Os humanos são provavelmente a espécie mais curiosa que já existiu.
Temos cérebros muito maiores que os de outros animais e que nos permitem construir utensílios, entender conceitos abstratos e usar a linguagem.
Mas também temos poucos pelos, mandíbulas fracas e demoramos para dar à luz.
Como a evolução explica essa criatura extravagante?
1. Viver em grupo
Os primeiros primatas, grupo que inclui macacos e humanos, surgiram pouco depois do desaparecimento dos dinossauros. Muitos começaram rapidamente a viver em grupos para melhor se defenderem de predadores, e isso exigiu de cada animal "negociar" uma rede de amizades, hierarquias e inimizades.
Sendo assim, viver em grupo pode ter impulsionado um aumento da capacidade intelectual.
2. Mais sangue no cérebro
Humanos, chimpanzés e gorilas descendem todos de uma espécie desconhecida e extinta de hominídeo.
Neste ancestral, um gene chamado RNF213 evoluiu rapidamente e pode ter estimulado o fluxo de sangue para o cérebro ao ampliar a artéria carótida.
Nos humanos, as mutações do RNF213 causam a doença de Moyamoya - um estreitamento da carótida que leva ao deterioramento da capacidade cerebral por conta da pouca irrigação do cérebro.
3. A divisão dos primatas
Há 7-13 milhões de anos
Nossos ancestrais se separaram de seus parentes parecidos com os chimpanzés há cerca de 7 milhões de anos. No início, tinham uma aparência bem similar, mas por dentro suas células estavam em marcha.
Os genes ASPM e ARHGAP11B entraram em mutação, assim como um segmento do genoma humano chamado HAR1.
Ainda não está claro o que provocou essas modificações, mas o ARHGAP11B e o HAR1 estão associados ao crescimento do córtex cerebral
4. 'Picos' de açúcar
Depois que a linha evolutiva humana se separou da linha dos chimpanzés, dois genes sofreram mutações.
Há menos de sete milhões de anos
O SLC2A1 e o SLC2A4 formam proteínas que transportam glicose para dentro e para fora das células.
Essas modificações podem ter desviado glicose dos músculos para o cérebro de hominídeos primitivos e é possível que tenha estimulado o crescimento do órgão.
5. Mãos mais hábeis
Nossas mãos são incrivelmente hábeis e nos permitem construir ferramentas ou escrever, entre outras atividades.
Há menos de 7 milhões de anos
Isso pode se dever em parte a um fragmento de DNA chamando HACNS1, que evoluiu rapidamente desde que nossos ancestrais e os ancestrais dos chimpanzés se dividiram.
Não se sabe o que o HACNS1 faz exatamente, mas ele contribuiu para o desenvolvimento de nossos braços e mãos.
6. Mandíbulas fracas: mais espaço para o cérebro
Em comparação com outros primatas, os humanos não podem morder com muita força porque têm músculos mais fracos em volta da mandíbula, bem como mandíbulas menores.
A corrupção voltou ao centro da luta política. Não temos, portanto, como fugir a um debate franco e duro sobre o tema. O governo é corrupto? O PT, o partido do governo, é corrupto? Antes, porém, de entrar nesse debate, gostaria de fazer alguns
comentários sobre essa volúpia, à esquerda e à direita, em malhar o
governo, o PT e a presidenta Dilma. A volúpia nasce da constatação do que consideramos erros, mas também
desse instinto igualitarista tão próprio da democracia: ao criticar,
como que reduzimos a desigualdade de poder entre o governado e o
governante. O governante pontifica lá de cima, no palácio, dispondo de
instrumentos de poder que nunca teremos. Nossa pequena vingança é
criticá-lo impiedosamente. Ou mesmo xingá-lo. Daí resulta um processo
inevitável de desgaste que afeta toda e qualquer administração. Isso explica também as lágrimas de Dilma Rousseff, no dia seguinte àquela grande manifestação do dia 15 de março, em São Paulo. Num discurso emocionado, a presidenta observou que nunca mais, no
Brasil, alguém seria perseguido por criticar um governante, mesmo que
duramente, mesmo que com palavras de baixo calão. Seja como for, uma das grandes qualidades da nossa democracia foi a
conquista dessa liberdade, para a qual contribuíram a sólida virtude
democrática de todos os presidentes que tivemos, desde Sarney. Todos
eles, com seus infinitos defeitos, jamais fizeram movimentos para tolher
a liberdade da população de exercer o seu sagrado direito de
criticá-los. Essa não é uma virtude universal na classe política. Nos últimos
anos, inúmeros prefeitos e governadores usaram seu poder para reprimir
com truculência manifestações críticas às suas gestões. Os exemplos de
José Serra e Aécio Neves são os mais conhecidos. Ambos ganharam a triste
fama de criarem um sistema de repressão branca, baseado sobretudo na
demissão de jornalistas e colunistas que fugiam do script de apoio
incondicional que eles exigiam dos órgãos de imprensa locais. No caso de
Aécio, a coisa foi ainda mais grave, com perseguição judicial e penal a
um jornalista crítico a seu governo. Por outro lado, a virtude democrática, de aceitação serena da
crítica, na medida em que foi característica de todos nossos presidentes
após a morte de Tancredo, não é mais um diferencial. Passou a ser,
muito saudavelmente, uma obrigação de ofício. Continua a ser uma
virtude, mas não merece mais nossa gratidão. Até porque o governante, ciente de que suportar estoicamente a
crítica mais virulenta é uma virtude, não pode recair no risco de se
tornar tão cínico a ponto de se auto-elogiar pela suposta magnanimidade
de permitir que seja criticado. Em outras palavras, o governante não pode converter a crítica dura que setores sociais fazem a ele numa virtude pessoal. No entanto, parece ser justamente isso que acomete Dilma Rousseff.
