sábado, 25 de fevereiro de 2012

Medíocres Torquemadas


Mauricio Dias, CartaCapital

“As igrejas, sempre de costas para o futuro, continuam intolerantes às renovações. No tempo do domínio católico no Ocidente, os contestadores de falsas verdades eram atirados à fogueira, amaldiçoados pela Inquisição, que não dava trégua a supostas heresias.

Nos dias de hoje, impotentes para ditar condenações capitais, os inquisidores ordenam aos fiéis a punição de políticos que defendem propostas dissidentes à doutrina que pregam. O aborto e a defesa da homofobia são os exemplos mais gritantes. E irritantes. Em reação, eles promovem nas eleições a “queima” de votos dos hereges e, com isso, cerceiam a liberdade do eleitor e intimidam os candidatos.
Assim agem os pregadores das igrejas evangélicas. São os novos inquisidores.

Essa réplica tardia e infeliz do Tribunal de Inquisição materializou-se no Congresso, onde foi depor o ministro Gilberto Carvalho, na terça-feira 15 de fevereiro. Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, viu-se forçado a expiar publicamente “pecados” cometidos aos olhos da poderosa bancada evangélica, transformada em braço executivo de diversas igrejas religiosas.

“O pedido de desculpas, de perdão, não foi pelas minhas palavras, e sim pelos sentimentos que provocaram”, disse o ministro.

Qual foi a heresia? Gilberto Carvalho, durante o Fórum Social Mundial, manifestou preocupação política com os evangélicos: “A oposição virou pó (…) a próxima batalha ideológica será com os conservadores evangélicos que têm uma visão de mundo controlada pelos pastores de televisão”.
Artigo Completo, ::Aqui::

O crescimento da cristofobia



Jornal do Brasil
Ives Gandra Martins



Ayaan Hirsi Ali publicou na revista Newsweek, de 13 de fevereiro passado, artigo fartamente documentado sobre a guerra que os países islâmicos estão desencadeando contra os cristãos, atingindo sua liberdade de consciência, proibindo-os de manifestarem sua fé e assassinando quem a professa individualmente ou mediante atentados a Igrejas ou locais onde se reúnam.

Lembra que ao menos 24 cristãos foram mortos pelo exército egípcio, em 9 de outubro de 2011; que, no Cairo, no dia 5 de março do mesmo ano, uma igreja foi incendiada, com inúmeros mortos; que, na Nigéria, no dia de Natal de 2011, dezenas de cristãos foram assassinados ou feridos, e que no Paquistão, na Índia e em outros países de minoria cristã a perseguição contra os que acreditam em Cristo tem crescido consideravelmente. Declara a autora que “os ataques terroristas contra cristãos na África, Oriente próximo e Ásia cresceram 309% de 2003 a 2010”. E conclui seu artigo afirmando que, no Ocidente, “em vez de criarem-se histórias fantasiosas sobre uma pretensa “islamofobia”, deveriam tomar uma posição real contra a “Cristofobia”, que principia a se infestar no mundo islâmico. “Tolerância é para todos, exceto para os intolerantes”.

Entre as sugestões que apresenta, está o Ocidente condicionar seu auxílio humanitário, social e econômico a que a tolerância para com os que professam a fé cristã seja também respeitada, como se respeita, na maioria dos países ocidentais a fé islâmica.

Entendo ser o Brasil, neste particular, um país modelo. Respeitamos todos os credos, inclusive aqueles que negam todos os credos, pois a liberdade de expressão é cláusula pétrea na nossa Constituição.



Ocorre, todavia, que as notícias sobre esta “Cristofobia islâmica” são desconhecidas no país, com notas reduzidas sobre atentados contra os cristãos, nos principais jornais que aqui circulam. Um homossexual agredido é manchete de qualquer jornal brasileiro. Já a morte de dezenas de cristãos, em virtude de atos de violência planejados, como expressão de anticristianismo, é solenemente ignorada pela imprensa.

Quando da Hégira, em 622, Maomé lançou o movimento islâmico, que levou à invasão da Europa em 711 com a intenção de eliminar todos os infiéis ao profeta de Alá. Até sua expulsão de Granada — creio que em 1492 — os mulçumanos europeus foram se adaptando à convivência com os cristãos, sendo que a filosofia árabe e católica dos séculos 12 e 13 convergiram, fascinantemente. Filósofos de expressão, como Santo Tomas de Aquino, Bernardo de Claraval, Abelardo, Avicena, Averróes, Alfa-rabi, demonstraram a possibilidade de convivência entre credos e culturas diferentes.

