eram matérias que se destacavam pela absoluta falta de discernimento, pela divulgação de fatos sem pé nem cabeça.
A partir dos “grampos” em Carlinhos Cachoeira foi possível identificar as matérias que montava em parceria com a revista. A maior parte delas tinha sido abordada na série, porque estavam justamente entre as mais ostensivamente falsas.
Com o auxílio de leitores, aí vai o mapeamento das matérias:
Do grampo da PF divulgado pela revista Veja este fim de semana.
Cachoeira: Jairo, põe um trem na sua cabeça. Esse cara aí não vai fazer favor pra você nunca isoladamente, sabe? A gente tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grande furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos (…).
Cachoeira: Eu fiquei puto porque ontem ele xingou o Dadá tudo pro Cláudio, entendeu? E você dando fita pra ele, entendeu? (…)
Cachoeira: Agora, vamos trabalhar em conjunto porque só entre nós, esse estouro aí que aconteceu foi a gente. Foi a gente. Quer dizer: mais um. O Jairo, conta quantos foram. Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram, rapaz. E tudo via Policarpo.
Graças ao grampo, é possível mapear alguns dos “furos” mencionados pelo bicheiro na conversa entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira com o PM-araponga Jairo Martins, um ex-agente da Abin que se vangloria de merecer um Prêmio Esso por sua colaboração com Veja em Brasília. Martins está preso, junto com seu superior na quadrilha de Cachoeira, o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, fonte contumaz de jornalistas – com os quais mantém relações de agente duplo, levando e trazendo informações do submundo da arapongagem.
O primeiro registro da associação entre Veja e Cachoeira está numa reportagem de 2004, que desmoralizou uma CPI em que o bicheiro era investigado. Em janeiro daquele ano, Cachoeira foi a fonte da revista Época, concorrente de Veja, na matéria que mostrou Waldomiro Diniz, sub de José Dirceu, pedindo propina ao bicheiro quando era dirigente do governo do Rio (2002). Depois disso, Cachoeira virou assinante de Veja.
As digitais do bicheiro e seus associados, incluindo o senador Demóstenes Torres, estão nos principais furos da Sucursal de Brasília ao longo do governo Lula: os dólares de Cuba, o dinheiro das FARC para o PT, a corrupção nos Correios, o espião de Renan Calheiros, o grampo sem áudio, o “grupo de inteligência” do PT.
O que essas matérias têm em comum:
1) A origem das denúncias é sempre nebulosa: “um agente da Abin”, “uma pessoa bem informada”, “um espião”, “um emissário próximo”.
2) As matérias sempre se apoiam em fitas, DVDs ou cópias de relatórios secretos – que nem sempre são apresentados aos leitores, se é que existem.
3) As matérias atingem adversários políticos ou concorrentes nos negócios de Cachoeira e Demóstenes Torres (o PT, Lula, o grupo que dominava os Correios, o delegado Paulo Lacerda, Renan Calheiros, a campanha de Dilma Rousseff)
4) Nenhuma das denúncias divulgadas com estardalhaço se comprovou (única exceção para o pedido de propina de R$3 mil no caso dos Correios).
5) Assim mesmo, todas tiveram ampla repercussão no resto da imprensa.
Confira aqui a cachoeira dos furos da Veja em associação com Demóstenes, arapongas e capangas do bicheiro preso:
1) O caso do bicheiro vítima de extorsão
Revista Veja Edição 1.878 de 3 de novembro de 2004 (Clique aqui)
Trecho da matéria: Na semana passada, o deputado federal André Luiz, do PMDB do Rio de Janeiro, não tinha amigos nem aliados, pelo menos em público. Seu isolamento deveu-se à denúncia publicada porVeja segundo a qual o deputado tentou extorquir R$4 milhões do empresário de jogos Carlos Cachoeira. As negociações da extorsão, todas gravadas por emissários de Cachoeira, sugerem que André Luiz agia em nome de um grupo de deputados.
