sexta-feira, 29 de julho de 2016

JÁ ESTAMOS NA 3ª GUERRA MUNDIAL!


"Não sei com que armas a 3ª guerra mundial será lutada, 
mas a 4ª guerra mundial o será com paus pedras."
(Albert Einstein)
As estatísticas mais confiáveis demonstram que durante a 2ª guerra mundial, num período de cerca de seis anos (1939/1945), morreram diretamente na guerra e nas cidades bombardeadas cerca de 50 milhões de pessoas, entre militares e civis; milhões de outras ficaram mutiladas para sempre; e incontáveis seres humanos foram levados à loucura e ao suicídio por traumas de guerra. 

A população mundial era de pouco mais de 2 bilhões de habitantes, o que significa que o genocídio da guerra suprimiu 0,25% dos habitantes do planeta, correspondendo a um morticínio médio de 8,3 milhões de pessoas para cada ano do conflito. 

Um período deplorável da humanidade, no qual os horrores foram presenciados de perto por tantas e tantas pessoas, impactando também nas que os acompanhavam à distância, por meio da mídia de comunicação já existente (jornais, revistas, rádio, cinema e a incipiente televisão)! 

Acreditava-se que seria o último da história. Mas, como os seus pressupostos permaneceram intocados, cedo se viu que tudo permanecia na mesma, fato evidenciado na guerra fria que se sucedeu e que desembocou nas guerras da Coréia (1950/1953) e do Vietnã (1959/1970), com outros milhões de mortos entre militares e civis. Afora termos chegado em 1962 às portas extermínio da espécie humana, pois pouco faltou para a crise dos mísseis cubanos ser o estopim  de uma guerra nuclear entre EUA e URSS.  

E o que se observa, hoje, mundo afora? Vivemos outro tipo de guerra mundial, cujas características são mais abrangentes que as das duas grandes do século XX. É uma guerra não oficialmente declarada, sem o embate direto de exércitos em blocos, mas não menos letal. 
1945: Hiroshima depois da explosão da bomba.

É que a capacidade destrutiva nuclear de muitos países impede a declaração de guerra convencional de blocos, embora as motivações ainda sejam as mesmas do passado. 

Disse Caetano Veloso, na sua música Fora de ordem, que “Alguma coisa está fora da ordem/ fora da nova ordem mundial”; é que a nova ordem mundial está acentuando os genocídios e mortes da velha ordem mundial. Se não vejamos:
  • guerras civis nas quais exércitos convencionais nacionais e estrangeiros se digladiam (caso na Ucrânia, Síria, Somália, Afeganistão, Chechênia, etc.);
  • por golpes ou tentavas de golpes estados militares (como o do Egito e o que acaba de ocorrer na Turquia, para citar apenas dois);
  • violência urbana generalizada (crime organizado, conflitos entre policiais e bandidos ou entre bandidos policiais e concorrentes bandidos, milícias, traficantes, torcidas organizadas, adversários políticos, etc.);
  • aumento da fome e da volta de doenças que se consideravam praticamente erradicadas;
  • emigração desesperada de enormes contingentes populacionais por terra e por mar;
  • guerras do fundamentalismo religioso ou pela hegemonia econômica;
  • atentados terroristas indiscriminados em massa nas grandes cidades por racismo, homofobia, misoginia, e por aí vai. 
Não há estatísticas sobre o morticínio derivado desses fatores comuns à grande maioria dos países no mundo; mas, se existissem, o total certamente seria superior a dos óbitos causados pela 2ª guerra mundial. 
Um pesadelo do século 21: o terrorismo islâmico.

Isto significa que estamos numa guerra mundial muito mais perniciosa do que as do século passado; ou, se quisermos, que ainda estamos nelas, por extensão de tempo e ocorrências, na medida em que as suas causas permanecem motivando a barbárie genocida mundial, embora de forma diferenciada quanto ao seu modus faciendi.         

Diz-se que o pior cego é o que não quer ver; as sociedades mercantis, capitalistas todas, sejam elas neoliberais (defensoras do capitalismo liberal), keynesianas ou marxistas-leninistas (ambas adeptas do capitalismo de estado), padecem deste mal, pois preferem conservar suas cegueiras ideológicas. 

Ninguém quer enxergar que o mecanismo de transformação de um objeto de consumo em mercadoria implica toda uma estruturação social que vai desde a concepção da produção destinada ao mercado até a sua estrutura estatal, num mecanismo de mediação social irracional e segregacionista; uma lógica ilógica. 

E não é que todos ignorem a natureza desse mecanismo (apesar de sua essência ser desconhecida pela quase totalidade dos indivíduos sociais), mas porque admiti-lo significaria terem de sair das suas precárias zonas de conforto, das posições já consolidadas, partindo para o confronto com o novo. 

O novo representa o desconhecido, que pode ser um mal maior na mente de quem prefere a natureza do mesquinho mecanismo de mediação social do sistema produtor de mercadorias, ainda que, agora ele esteja chegando ao limite interno de expansão, o que prenuncia sua autofalência (e esta poderá nos arrastar a todos!). 
"Miséria social se transforma em guerras e mais guerras"

A guerra da barbárie em curso é o resultado do alheamento inconsciente coletivo medroso sobre a essência do que está posto. Considera-se que é melhor enfrentar os males conhecidos (o  assaltante armado da esquina; a bomba de um terrorista; a corrupção do político que lhe representa; as filas nos corredores dos hospitais, etc.) do que discutir formas alternativas de mediação social que prescinda mdo modelo anacrônico mercantil atual.    