Infelizmente, aquilo que se considerava ultrapassado reaparece em atos terroristas, que não dignificam a natureza humana e separam os homens, que deveriam unir-se na busca de um mundo melhor. Creio que a solução apresentada por Ayaan Hirsi Ali é a melhor forma de combater preconceitos, perseguições e atentados terroristas, ou seja, condicionar ajuda, até mesmo humanitária, ao respeito a todos os credos religiosos (ou à falta deles), como forma de convivência pacífica entre os homens. É a melhor forma de não se incubarem ovos de serpentes, prodigalizando auxílios que possam se voltar contra os benfeitores.

Ives Gandra da Silva Martins é jurista.


Fonte: Genizah

via//opiniocia

A escravidão assalariada

"É impressionante como em tempo de evolução tecnológica ainda é aceito o trabalho escravo porem “assalariado” emdeterminados lugares. Venho compartilhar com vocês essa minha indignação. Não é de hoje que vemos informações rolando na mídia sobre a empresa FOXCONN. Relatos de Falta de infraestrutura, registros de desrespeitos às leis trabalhistas e questionamentos sobre as condições de trabalho são alguns dos problemas aqui no Brasil encontrados.O presidente da FOXCONN afirmou que os brasileiros "não trabalham tanto, pois estão num paraíso". E o país, em comparação com Taiwan, "não conta com tecnologia avançada": "Estou treinando os brasileiros, dando as tecnologias para eles".
Será mesmo que nos brasileiros que acordamos as 4 da manha pegamos conduções super lotadas, exercemos uma jornada diária de 8 a 9 horas de trabalho por dia, nos alimentamos mal, ganhamos menos do que seria de direito pelo trabalho exercido, com escala de 6x1 e mesmo assim não trabalhamos tanto? Nos últimos anos a empresa aqui citada enfrentou problemas como suicídios de seus funcionários em horário de trabalho na china, a solução adotada por eles foi colocar grades de proteção para que não se repita o ato. O pior que tudo ficou por isso mesmo. O que me intriga é saber que uma multinacional que esta em nosso pais tem um presidente com essa postura desumana, fico estarrecida com a atitude adotada na china pra solucionar problemas como o suicídio. E ainda falam que a escravidão acabou, onde? Como sempre a classe dominante vassalando a vida da classe “operária”, digamos assim. 
O Brasil é um pais que será eternamente estereotipado como o “país do futuro”,como o povo mais feliz do mundo. Onde é feriado e carnaval todos os dias. Aqui pode esta tudo dando errado, mesmo assim abrimos os braços com o sorriso de uma criança inocente. Sabemos que as leis que regem o nosso digníssimo e amado país nem sempre favorece a todos, pois se somos capazes de aceitar a escravidão de Mac Donald, Bobs e afins priorizando a desqualificação do que a educação de nossos jovens, seremos capaz de dizer seja bem vinda FOXCONN.
Referencia http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1052729-brasil-so-oferece-mercado-local-diz-foxconn.shtml
POR: LAIS GOMES