Sua reação às críticas que lhe são feitas, à esquerda e à direita,
parece ser a de um líder que, ao ouvir o populacho lhe xingando lá
embaixo, olha-se ao espelho e se auto-elogia: eu sou tão democrata! Eu
sou tão boa! Eu sou tão generosa! Nem ligo para as pessoas que me xingam
nas ruas! Eu lhes perdôo! O autoritarismo, sorrateiramente, se infiltra e contamina a mais
democrática das virtudes. A virtude de tolerar as críticas então se
transforma no vício de lhes ser indiferente! * A semana passada terminou razoavelmente positiva para o governo, o
que significa que perdeu da mídia de oposição de uma goleada menor do
que de costume. A nomeação de dois novos ministros criou (embora involuntariamente,
visto que o governo não planejou a demissão dos titulares anteriores)
dois fatos positivos. Edinho Silva criou um fato positivo por representar um pequeno ato de
valentia do governo. Silva não é nenhum gênio de comunicação, e sua
competência e coragem ainda serão postas à prova, mas apenas o fato do
governo não ter nomeado, como queria a mídia, e como tem sido praxe
desde o início do governo Dilma, uma pessoa “deles”, um profissional
oriundo da própria mídia, um amiguinho de editores e repórteres,
repercutiu bem de maneira geral. À esquerda, houve um estremecimento, do
tipo: será que agora vai? À direita, outro tipo de arrepio, do tipo:
ué, não tínhamos bebido todo o sangue do governo, como assim ainda
restou um pingo de força e independência? A nomeação do novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, por
sua vez, ajudou a melhorar a imagem do governo. Dilma seguiu o conselho
dos que lhe sugeriam trazer para o governo nomes com prestígio social. Isso é fazer a batalha da comunicação. Aliás, um amigo, o responsável pela comunicação do MST, o jornalista
Igor Felippe, escreveu um texto, há pouco tempo, em que fala que o
problema do governo não é a comunicação, mas a sua política, de maneira
geral. Ora, esse também é o erro do governo e do PT. De entender a
comunicação como uma instância separada do todo. A comunicação é o todo. Não se trata apenas do que as pessoas ouvem do governo, mas sobretudo
aquilo que as pessoas vêem no governo. Neste sentido é que o anúncio de
um novo ministro constitui um valioso instrumento de comunicação. A nomeação de Janine foi positiva. A de Katia Abreu, independente da possibilidade de ser uma boa
ministra da Agricultura, representante do agronegócio, foi uma péssima
comunicação. Quer dizer, foi um esforço de agradar um setor, mas não foi
inteligente, porque não trouxe equilíbrio. Não houve planejamento
enquanto comunicação. * Vamos ao tema da corrupção, central no debate político de hoje. Como dizia, a semana passada encerrou de maneira relativamente
positiva para o governo também em função de uma nova grande operação da
Polícia Federal, a Zelotes, contra grandes sonegadores. A operação abre a oportunidade do governo retomar a narrativa da
corrupção não mais como réu da mídia, mas como protagonista na luta
contra a corrupção. Entretanto, mais uma vez, o governo está perdendo a ocasião. A presidenta Dilma tem um twitter com 3,3 milhões de seguidores. No
momento em que eu escrevo, na manhã da terça-feira 31 de março, a última
mensagem, de seis dias atrás, é uma nota fúnebre pela queda do avião da
Germanwings. Tenho criticado, com sarcasmo cheio de amargura, essa mania mórbida
da equipe de comunicação de Dilma de transformar seu twitter em coleção
de necrológios. De seis dias para cá, a presidenta nomeou dois ministros, em cargos
estratégicos, a PF iniciou uma operação impressionante, com capacidade
de mudar a imagem do governo, e o twitter da presidenta lamenta a queda
de um avião nos alpes suíços! Um problema que sequer diz respeito ao
Brasil, quanto mais ao governo brasileiro! * O Cafezinho não se pretende imparcial. Tento ser honesto, apenas.
