sábado, 26 de dezembro de 2009

Odeio Papai Noel

Odeio papai noel, não por motivos culturais, nem religiosos. Meu ódio é pelo mal que ele representa por sustentar mentiras. As mentiras são as mais diversas como a que diz que ele vai trazer presentes. Os pais têm um esforço imensurável para dar um presente e o velho mentiroso é que fica com os créditos. Tem também a maldosa mentira que diz que se o menino se comportar, receberá presentes. Pura maldade com os pobres, que por mais que se comportem, nada receberão, a não ser em alguns casos onde há a solidariedade da sociedade organizada. Não me preocupo se ele é mais lembrado que Jesus Cristo, pois Ele tem poderes para desmanchar essa farsa quando bem entender. A minha preucupação é quando a mídia invade a minha casa e de forma manipuladora, determina como devo gastar o meu 13º, que não devo me atrasar para comprar os presentes e que depois desse gasto todo, não devo me individar. Como? É mágica? E por que ela não revela esse segredo? O Natal é tão manipulado que a população não consegue perceber a enorme contradição em relação ao papel do velho parasita e os pais de familia. Se é papai noel que vai trazer os presentes, por que devo comprar? Não seria o caso de esperarmos que além de ele trazer os presentes das crianças não trouxesse os nossos, já que somos filhos dele tambem??? É constrangedor para mim, ver esse mar de propagandas mostrando pessoas felizes ocnsumindo, que ao mesmo tempo que vejo a propaganda consigo ver por esse país a fora, figuras de pais sofrendo nos postos de trabalho formais ou não, que sabem que não poderão participar desse chamamento. Sem panetone, sem ceia, sem presentes. É assim que milhões de pessoas passam a noite de natal e por incrível que pareça, a dor delas não sai nos jornais. No nosso natal não tem vaga para sofrimento, a ordem é extravasar, mesmo que o nascimento dEle tenha sido em meio a sofrimentos, perseguição e mortes. Nunca aceitarei a presença desse safado em minha casa, que me chamem de revoltado, não importa. Sei que nada poderei fazer para desmascará-lo, mas tambem não cederei um só milímetro das minhas convicções. Certa vez escutei Tadeu Nascimento, um apresentador de TV cearense, ele lia um poema que tratava da revolta de uma criança com papai noel, depois que seu pai fora preso por furtar um brinquedo para lhe presenteiar na noite de natal. É assim que vejo os pais de familia nas noites de natal com prisão em presidios ou não, depois que presenteiam seus filhos. Ficam prisioneiros nas operadoras de cartão de crédito, bancos e até nas empresas em que trabalham. Então, por tudo que falei, posso encher meus peitos e gritar: EU ODEIO VOCE, PAPAI NOEL!

Postado por heliojampa

Abaixo o Natal

Por que não festejo e me faz mal o Natal


por Mário Maestri*, no Espaço Acadêmico

Não festejo e me faz mal o Natal por diversas razões, algumas fracas, outras mais fortes. Primeiro, sou ateu praticante e, sobretudo, adulto. Portanto, não participo da solução fácil e infantil de responsabilizar entidade superior, o tal de “pai eterno”, pelos desastres espirituais e materiais de cuja produção e, sobretudo, necessária reparação, nós mesmos, humanos, somos responsáveis.

Sobretudo como historiador, não vejo como celebrar o natalício de personagem sobre o qual quase não temos informação positiva e não sabemos nada sobre a data, local e condições de nascimento. Personagem que, confesso, não me é simpático, mesmo na narrativa mítico-religiosa, pois amarelou na hora de liderar seu povo, mandando-o pagar o exigido pelo invasor romano: “Dai a deus o que é de deus, dai a César, o que é de César”!

O Natal me faz mal por constituir promoção mercadológica escandalosa que invade crescentemente o mundo exigindo que, sob a pena da imediata sanção moral e afetiva, a população, seja qual for o credo, caso o tenha, presenteie familiares, amigos, superiores e subalternos, para o gáudio do comércio e tristeza de suas finanças, numa redução miserável do valor do sentimento ao custo do presente.

Não festejo e me desgosta o Natal por ser momento de ritual mecânico de hipócrita fraternidade que, em vez de fortalecer a solidariedade agonizante em cada um de nós, reforça a pretensão da redenção e do poder do indivíduo, maldição mitológica do liberalismo, simbolizada na excelência do aniversariante, exclusivo e único demiurgo dos males sociais e espirituais da humanidade.

Desgosta-me o caráter anti-social e exclusivista de celebração que reúne egoísta apenas os membros da família restrita, mesmo os que não se freqüentaram e se suportaram durante o ano vencido, e não o farão, no ano vindouro. Festa que acolhe somente os estrangeiros incorporados por vínculos matrimoniais ao grupo familiar excelente, expulsos da cerimônia apenas ousam romper aqueles liames.

Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral, com que nos intoxica com impudícia crescente a grande mídia, ano após ano, quando a celebração aproxima-se, no contexto da contraditória santificação social do egoísmo e do individualismo, ao igual dos armistícios natalinos das grandes guerras que reforçavam, e ainda reforçam – vide o peru de Bush, no Iraque – o consenso sobre a bondade dos valores que justificavam o massacre de cada dia, interrompendo-o por uma noite apenas.

Não festejo o Natal porque, desde criança, como creio para muitíssimos de nós, a festa, não sei muito bem por que, constituía um momento de tensão e angústia, talvez por prometer sentimentos de paz e fraternidade há muito perdidos, substituindo-os pela comilança indigesta e a abertura sôfrega de presentes, ciumentamente cotejados com os cantos dos olhos aos dos outros presenteados.

Por tudo isso, celebro, sim, o Primeiro do Ano, festa plebéia, hedonista, aberta a todos, sem discursos melosos, celebrada na praça e na rua, no virar da noite, ao pipocar dos fogos lançados contra os céus. Celebro o Primeiro do Ano, tradição pagã, sem religião e cor, quando os extrovertidos abraçam os mais próximos e os introvertidos levantam tímidos a taça aos estranhos, despedindo-se com esperança de um ano mais ou menos pesado, mais ou menos frutífero, mais ou menos sofrido, na certeza renovada de que, enquanto houver vida e luta, haverá esperança.

* Historiador e professor do curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UPF, RS. Publicado em La Insignia.


Nota do Aguinaldo: Quem lê pode ou não concordar, mas uma coisa não dá pra negar: o texto é de extraordinária qualidadel. Eu, por acaso, concordo.

Direto do sopé

por Alain de Botton, em As Consolações da Filosofia

O cristianismo, segundo a exposição nietzschiana, brotou da mente de escravos tímidos do Império Romano, que não tinham fibra suficiente para escalar ao topo das montanhas, e assim construíram para si uma filosofia que elegia o sopé como o lugar ideal. Os cristãos haviam desejado desfrutar os verdadeiros ingredientes da satisfação (ascensão social, sexo, proficiência intelectual, criatividade), mas não tiveram coragem de enfrentar as dificuldades que tais privilégios exigiam.

Passaram, então, a modelar um credo hipócrita condenando o que almejavam, mas eram fracos demais para tentar obter e, ao mesmo tempo, glorificar o que não desejavam mas que possuíam por acaso. A impotência tornou-se "generosidade"; a inferioridade, "humildade"; a submissão a pessoas odiadas, "obediência"; e, segundo as palavras de Niietzsche, a "incapacidade de vingar-se" foi transformada em "perdão". Todo e qualquer sentimento de pusilanimidade era revestido de santidade e distorcido para parecer "uma conquista voluntária, algo escolhido, uma proeza, uma realização". Adeptos da "religião do comodismo", os cristãos, em sua escala de valores, haviam dado prioridade ao que era fácil, não ao que era desejável, e desta forma drenaram o potencial da vida.

Urariano: Natal no shopping

U
Natal no shopping

* Por Urariano Mota, no blog Literário

Nesses dias de Natal, não quero lembrar por quê, fui ao shopping. Fui, e comecei a circular, o que no shopping é uma forma de andar. Circulo e circulo, enquanto rumino coisas que para mim mesmo não estão claras. Penso em beber, ah, como cairia bem um chope no shopping, como desceria bem o líquido sobre uma garganta sem eloquência. Então, súbito, cai sobre mim um som belo, lindo, que não identifico de imediato de onde vem. Sim, é Natal, mas não estou dentro de um conto d e Dickens. Então, de onde vem essa beleza que escuto, perdido num mundo de mercadorias?

“Eu preciso descobrir
a emoção de estar contigo
ver o sol amanhecer
como um dia de domingo...”

Olho, estou em frente a um restaurante aberto, e as pessoas bebem e comem e gargalham e batem copos e fazem pedidos com escândalo, aos gritos, possessas e porcas. Mas ainda assim a beleza resiste por sobre o mar de insensibilidade:

“Eu preciso respirar
o mesmo ar que te rodeia
e na pele quero ter
o mesmo sol que te bronzeia ...”

Então eu descubro de onde vem esse sopro de Dickens. Uma pianista velha toca solenemente a um canto. Ela não toca, vejo, ela desce os dedos com uma gravidade, com uma rigidez quase de mármore duro, como se fosse uma estátua que apenas movesse os dedos. Para quem toca essa velha pianista? Para que coração ela se dirige diante de uma barreira de barbárie?

“ Eu preciso te tocar
e outra vez te ver sorrindo
e voltar num sonho lindo...”

Ela me lembra de imediato os comediantes, os palhaços, os clowns que não riem. Mas não, essa lembrança diz respeito somente a seu rosto que não reflete a emoção do que toca. Os palhaços têm melhor sorte, porque o público a eles responde. A pianista velha, com a sua rigidez facial, percebo então, é um alto escudo para que não a insultem mais do que fazem agora enquanto gritam por mais carne e mais vinho e mais champanhe e mais a porra toda que o dinheiro compra. Agora compreendo que ela, dura como a pedra, responde com um “desprezo-os como me desprezam”. Aos gritos de carne e cerveja e chope, ela bate mais forte no teclado:

“Faz de conta que ainda é cedo...”
- Carne!
“.. e deixar falar a voz
a voz do coração.”

Que dignidade há nesses artistas que tocam sem que ninguém os escute! Saio. A decoração do shopping é de um vermelho extravagante. Pois esta não é a cor do Papai Noel? Saio, preciso de ar, vou para a rua. O mundo desconcertado pode não merecer concerto, mas tem lógica. Existe um fio que vai da festa da mercadoria até o público que não ouve a música de um artista digno. Tudo é shopping.