OMS admite omitir efeitos de dano à saúde pelo flúor

Uma menção no site da Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que houveram sugestões por membro ou membros da reunião do Grupo de Trabalho de Aspectos Químicos em Tóquio, realizada em 2002, para omitir a informação sobre os “efeitos adversos à saúde” do flúor para “evitar uma polêmica”.
“Na reunião do Grupo de Trabalho de Aspectos Químicos (Tóquio, 2002), o grupo foi informado de que a monografia estava sendo finalizada, e houve uma discussão considerável sobre vários aspectos do projeto, incluindo uma sugestão de que a monografia não deve misturar a discussão sobre o benefício do uso de flúor com efeitos adversos à saúde para evitar polêmica. A monografia não foi discutida na reunião das Orientações para a água potável do Grupo de Qualidade de Trabalho (Genebra, 2004). O documento está em edição e layout (2005). A apresentação para os Grupos de Trabalho do Programa de Saúde Oral da OMS sobre a importância da fluoretação foi feita em 2005.”
A OMS deliberadamente omite informações cruciais sobre os efeitos prejudiciais do fluoreto nas suas futuras publicações, que por sua vez funcionam como princípios orientadores, quase que mandamentos, para os estados de todo o mundo.
Dr Richard Shames, graduado em Harvard e na Universidade da Pensilvânia, após uma investigação aprofundada sobre os efeitos do flúor sobre o sistema biológico humano, observou:
“(…) Os campos de concentração nazistas utilizavam água fluoretada para suprimir a vontade e o vigor dos reclusos. Isso parece ter acontecido durante os anos 1930 e foi o primeiro exemplo conhecido de água fluoretada, para uma população específica.”
O fluoreto, em qualquer quantidade, é nada menos do que uma arma química. Considerando que é aplicada a populações inteiras ou a certos grupos dentro de uma população, a definição é a guerra química, uma ferramenta mais útil para os eugenistas que têm a intenção do despovoamento do planeta.
Fontes:Infowars, Noticias Alternativas, Prova Final
No Burgos
Veja também: A Mentira do Flúor / The Fluoride Deception
vihttp://contextolivre.blogspot.com/

Boris Casoy e o CCC, segundo a revista “O Cruzeiro”


Recordar é viver. Reproduzimos, na íntegra, a reportagem da finada revista O Cruzeiro, de 9 de novembro de 1968. O texto é de Pedro Medeiros e as fotos de Manoel Motta. Segundo a matéria, Boris Casoy, o amigo dos garis e um dos expoentes principais do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), andava armado para assustar alunos na USP. Leia também texto de Altamiro Borges sobre o fascista CCCasoy, de janeiro de 2010.

Clique nas imagens para ampliá-las.

Boris Casoy está na última fila, primeiro à esquerda.





Altamiro Borges: Boris Casoy é “uma vergonha”
Altamiro Borges em seu blog, em 3/1/2010

Primeiro vídeo: ao encerrar o Jornal da Band da noite de 31 de dezembro de 2009, dois garis de São Paulo aparecem desejando feliz ano novo ao povo brasileiro. Na sequência, sem perceber o vazamento de áudio, o fascistóide Boris Casoy, âncora da TV Bandeirantes, faz um comentário asqueroso: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho”.

Segundo vídeo: na noite seguinte, o jornalista preconceituoso pede desculpas meio a contragosto: “Ontem durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Numa entrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostra que não se arrependeu da frase e do seu pensamento elitista, mas sim do vazamento. “Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados.”

Do CCC à assessoria dos golpistas
Este fato lastimável, que lembra a antena parabólica do ex-ministro de FHC, Rubens Ricupero – outras centenas de comentários de colunistas elitistas da mídia hegemônica infelizmente nunca vieram ao ar –, revela como a imprensa brasileira “é uma vergonha”, para citar o bordão de Boris Casoy, com seu biquinho e seus cacoetes. O episódio também serve para desmascarar de vez este repugnante apresentador, que gosta de posar de jornalista crítico e independente.

A história de Boris Casoy é das mais sombrias. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita e manteve relações com políticos reacionários. Segundo artigo bombástico da revista O Cruzeiro, em 1968, o então estudante do Mackenzie teria sido membro do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), o grupo fascista que promoveu inúmeros atos terroristas durante a ditadura militar. Casoy nega a sua militância, mas vários historiadores e personagens do período confirmam a denúncia.

Âncora da oposição de direita
Ainda de 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré, em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoy ingressou na Folha de S.Paulo e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Otávio Frias, outro partidário do setor “linha dura” dos generais golpistas. Como âncora de televisão, a sua carreira teve início no SBT, em 1988.

Na sequência, Casoy foi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governo pressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.

Nos bastidores da TV Bandeirantes
Em 2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta o MST. Não esconde sua visão elitista contra as políticas sociais do governo Lula e alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores e tumultuou os bastidores da TV Bandeirantes.

Entidades sindicais e populares já analisam a possibilidade de ingressar com representação junto à Procuradoria Geral da República. Como ironiza Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, seria saudável o “Boris prestar serviços comunitários por um tempo, varrendo ruas, para ter a oportunidade de fazer algo de útil aos seus semelhantes”. Também é possível acionar o Ministério Público Federal, que tem a função de defender os direitos constitucionais do cidadão junto “aos concessionários e permissionários de serviço público” – como é o caso das TVs.