Acho bobagem, da mesma forma, a máxima de que “jornalista não pode ter
amigo”. Esse é um dogma, me parece, inventado por donos de jornal, que
podem ter amigos à vontade, mas querem que seus empregados ajam como
robôs, sem vontade própria, seguindo exclusivamente as ordens e os
ditames da redação. Se um amigo cometer um crime que o jornalista considerar grave o suficiente, dê fim à amizade, e faça a denúncia. Ou então, encaminhe o caso para outro profissional fazê-lo. Pretender que o jornalista “não tenha amigos”, é uma violência, ou
melhor, uma dessas máximas puramente hipócritas, porque é evidente que o
jornalista terá os amigos que quiser, só que os ocultará de seus
leitores ou mesmo de seus patrões. * No entanto, o escopo do artigo de hoje é expressar uma coisa sobre a qual ando discutindo com alguns parentes nos últimos dias. Uma das críticas pertinentes que se faz aos petistas é a seguinte:
não tem sentido responder às acusações de corrupção apenas acusando o
adversário de roubar também. Então volto a fazer as perguntas do início do post: o PT é corrupto? O governo é corrupto? Acho que, a esta altura, o eleitorado petista, que é vencedor (apesar
do próprio governo não se dar conta, ou não demonstrar isso, ao não
dialogar com ele), responde essas perguntas da seguinte maneira: Sim, o PT tem e teve quadros envolvidos em corrupção. Em alguns
casos, há manipulação da mídia, mas em outros, há corrupção concreta, ou
omissão, ou cumplicidade. O governo também. Há e houve corrupção no governo e nas estatais. Isso é inegável. No entanto, esse eleitorado reage a essa acusação com os seguintes raciocínios: 1) Hoje há combate de verdade à corrupção, inclusive àquela
incrustada dentro do PT e do governo. Antes, não havia combate à
corrupção, sobretudo aquela que contamina o poder. 2) Entende que o outro pólo político, dos partidos antipetistas, não é melhor em termos éticos. 3) O outro lado, além de roubar mais, não investiga e não combate o roubo. 4) Além de ser corrupto, o outro lado não tem preocupação social, e
não é confiável do ponto-de-vista do interesse nacional e do
trabalhador. * Eu fico meditando, às vezes, sobre como o futuro julgará os governos petistas em termos de ética. Decerto não será o mesmo julgamento da imprensa partidária, nem da
opinião pública contemporânea, mergulhada até o pescoço nas paixões
políticas. E aí eu fico pensando nesta ironia: o fato de termos, hoje,
instituições que investigam o próprio governo e o partido no poder com
total autonomia e independência; a elevação do investimento em
instituições cujo orçamento estão sob sua responsabilidade (Polícia
Federal, Controladoria Geral da União); a inauguração de sistemas de
transparência; o respeito absoluto com que tratou da liberdade de
imprensa; a escolha de ministros do Supremo que exerceram seu cargo com
independência, ou até mesmo, em alguns casos, com parcialidade, contra o
governo (sob pressão histerica da mídia). Tudo isso não implicará numa imagem, na história, de um governo que
permitiu ao Brasil olhar para si mesmo com muito mais honestidade? Tudo isso não implicará, ironia das ironias, na imagem do governo que mais lutou contra a corrupção em nossa história? Outro dia, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, deu entrevista
ao Globo em que reagiu da seguinte maneira a uma pergunta do repórter,
sobre abertura de inquérito sobre ele no Supremo Tribunal Federal: “Globo: O senhor está tranquilo quanto às acusações dos delatores? Cunha: Absolutamente tranquilo. (Meu advogado) falou que o (doleiro)
Youssef fala que não me conhece. Que não tem absolutamente nada contra
mim. Forçaram a barra do Youssef perguntando de mim, aí ele fala que
ouviu do Júlio Camargo. Ele não me acusa de nada. Diz que não me
conhece, não sabe nada de mim. Globo: Mas seu nome foi incluído. A partir de agora, estou em guerra aberta com o (procurador-geral da
República, Rodrigo) Janot. Tudo é possível. Vamos ver até que nível que
vai. Ele me escolheu. Está muito claro. Globo: É o maior escândalo do país? Além de ser inacreditável, foi o maior escândalo de corrupção do
mundo. O que mais me incomoda é a gente olhar que tem um escândalo desse
tamanho e achar que todo mundo está igual. É a percepção que passa
quando abre um inquérito para um e para o outro que não roubou. Globo: O senhor acusou o governo de atuar para te incriminar… Eu já disse que tinha a mão do governo. Já acusei claramente.” * É incrível a agressividade e o desrespeito de Cunha contra o procurador-geral e contra o Executivo. Além disso, repare no oportunismo dele ao tentar jogar em favor da
mídia, e classificar, ridiculamente, a Lava Jato como o “maior escândalo
de corrupção do mundo”. Cunha fala assim porque sabe que a mídia não se interessa em combater
a corrupção, mas apenas em pegar o PT, porque, em caso contrário, ele