* Escritor e jornalista

Pedro Amorim: Abaixo o jingle bell

Pedro Amorim: Abaixo o jingle bell



DINGOMBEL É O CARAMBA
(Pedro Amorim)

Eu, deste ano em diante
Quero um Natal diferente
Mais parecido com a gente
Tropical e delirante.

Em vez de Papai Noel
Eu quero que me apareça
Uma Mula-sem-cabeça
Um Saci e uma Curupira

Todos tomando tiquira,
Cauim ou então cachaça
Fazendo grande arruaça
Pelas ruas da cidade.

Na mesa vai ter a vontade
Feijão, arroz e farinha
Peixada, bobó, canjiquinha
Maniçoba, moqueca e cozido

E também será servido
Churrasco e, de sobremesa,
Veja você que beleza:
Quindim, pudim, casadinho,
Bombocado e cajuzinho,
Olho-de-sogra e cocada
Da branca e também da queimada;
Chega a dar água na boca.

A garganta vai estar rouca
Pois em vez dessa cantiga
Que todo ano enche o saco
Vou puxar do cavaco
E cantar sambas da antiga.

Em vez de trenó e neve
Eu
quero, na madrugada,
Ter a cabeça molhada
Por um sereno de leve

Quero que a minha gente
Se encontre e se reconheça
Olhando o outro de frente
Sabendo ser diferente
Fazendo o Natal que mereça.

Luis Nassif: a inapetência administrativa de Serra

Independentemente das eleições do próximo ano, quando baixar a poeira permitindo uma avaliação serena de sua administração, o governador José Serra não entrará para a história da administração pública do estado. Pelo contrário, o balanço de três anos de gestão revela um mérito – administração financeira responsável – e uma falta de vontade de administrar poucas vezes vista no estado.

Por Luis Nassif, no Último Segundo

Mesmo a Geraldo Alckmin – que tem lacunas como administrador – não faltava vontade de fazer, embora tivesse dificuldades evidentes para escolher o secretariado e definir políticas públicas inovadoras.

No caso de Serra, um dos fatores que pesou foi o fato de, desde o início, estar com a cabeça na futura eleição para presidente da República. Com isso, toda sua energia passou a ser canalizada para articulações e para algo inusitado para um governante com sua responsabilidade: monitorar e responder às críticas da imprensa. Certa vez, em reunião do secretariado, admitiu que chega a gastar três horas por dia lendo os jornais e articulando reações ou respostas a pontos que não lhe agradam.

Costuma dormir às quatro da manhã. De madrugada passa mensagens pelo Twitter – sistema de mensagens curtas da internet. Dormindo tarde, começa a trabalhar tarde.

Seu dia não começa antes das 11 da manhã – em geral, em compromissos fora do Palácio Bandeirantes. Praticamente não participa das reuniões do Secretariado.

Cada secretário encolheu-se em sua área, faz o seu trabalho sem que Serra tenha noção clara do que acontece no seu governo. Nas reuniões, seu único empenho consiste em cobrar a aceleração de obras, para poder entregar no decorrer de 2010.

Entra no jogo apenas em momentos de crise. Quando isso ocorre, não raras vezes emperra o processo decisório com indecisões frequentes.

Na greve da Polícia Civil, por exemplo, permitiu que o caldeirão entrasse em fervura recusando-se durante semanas a receber representantes do movimento. Só tomou uma decisão quando eclodiram conflitos em frente do Palácio Bandeirantes. Na semana seguinte, aceitou sem pestanejar todas as reivindicações dos policiais – inclusive a de reduzir o tempo de trabalho para aposentadoria de 35 para 30 anos.

Quando explodiu a crise mundial, industriais paulistas procuraram o Palácio Bandeirantes atrás de medidas que ajudassem a amenizar o desastre – especialmente em máquinas e equipamentos, setor que experimentou queda de 40% na produção.

Serra passou meses sem receber as lideranças. Aí a Abimaq (que representa os fabricantes) acertou um pacto com a CUT e a Força Sindical – que ameaçaram com uma manifestação em frente o Palácio. Só aí Serra aceitou algumas concessões tributárias ao setor, além de destinar uma verba – proveniente de recursos da venda da Nossa Caixa – para financiamento ao setor. Já era mês de março.

Se estivesse à frente do governo federal, essa demora teria sido fatal para a superação da crise.

O resultado desse desinteresse se reflete no descontentamento que grassa em seu secretariado – no qual os secretários são desestimulados a mostrar seu trabalho e Serra, por desconhecimento do que se passa, é incapaz de mostrar realizações na imprensa.

O caso Detran 1
Logo no início do seu governo, foi estimulado por alguns secretários a tirar o Detran das mãos da Polícia Civil. Alguns funcionários, egressos do governo Mário Covas, lembravam-se do drama do governador. Necessitando de fundos de campanha, foi obrigado a aceitar a sobrevivência dos esquemas do Detran. Mas quando falava do tema, chegava a chorar de raiva e de impotência.

O caso Detran 2
Com Serra entrando, o caixa de campanha fornido, foi-lhe sugerido limpar a área. Serra recusou com receio da reação da cúpula da Polícia Civil. “Até Pernambuco, de Jarbas Vasconcellos, fez essa limpeza”, contava-me um alto funcionário do secretariado de Serra. Hoje São Paulo é um dos cinco ou seis estados da Federação que ainda não conseguiu romper com os esquemas do Detran.

A gripe suína 1
A dificuldade em gerenciar o estado explode em vários outros episódios. Jamais recebeu lideranças de suinocultores no Palácio. Quando ocorreu o famoso episódio da gripe suína – na qual Serra gravou uma entrevista (que virou campeã do Youtube) relacionando a gripe com os porcos —, vendo o estrago convidou o setor para um almoço. Todos foram para o restaurante Varanda Grill e ficaram aguardando o governador.

A gripe suína 2
Serra chegou atrasado, com uma equipe de TV a tiracolo. Mal cumprimentou os presentes, pediu um bife de carne suína, cortou um pedaço, levou à boca – tudo devidamente registrado pelos cinegrafistas –, despediu-se secamente e foi embora. A intenção foi apenas a de registrar cenas, caso os adversários resolvessem explorar o tema na campanha.

Esvaziamento 1
São Paulo tem as melhores universidades, os melhores institutos de pesquisa do país, as melhores empresas, a infra-estrutura mais completa, os melhores quadros intelectuais. Caso Serra ainda tivesse mantido a energia de outrora, poderia ter mudado a face do país a partir de São Paulo. Com sua inapetência administrativa, houve um afastamento gradativo dos melhores quadros do partido.

Esvaziamento 2
O grande desafio dos próximos anos será a recomposição da oposição, o renascimento do PSDB sob outra base. Aparentemente houve o esgotamento completo da geração que emerge das diretas. FHC já está fora do jogo; Serra joga sua última cartada. Mas o egocentrismo das velhas lideranças, o desaparecimento dos grandes vultos, como Franco Montoro, Mário Covas, impediram a renovação do partido. A nova geração surgirá apenas quando a velha for afastada pelo tempo.

Enviado por Rui Alves Grilo

Homenagem do Le Monde a Lula repercute no Estadão

Homenagem do Le Monde a Lula repercute no Estadão
Gilles Lapouge, o veterano correspondente do Estado de S. Paulo em Paris, comenta no jornal paulista desta sexta-feira (25) a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como 'personalidade do ano 2009' pelo jornnal Le Monde, que considera "o melhor periódico da França". Lapouge conclui, olhando a foto de Lula na capa do Monde, que a Providência desta vez "acertou em cheio", pois "valeu a pena". Veja o artigo.

Lula no jornal: 'Figura simpática'

O jornal Le Monde é o melhor periódico da França. Uma referência internacional. Na véspera do Natal, parte da sua primeira página foi ocupada por uma figura sorridente, simpática, simples - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este ano, com efeito, e pela primeira vez, o Le Mondenomeou o brasileiro "personalidade do ano", como faz na América Latina o Times.

O diretor do jornal explicou as razões. "Barack Obama? Ele merecia essa indicação no ano passado, mais do que este ano. Putin? Ou Mahmoud Ahmadinejad? Não, Le Monde pretende ser um jornal de reconstrução e de esperança. Na linha do "positivismo de Auguste Comte", ele toma o partido dos "homens de boa vontade".

Um retrato de Lula foi feito pelo correspondente do jornal no Brasil, Jean-Pierre Langellier. O fio condutor? O Brasil, que há tanto tempo tinha o rótulo interessante, mas deprimente de "país do futuro", encontrou finalmente o seu futuro. "Como um gigante por muito tempo adormecido, ele acorda, se endireita, se estica, descobre os seus músculos e olha longe, para além da sua própria imensidão, para o mundo, que aspira ser um dos principais protagonistas".

No texto, ele ressalta a espontaneidade do presidente. "Sua autoridade natural, seu carisma, seu humor despertam simpatia e respeito. Tão à vontade nas favelas quanto nas sessões de foto na primeira fila ao lado de chefes de Estado seus pares, Lula é popular aqui e lá".

Jean-Pierre Langellier destaca também a impressão que Lula provocou em outro homem fascinante, Barack Obama. Lula foi o primeiro dirigente americano a ir à Casa Branca e Obama recebeu-o, dizendo "ele é o cara". Mais adiante, acrescenta que "Lula foi o seu próprio herói. À força da inteligência, coragem e obstinação, ele se forjou um destino improvável que é um exemplo para os mais humildes".

Langellier fala dos discursos de Lula. "Sua trajetória fora do comum é confirmada por suas palavras. Quando ele evoca o destino dos camponeses do Nordeste obrigados a beber água suja do rio, ou a epopeia dos migrantes, desenraizados como ele e que se tornaram metalúrgicos na periferia de São Paulo, sua palavra é legítima". Mesmos nos raros momentos em que Lula se autoriza ser mais vulgar, sua palavra ainda assim tem algum peso. Como quando disse "quero tirar o povo da merda onde ele se encontra".

E Langellier continua com um desfile de sucessos e triunfos do Brasil, por exemplo em matéria econômica, mas insiste sobretudo na dimensão internacional que Lula quis, obstinadamente, se dar.

Há muito tempo, Lula declarou: "Quero mudar a geografia política e econômica do mundo. O Brasil não pode ficar sentado na cadeira esperando ser descoberto".