Nota: A fonte da matéria são “emissários de Cachoeira”, o “empresário de jogos” que Veja transformou de investigado em vítima na mesma CPI.
2) O caso do dinheiro das Farc
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 1896 de 16 de março de 2005 (Clique aqui)
Trecho da reportagem: Um agente da Abin, infiltrado na reunião, ouviu tudo, fez um informe a seus chefes (…) Sob a condição de não reproduzi-los nas páginas da revista, Veja teve acesso a seis documentos da pasta que trata das relações entre as Farc e petistas simpatizantes do movimento.
Capítulo 2 – Revista Veja Edição 1.899 de 6 de abril de 2005 (Clique aqui)
Trechos da matéria: Na semana passada, a comissão do Congresso encarregada de fiscalizar o setor de inteligência do governo resolveu entrar no caso Farc-PT. Na quinta-feira passada, a comissão do Congresso decidiu convocar o coronel e o espião. Os membros da comissão também querem ouvir José Milton Campana, que hoje ocupa o cargo de diretor adjunto da Abin e, na época, se envolveu com a investigação dos supostos laços financeiros entre as Farc e o PT.
O senador Demóstenes Torres, do PFL de Goiás, teme que a discussão sobre o regimento sirva só para adiar os depoimentos. “Para ouvir a versão do governo e tentar dar o caso por encerrado, ninguém precisou de regimento”, diz ele.
3) O caso Mauricio Marinho
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 1.905 de 18 de maio de 2005 (Clique aqui)
Trecho da reportagem: Há um mês, dois empresários estiveram no prédio central dos Correios, em Brasília. Queriam saber o que deveriam fazer para entrar no seleto grupo de empresas que fornecem equipamentos de informática à estatal.
Foram à sala de Maurício Marinho, 52 anos, funcionário dos Correios há 28, que desde o fim do ano passado chefia o departamento de contratação e administração de material da empresa. Marinho foi objetivo na resposta à indagação dos empresários. Disse que, para entrar no rol de fornecedores da estatal, era preciso pagar propina. “Um acerto”, na linguagem do servidor. Os empresários, sem que Marinho soubesse, filmaram a conversa. A fita, à qual Veja teve acesso, tem 1 hora e 54 minutos de duração.
Nota: As investigações da PF e de uma CPI mostraram que o vídeo foi entregue à revista pelo PM-araponga Jairo Martins, que “armou o cenário” da conversa com Marinho a mando de concorrentes nas licitações dos Correios.
4) O caso dos dólares de Cuba
Revista Veja Edição 1.929 de 2 de novembro de 2005 (Clique aqui)
Trecho da reportagem: [Vladimir] Poleto, (principal fonte da reportagem) até hoje, é um amigo muito próximo do irmão de [Ralf] Barquete, Ruy Barquete, que trabalha na Procomp, uma grande fornecedora de terminais de loteria para a Caixa Econômica Federal. Até a viúva de Barquete, Sueli Ribas Santos, já comentou o assunto. Foi em um período em que se encontrava magoada com o PT por entender que seu falecido marido estava sendo crucificado. A viúva desabafou: “Eles pegavam dinheiro até de Cuba!”
Nota: A empresa de Barquete venceu a concorrência da Caixa Econômica Federal para explorar terminais de jogos em 2004, atravessando um acordo que estava sendo negociado entre a americana Gtech (antiga concessionária) e Carlinhos Cachoeira, com suposta intermediação de Waldomiro Diniz. O banqueiro teria deixado de faturar R$30 milhões m cinco anos.
A armação era para pegar Antônio Palloci, padrinho de Barquete. Pegou Dirceu.