seria mais cuidadoso com sua linguagem, visto que seu partido tem mais
gente sendo acusada do que o PT. Quando as paixões políticas amainarem, e for possível fazer uma
análise serena dos governos petistas, veremos dois presidentes que
enfrentaram crises terríveis sem agredir nenhuma instituição. Nem Dilma nem Lula, mesmo no auge dos ataques furibundos que até
alguns ministros do STF, embriagados pelos holofotes, fizeram a seu
partido, jamais reagiram a truculência de um Cunha, jamais criaram um
atrito entre as instituições. Essa lhaneza petista jamais foi reconhecida pela imprensa. Enquanto isso, que imagem, a nossa imprensa, que é o principal partido de oposição, terá no futuro? Será a imagem de uma imprensa histérica, sensacionalista, que mentiu,
manipulou, desrespeitou brutalmente direitos e liberdades de cidadãos? Uma imprensa truculenta, que mesmo tendo enriquecido tanto durante o
regime autoritário, não teve o pudor de, no regime democrático,
respeitar o pluralismo político? Uma imprensa que jamais esteve ao lado do povo, e que, quando este
povo conseguiu eleger governos que se interessavam por sua sorte, fez de
tudo para criminalizar e destruir esses governos? Minha curiosidade pelo julgamento da história é tão grande que eu
desejaria entrar numa máquina do tempo e viajar ao futuro, apenas para
ler sobre o Brasil de hoje. sanguessugado do: http://www.ocafezinho.com/2015/03/31/sera-que-estamos-sendo-justos-com-dilma/
da Folha Um bolo, por Janio de Freitas Gilmar desrespeita o determinado pela Constituição porque não quer que se imponha a decisão do STF Santa embora, a próxima quinta-feira marca uma profanação
constitucional: um ano exato do pedido de vista que Gilmar Mendes fez de
uma ação direta de inconstitucionalidade e não mais a devolveu ao
julgamento no Supremo Tribunal, impedindo-a de vigorar. Já vitoriosa por
seis votos a um, os três votos faltantes não poderiam derrotá-la.
A ação foi movida pela OAB em 2011, recebendo adesão subsequente de
entidades como a CNBB, com o argumento de que as doações de empresas que
financiam as eleições são inconstitucionais e devem ser substituídas
por doações dos cidadãos, com um teto para o montante doado.
Gilmar Mendes é favorável à permanência do financiamento dos
candidatos e partidos por empresas. Sabe-se de sua opinião não só por
ser previsível, mas também porque a expôs em público. Ainda há dez dias,
dizia a repórteres: a proposta da OAB (Gilmar Mendes é costumeiro
adversário da Ordem) "significa que o sujeito que ganha Bolsa Família e o
empresário devem contribuir com o mesmo valor. Isso tem nome. Isso é
encomendar já a lavagem de dinheiro. Significa que nós temos o dinheiro
escondido e vamos distribuir para quem tem Bolsa Família. Não sei como
essa gente teve a coragem de propor isso. Um pouco de inteligência faria
bem a quem formulou a proposta".
A explicação é ininteligível. "Essa gente", que é a OAB, é a CNBB,
são outras entidades e inúmeros juristas, não propôs nada parecido com
doações iguais de empresários e de recebedores do Bolsa Família. E
lavagem de dinheiro e caixa dois são características comprovadas do
financiamento das eleições por grandes empresas, com destaque para as
empreiteiras e alguns bancos. O eleitor comum é que iria lavar dinheiro
nas eleições?
Em artigo divulgado no último dia 28, encontrável no saite
"Viomundo", a juíza Kenarik Boujikian, do Tribunal de Justiça-SP,
pergunta: "Quem de fato está exercendo este poder" de eleger os
"representantes do povo" no Legislativo e no Executivo? "O povo
brasileiro ou as empresas?". E segue:
"A resposta está dada: nas eleições presidenciais de 2010, 61% das
doações da campanha eleitoral tiveram origem em 0,5% das empresas
brasileiras. Em 2012, 95% do custo das campanhas se originou de
empresas" [2014 não está concluído]. "Forçoso concluir que o sistema
eleitoral está alicerçado no poder econômico, o que não pode persistir."
O PT pretende a solução do financiamento eleitoral com verba pública.
E lá iríamos nós financiar o pouco que se salva e o muito que não
presta na política. O PMDB quer o dinheiro das empresas, mas cada
doadora financiando um único partido. O PSDB é contra as duas propostas,
o que leva à preservação do atual sistema. No Congresso há projetos
para todos os gostos. Daí a importância da ação no Supremo.
Desde a reforma do Judiciário, há 11 anos, a Constituição aboliu o
bloqueio de processos, como Gilmar Mendes faz a pretexto de vista de uma
questão sobre a qual emite publicamente posição definida. Como diz a
juíza Kenarik Boujikian, "não é tolerável que, com um pedido de vista,
um ministro possa atar as mãos da instância máxima do próprio Poder
Judiciário, o que soa ainda mais desarrazoado se considerarmos o
resultado provisório [6 a 1] do processo e a manifestação do ministro.