E seguem algumas etapas dessa subida do Brasil para as grandes cúpulas. A elevação do G-20, do qual Lula é um membro ativo, à condição de diretório informal da economia mundial e, depois, essa chacota de Lula: "Gostaria de passar à posteridade como o primeiro presidente brasileiro que deu dinheiro ao FMI. Emprestar para o FMI não é chique?". Em 2009, o Brasil emprestou US$ 1,3 bilhão ao Fundo Monetário Internacional.

Quando terminamos de ler o longo artigo de Langellier, voltamos à primeira página. E olhamos longamente a foto do presidente brasileiro.

E nos dizemos que a Providência ou o destino dos povos, tão cega, tão mal inspirada ou tão frívola no geral, desta vez acertou em cheio. Uma figura simpática como essa, realmente vale a pena.

Fonte: O Estado de São Paulo

enviado por: Rui Alves Grilo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Que yor nada: LuLa é o cara !

CRIMINOSO



Filme reforça o que existe de mais desprezível na sociedade e funciona como uma máquina de entorpecer mentes a fim de deixá-las conformadas frente à dura realidade.

- por André Lux, crítico-spam

Existem duas maneiras de se ver um filme como “Avatar”. A primeira é como pura peça de entretenimento da indústria cultural estadunidense e aí encher o texto com termos como “revolução digital” e outras tecno-baboseiras que vem junto com as suas campanhas publicitárias milionárias e são repetidas mundo afora pelos patéticos profissionais da opinião doutrinados pelo sistema. Outra é analisá-lo como o produto cultural de uma sociedade de consumo decadente e doente. Eu prefiro a segunda. Assim, a partir dessa visão, “Avatar” expõe e reforça tudo que existe de mais desprezível e grotesco nessa sociedade e funciona como uma verdadeira máquina de ludibriar e entorpecer mentes a fim de deixá-las conformadas e amorfas frente à dura realidade que as cerca.

O filme poderia ser resumido como “Pocahontas encontra Dança Com Lobos na Matrix” e tem uma história que não apenas é a mais batida de todos os tempos, como ainda por cima é altamente ridícula e absurda. Homem branco vai viver no meio dos “bons selvagens” e, depois de muita dificuldade e desconfiança, torna-se um deles, apaixona-se pela mocinha e luta com seus novos amigos contra seus próprios “irmãos” de raça, que querem destruir tudo em nome do lucro. Assim, os vilões do filme são os malvados executivos de uma corporação capitalista e, claro, os militares (que, ensina o filme, lutavam pela liberdade na Terra mas em Pandora não passam de mercenários sujos). Os primeiros querem devastar o planetinha dos bondosos aliens azuis para minerar suas terras e os segundos, bem, querem jogar prazerosamente o maior número de bombas em tudo e em todos. Clichês dos clichês!

Mas não seria essa uma mensagem ótima, especialmente para quem se diz de esquerda, ainda mais quando enfia no meio um monte de jargões ambientalistas e ecologicamente corretos que estão na moda atualmente? Poderia até ser, se os personagens não fossem incrivelmente rasos e caricatos e se tudo não fosse embalado por uma resolução catártica e redentora das mais podres que eu já vi na vida. É como se o diretor James Cameron tivesse investido 15 anos de sua vida na parafernália eletrônica que dá vida ao filme e cinco minutos na criação do roteiro. Mas, como eu disse antes, não é nem isso o que mais incomoda. O que é realmente repugnante é a maneira como todos esses clichês são elencados na tela até o final feliz abismal, que nos ensina que os bonzinhos sempre vencem e conseguem, inclusive, botar o terrível exército dos EUA para correr (como se eles não fossem voltar o mais rápido possível ao planeta e explodir tudo com bombas atômicas!).

E qual o sentido disso, o que está por trás desse tipo de mensagem aparentemente edificante em nível subliminar? Algo que ninguém parece perceber (ou prefere fingir não perceber): a necessidade de nublar a mente das pessoas e deixá-las acomodadas aos valores morais mais torpes e hipócritas que existem, já que podem ver realizados na tela do cinema todos os sonhos e desejos de redenção e vitória que nunca se realizariam no mundo real, deixando-as assim alienadas e entorpecidas. Ainda mais quando tudo vem reforçado com louvor a crendices sobrenaturais (que alguns chamam de “religião”), do tipo "reze bastante que um dia você será atendido"!

A serviço dessa mensagem obscena temos o que há de mais avançado em tecnologia digital disponível. E daí? Como bem disse minha esposa arquiteta, um projeto de arquitetura ruim não vai melhorar só porque foi apresentado no programa de maquetes eletrônicas mais poderoso que existe, certo? “Avatar” não passa então de um desenho animado feito em computador que vai ficar obsoleto daqui a alguns meses quando inventarem algo mais “revolucionário”.

Enquanto isso, somos ensinados por James Cameron e outros mal intencionados ou simplesmente ingênuos (de boas intenções o inferno está cheio, vide os igualmente catastróficos "Diamantes de Sangue" e "Wall-E") que não é preciso lutar contra o conformismo e as injustiças na vida real como fizeram Che Guevara, Ghandi ou Evo Morales, pois no mundo dominado pelo “american way of life” todos os seus problemas e erros serão resolvidos no cinema – de preferência embalados por uma trilha musical grotesca de James Horner (que após esse mico deveria se aposentar), centenas de efeitos visuais digitais e um óculos 3D na cara. Aí você pode sair do cinema de alma lavada, esquecer tudo o que viu e, de quebra, ganhar um bonequinho do filme ao comer um lanche venenoso do McDonald’s...

Criminoso.

Dois pesos, duas medidas.

LULA ENTREGA OBRAS E ELES O ACUSAM DE ELEITOREIRO
Lula entrega obras no Rio em clima de comício ao lado de Dilma e Cabral.
o palanque, presidente e pré-candidata defenderam ''continuidade'' do governo para evitar ''retrocesso''.

Depois de entregar apartamentos e laptops a moradores de Manguinhos, área pobre na zona norte do Rio, no segundo ato público do dia marcado por tom de campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua pré-candidata à sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, defenderam ontem a "continuidade" do governo para que suas obras não parem."Essas obras têm de ter continuidade, porque, se pararem, será um retrocesso para o País", disse Lula em entrevista. "E obviamente a Dilma não poderia falar diferente: eu quero continuidade."
Pouco antes, em discurso no palanque em que foram entregues chaves de imóveis e computadores, Dilma havia ido pelo mesmo caminho. "Nosso País está num momento excepcional. Vamos ter a continuidade do governo do presidente Lula, tenho certeza, não vamos deixar tudo que conquistamos voltar atrás." Lula classificou a declaração como "sabedoria de alguém que sabe que o Brasil não pode ter retrocesso".
Procurando demonstrar descontração, Dilma sorriu e lembrou a origem humilde do presidente. Condenou a falta de investimentos sociais de governos anteriores, chegou a se referir a si mesma como parte do povo local e também se referiu especificamente às mulheres - faixa em que tem pior desempenho, segundo as pesquisas. "Vamos fazer com que cada um dos moradores aqui de Manguinhos (...) tenha no seu coração a certeza de que nós vamos mudar a vida do povo brasileiro, (...) através da escola, da formação profissional, para que cada um de nós tenha uma profissão para trabalhar e ganhar o seu dinheiro", disse ela, que ainda bradou um "viva Manguinhos, viva a comunidade".
Lula negou que a campanha tenha começado. Dilma também disse não ser ainda pré-candidata. Os discursos de tom eleitoral tiveram como cenário a inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Manguinhos. Ali, foram entregues 416 apartamentos para famílias realocadas por causa de obras, além de centros cívicos, de geração de renda, de apoio jurídico e de referência da juventude e biblioteca.
Também foi instalado acesso grátis à internet, por wi-fi.
ALEMÃO
Mais cedo, no Complexo do Alemão, também para participar da entrega de chaves dos apartamentos, Lula passou uma hora na favela em clima de comício com Dilma e o governador Sérgio Cabral (PMDB), que disputará a reeleição.
O presidente deixou claro o apoio a Cabral e apostou na vitória do aliado. "A cada período nós vamos fazer um novo PAC. O Sérgio tem mais quatro anos de mandato."Lula prometeu um computador portátil em cada um dos 192 apartamentos construídos no Alemão, com acesso gratuito à internet. Os cinco primeiros foram entregues ontem. Lula lembrou que as obras foram possíveis "graças a este homem e a esta mulher, que é a coordenadora do PAC federal", referindo-se ao governador e a Dilma.
Quem visse a festa de ontem no Alemão poderia pensar estar a poucos dias da eleição, tamanha a empolgação dos políticos presentes. Só não havia a distribuição de panfletos típica do período eleitoral. Apenas um sobre o PAC do Alemão era entregue aos convidados.
Cabral assumiu a função de mestre de cerimônias e aproximou Lula e Dilma da população. Entrevistou moradores e animou a plateia. Usou até uma expressão do presidente que causou polêmica há duas semanas, durante visita ao Piauí. "O presidente Lula, que já pisou na merda , sem saneamento, que já andou desempregado, teve uma vida igual ou pior que vocês. O poder não subiu à cabeça dele. Por isso tem 80% de popularidade."
Estimulada por Cabral, a ministra fez um discurso não previsto. "Quando a gente vê as coisas realizadas, fica com essa alegria no coração. Um feliz Natal, mas também um Ano Novo de cabeça erguida, morando em condições dignas", disse.


MESMO JORNAL DA POSTAGEM ACIMA,VEJAM O TRATAMENTO DISPENSADO À SERRA,UM PRIMOR

Em evento em Santos, Serra é saudado como candidato.
ZULEIDE DE BARROS - Agencia Estado

SANTOS - O governador de São Paulo e possível candidato do PSDB à eleição presidencial, José Serra, negou-se a falar de política em evento da Operação Verão, hoje, na Praia do Gonzaga, em Santos. No entanto, colegas de palanque não se intimidaram em anunciar que Serra seria "a melhor opção para cuidar dos destinos do País", como o deputado federal e ex-prefeito de Santos Beto Mansur (PP) fez questão de salientar em seu discurso de saudação ao governador. Semelhante manifestação foi feita pelo atual prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa (PMDB).
Serra negou-se a falar das pesquisas pré-eleitorais, afirmando que não quer antecipar a campanha eleitoral. Indagado sobre que presente pediria ao Papai Noel, foi enfático: "sinceramente, peço melhor vida para os paulistas, que passem um bom fim de ano".
Com a proximidade do Réveillon, a população do litoral pula de 1, 6 milhão de habitantes para cerca de 3,3 milhões, evidenciando a necessidade de reforço policial, segurança nas praias e de maior rigor no abastecimento de água, entre outras medidas.