Na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro, Walter Ceneviva, Antonio Teles e Frederico Nogueira, entre outros dirigentes da Rede Bandeirantes, participaram de forma democrática dos debates. Bem diferente da postura autoritária das emissoras afiliadas à Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), teleguiadas pela Rede Globo. Apesar das divergências, essa participação foi saudada pelos outros setores sociais presentes ao evento. Um dos pontos polêmicos foi sobre a chamada “liberdade de expressão”. A pergunta que fica é se a deprimente declaração de Boris Casoy faz parte deste “direito absoluto”, quase divino.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Tratamento preferencial


Se alguém tinha alguma dúvida sobre como a polícia e a justiça tratam pobres e ricos no Brasil, o caso da garotinha de 3 anos morta depois de ser atingida por um jet ski na praia de Guaratuba, no sábado, esclarece muita coisa.
O suspeito de matar a menina, um adolescente de 13 anos, é de família de posses, e ele estava hospedado na mansão do tio, empresário e político de Suzano. Embora todos saibam o nome e endereço dos envolvidos, seis dias depois do atropelamento, o moleque ainda não foi ouvido pela polícia, assim como seus pais, seus tios, o dono do jet ski, todos enfim, que podem ajudar a esclarecer o que ocorreu.
"Não há nenhuma intenção da defesa de criar qualquer embaraço à apuração da verdade. Vamos trazer o garoto para ser ouvido, mas exijo o respeito que a lei dá ao menor. Esse assédio em submeter o garoto de 13 a uma situação constrangedora é absolutamente inviável", disse o advogado do adolescente, Maurimar Bosco Chiasso.
Ele tem razão em parte. Claro que a imprensa vai cair em cima do menino, claro que é preciso respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente, claro que ninguém quer que ele seja apontado como culpado a priori.
Mas por que esse privilégio de prestar depoimento quando quiser? Por que ele e todos os outros envolvidos não são simplesmente intimados a depor quando as autoridades acharem mais conveniente?
Por essas e por outras é que, a cada dia, polícia e justiça mais se desmoralizam no país.
É sempre assim: se o suspeito for rico, ou poderoso, ou influente, ele terá todas as facilidades do mundo, o tempo vai  se arrastar, ele será tratado com uma deferência que deveria ser estendida a todos, chamado de doutor e coisa e tal. Mas se for um pé de chinelo, coitado, cairá sobre ele todo o peso da justiça...
Esse caso da menininha é revoltante também porque revela ainda como o ser humano pode ser a mais desprezível das criaturas: depois do acidente, não só o garoto fugiu, mas, segundo dizem, toda a família que o hospedava foi embora da mansão num helicóptero! Ninguém ficou para prestar ajuda à garotinha ou aos seus familiares! Não só não fizeram nada para ajudar aqueles pobres coitados que viram o fim de semana se transformar na maior tragédia de suas vidas, como fugiram do local, numa tentativa canhestra de resolver o problema, fingir que nada havia acontecido.
Agora, resta apenas esperar o adolescente e seus pais se dignarem a depor no inquérito.
Fico só imaginando as coisas que eles vão contar ao delegado - certamente um sujeito muito educado, todo ouvidos, inteiramente dedicado ao seu serviço.

cronicasdomotta

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Finalmente concordo com alguém do PSDB: Serra é um palhaço
































Alckmin e Nahas podem responder por crime contra humanidade, diz procurador

São Paulo - O procurador do Estado de São Paulo Marcio Sotelo Felippe avalia que toda o processo judicial que resultou no despejo de milhares de pessoas da comunidade ocupada do Pinheirinho, em São José dos Campos/SP, tinha como objetivo beneficiar o megaespeculador Naji Nahas e, por isso, o Tribunal Penal Internacional tem de expedir mandados de prisão contra Nahas e o governador Geraldo Alckmin, além do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Sartori.
Felippe analisou a documentação sobre o processo de falência da empresa Selecta, de Nahas, proprietária do terreno e beneficiária da reintegração de posse efetivada de forma violenta pela PM paulista no dia 22 de janeiro, com apoio da Guarda Civil Metropolitana de São José dos Campos.
Para o representante do ministério público, que já ocupou o cargo de procurador geral do Estado na gestão do governador Mário Covas, o trio deve responder por crimes cometidos contra a humanidade.
No Rede Brasil Atual