Com isto quero dizer que a soberania popular, que cada magistrado exerce
em cada caso e sempre em nome do povo, não pode ficar na mão de uma
pessoa, em um órgão colegiado".
Gilmar Mendes desrespeita o determinado pelo art. 93 da Constituição
porque não quer que se imponha a decisão do STF, como está claro em sua
afirmação de que "isso é assunto para o Congresso". Mas, além do
problema de sua atitude, a decisão do Supremo tem importância
fundamental. Eduardo Cunha avisa que levará a reforma política à votação
já em maio. O dinheiro das campanhas é um dos temas previstos. E a
decisão do Supremo, se emitida em tempo, ficará como um balizamento que
não poderá ser ignorado pela reforma política, uma vez que antecipará o
que é ou não compatível com a Constituição. E, portanto, passível ou não
de ser repelido pelo Supremo Tribunal Federal. Do: http://contrapontopig.blogspot.com.br/2015/03/contraponto-16400-o-aniversario-do.html
Conheça a história por trás da imagem da garotinha
síria que ergue as mãos em sinal de rendição por imaginar que o
fotógrafo segura uma arma, ao invés de uma câmera
Menina síria ergue as mãos, assustada, em sinal de rendição ao olhar para a câmera do fotógrafo turco Osman Sağırlı
A jornalista e fotógrafa Nadia AbuShaban publicou em seu Twitter uma imagem
que se espalhou pela internet em vários países do mundo em minutos. A
foto mostra uma criança síria com as mãos para cima, assustada, em sinal
de rendição, aparentemente acreditando que nas mãos do fotógrafo há uma
arma ao invés de uma câmera. Nadia não é a autora da imagem, mas a
responsável por torná-la viral. Alguns sites internacionais não conseguiram identificar, a princípio,
se a criança da foto era um menino ou uma menina. Posteriormente, a BBC confirmou que se trata de uma garotinha – Hudea, de apenas 4 anos. Após muitos questionamentos sobre a veracidade da imagem, internautas
se dispuseram a encontrar a sua origem e, para tanto, vasculharam o
Imgur – site de compartilhamento de imagens. Descobriram que a foto é verdadeira, mas tirada no ano passado. O autor é Osman Sağırlı, um fotógrafo turco. Sağırl, que agora trabalha na Tanzânia, deu uma entrevista à BBC para acabar com as dúvidas em torno da fotografia. “Eu usei uma câmera fotográfica e ela pensou que fosse uma arma”, disse Sağırlı. “Depois que eu tirei a foto, percebi que elas estava assustada porque
mordeu os lábios e levantou as mãos. Normalmente, crianças correm,
escondem os rostos ou sorriem quando veem uma câmera […] você sabe que
há pessoas que foram desalojadas nos campos. Faz mais sentido ver o que
elas sofreram através das crianças e não dos adultos. São as crianças
que refletem os sentimentos com a inocência que têm”, afirmou. A imagem foi tirada no campo de refugiados de Atmeh na Síria, em dezembro do ano passado, publicada originalmente no jornal Türkiye e amplamente divulgada nas redes sociais da Turquia, mas só agora se tornou viral nas principais mídias do ocidente. Impactante, a imagem resume a impotência e o trauma de 5,5 milhões de
crianças que já foram de alguma forma afetadas pela guerra civil síria
que teve início em março de 2011. Pelo menos 3 milhões de civis
abandonaram o país desde que os conflitos começaram. http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/03/foto-de-menina-da-siria-assustada-viraliza-na-internet.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PragmatismoPolitico+%28Pragmatismo+Pol%C3%ADtico%29
Essas palavras
podem não soar tão ofensivas em português. Mas eu evitaria dizê-las para
um finlandês, um holandês ou um canadense do Québec.
A definição
de um palavrão não é a mesma nas diferentes regiões do mundo.
Mas uma
linguagem mais pesada, usando ofensas e profanação, é algo que todas as
culturas conhecem.
Xingar normalmente envolve dar nomes a coisas
que você deseja, mas não deveria desejar. Ou tem por objetivo minar
estruturas de poder que podem parecer arbitrárias demais.
Temos a tendência a pensar em palavrões como uma entidade única, mas eles na realidade servem a diferentes propósitos.
O linguista e escritor americano Steven Pinker, em seu livro Do Que É Feito o Pensamento,
lista cinco maneiras diferentes de falar palavrões:
"descritivamente
('Vamos f...r?'), idiomaticamente ('está f..a'), abusivamente
('f...-se'!), enfaticamente ('isso é f.....mente incrível') e
catarticamente ('F..eu!').
Tabus
Nenhuma dessas funções
requer palavrões. Em bicol (uma língua nativa das Filipinas), existe um
vocabulário especial para expressar a raiva: muitas palavras têm termos
alternativos que se referem exatamente à mesma coisa, mas que demonstram
a irritação de quem fala.