Promotora do DF recebeu R$ 1,6 mi em propinas do DEM

O ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa afirmou em depoimento à Polícia Federal que pagou propina para a promotora de Justiça Deborah Guerner, totalizando R$ 1,6 milhão. De acordo com Durval, o dinheiro foi pago em quatro momentos, para obter autorização do Ministério Público na prorrogação de contrato com empresas de coleta de lixo e em obras que seriam irregulares. A informação é da revista Época.

Durval disse ainda que Deborah afirmou que dividiria o dinheiro com o procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra. O ex-secretário afirmou ainda em depoimento que a promotora lhe entregou um aparelho celular para falar exclusivamente com ela.

Do blog A P L

Para ler e refletir e nos preparar para o grande embate de 2010.

PSDB teria vendido a Petrobrás''

Presidente da estatal diz que o Lula salvou a estatal de ter partes vendidas, caso os tucanos vencessem a eleição

por Roberval Angelo Schincariol e Tatiana Freitas

Seu orixá é Obaluaiê, o "dono da terra", como revelou à imprensa pela primeira vez nesta entrevista. Mas bem que o baiano José Sérgio Gabrielli poderia ser chamado de "príncipe do mar". Em seus quase quatro anos à frente da Petrobrás, ele anunciou a conquista da autossuficiência brasileira em petróleo (2006); a descoberta do pré-sal (2007-2008); e a consequente listagem da Petrobrás entre as maiores companhias de energia do mundo.

O que para muitos críticos não passa de um golpe de sorte, para Gabrielli, que assumiu a liderança da maior companhia brasileira no lugar de José Eduardo Dutra, em abril de 2006, o sucesso da Petrobrás é fruto de uma política de governo e só foi possível graças à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e à sua reeleição em 2006. "O presidente Lula fez a diferença", disse em entrevista exclusiva à Agência Estado.

Segundo Gabrielli, se o resultado das eleições tivesse sido outro, com a vitória de José Serra em 2002 ou de Geraldo Alckmin em 2006, a Petrobrás teria tomado outro rumo. "Partes da empresa poderiam ter sido privatizadas."

Mas Gabrielli também acredita no destino. Segundo ele, "há muita sorte em encontrar petróleo". Mas não apenas isso. "Você não perfura um poço a 300 quilômetros de distância da costa e a milhares de metros de profundidade apenas confiando que Deus é brasileiro." Afinal, de acordo com a crença, Obaluaiê foi adotado e criado por Iemanjá, a "rainha do mar". A seguir, os principais trechos da entrevista:

A "Foreing Policy" publicou uma matéria recentemente questionando o novo marco regulatório do pré-sal, principalmente no que diz respeito à participação do Estado na Petrobrás. Citando os dois possíveis candidatos mais em evidência, a revista afirma que se o governador José Serra vencer as eleições presidenciais de 2010, ele vai tentar reverter isso. Já se a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sair vencedora, as empresas internacionais terão de recorrer à Justiça. O que o sr. tem a dizer sobre isso?

Que a Foreing Policy, uma revista americana, é uma think-tank liberal que tenta influenciar a opinião pública. Uma crítica sobre a presença do Estado em uma empresa vinda da Foreing Policy é normal. O contrário é que seria novidade. Acredito que a proposta do governo para o pré-sal claramente aumenta o papel do Estado. E isso é necessário e importante porque essa é a tendência mundial. E sempre foi na área do petróleo, que é um produto essencialmente vital e estratégico para a vida moderna.

Mas há exceções, como...

Os Estados Unidos não estão ausentes da indústria do petróleo. O Estado americano pode não estar diretamente produzindo, mas está atuando fortemente via estoque regulador, via estímulo às suas empresas, via regulações. No caso brasileiro, me parece que a nova regulação reflete uma realidade distinta da antiga regulação. São diferenças importantes. A primeira é o acesso a capitais. Na década de 90, tínhamos um problema para termos acesso a capitais que hoje não existe. A outra é o acesso à tecnologia. Hoje a Petrobrás, em águas profundas, é a empresa que tem maior mobilização tecnológica e conhecimento, e opera 22% da produção de águas profundas no mundo.

Mas isso não é fruto de um longo processo?

Sim, vem num processo. Primeiro tem um processo de melhoria das condições macroeconômicas. Depois, do controle da tecnologia. E, terceiro, o risco da área exploratória é muito baixo. Hoje você tem essa situação bastante distinta. Anteriormente era uma lei voltada a ajudar e permitir que as empresas privadas capturassem todos os ganhos da atividade do petróleo.

O sr. acredita que se o presidente Lula não tivesse sido eleito em 2002 e reeleito em 2006, a Petrobrás teria chegado ao pré-sal no momento em que chegou?

Essa pergunta é difícil de responder diretamente. Eu diria o seguinte: até 2003, a Petrobrás estava sendo preparada para ter um conjunto de atividades com muita eficiência em vários ramos e com pouco ganho no sistema como um todo e estava sendo inibida no crescimento do seu portfólio de exploração. A partir de 2003, os investimentos aumentam, a Petrobrás tem uma participação mais ativa nos leilões, redefine sua organização interna de forma a ter um fortalecimento das atividades corporativas no conjunto da companhia e acelera a renovação de seus quadros. Isso foi uma mudança de orientação política na Petrobrás. Se seria possível atingir sucesso com a política anterior é difícil dizer. Agora, que o sucesso atual depende das mudanças feitas, isso é certo. Evidentemente que há muita sorte em encontrar petróleo. Mas apenas sorte não é suficiente. Você não perfura um poço a 300 km de distância da costa e a milhares de metros de profundidade só confiando que Deus é brasileiro.

Se o resultado da eleição tivesse sido outro, qual caminho o sr. acha que Petrobrás teria tomado?

Só posso reafirmar que a Petrobrás estava a caminho de se transformar numa empresa muito eficiente separadamente e que perderia a capacidade de integração entre as diversas áreas da companhia. Teria investimento e crescimento menores do que teve. Provavelmente teria menos preocupação com o controle nacional, portanto teria menos impacto no estímulo da indústria brasileira. Teria focado suas atividades em setores diferentes do que foram focados. E o resultado disso é difícil especular qual seria. Seria uma empresa diferente do que é hoje.

O sr. acha que ela poderia ter sido privatizada, por exemplo?

Como um todo, acho difícil. Mas partes dela poderiam (ter sido privatizadas). Seria difícil uma privatização total da Petrobrás, mas partes dela, sim.

Pelo atual valor de mercado, de cerca de US$ 200 bilhões, a Petrobrás é maior que muitos países da América do Sul. Quais sãos os planos da empresa para investimentos internacionais, principalmente nos países vizinhos?

Dos US$ 174 bilhões em investimentos (até 2013), US$ 16 bilhões estão reservados para a área internacional. A maior parte dessa quantia vai para os Estados Unidos. Nós temos nos Estados Unidos 270 blocos exploratórios no Golfo do México e uma refinaria. A nossa maior produção adicional internacional vem da Nigéria. Nosso investimento na América do Sul é em portfólio. Estamos crescendo na distribuição. Compramos redes de distribuição no Paraguai, Uruguai, Chile e Colômbia. Estamos concentrando nos investimentos na Argentina na área de exploração. Estamos iniciando atividades exploratórias no Uruguai. Estamos em processo de avaliação de descobertas de gás no Peru, atividades exploratórias na Colômbia. Basicamente nosso investimento na América Latina é um investimento de manutenção de nosso portfólio.

A saída do Irã foi realmente por motivos puramente técnicos como garante a Petrobrás?

Nós não saímos do Irã ainda. Tínhamos dois poços lá e o contrato terminou. Não entendo por que essa preocupação tão grande com o Irã. Ninguém da indústria do petróleo em sã consciência pode negar que o Irã é uma das maiores áreas de reservas de petróleo no mundo.

Nesse caso, é exatamente por isso a preocupação com o Irã...

Nós vamos manter nossa presença no Irã, mesmo que sem atividade prevista no país. Os poços que perfuramos estavam secos. Não encontramos nada. Paciência.

E para o Iraque, agora que as coisas parecem mais calmas por lá, a Petrobrás tem algum plano?

Não temos absolutamente nada no Iraque. Eles têm lá as preferências deles. O Iraque tem contrato de serviço. E isso não interessa à Petrobrás.

A preocupação mundial com as mudanças climáticas não poderia inviabilizar o pesado investimento atual da empresa no pré-sal a longo prazo, tendo em vista que os países buscam combustíveis considerados limpos para substituir o petróleo?

Com um crescimento da demanda de apenas 1% ao ano em média até 2030, como preveem as pesquisas, haverá a necessidade de se adicionar entre 55 milhões e 65 milhões de barris por dia de produção. E isso praticamente para manter o consumo atual.

Mesmo considerando a entrada de combustíveis limpos?

Sim. Por quê? Porque a economia vai crescer mais que 1% em média. E todo esse crescimento adicional leva em conta os novos combustíveis. De onde vem essa necessidade de 55 milhões a 65 milhões de barris? Do declínio da produção atual. Como há o declínio, haverá a possibilidade de repor esse petróleo.

Não se corre o risco de o preço do petróleo cair muito bem lá na frente com sua possível substituição?

Não. A nossa visão é a de que o petróleo vai cair, sim, mas em termos relativos. Hoje o petróleo representa cerca de 33% da matriz mundial. Lá por 2030, a commodity representará 28%. E quem vai substituir, na nossa visão? O carvão.

O carvão?

Sim, infelizmente, o carvão. E, consequentemente, em 2030, carvão, petróleo e gás natural vão continuar fornecendo 2/3 da matriz energética mundial.

Em quase 20 anos, nenhuma mudança?

Não. Para se ter ideia, os biocombustíveis terão aumento extraordinário neste período. Eles crescerão cerca de 100%.

Isso é uma boa notícia.

Você acha? Eles sairão de 0,4% da matriz energética para 0,9%. Grande diferença!

No blog da Petrobrás, o sr. reclama em um vídeo que os jornalistas perderam o interesse em perguntar sobre os biocombustíveis após o pré-sal...