TV trucida transmissão de desfile das escolas de samba

Alavanca do capitalismo, a televisão é hoje o principal inimigo da livre concorrência
O desfile das escolas de samba pode até ser o maior espetáculo da terra. Mas a televisão brasileira ainda não aprendeu a transmiti-lo.
Há uma forte razão que obriga todas as escolas a terem um samba-enredo e que seus integrantes sejam estimulados a cantá-lo e sambar com ele. Mas quem assiste ao desfile pela TV, logo percebe que o áudio é um mero detalhe.
A transmissão não se ocupa dele. Os sons parecem todos iguais e se não fosse por dois minutos de legenda, nem sequer saberíamos qual a música que cada escola escolheu para guiá-la.
Os enredos são mesmo complexos, falam de muitas coisas diferentes ao mesmo tempo. Mas o carnavalesco nem precisaria se preocupar em armar uma ordem mais ou menos lógica para tentar explicá-lo.
A transmissão da TV é randômica, vai e vem para frente e para trás freneticamente, alternando alas, destaques e carros e impossibilita ao espectador saber quem está na frente, quem está atrás.
A bateria é o pulmão de qualquer escola de samba, e quem quer que já a tenha ouvido ao vivo tem exata noção de sua importância e da emoção que provoca. Mas o som que ela produz é quase inaudível nas transmissões.
Os instrumentos dos ritmistas mais parecem fantasias. Como todo o desfile, aliás, muito mais plástico que acústico.
Bateria da São Clemente na Sapucaí
(foto: Dhavid Normando/ Futura Press)
A TV Globo continua tratando os espectadores pela doutrina Willian Bonner, segundo a qual quem está do outro lado da tela são milhões de Homer Simpson.
É preciso explicar cada uma das cenas como se estivéssemos assistindo a uma inusitada cerimônia aborígene ou a transmissão do parlamento sueco.
Mas os comentários que ouvimos na longa transmissão forjam, mais ainda que os enredos incompreensíveis, aquilo que o compositor e humorista Stanislaw Ponte Preta denominava "samba do crioulo doido".
O falso suicídio de Wladimir Herzog foi um tema muito "desenvolvido", diz o narrador. Antônio Conselheiro, líder da revolta de Canudos, vira mártir da independência brasileira. E por aí vão os comentários que nos impedem de ouvir as músicas.
Samba e enredo, cultura e alegria, engenho e arte, tudo sai de cena quando o assunto é encontrar celebridades na avenida.
Como madrinhas de bateria, destaques de alegorias ou diretores ad-hoc, toda escola tem os seus globais, que serão fartamente iluminados pelas câmaras da casa durante todo o desfile e entrevistados em plena ação, mesmo que para isso alas inteiras devam sucumbir na sombra.
Descobre-se, ao final, entre tantas vinhetas, salas especiais e recursos visuais repetidos ad nauseam, que a vedete do Carnaval é sempre a própria emissora.
E como se não bastasse trucidar o desfile, a Globo ainda estimula seus milhões de telespectadores a opinar pelo telefone justamente sobre aquilo que não viram.
Como escolher entre os vários sambas-enredo que a emissora impediu que conhecêssemos? Como dar nota às baterias cujos sons nos foram sonegados? Não, a nota não tem nenhum valor, dizem eles insistentemente; apenas preço: trinta e poucos centavos mais os impostos etc.
Mudar de canal, como se sabe, é impossível.
Formadora constante de monopólios, a TV, alavanca do capitalismo, está se tornando, paradoxalmente, a maior inimiga da livre concorrência.
Para corridas, jogos ou eventos musicais, não existe mais opção nesse liberalismo totalitário.
Vai chegar um dia que alguma emissora, possivelmente a própria Globo, terá exclusividade na cobertura de uma passeata, na apuração da eleição ou na posse de um presidente.
Para as escolas, o dinheiro engrossa o caixa não apenas pelos direitos de transmissão, mas cada vez mais pelo uso do merchandising.
Produtos, locais ou pessoas vão se tornando enredos à medida em que são bons de retorno financeiro - é a tal força da grana que ergue e destrói as coisas belas.
Assistimos à escola bancada pelo iogurte, com uma ala de lactobacilos, ou à que rende homenagem à mulher, alojando rimas da esponja de limpeza patrocinadora nas estrofes do samba.
Se o mundo é um moinho, como já ensinava Cartola, e vai mesmo reduzir nossas ilusões a pó, talvez devêssemos é nos dar por satisfeitos, enquanto o Carnaval não se transforma num enorme reality show.
No Sem Juízo, por Marcelo Semer

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Falta bicheiro no carnaval de São Paulo?