Em luganda (uma língua de Uganda), você
pode transformar uma palavra em um insulto apenas mudando seu prefixo, o
que também modifica sua função gramatical.
E em japonês, é possível ofender alguém profundamente apenas usando uma forma inapropriada de dizer "você".
Nem
toda linguagem que é tabu conta como palavrão. Algumas palavras ainda
têm um significado pesado ou pejorativo, mesmo se não pretendemos xingar
alguém – é o caso de termos raciais e insultos baseados em incapacidade
física ou orientação sexual.
Mas alguns termos têm a ver com coisas que você evita dizer por causa de seu conteúdo ofensivo.
No
sul da África, algumas culturas adotam um discurso "de respeito" que é
imposto às mulheres para quando elas falam com as famílias dos maridos.
Dizer o nome do sogro, por exemplo, é proibido, assim como qualquer
palavra que soe parecido – mas é justamente esse nome que elas vociferam
quando se machucam ou quando algo surpreendente acontece.
A mãe dos insultos
Palavras que
se referem aos órgãos genitais são as forma mais comum de xingamento.
Na China ou na Rússia, as pessoas podem falar o nome do órgão feminino
ou masculino quando estão irritadas.
Na Itália, o órgão feminino é
mais "proibido": o pênis é visto como uma chave para o poder; a vagina
tem que se manter trancada, exceto para o homem com a chave certa.
Nas Filipinas, ocorre o contrário: em bicol, a expressão buray ni nanya ("vagina da mãe") é tão comum quanto dizer "saco".
Já
o sexo, na parte agressiva e raivosa do cérebro, é um ato de dominação.
Equivalentes funcionais à expressão "F...r" são encontrados em vários
idiomas.
Em outras culturas, os homens estão mais ligados a suas
mães, então muitos dos xingamentos envolvem atos sexuais com a mãe de
alguém (às vezes também especificando sua genitália).
As culturas em que a mãe aparece mais nos palavrões são as latinas e ainda as eslávicas, balcânicas, árabes e chinesa.
Essas
culturas tendem a ter sociedades centradas em famílias extendidas em
vez de um pequeno núcleo familiar. Tanto que o termo "f...r" também pode
se referir ao pai (em bósnio), ao avô ou até a outros parentes: gifsha robt significa "sua família" em albanês, sülaleni sikeyim, "sua família extendida" em turco, e cào nǐ zǔzōng shíbā dài, "seus ancestrais desde a 18ª geração" em mandarim.
Outras
culturas que apelam para a moralidade na hora de xingar também acabam
atacando as prostitutas – justamente aquelas desafiam a exclusividade da
esposa e a posse sobre o homem.
Por isso palavras como "p..."
também são xingamentos em tantas partes do mundo. Aliás, as culturas que
mais xingam as mães são também as que xingam as prostitutas.
Mas
em outras sociedades, surgem diferenças. Mencione a mãe de um homem na
Finlândia, por exemplo, e ele vai achar que você tem algum problema com
ela e não que está tentando ofendê-lo.
Os finlandeses usam um
termo para a genitália feminina que é uma das palavras mais sujas que
podem ser ditas no idioma. Mas eles também usam, causando muito
desconforto, saatana (Satanás), perkele (Diabo) e helvetti (Inferno), termos usados com a mesma intenção ofensiva na Suécia, na Noruega e na Dinamarca.
Isso
porque missionários imprimiram o medo do mal nessas culturas. Uma
evidência de um controle da Igreja semelhante também se nota no inglês.
Há alguns séculos, xingar usando as partes do corpo de Cristo era
extremamente ofensivo. Hoje dizer damn (maldição) ou Hell (Inferno) é muito comum.
Sujeiras
As fezes aparecem como
xingamentos pesados em menos países do que se imagina. Na rota
Grã-Bretanha-França-Alemanha, palavras como shit, merde e Scheiße têm um significado negativo por causa dos históricos controles sociais voltados para a limpeza e a higiene. Mas na Suécia, skit não soa tão ofensivo.
Alguns lugares têm aversão especial a doenças. Se quiser usar um expletivo catártico em polonês, cholera é um deles. E em tailandês, é possível desejar cólera a alguém.
Muitos
palavrões em holandês usam o cólera, o câncer e o tifo. Se quiser dizer
algo realmente vulgar nesse idioma, apenas acrescente kanker (câncer).
Animais
também podem ser sujos e são usados em muitos insultos. Assim como
doenças mentais. "Idiota" pode não soar tão grave em alguns lugares, mas
em japonês é um dos xingamentos ofensivos mais usados.
O que nos
faz concluir que se a linguagem do dia a dia é o solo no qual cultivamos
nossas vidas, os palavrões são os vulcões que disparam de seu interior."