(Risos) Isso porque vamos investir US$ 2,8 bilhões em biocombustíveis até 2013. Nossa capacidade de biodiesel dobrou. Tínhamos três usinas, com produção de cerca de 300 milhões de metros cúbicos, o que dobrará já no próximo ano. Estamos entrando no etanol, com a compra de participação em outras empresas.

Quais empresas?

Até o momento não temos nenhuma participação em etanol. Queremos comprar empresas o mais breve possível.

O sr. poderia fazer um balanço da Petrobrás nos últimos sete anos de administração petista?

A Petrobrás valia cerca de US$ 14 bilhões em 2003 e hoje vale cerca de US$ 210 bilhões. Hoje, temos um portfólio exploratório em crescimento no Brasil. A Petrobrás tem hoje 46% da sua força de trabalho com menos de nove anos de casa e 53% com mais de 19 anos. Houve uma renovação da força de trabalho dentro da empresa. A Petrobrás fortaleceu a sua estrutura corporativa. Entrou fortemente na área de biocombustíveis. Montou e consolidou a estrutura de gás natural no País. Em 2002 investia US$ 200 milhões por ano em refino. Hoje esse valor é mensal. Ampliou o market-share na BR (distribuidora). Comprou a Liquigás. É hoje a sexta maior empresa de energia do mundo e a segunda maior em petróleo, só perdendo para a Esso. Resumindo: um sucesso!

O sr. afirma então que a Petrobrás é o que é hoje por causa do presidente Lula?

O presidente Lula fez diferença (pausa). Acho que depende muito da orientação do governo, mas se a Petrobrás não tivesse capacidade de fazer, não seria o que é hoje. Mas o orientação clara do governo foi essa. A política de conteúdo nacional renovou a indústria do País. Temos hoje, com relação aos nossos investimentos, 74% de participação brasileira.

O governo vem sendo acusado pela oposição de usar o pré-sal como arma política para 2010...

A oposição tem de criticar sempre. Faz parte da democracia.

O sr. tem algum interesse político?

Não serei candidato, não pretendo ser candidato. Já fui candidato. A última vez em 1990.

Estadao

Ai, ai.

Comentário do Mainardi:

“Uma chapa formada por José Serra e Marina Silva embaralharia a campanha de 2010, pegando o PT no contrapé e enterrando de vez a desastrada candidatura de Dilma Rousseff.”

Hahahaha...

Vocês já imaginaram, a Marina apoiada pelo PFL, PSDB e PPS, e de quebra cercada pelo Serra, Alkmin, o presidente do PPS, Bornhausen, etc?

Seria no mínimo hilário.

Por Aguinaldo Munhoz

Serra: Nunca antes nesse país...

O povo de São Paulo pagou tanto pedágio
"Hoje, a Folha revela que arrecadação de pedágios nas rodovias paulistas vai atingir R$ 4,55 bilhões em 2009, nível recorde, 17,3% superior ao arrecadado em 2008. Os dados são da Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo)."


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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Aos que visitam o Contra a Maré....

O NATAL : HUMOR

PEDIDO DE NATAL

24 de dezembro, num shopping center. Uma garotinha chega perto do Papai Noel que a levanta e a coloca no seu colo e pergunta:


- Então, meu anjinho, o que é que você gostaria de ganhar no Natal?


A menina lhe dirige uns olhos arregalados cheios de ansiedade, e em pouco tempo duas lágrimas escorrem no seu rosto:


- Quer dizer que você não leu meu e-mail?


PENSAMENTO NATALINO:

" Se o saco de Papai Noel é de brinquedo, como é que ele conseguiu ser Papai?!"


A DOAÇÃO DO CARTEIRO

Era quase véspera de Natal e o garotinho precisava comprar um presentinho para a mãe. Então resolveu escrever uma cartinha para o Papai Noel escrita assim:

-"Querido Papai Noel: preciso comprar o presente da minha mãe, então gostaria de ganhar 100 reais do senhor. Obrigado."

Colocou a carta na caixa do correio. O carteiro que coletou as cartas viu que a carta do garoto não estava bem fechada e acabou lendo a carta. Com pena, colocou todo o seu pequeno salário de 99 reais em um envelope e mandou ao garoto. No dia seguinte ao Natal, encontrou outra carta mal colada do garotinho e resolveu ler. Estava escrito:

"Querido Papai Noel. Da próxima vez que for entregar o dinheiro, traga pessoalmente. O filho da p... do carteiro deve ter me roubado um real."

Salário Mínimo com Lula é o maior em 3 décadas; como a 50 anos, a UDN não quer o aumento.



Por Rodrigo Vianna


No início de 1954, Jango (que era, então, o Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas) propôs aumento de 100% para o salário mínimo.

A UDN (partido da direita, forte entre as classes médias no Rio e em São Paulo) se agitou. Os militares também se agitaram: como podia um operário ganhar tanto quanto um tenente? A pressão foi tanta que Jango perdeu o cargo. Alguns meses depois, sob acusações de todos os lados, Vargas perderia a vida, metendo uma bala no peito.

Veja o que o site da FGV informa sobre o episódio do salário mínimo - http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NoGovernoGV/Salario_minimo_e_saida_do_ministerio_do_trabalho:

“Os principais lances da crise são úteis para se dimensionar o montante da articulação oposicionista, e que se concluiria com o episódio do suicídio de Vargas, em agosto do mesmo ano. O ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha manifestou sua total contrariedade à proposta, secundado pelos membros da "banda de música" da União Democrática Nacional (UDN) – parlamentares que faziam muito barulho no Parlamento, sempre atacando Vargas. As acusações não eram novas, mas ganhavam virulência ante o desmedido da proposta em causa. Jango era um "manipulador da classe operária", "um estimulador de greves", "um amigo dos comunistas", que tinha como plano a implantação, naturalmente com o assentimento de Vargas, de uma "república sindicalista" no Brasil. Alimentando tais ataques havia um outro. O de que Vargas mantinha conversações secretas com Juan Perón, presidente da Argentina, no sentido da formação do chamado Pacto ABC – Argentina, Brasil, Chile – com evidentes contornos anti-americanos e tendências "socializantes". Uma mistura explosiva de má condução da política interna e externa, capaz de justificar até mesmo um pedido de impedimento do presidente.”

Alguma semelhança com as acusações contra Lula?

Lula – hoje - é acusado de conduzir uma política de integração com viés anti-EUA. A mesma acusação que pesava contra Vargas. Com relação ao mínimo, situação idêntica.

A UDN continua onde sempre esteve. A UDN – hoje, como há 55 anos - não quer aumento de salário mínimo: R$ 510 é a proposta de Lula para 2010.

Ainda zonzo, depois de uma viagem de 14 horas de carro (entre São Paulo e Florianópolis), eu tomava café no hotel agora cedo, e assistia ao “Bom (?) Dia, Brasil”. Alexandre Garcia desfilava ironia (ele se acha engraçado) diante da proposta de aumento. Frisava que isso vai ocorrer em “ano eleitoral”. A UDN não quer pobre ganhando mais. Ainda mais em ano eleitoral.
Isso fere os brios da UDN.

Verdade que a UDN que depende de voto (PSDB e DEM) não pode berrar contra o salário mínimo de R$ 510. Aí, sobra para o partido da imprensa.

A banda de música do Alexandre Garcia esqueceu de informar ao dileto público que a política de reajuste ao salário mínimo não depende só de “canetada” do presidente em ano eleitoral. Não. O governo Lula adotou uma política consistente (e permanente) de recuperação do mínimo. Reajuste real é concedido, sempre, com base no crescimento do PIB de dois anos antes. Lula tem meta para o mínimo. A UDN demotucana só tinha meta para inflação. Fazer o que... E ainda dizem que Lula “tem sorte”. He, He.

Não é sorte. São escolhas.

A política de Lula é muito mais consistente do que a canetada de Jango. É consistente. Isso apavora a UDN e sua banda de música na Globo.

Não é só o despeito com o pobre que ganha mais. É todo um ideário liberal que afunda.

Durante 15 anos, como repórter, cansei de entrevistar “consultores” e “economistas” que defendiam: o Brasil precisa fazer a “lição de casa”. Os anos 90 foram assim: “lição de casa”! Eu tinha engulhos a cada vez que ouvia essa expressão. Perdi a conta de quantas vezes isso foi ao ar na TV brasileira – como uma pobre metáfora de nossa subserviência...

A turma da “lição de casa” pregava: “superávit primário”, “controle dos gastos públicos”, “autonomia do Banco Central” (como se o BC fosse uma instituição acima do governo, quando ele é mantido com nossos impostos, e deve estar subordinado ao governo de turno) etc etc etc.

Isso tudo virou lixo depois da crise de 2008.

No primeiro mandato, Lula ampliou um pouco os gastos sociais (“esmola”, diziam), mas manteve a ortodoxia na economia.

No segundo mandato, livre de Paloccci, o governo ampliou sua atuação como indutor do desenvolvimento. Mantega conduz uma política livre das amarras da turma da “lição de casa”.

Hoje mesmo, véspera de Natal, Mantega está nos jornais a dizer que Banco Central não precisa ser autônomo, coisa nenhuma!

A turma da “lição de casa” não gosta disso.

A turma da “lição de casa” não gosta de Keynes. O sábio economista dizia (groso modo, perdoem minha simplificação) que a equação da economia se resolve quase sempre pela demanda, não pela oferta. Se há crise, estimule-se a demanda, e a roda volta a girar.

Foi o que Mantega fez em 2008 – com isenção fiscal para carros, linha branca etc. Lula também pediu aos pobres que seguissem comprando. E deu certo.

Deu certo porque Lula havia criado as bases de um imenso mercado interno de consumo: “bolsa-família”, salário mínimo com ganho real, reajuste para funcionalismo...

Tudo isso contraria a cartilha da “lição de casa”.

Vejam: o governo (com Mantega, no meio da crise) adotou políticas de isenção de impostos (“populismo” berraram alguns colunistas), e ainda assim a arrecadação voltou a crescer. Número de novembro indica aumento de 26% em relação a novembro de 2008 - http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u670008.shtml.

A turma que torce pela “deterioração das contas públicas” não deve estar entendendo nada.

Lula fingiu adotar a política fernandista. Mas superou essa política, sem alarde.

Lula fez o que Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares pregaram durante anos e anos! Lula construiu um mercado interno de verdade.