São Paulo nunca foi o túmulo de samba. A famosa frase de Vinícius de Moraes é tremendamente injusta com Adoniran Barbosa, os Demônios da Garoa e outros expoentes do samba paulistano. Que é mais italianado do que o samba carioca, mas nem por isto menos samba.

Mesmo assim, São Paulo ignora essa gloriosa tradição e faz de tudo para imitar o Rio durante o carnaval. O desfile das escolas paulistanas emula em praticamente tudo o que se passa na Marquês de Sapucaí, com menos criatividade e bem menos dinheiro. O resultado é que elas acabam se parecendo, sim, com suas congêneres cariocas --mas de uns vinte anos atrás.

Agora, tendo em vista o que aconteceu ontem durante a apuração dos resultados, vou me arriscar a dizer que falta outra coisa ao carnaval de São Paulo: a influência dos bicheiros.

Deixa eu me explicar, antes que alguém me acuse de conivente com a contravenção. O que se viu ontem à tarde no Sambódromo do Anhembi foi uma explosão de anarquia, praticamente impensável no reguladíssimo carnaval carioca de hoje.

Um suposto dirigente da Império da Casa Verde (a escola nega, mas há fotos do sujeito na mesa da diretoria) invade a área dos jurados, rasga as notas e foge. Parte da torcida da Gaviões da Fiel resolve arrebentar tudo o que aparecer pela frente. E o mais patético: um diretor da Rosas de Ouro é pego em flagrante tentando roubar o troféu destinado ao 5o. lugar. Talvez para uso próprio, já que sua escola tinha garantida pelo menos a segunda colocação.

Dá para imaginar tal baderna acontecendo no Rio de Janeiro? Em outros tempos, sim. A Riotur escolhia mal os jurados do desfile, e os resultados eram invariavelmente contestados.

Marina Montini, mulata escultural e musa de Di Cavalcanti --atributos que de forma alguma a qualificavam para julgar o carnaval-- foi jurada certa vez, e dormiu durante o desfile. Chegou a ser ameaçada de morte, o que é até compreensível.

Ainda hoje a apuração carioca costuma terminar em polêmica, mas a violência que estourou em SP é mais do que improvável que aconteça por lá. E sabe por quê? Porque os bicheiros ainda dominam o carnaval do Rio de Janeiro. Mesmo atrás das grades, mesmo sem o poder avassalador que já tiveram um dia, são eles, os reis da loteria animal, que ainda dão as cartas.

E essa turma simplesmente não deixaria que uma controversiazinha na pontuação descambasse para um quebra-quebra generalizado. Porque uma confusão dessas não faz mal apenas para a festa: faz mal para os negócios.

Não sei quase nada sobre os dirigentes das escolas paulistanas, e não estou acusando ninguém de estar envolvido com jogo do bicho. Mas ainda falta a eles a omertà, o código de conduta da máfia, que seus colegas cariocas já conseguiram implantar há algum tempo.


O carnaval no Rio de Janeiro deixou de ser um espetáculo popular há tempos, exclusividade de uma emissora de televisão, é mais um produto a ser vendido, com a conivência do governo local com a influência dos bicheiros e a absurda alocação de dinheiro dos contribuintes.
São Paulo está fazendo força para se igualar.

Quais os fundamentos dessa lógica que considera mais importante salvar o mercado que vidas humanas?



* Frei Betto

O melhor Papai Noel do mundo mereceu 523 instituições financeiras europeias quatro dias antes do Natal: 489 bilhões de euros (o equivalente a R$ 1,23 trilhão), emprestados pelo Banco Central Europeu (BCE) a juros de 1% ao ano!    

Curiosa a lógica que rege o sistema capitalista: nunca há recursos para salvar vidas, erradicar a fome, reduzir a degradação ambiental, produzir medicamentos e distribuí-los gratuitamente. Em se tratando da saúde dos bancos, o dinheiro aparece num passe de mágica!    