Clique aqui pare ler detalhes da relação Cachoeira-Gtech na matéria do Correio Braziliense de 26 de setembro de 2005
5) O caso Francisco Escórcio
Revista Veja Edição 2.029 de 10 de outubro de 2007 (Clique aqui)
Chamada no alto, à esquerda: “Renan agora espiona os adversários”
Na semana passada, Demóstenes Torres e Marconi Perillo foram procurados por amigos em comum e avisados da trama dos arapongas de Renan. Os senadores se reuniram na segunda-feira no gabinete do presidente do Tribunal de Contas de Goiás, onde chegaram a discutir a possibilidade de procurar a polícia para tentar flagrar os arapongas em ação. “Essa história é muito grave e, se confirmada, vai ser alvo de uma nova representação do meu partido contra o senador Renan Calheiros”, disse o tucano Marconi Perillo. “Se alguém quiser saber os meus itinerários, basta me perguntar. Tenho todos os comprovantes de voos e os respectivos pagamentos.” Demóstenes Torres disse que vai solicitar uma reunião extraordinária das lideranças do DEM para decidir quais as providências que serão tomadas contra Calheiros. “É intolerável sob qualquer critério que o presidente utilize a estrutura funcional do Congresso para cometer crimes”, afirma Demóstenes.
Pedro Abrão, por sua vez, confirma que os senadores usam seu hangar, que conhece os personagens citados, mas que não participou de nenhuma reunião. O empresário, que já pesou mais de 120 quilos, fez uma cirurgia de redução de estômago e está bem magrinho, como disse Escórcio. Renan Calheiros não quis falar.Com reportagem de Alexandre Oltramari (que viria a ser assessor de Marconi Perillo).
Nota: Demóstenes é a única fonte que confirma a versão em que teria sido vítima.
6) O caso do grampo sem áudio
Capítulo 1 – Revista Veja, Edição 2022, 22 de agosto de 2007 (Clique aqui)
Capítulo 2 – Revista Veja Edição 2073 de 13 de agosto de 2008 (Clique aqui)
Capítulo 3 – Revista Veja Edição 2.076 de 3 de setembro 2008 (Clique aqui)
Chamada acima do logotipo: “Poder paralelo”
Trecho do texto: O diálogo entre o senador e o ministro foi repassado à revista por um servidor da própria Abin sob a condição de se manter anônimo.
Trecho do texto: O senador Demóstenes Torres também protestou: “Essa gravação mostra que há um monstro, um grupo de bandoleiros atuando dentro do governo. É um escândalo que coloca em risco a harmonia entre os poderes”. O parlamentar informou que vai cobrar uma posição institucional do presidente do Congresso, Garibaldi Alves, sobre o episódio, além de solicitar a convocação imediata da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso para
analisar o caso. “O governo precisa mostrar que não tem nada a ver e nem é conivente com esse crime contra a democracia.”
Nota: O grampo sem áudio jamais foi exibido ou encontrado, mas a repercussão da matéria levou à demissão do delegado Paulo Lacerda da chefia da Abin.
7) O caso do “grupo de inteligência” do PT
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 2.167 de 2 de junho de 2010 (Clique aqui)
Trecho do texto: Não se sabe, mas as fontes de Veja que presenciaram os eventos mais de perto contam que, a certa altura…
Nota: A “fonte” não citada é o ex-sargento Idalberto Matias, o Dadá, funcionário de Carlinhos Cachoeira, apresentado a Luiz Lanzetta como especialista em varreduras.
Capítulo 2 – Revista Veja Edição de julho de 2010 (Clique aqui)
Trecho de entrevista com o ex-delegado Onézimo de Souza, que sustentou (e depois voltou atrás) a história de que queriam contratá-lo para grampear Serra:
O senhor foi apontado como chefe de um grupo contratado para espionar adversários e petistas rivais?
Fui convidado numa reunião da qual participaram o Lanzetta, o Amaury [Ribeiro], o Benedito [de Oliveira, responsável pela parte financeira] e outro colega meu, mas o negócio não se concretizou.
Nota: O outro colega do delegado-araponga, que Veja não menciona em nenhuma das reportagens sobre o caso, é o ex-sargento Idalberto Matias, o Dadá, capanga de Cachoeira e contato do bicheiro com a revista Veja (o outro contato é Jairo Martins, o policial associado a Policarpo Jr.)
Clique aqui para ler a entrevista da Folha de S.Paulo com Luiz Lanzetta.