Serra – que não é tonto, e não é um “liberalóide” radical – sabe que não pode fazer campanha pregando “controle dos gastos públicos”. Isso servia para enganar a turma nos anos 90. O Brasil mudou. E o Serra sabe disso. Mas o Alexandre Garcia (com a turma mais tosca da UDN) não sabe.

Nem Obama mais acredita na doutrina liberal. Obama salvou a GM e alguns bancos com grana pública. Obama não fez a “lição de casa”?

Só a banda de música (na Globo e em alguns jornais) ainda segue a velha cartilha. É o passado, que se recusa a passar.

O passado será atropelado pelos fatos.

Ainda mais quando lemos que – com o reajuste para R$ 510 – o mínimo vai atingir o maior patamar em quase 3 décadas.

Lula colocou o capitalismo brasileiro em novo patamar. Os toscos capitalistas (ou aqueles que pensam representar os capitalistas, nas telas e nos jornais) não perceberam.

Dessa vez, a UDN vai ficar falando sozinha.

O suicídio dessa vez virá do outro lado. É a UDN que vai meter uma bala no peito se continuar se recusando a enxergar a realidade.

Azar da UDN.

PTB e PSD – se tiverem juízo – seguirão juntos, isolando a direita e mantendo o Brasil na rota do crescimento. Isso apesar de todos os problemas e insuficiências do governo Lula. É preciso – sim – fazer a crítica do governo Lula, pela esquerda. Mas sempre reconhecendo seus avanços.

Tudo leva a crer que Lula não vai se igualar a Getúlio. Não. Vai é superá-lo. Sem golpe, sem bala no peito. Tudo no voto.

É demais para a UDN. Coitadinha...

Fonte

Postado por Glória Leite

charge on line do bessinha

Emprego formal cresce o dobro do PIB

A retomada brasileira no pós-crise trouxe para o emprego um ritmo de crescimento que é o dobro do observado pelo conjunto da economia. Até setembro, o emprego formal cresceu 2,9% em relação ao estoque de empregados no fim do ano passado. Em comparação semelhante, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre foi 1,5% superior ao do último trimestre de 2008. Também em 12 meses, o emprego segue na frente, na mesma proporção: a alta até setembro foi de 0,95%, enquanto o PIB ficou 1%menor.

Após setembro, as contratações continuaram em ritmo acelerado até alcançar, em novembro, alta de 4,4% no ano, percentual que pode cair um pouco em dezembro, mas que ficará muito acima do resultado próximo a zero esperado para o comportamento do PIB ao longo do ano. Esse ritmo muito superior do emprego em relação à atividade, dizem os analistas, é próprio de momentos de retomada, da mesma forma que, em períodos de crise, a queda no emprego antecede à da atividade. Já em 2010, o ritmo dos dois indicadores deve ficar mais próximo ao padrão do período 2006 a 2008. O crescimento do emprego agora, dizem, reflete perspectivas positivas dos empresários sobre o futuro dos negócios.

Analistas consultados pelo Valor não têm dúvida em afirmar que as informações disponibilizadas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) na semana passada sinalizam um crescimento do PIB próximo, ou mesmo superior, a 6% no próximo ano - o maior, portanto, dos oito anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A forte abertura de vagas, em diferentes setores, ultrapassa a velocidade de recuperação da atividade, "contratando" o crescimento futuro. "Há uma clara relação entre emprego e PIB, afinal mão de obra é fator de produção, ou seja, sempre que há demanda para ser atendida, haverá, em maior ou menor escala, mais contratação de pessoal", explica Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.

O cálculo de elasticidade entre emprego e atividade demonstra que, na década, os indicadores de emprego foram amplamente superiores em anos de crescimento baixo. Entre 2001 e 2003, os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) - que computa a geração líquida de vagas formais para um universo mais amplo que o do Caged - , mostram o dobro do crescimento do PIB . Ou seja, cada 1% de aumento do PIB gerava uma ampliação de dois pontos percentuais no emprego.

A partir de 2004, a melhora no crescimento da atividade - que sai de 1,1% no ano anterior para quase 6% - estimula o mercado de trabalho, mas este deixa de crescer no dobro da velocidade do PIB e apenas acompanha sua ampliação, em um movimento típico de economias mais maduras. O acirramento das turbulências mundiais, no fim do ano passado, fez decair ambos indicadores.

A relação entre PIB e emprego não foi sempre próxima. Segundo Antônio Marcos Ambrózio, gerente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES, é possível perceber, na análise da Rais e do PIB dos últimos anos, três fases distintas. Ambrózio destacou o período entre 1996 e 2008. Em um primeiro momento, entre 1996 e 2000, a geração de empregos foi "muito ruim", com resultados negativos sendo apurados pela Rais. Ao mesmo tempo, a variação média do PIB não foi alta (2%). Entre 2001 e 2004, a média de crescimento do PIB não foi muito maior (2,7%), mas "há clara recuperação do emprego, que não é percebida se olharmos apenas os indicadores de atividade".

Segundo o pesquisador, a segunda metade da década de 1990 foi marcada pela "reorganização estrutural" das empresas nacionais, que passaram a lidar com a abertura comercial - promovida pelo presidente Fernando Collor, em 1990 - e o câmbio fixo valorizado - sustentado durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. "O modelo de negócios passou pelo fenômeno da racionalização do emprego, onde a corda estourou na hora de cortar custos", diz Ambrózio, para quem o efeito das medidas "foi benéfico para a economia, ao modernizar as relações empresariais e introduzir competição internacional", mas o processo "foi péssimo para o emprego".

A partir da virada da década, as empresas, reestruturadas, passam a contar com um regime de câmbio flexível e uma situação externa menos volátil que a anterior, quando uma sucessão de crises no mundo criou instabilidade no modelo firmado em altas taxas de juros para atrair capitais que sustentavam o câmbio fixo.

É a partir do biênio 2004-2005 que, segundo Ambrózio, a criação de vagas se acelera, acompanhando o incremento do PIB. Este, no período recente, acumulou crescimento médio de 4,6% - mais que o dobro do verificado na segunda metade da década passada.

O acirramento das turbulências no fim do ano passado, no entanto, reverteu parte do movimento ascendente do emprego e da atividade. Considerando dados da Rais, em 2008 foi a primeira vez na década que a variação líquida de empregos foi menor que o PIB - 4,9% e 5,1% respectivamente.

"Diante da incerteza quanto ao futuro, desencadeada pela crise, os empresários pararam de admitir e, em seguida, começaram a demitir", diz Bicalho, do Itaú Unibanco. "Este processo foi rápido e atingiu em cheio o setor industrial, que produziu mais demissões que serviços ou comércio", diz. Para o economista, o processo foi estancado entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, quando o fortalecimento do mercado doméstico consolidou nos empresários a expectativa de melhores condições de negócio. "Vimos, no período, que há clara relação entre atividade e emprego, uma vez que ambos tombaram no momento de crise, e voltaram a subir no mesmo momento", afirma Bicalho.

Para Fabio Romão, economista da LCA Consultores, a partir da recuperação da confiança, houve "dupla recomposição de estoques" para acompanhar o aumento da demanda doméstica. "A indústria passou a recontratar a mão de obra dispensada entre o fim de 2008 e o começo deste ano para ampliar a produção. Os estoques, produtivo e laboral, estão sendo reconstruídos", afirma Romão.

O economista da LCA observa que os resultados do Caged dos dois últimos meses, quando os números divulgados surpreenderam mesmo as estimativas mais otimistas do mercado, não podem ser equiparados às informações mais recentes sobre o PIB, que vão até setembro. "Apenas em março do ano que vem, quando o IBGE divulgar os dados consolidados quanto ao crescimento do PIB neste fim de ano, poderemos ter uma noção exata de quanto essa explosão do emprego representa", afirma Romão, para quem o PIB, na margem, crescerá 2,3% entre outubro e dezembro, legando um "carry-over" de 3% no PIB de 2010.

fonte: Valor Econômico

Justiça?



O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse terça-feira que a decisão do Superior Tribunal de Justiça de suspender os processos contra o banqueiro Daniel Dantas cria uma sensação de impunidade.

– No processo dessa repercussão, reflete no senso comum aquela conclusão clássica: os poderosos no Brasil dificilmente vão para a cadeia. Os poderosos no Brasil são inatingíveis pela Justiça – disse Genro, ao participar de cerimônia de assinatura de convênios do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Genro retirou dos ministros do STJ, no entanto, a responsabilidade pelo fato de ter sido suspensa a Operação Satiagraha. Genro enfatizou que eles agiram dentro da lei e que é preciso, na verdade, uma mudança na lei. – Obviamente algo tem que mudar na estrutura processual penal brasileira para que essas coisas não se repitam de maneira frequente, gerando essa visão de impunidade que, em última análise, se dirige para pessoas de alto padrão aquisitivo no país.

A decisão final em que a defesa do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, tenta anular o processo da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, só sairá a partir de 1º de fevereiro no STJ, quando o tribunal volta a realizar sessões após o recesso judiciário.

Na sexta-feira, o ministro Arnaldo Esteves Lima, do STJ, concedeu liminar em favor do banqueiro. A liminar determina a suspensão do processo contra o Opportunity até o julgamento do processo movido contra o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São Paulo. O banco questiona a isenção do juiz De Sanctis no julgamento do processo. Pela decisão, o juiz fica impedido de tomar qualquer decisão até que o STJ decida se ele é ou não suspeito para ficar à frente do processo – dependendo da decisão, o juiz pode ser afastado do caso. A Operação Satiagraha investiga supostos crimes financeiros atribuídos a Dantas.

“A decisão liminar proferida pelo ministro Arnaldo Esteves Lima suspende as ações penais em curso, referentes à Operação Satiagraha. A confirmação da declaração de nulidade de todos os atos jurisdicionais praticados pelo juiz Fausto de Sanctis, objeto da imputada suspeição, ainda depende do julgamento colegiado da 5ª Turma. Pelo teor da decisão proferida, infere-se que este habeas corpus deve ser levado a julgamento logo no início do próximo ano”, detalhou em nota o advogado Tiago Cedraz, responsável pela defesa de Dantas.

Além de o STJ suspender o andamento do processo da Satiagraha, o Conselho Nacional de Justiça recebeu duas novas representações contra De Sanctis. As duas representações apresentadas ao CNJ contra De Sanctis também forma movidas pelo banco Opportunity.