Publicado na BBC Brasil. Em meio ao escândalo de corrupção na Petrobras (de onde recursos
teriam sido desviados para financiar partidos), o PT defende hoje que as
campanhas eleitorais sejam financiadas 100% por dinheiro público. O sistema só existe em um lugar do mundo, o Butão, país que apenas em
2008 deixou de ser uma monarquia absolutista e realizou suas primeiras
eleições. Mas o financiamento público de partidos e/ou candidatos, em pequena
ou larga escala, é adotado em 118 países, de acordo com um monitoramento
realizado pelo Instituto Internacional pela Democracia e Assistência
Eleitoral (Idea, na sigla em inglês). Em alguns deles, como México,
Colômbia, Itália e Espanha, chegam a representar mais de 80% dos gastos
das campanhas. No Brasil, os partidos têm acesso a doações privadas e a recursos
públicos – prevendo dificuldades de obter financiamento de empresas após
a Operação Lava Jato, senadores e deputados decidiram triplicar a verba
do fundo partidário neste ano, para R$ 867,56 milhões, há duas semanas. Mas quais as vantagens e desvantagens de aumentar o financiamento
público no Brasil? A BBC Brasil preparou um guia sobre o assunto.
Confira abaixo.
Qual o princípio do financiamento público?
O objetivo do financiamento público é contrabalancear – ou mesmo
anular – a influência do poder econômico nas eleições. Os defensores de
um modelo majoritariamente ou totalmente público argumentam que doações
privadas desvirtuam a democracia, pois as grandes corporações são muito
mais ricas que os indivíduos e, assim, têm mais recursos para
influenciar nas eleições. O PT defende que o financiamento seja exclusivamente público, ou
seja, que nem mesmo pessoas físicas possam doar. A proibição de doações
de empresas também é defendida por centenas de movimentos sociais (como
UNE, CUT e MST) que integram a Campanha pela Constituinte – proposta de
convocação de um Assembleia exclusiva para votar uma reforma política.
Mas não há consenso entre eles sobre doações de pessoas físicas. “Para nós, o financiamento privado é a base da corrupção. Empresas de
diversos setores financiam os políticos e depois cobram seus interesses
no Congresso. Isso é totalmente antidemocrático porque o voto da
empresa passa a valer mais que o do eleitor”, afirma Paola Estrada,
integrante da coordenação nacional da campanha.
Quais seriam as desvantagens?
Entre os defensores do financiamento público, há também quem aponte
potenciais riscos nesse modelo. Para o Instituto Internacional pela
Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, na sigla em inglês), uma
dependência excessiva de recursos públicos pode levar os políticos e
seus partidos a se afastarem da sociedade. “Quando administrado e distribuído de forma adequada, o financiamento
público dos partidos políticos pode ser um bom contrapeso para doações
privadas e também pode aumentar o pluralismo político. No entanto, os
partidos políticos não devem perder o contato com seus eleitores, ou
tornar-se excessivamente dependentes de financiamento público”, nota um
documento de janeiro do instituto. O diretor da área de Partidos Políticos do Idea, Sam van der Staak,
defende um modelo que equilibre recursos públicos e doações de membros
dos partidos, empresas e pessoas físicas – limitadas a um teto baixo,
para evitar que um grupo tenha mais peso que outro.
Como distribuir os recursos?
Outro risco do modelo de financiamento essencialmente público é dar
pouco espaço para o surgimento e crescimento de novos partidos, na
medida em que a distribuição dos recursos tende a ser proporcional ao
tamanho das bancadas no Congresso. Por outro lado, dividir igualmente também não é considerada a melhor
maneira de distribuição. “Essa abordagem (divisão igualitária) cria o
risco de que partidos sejam criados apenas para obter financiamento do
Estado. Além disso, também pode ser um desperdício significativo usar
recursos públicos para apoiar partidos e candidatos que não têm nenhum
apoio entre o eleitorado”, nota o relatório do Idea. A opção para contornar isso, aponta o instituto, é repartir parte dos
recursos públicos igualmente e parte proporcionalmente. Manter a
possibilidade de doações de pessoas físicas ou mesmo de empresas, sob um
limite baixo, é também uma forma de permitir que o financiamento
eleitoral tenha mais dinamismo. No Brasil, a distribuição de recursos públicos via fundo partidário
se dá da seguinte forma: 5% são repartidos igualmente entre os 32
partidos existentes, e 95% são distribuídos na proporção dos votos
obtidos na última eleição para a Câmara dos Deputados.
Como isso tem funcionando em outros países?