Há, contudo, um aspecto preocupante em tamanha generosidade: se tantas instituições financeiras entraram na fila do bolsa-BCE, é sinal de que não andam bem das pernas…    
Quais os fundamentos dessa lógica que considera mais importante salvar o mercado que vidas humanas? Um deles é este mito de nossa cultura: o sacrifício de Isaac por Abraão (Gênesis 22, 1-19). 
   
No relato bíblico, Abraão deve provar a sua fé sacrificando a Javé seu único filho, Isaac. No exato momento em que, no alto da montanha, prepara a faca para matar o filho, o anjo intervém e impede Abraão de consumar o ato. A prova de fé fora dada pela disposição de matar. Em recompensa, Javé cobre Abraão de bênçãos e multiplica-lhe a descendência como as estrelas do céu e as areias do mar.   
 
Essa leitura, pela ótica do poder, aponta a morte como caminho para a vida. Toda grande causa – como a fé em Javé – exige pequenos sacrifícios que acentuem a magnitude dos ideais abraçados. Assim, a morte provocada, fruto do desinteresse do mercado por vidas humanas, passa a integrar a lógica do poder, como o sacrifício “necessário” do filho Isaac pelo pai Abraão, em obediência à vontade soberana de Deus.     

Abraão era o intermediário entre o filho e Deus, assim como o FMI e o BCE fazem a ponte entre os bancos e os ideais de prosperidade capitalista dos governos europeus – que, para escapar da crise, devem promover sacrifícios.       

Essa mesma lógica informa o inconsciente do patrão que sonega o salário de seus empregados sob pretexto de capitalizar e multiplicar a prosperidade geral, e criar mais empregos. Também leva o governo a acusar as greves de responsáveis pelo caos econômico, mesmo sabendo que resultam dos baixos salários pagos aos que tanto trabalham sem ao menos a recompensa de uma vida digna.  

O deus da razão do mercado merece, como prova de fidelidade, o sacrifício de todo um povo. Todos os ideais estão prenhes de promessas de vida: a prosperidade dos bancos credores, a capitalização das empresas ou o ajuste fiscal do governo. Salva-se o abstrato em detrimento do concreto, a vida humana.   

O espantoso dessa lógica é admitir, como mediação, a morte anunciada. Mata-se cruelmente através do corte de subsídios a programas sociais; da desregulamentação das relações trabalhistas; do incentivo ao desemprego; dos ajustes fiscais draconianos; da recusa de conceder aos aposentados a qualidade de uma velhice decente. A lógica cotidiana do assassinato é sutil e esmerada.  

Aqueles que têm admitem como natural a despossessão dos que não têm. Qualquer ameaça à lógica cumulativa do sistema é uma ofensa ao deus da liberdade ocidental ou da livre iniciativa. Exige-se o sacrifício como prova de fidelidade. Não importa que Isaac seja filho único. Abraão deve provar sua fidelidade a Javé. E não há maior prova do que a disposição de matar a vida mais querida.   

A lógica da vida encara o relato bíblico pelos olhos de Isaac. Este não sabia que seria assassinado, tanto que indagou ao pai onde se encontrava o cordeiro destinado ao sacrifício. Abraão cumpriu todas as condições para matar o filho. Subjugou-o, amarrou-o, colocou-o sobre a lenha preparada para a fogueira e empunhou a faca para degolá-lo.    

No entanto, inspirado pelo anjo, Abraão recuou. Não aceitou a lógica da morte. Subverteu o preceito que obrigava os pais a sacrificarem seus primogênitos. Rejeitou as razões do poder. À lei que exigia a morte, Abraão respondeu com a vida e pôs em risco a sua própria, o que o forçou a mudar de território.    

Se não mudarmos de território – sobretudo no modo de encarar a realidade –, como Abraão, continuaremos a prestar culto e adoração a Mamom. Continuaremos empenhados em salvar o capital, não vidas, e muito menos a saúde do planeta.  

Texto publicado no Brasil de Fato.
 
* Frei Betto é escritor, militante de movimentos pastorais e sociais, esteve preso na ditadura militar em 1964, assessorou vários governos socialistas e coordenou a Mobilização Social do programa Fome Zero.