A revista britânica The Economist traz em sua edição desta semana um longo artigo sobre a disputa presidencial no Brasil e afirma que, depois de 16 anos de estabilidade dos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso, o que está em jogo agora é a velocidade do progresso do país.
Traçando um amplo panorama dos oito anos de governo Lula, a publicação diz que o presidente é uma figura dominante na campanha deste ano e afirma que o recente crescimento da candidata petista Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião indica que Lula conseguiu transferir parte de sua popularidade para ela.
“Isto torna o trabalho de (José) Serra (candidato do PSDB) excepcionalmente difícil” diz a publicação. “Ele está lutando para fazer sua experiência contar em uma eleição onde a maioria dos brasileiros – especialmente nas áreas mais pobres – quer continuidade”.
A Economist atribui os altos índices de aprovação do governo Lula ao fato de seu governo ter registrado um crescimento econômico estável aliado a uma redução nos níveis de pobreza.
“As estatísticas de progresso social no Brasil são notáveis”, diz a revista citando programas sociais como o Bolsa Família. “De diversas formas, o Brasil está começando a se tornar uma sociedade mais homogênea”.
Escolha
Citando indicadores favoráveis do governo Lula, a Economist, no entanto, afirma que eles são resultados de esforços anteriores, como o controle da inflação e a estabilidade conquistados durante a administração de Fernando Henrique Cardoso.
Para a revista, Lula merece elogios “por não ter imitado o populismo econômico” de outros líderes de esquerda latino-americanos, mas a publicação discute o tamanho da presença do Estado na economia e enumera diversos problemas que terão que ser enfrentados pelo próximo presidente, como gargalos de infraestrutura e o deficit na Previdência.
Afirmando que os eleitores terão em outubro uma escolha entre um Estado forte, mas mais “magro”, defendido por Serra, e um Estado que promova o desenvolvimento industrial e distribua ganhos, como quer Dilma, a revista diz que, nos próximos meses, os candidatos terão que responder como irão sustentar o legado de Lula e construir a partir dele.
BBC Brasil