Do blog A P L

Depois da manipulação da pesquisa , a Folha diz:"Votos" de Lula podem igualar Dilma a Serra

A capacidade de transferência de votos que o presidente Lula demonstra ter elevando sua candidata Dilma Roussef (PT) ao atual patamar de 23% não se esgotou.

Uma análise mais detalhada da última pesquisa Datafolha mostra que há 15% de brasileiros que manifestam o desejo de votar no candidato apoiado pelo presidente, mas não sabem ainda que Dilma é sua escolhida, deixando de optar por ela.

Este percentual equivale, em termos quantitativos, à diferença que mantém José Serra (PSDB, 37%) na liderança do quadro mais provável de candidaturas nesse momento, formado ainda por Ciro Gomes (PSB, 13%) e Marina Silva (PV, 8%).

Para chegar a essa conclusão o Datafolha combinou os resultados de três perguntas: intenção de voto estimulada, grau de influência de Lula como cabo eleitoral e o conhecimento de Dilma como candidata do presidente.

Somando-se os que não escolhem Dilma, mas outro candidato (58%), os que optam por votar em branco ou anular (9%) e os que não sabem em quem votar (10%) chega-se a 77% da população adulta que não declara, neste momento, apoio à petista. Dentre estes, 21% afirmam que votariam com certeza em um candidato apoiado por Lula. Estes dividem-se em 6% que identificam Dilma como candidata de Lula e 15% que não sabem quem Lula apoia.

Há, portanto, 15% da população que, neste momento, não declara intenção de votar em Dilma, não sabe que ela é a candidata de Lula, mas afirma que votaria com certeza em um candidato apoiado pelo presidente.

Mas, para que isso se transforme em apoio real, há que se considerar as variáveis que agem sobre o processo eleitoral. Estratégias de comunicação e o posicionamento dos candidatos nos segmentos específicos do eleitorado tornam fundamental o conhecimento do perfil desses 15% de potenciais novos eleitores governistas, que ainda não identificaram a candidata de Lula.

A característica mais marcante desse estrato é a baixa escolaridade. Enquanto na média da população brasileira adulta, 48% têm grau de escolaridade fundamental, nesse segmento, essa taxa vai a 68%.

O mesmo ocorre com a renda. Na média, 43% dos brasileiros têm renda familiar de até dois salários mínimos. No segmento dos potenciais eleitores de Dilma, esse percentual vai a 59%. Além disso, 36% vivem no Nordeste e 20% no Norte ou Centro-Oeste, índices que superam a média em oito e cinco pontos percentuais, respectivamente.

Da Folha para assinante

Do blog A P L

Retomar o controle do Banco Central

por Luiz Carlos Azenha

Aqui na praia, de onde acompanho o blog à distância, capto a TV Educativa do Paraná.

De repente, aparece o governador Roberto Requião, dizendo que é hora de retomar o controle do Banco Central. Dizendo que o objetivo do capital financeiro internacional é fazer do Brasil "uma nova China", ou seja, um espaço que se subordine aos interesses maiores dos banqueiros internacionais.

O discurso de Requião me pareceu ser um discurso de campanha: nacionalista, em defesa da soberania nacional, elogiando o governo Lula, mas dizendo que é preciso avançar mais. Sinceramente? Gostei.

Considerando que Lula quer Henrique Meirelles de vice de Dilma -- seria o equivalente vivo da Carta aos Brasileiros, que tornou o governo Lula palatável aos banqueiros --, acho que Requião descobriu um espaço para avançar à esquerda.

Não sei se Bresser-Pereira fala em nome de alguma campanha. Ele tem ligação histórica com os tucanos. Será que José Serra pretende explorar essa brecha eleitoral à esquerda de Lula-Dilma?

Bresser, recentemente, escreveu que o Banco Central deve se subordinar ao povo, aos eleitos, não aos banqueiros. Vamos observar esse movimento.

Dolorido, mas necessário

por Luiz Carlos Azenha

A vinda do menino ao Brasil desrespeitou os direitos do pai. Tratava-se de uma disputa pela guarda de uma criança até que a mãe morreu. Depois, foi sequestro puro e simples. Sequestro sustentado "legalmente" por quem acredita que está acima da lei. Sequestro sustentado por matérias "amigas" no Fantástico e na revista Época. Ao menino de 9 anos não cabe opinar. Ele deve ficar sob a guarda do pai biológico. Quando fizer 18 anos, sim, poderá muito bem decidir viver no Brasil, na China ou na Nova Zelândia:

Quarta-Feira, 23 de Dezembro de 2009

Presidente do STF devolve S. ao pai

Mariângela Gallucci, no Estadão

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, determinou ontem a entrega do menino S., de 9 anos, para o pai, David Goldman, que vive nos Estados Unidos. Mendes restabeleceu decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região que determinou que o garoto fosse levado ao Consulado no Rio e cassou decisão tomada na semana passada pelo colega Marco Aurélio Mello, que ordenava a permanência do menino. Com isso, a partir da comunicação oficial à família, será reaberto o prazo de 48 horas para a entrega do menino ao pai.

S. veio para o Brasil em 2004 com a mãe, a estilista Bruna Bianchi. No Brasil, Bruna resolveu separar-se de David Goldman, não retornou aos EUA e, posteriormente, se casou com o advogado João Paulo Lins e Silva. Em agosto de 2008, Bruna morreu após o parto da segunda filha. De lá para cá, Goldman e Lins e Silva disputam a guarda do menino. Na semana passada, graças ao despacho de Marco Aurélio, a família tinha conseguido suspender a decisão do TRF que determinava a entrega do menino e consequente viagem para os Estados Unidos. Desse despacho recorreram o pai do garoto e a Advocacia Geral da União (AGU).

Gilmar Mendes concluiu que a manutenção do menino no Brasil é irregular e contraria um tratado internacional. "É importante considerar, inclusive, que o acórdão do TRF da 2.ª Região assentou a configuração de retenção ilícita do menor S., nos termos do tratado internacional. A repercussão jurídica, política e social - sobretudo em âmbito internacional - é de extrema gravidade. Assim, não há como se negar a ilicitude da conduta de manutenção da criança no Estado brasileiro".

Mendes ressaltou que a decisão judicial do TRF que determinou a entrega do menino ao pai assegurou um acordo de visitação entre os parentes brasileiros e americanos. Em seu despacho, ele reconheceu que a orientação do STF é no sentido de não ser possível julgar um mandado de segurança (ação movida pelo pai e pela AGU) com o objetivo de contestar um ato do tribunal (a decisão de Marco Aurélio, que determinava a permanência do garoto no Brasil). "No entanto, em hipóteses excepcionais, esta Corte já admitiu a impetração de mandado de segurança contra atos jurisdicionais irrecorríveis e exarados monocraticamente por ministros do STF".

RECURSO

A família materna do garoto S. pode em tese recorrer da decisão do presidente do STF, Gilmar Mendes. Mas um eventual recurso terá de ser analisado pelo plenário do Supremo, integrado pelos 11 ministros. O tribunal está em recesso e somente voltará a reunir-se no início de fevereiro. Como a decisão determina a entrega do garoto num prazo de 48 horas, será muito difícil encontrar agora uma saída jurídica que impeça a viagem dele para os Estados Unidos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

AOS VISITANTES DO CONTRA A MARÉ

A gastronomia e o Natal

Os rituais gastronômicos do Natal celebram o Menino Jesus?
Natal aqui é isso mesmo, é a televisão
FÁTIMA OLIVEIRA, em O Tempo
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br

Onde nasci não se falava muito em dia de Natal, era Dia do Nascimento, conforme escrevi em "O espírito dos natais passados: Natal ou Dia do Nascimento?" (23.12.2008). O centro da comemoração era o Menino Jesus, daí a imperiosa presença dos presépios e da "tiração de reis" - apresentação de reisados, iniciados na véspera do Dia do Nascimento, indo até ao Dia de Reis, 6 de janeiro. Os reisados são autos natalinos de uma beleza indescritível.

O adorável dos dias santos católicos, como Semana Santa e Natal, é o cardápio, já que o ponto alto de tais festas é a comilança, pois os rituais culinários são de dar água na boca. Um complicador contemporâneo é que as comidas tradicionais do Natal brasileiro foram relegadas ao esquecimento, tendo sido substituídas por costumes alimentares de países de clima frio.

Em minha família de origem, o almoço do Dia do Nascimento era sagrado, com peru e leitoa. Não havia a cultura de Papai Noel e nem de presentes. Isso era lá no sertaozão bravo, porque na capital, São Luís do Maranhão, o Natal já era infestado de Papai Noel, ceia de Natal e quetais, embora até hoje os presépios sejam venerados.

O escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, em "Jingobel, Jingobel (Uma história de Natal)", diz que na ilha de Itaparica, "Referentemente ao Natal, podemos dizer que temos aqui muitos tipos, dependendo. Já tivemos mais, porém o Natal é uma festa que nem todos reúnem condições, aliás, verdade seja dita quase que nenhuns aqui... Então o Natal aqui é isso mesmo, é a televisão".

Depois que tive a minha própria casa, a cultura gastronômica natalina europeia passou a existir, pois Natal para o meu marido era cultura europeia. Honestamente, continuo gostando muito mais do almoço de Natal do que da ceia natalina. Resolvemos o possível problema criando a nossa prole nas duas tradições gastronômicas.

O escritor colombiano Gabriel García Marquez, em "Estas sinistras festas de Natal" (1980), inicia dizendo que "Ninguém mais se lembra de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas e de fogos de artifício, tantas grinaldas de fogos coloridos, tantos inocentes perus degolados e tantas angústias de dinheiro, para se ficar bem acima dos recursos reais de que dispomos, que a gente se pergunta se sobra algum tempo para alguém se dar conta de que uma bagunça dessas é para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2.000 anos em uma manjedoura miserável, a pouca distância de onde havia nascido, uns 1.000 anos antes, o rei Davi".

E finaliza de modo contundente: "Tudo isso em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que erram de porta buscando onde desaguar ou perseguindo a esposa de outro que acidentalmente teve a sorte de ficar dormindo na sala. Mentira: não é uma noite de paz e amor, mas o contrário. É a ocasião solene das pessoas de quem não gostamos(...) Não é raro, como acontece frequentemente, que a festa acabe a tiros".

Corroborando Gabriel García Marquez com minha experiência de muitos e muitos plantões em pronto-socorros, tanto em 24 quanto em 31 de dezembro, posso dizer que o Natal é uma festa violenta - parentes quebrando garrafas de cerveja na cabeça de quem não gostam e muitos acidentes com crianças, principalmente em bicicletas e velocípedes novos. Bem mais violenta que as comemorações do Ano Novo, embora a primeira seja uma festa em família e a segunda "uma festa de rua".