Entre os 180 países monitorados pelo Idea, apenas um tem
financiamento de campanha exclusivamente público: o Butão. Essa pequena
nação asiática, espremida entre China e Índia, realizou suas primeiras
eleições em 2008, quando o sistema político passou de monarquia absoluta
para monarquia constitucional. Outros países, embora não adotem o modelo 100% público de
financiamento, tem níveis altos de participação pública nos fundos de
campanha. No México, por exemplo, 95% das campanhas às eleições
presidenciais de 2012 foram bancadas com recursos do Estado. Esses
índices também foram altos nos últimos anos na Colômbia (89%) e no
Uruguai (80%). Em países europeus como Espanha, Bélgica, Itália e
Portugal, os fundos públicos também respondem por mais de 80% dos custos
das campanhas. Existem vários modelos de distribuição desses recursos. Há países,
como Alemanha, em que o Estado transfere para o partido um euro para
cada euro arrecadado de doadores (prática chamada de matching funds). Já
na Holanda, os repasses dependem do número de pessoas filiadas ao
partido. Na França, a lei institui um teto para os gastos de campanha, que
varia de acordo com o tipo de eleição. A partir desse teto é calculado o
reembolso com dinheiro público das despesas eleitorais do candidato. No
caso da eleição presidencial, por exemplo, em 2012 foi definido que
cada candidato poderia gastar até 16,8 milhões de euros (R$ 58,8
milhões, na cotação atual) no primeiro turno e 22,5 milhões de euros (R$
78,75 milhões) no segundo. A título de comparação, a campanha da
presidente Dilma Rousseff em 2014 consumiu R$ 350 milhões. Na França, cada candidato que conseguisse 5% dos votos, poderia
receber 50% do valor gasto em reembolso. As regras determinam que o
candidato que ultrapassar o teto de gastos da campanha, não pode receber
o financiamento público de parte de suas despesas. Foi exatamente o que
ocorreu com o ex-presidente Nicolas Sarkozy, que teve suas contas da
campanha presidencial de 2012 rejeitadas pelo Conselho Constitucional.
Quanto dinheiro público os partidos já recebem no Brasil?
Partidos políticos já recebem hoje dinheiro público no país, mas a
maioria dos recursos que bancam as campanhas eleitorais vem de doações
de empresas. Nas últimas eleições, partidos e candidatos arrecadaram cerca de R$ 5
bilhões de doações privadas, quase na sua totalidade feitas por
empresas. Além disso, receberam no ano passado R$ 308 milhões de
recursos públicos por meio do Fundo Partidário, enquanto o tempo
“gratuito” de televisão custou R$ 840 milhões aos cofres da União por
meio de isenção fiscal para os canais de TV. Em 2015, porém, haverá um salto expressivo na verba do Fundo
Partidário. O Congresso aprovou neste mês que o orçamento previsto
inicialmente pela União fosse triplicado, passando de R$ 289,56 milhões
para R$ 867,56 milhões. O aumento teria sido motivado pela dificuldade que os partidos estão
enfrentando para se financiar após a operação Lava Jato – que investiga
desvio de recursos na Petrobras – ter colocado no banco dos réus
executivos de grandes empresas doadoras. O relator do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o
aumento refletiu uma demanda de diversos partidos e que representa um
teste para a tese do financiamento público de campanha.
Quanto custaria um modelo com mais financiamento público?
O PT não tem hoje uma estimativa de quanto seria o custo de um
financiamento exclusivo de campanha, de acordo com a vice-presidente
nacional do PT, Gleide Andrade, responsável por coordenar as discussões
sobre reforma política dentro do partido. Segundo ela, isso dependerá de
outras alterações que podem ser feitas no sistema eleitoral, como por
exemplo modificar a forma de eleger os deputados. “Mas uma coisa é certa: será um campanha bem mais barata do que a que temos hoje”, afirmou. Outro projeto de lei que já tramita no Parlamento – o PL 268,
apresentado em 2011 como conclusão dos trabalhos de uma comissão de
reforma política no Senado – sugere que o financiamento de campanha será
exclusivamente público e que o valor total a ser distribuído seguirá o
seguinte cálculo: total de eleitores inscritos até 31 de dezembro do ano
anterior vezes R$ 7,00 a valores de janeiro de 2011. Atualizando esse valor pela inflação até 2014 (R$ 8,40) e
considerando o número de eleitores que puderam votar no ano passado
(141,8 milhões), as últimas eleições teriam consumido R$ 1,2 bilhão,
segundo a regra do PL 268/2011.
Aumentar o peso do financiamento público exigiria outras mudanças?
Mudar o sistema de financiamento não é algo trivial. Especialistas no
assunto dizem que extinguir as doações por empresas e aumentar o peso
do dinheiro público obrigaria necessariamente a alterar as regras das
eleições para o Legislativo. Claudio Abramo, ex-diretor da Transparência Brasil, diz que teria que
ser adotado a eleição em lista – método em que o voto vai para o
Partido, que decide qual será a ordem dos deputados e vereadores eleitos
pela legenda. Tal mudança seria necessária por causa da dificuldade de
distribuir e fiscalizar os recursos para todos os candidatos. Dessa
forma, os partidos que centralizariam a gestão dos recursos públicos. O filósofo e cientista político Marcos Nobre discorda da tese de que o
financiamento exigiria lista fechada. “É perfeitamente possível
fiscalizar (a distribuição de recursos) desde que você torne os partidos
responsáveis pela atuação de cada um de seus candidatos”, argumenta.