A outra face do poder

Duas circunstâncias em que os fados estiveram fortemente empenhados em ajudar e uma
terceira na qual deu extraordinária demonstração de competência explicam por que o presidente Lula entra no último ano de seu segundo mandato no auge do prestígio planetário e com índices domésticos de aprovação inebriantes.

É o sucesso da economia que elevou o seu governo ao patamar de popularidade que tanto perturba o raciocínio dos partidos da oposição. Eles têm realmente motivos de angústia, quando vai se consolidando a expectativa de que a economia não vai crescer menos do que 5% (com risco de pular além de 6%) no ano das eleições gerais que vão desenhar a nova face do poder nacional.

Por Delfim Neto no blog Brasil, mostra tua cara

Leia mais na Carta Capital

charge on line do bessinha

Voto espontâneo: o número que atormenta Serra

No domingo, o UOL (que pertence ao grupo "Folha") passou horas com uma manchete que parecia feita sob encomenda para o governador de São Paulo: "Serra vence Ciro e Dilma no segundo turno, diz DataFolha".

Ok. Isso é fato. O "DataFolha" mostrou mesmo grande vantagem de Serra sobre os adversários num eventual (e ultradistante) segundo turno da eleição presidencial em2010.

Outro fato: Serra foi editorialista da "Folha". Era tratado com carinho especial pelo velho Frias. E retribuiu, dando o nome do patriarca da "Folha" para uma ponte e um hospital em São Paulo. Carinho com carinho se paga!

Tudo isso é fato.

Mas o fato mais importante a "Folha" escondeu.

A dez meses da eleição, qual o número mais importante numa pesquisa? Aquele que indica a intenção espontânea de voto.

Vocês prestaram atenção ao voto espontâne no último "DataFolha"? Talvez, não. Até porque os números ficaram escondidos. Eu só achei no blog do Fernando Rodrigues (que, apesar de trabalhar na "Folha", não briga com os fatos) - http://uolpolitica.blog.uol.com.br/.

Aqui, o trecho em que Fernando fala sobre a pesquisa espontânea, seguido pela tabela que ele publicou em seu blog...

"(...) cumpriu-se a profecia lulista segundo a qual Dilma Rousseff seria uma candidata competitiva em dezembro de 2009 (tese sempre repelida por tucanos). Mas é agora que o jogo começa de fato. Um indício é a pesquisa espontânea do Datafolha, quando os entrevistados apenas são indagados sobre em quem desejam votar, mas sem ver os nomes dos possíveis candidatos. Em agosto, 27% respondiam que votariam em Lula (o presidente não é candidato). Hoje, o percentual de Lula caiu para 20%. Um sinal de que parte do eleitorado lulista está percebendo que a eleição está chegando –até porque o percentual espontâneo de Dilma passou de 3% para 8%, empatando com Serra:

Volto eu.

Deixem Lula de lado, provisioriamente.

Reparem que - mesmo assim - a soma de votos em "Dilma", no "candidato do PT" e no "candidato do Lula" bate em 12%.

Serra tem 8%. Se somarmos os votos em "Aécio" e "Alckmin", teríamos os mesmos 12%.

Serra é o líder na pesquisa estimulada. Mas na espontânea ele patina.

Tudo isso sem levar em conta que Lula hoje teria 20% dos votos!

Hoje, esse é o número que atormenta Serra. E pode fazer com que ele desista da candidatura presidencial. Ainda mais sabendo que, se perder para Dilma, Alckmin (ou Ciro, com apoio do PT) pode asumir o governo paulista.

Seria o fim para ele.

Serra só será candidato se tiver coragem para desafiar o destino. Pra ele,é tudo ou nada.

Os números indicam que há grande chance de a liderança de Serra se esfarelar. "Tudo" pode virar "nada" antes de a Copa do Mundo chegar.

Quem conhece Serra sabe que ele não é dado a correr esses riscos.

Veremos em breve.

Aécio pode ser chamado de volta em março. E ainda há FHC, a espreitar o Brasil de algum lugar do passado. Quem sabe ele não se anima a empunhar a bandeira tucana, se Serra também desistir. Seria divertido...

Aliás, pergunta: FHC não é citado na pesquisa? Teve menos de1%? Ou ficou embolado com Eymael ali entre os "outros"?

Como "operar" o direito no Brasil

Lições sobre processo penal
Por Guilherme Hanesh, no blog do Nassif

Lições de processo penal, conforme ensinamentos dos sábios advogados do banqueiro. Leitura obrigatória para qualquer estudante de direito:

1) Quando a coisa apertar no Juiz de primeira instância, promova uma campanha de difamação contra ele na imprensa, pague lobistas, jornalistas e assessores de imprensa para dizerem que o Juiz é isso ou aquilo, lance suspeição sobre casos passados, assassine reputações, utilize sites de assessoria jurídica para reforçar as teses e depois vá a qualquer tribunal superior e alegue suspeição do magistrado. A suspensão do processo é líquida e certa.

2) Se o Juiz de primeira instância estiver julgando rápido, estiver convicto dos crimes, entupa o escaninho dele de petições. 100, 200, 300, 600, não importa, desde que sejam muitas. Alguma delas o Juiz não vai conseguir responder adequadamente, alguma delas será esquecida na mesa de um assistente qualquer, e basta isso para que se diga que o Juiz não respeitou o direito de defesa. Depois, vá aos tribunais superiores e pronto. Direito de defesa assegurado, juiz sob suspeição, caso encerrado.

3) Quando quiser alegar cerceamento de direito de defesa, é fácil: plante em um ou dois veículos de imprensa amigos a história de que entre as provas está uma agenda telefônica de alguém com dados comprometedores sobre qualquer coisa. Depois, diga ao Juiz de primeira instância que você não está achando essa informação, mas que o dado “saiu na imprensa” e que constaria entre as provas. Peça para o Juiz mandar escanear todas as dezenas de milhares de páginas do processo, copiar não sei quantas vezes todos os CDs e DVDs, passar para um pendrive todos os arquivos eletrônicos, e se possível peça isso para o dia seguinte. O Juiz certamente vai dizer que isso é desnecessário ou protelatório. Vá então ao STF e peça para que um ministro qualquer mande colocar tudo em um caminhão e mandar para Brasília. É garantia de sucesso.

4) Quando a coisa estiver feia mesmo, lembre-se que acima do Supremo há ainda o Conselho Nacional de Justiça, que é um Supremo de um homem só. Ali pode-se resolver qualquer parada, desde uso de algema até suspeição de juiz.

5) Na semana que começarem a ouvir testemunhas e suspeitos dos crimes praticados, sobretudo se o crime for lavagem de dinheiro e evasão de divisas para fundos Anexo IV, é fundamental soltar na imprensa camarada umas notinhas do tipo “as provas foram mal interpretadas” ou “misturaram fundos brasileiros com estrangeiros” ou ainda “nossos advogados, fulano e ciclano, garantem que todos os cotistas estarão protegidos pois atestarão que nunca fizeram nenhum depósito no fundo de Cayman”. Enquanto o ser humano não desenvolve a habilidade da telepatia, essa é a melhor forma de combinar depoimento.

6) Aproveite, sempre, a época do recesso do Judiciário para entrar com pedidos de habeas corpus ou liminares. O recesso acontece duas vezes ao ano, em um total de quatro meses por ano, então a chance de conseguir aproveitar uma data festiva dessas é de 25%. É nessa época que as decisões são tomadas por um homem só, que fica mais fácil falar com o juiz, desembargador ou ministro, e conseguir uma canetada com pelo menos dois meses de validade.

7) Não se preocupe se a lógica disser que todas essas medidas são absurdas. Você está no Brasil. Aqui, há independência entre os poderes, desde que a independência seja o Judiciário dá palpite em tudo, o Legislativo é dependente do bolso de alguém e o executivo tem ministros bananas que ou dão guarida às teses dos bandidos plantadas pela imprensa amiga, sobretudo no caso envolvendo maletas de espionagem, ou são bananas a ponto de abaixarem a cabeça para o auto-proclamado “chefe” do Judiciário. E o presidente? Ah, se você der sorte, o presidente terá 75% de aprovação e estará sem nenhuma vontade de colocar a mão nesse vespeiro.

Blog do Libération: Adeus EUA. Boa-tarde, Brasil!

Adeus EUA. Boa-tarde, Brasil!

18/12/2009, Anabella Rosemberg, Copenhague, Le Blog Off

De blog do jornal francês Libération, com tradução de Caia Fittipaldi


É verdade que, sendo eu argentina, o que aqui escrevo parecerá meio esquisito. Paciência. Acabamos de assistir, no quadro da total degringolada das negociações sobre o clima em Copenhague, ao fracasso final de uma superpotência (os EUA) e à vigorosa entrada em cena de uma nação (Brasil) que esperava impaciente para ocupar seu lugar.

Os discursos de Obama e Lula foram muito mais que discursos sobre as questões que se esperava que nossos chefes de Estado devessem resolver em Copenhague. Esses dois discursos, em minha opinião, marcarão para sempre a longa e tortuosa história do declínio do império norte-americano.

Recusar-se a negociar é o primeiro sinal de fraqueza dos “poderosos”. Hoje, Obama não deu qualquer sinal de qualquer flexibilidade possível, nos três temas que pôs sobre a mesa. E isso, depois de ter cuidadosamente evitado assumir que os EUA são os principais responsáveis históricos pela acumulação na atmosfera, de gases de efeito estufa.

Quanto a Lula... tudo é liderança, vontade, desejo, ambição. Evidentemente Lula não é perfeito – mas a questão não é essa. O que interessa é que Lula mostrou aos olhos do mundo que seu país está pronto para jogar o jogo dos grandes, na quadra principal.

Assistimos na 6ª-feira em Copenhague, já disse, ao fracasso de uma superpotência encarquilhada, curvada sobre ela mesma, afogada em instituições anacrônicas, sufocada por lobbies impressionantes, sitiada por mídias que condenam os cidadãos à ignorância e ao medo do próximo, e os fazem sufocar de medo do futuro.

É chegada a hora da potência descomplexada e abertamente ambiciosa e desejante do Presidente Lula. Lula não se assusta ante a tarefa de assumir o comando de um barco quase completamente naufragado.


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