Ninguém vai à raiz do problema, reconhecendo no capitalismo a causa primária das guerras ora em curso sob as mais variadas formas. É mais cômodo atribui-las à forma política da administração pública, à ganância do sistema financeiro e dos monopólios da economia real, à corrupção com o dinheiro (pretensamente) público estatal, à falta de solidariedade, à concentração de riqueza e muitas outras ocorrências e mazelas sociais que existem, mas que são questões que se situam como efeitos e não como causa, embora eles sejam a face explícita do cao, e como se nenhuma delas resultasse da natureza endógena do próprio capitalismo. 

O capitalismo, sistema desenvolvido com maior celeridade do século XIX até os dias atuais e que tem como marcos três grandes revoluções industriais (inglesa, de 1860 a 1910; fordista, de 1910 a 1970; e da microeletrônica de 1970), com sua lógica de imposição reificada, segregacionista e predatória da vida, não poderia gerar outra coisa se não miséria social que se transforma em guerras, guerras e mais guerras. 
Por Dalton Rosado

As quais agora se intensificam, pois estamos no momento mesmo da inviabilidade existencial do capitalismo, como consequência da incoerência e contradição dos seus próprios fundamentos. 

Será que a humanidade conseguirá superá-lo a tempo? 

Antropoceno: a era da manipulação da informação


"85,5% das importações audiovisuais da América Latina são originárias dos EUA, e elas estão tentando construir a ideia de que não existe aquecimento global.

 

Najar Tubino, Carta Maior

Enojar é o verbo inspirador deste texto. Depois de muito pesquisar sobre a concentração de poder no mundo hoje, onde 147 transnacionais controlam outras 43 mil, o que corresponde a 40% do mercado mundial, onde os três principais veículos de economia do mundo ocidental fazem parte da carteira de clãs conhecidos há séculos, como os Rothschild, Agnelli, ou já na era moderna, os Murdoch, donos do The Wall Street Journal, do Dow Jones e da Fox News, que divulga diariamente as mentiras sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global. The Economist, a revista inglesa de 1873 é a outra fonte, muito celebrada pelos neoliberais e conservadores por sua respeitabilidade, transparência e ética.
Ao iniciar 2016, a revista publicou uma capa sobre o Brasil quebrado e desorganizado, com uma foto da presidenta Dilma Rousseff cabisbaixa. Em agosto de 2015 a Pearson, dona da revista vendeu 50% das ações – 27,3% foram compradas pela família Agnelli, os outros 23,7% pelo próprio Grupo Economist. Ocorre o seguinte: os outros 50% pertencem aos Rothscild, aos agentes financeiros Schroder, aos Agnelli e a Cadbury, maior fabricante de doces do Reino Unidos, que foi engolido pela Kraft Foods, dos Estados Unidos. O detalhe: estas famílias detêm a maioria das ações classe A, que dão direito a indicar a maioria dos 13 membros da diretoria. Ou seja: eles mandam e estabelecem as diretrizes editoriais.


Negócio perfeito no capitalismo

Pior: o grande negócio da The Economist é o Economist Intelligence Unit, que em 2014 faturou US$93 milhões, mais do que os US$37 milhões do Financial Time Group, que publica o jornal FT, que também era da Pearson e foi vendido no ano passado para o grupo japonês Nikkei por US$1,3bi. Este é o funcionamento perfeito do capitalismo: os cães farejadores levantam a situação das empresas, dos setores econômicos em todo o mundo – inclusive faturando com a publicidade- depois entregam para os seus patrões, que no mesmo momento, sairão pelo mundo comprando ações, empresas, terras, de barbada. Um golpe que o clã dos Rothschild britânico instituiu no então poderoso império por Nathan, que se instalou na City londrina em 1809. 

A estratégia límpida e transparente, naquela época não tinha o sustentável, conhecida historicamente como o Golpe na Bolsa de Londres consistiu no seguinte: seus informantes presentes na Batalha de Waterloo forneceram o resultado final da carnificina ao patrão, logo em seguida começou a vender os papéis na Bolsa espalhando o boato que Napoleão vencera. Ao mesmo tempo, seus agentes passaram a comprar os papéis por ninharia. Logo depois, o poderoso império ficou sabendo da vitória do seu exército e os papéis explodiram. Então caía o Império Napoleônico e nascia oficialmente o império especulativo dos Rothschild.

No Planeta Mentira não há mudanças climáticas

Mas vamos voltar ao Antropoceno, o novo período geológico que será definido este ano, com as mudanças da espécie humana. Na realidade os mais de sete bilhões de habitantes do mundo não sabem exatamente em que planeta vivem. O controle exercido pelos 30 maiores conglomerados de mídia expõe apenas a sua visão da Terra. Nela, as mudanças climáticas, a destruição de florestas, a extinção de espécies, da miséria da própria espécie são apenas ingredientes do mercado, do sistema econômico que necessita crescer infinitamente, porque sem crescimento não haveria planeta. E afinal, como os 85 bilionários – com mais de 20 bilhões de dólares - poderiam viver e usufruir das maravilhas da natureza, com seus iates, seus clubes de golfe, seus carros esportivos, suas ilhas exclusivas?

Sem contar os outros 300, que estão na lista da Bloomberg, que possuem juntos US$3,7 trilhões e que ao longo de 2014 ganharam mais US$524 bilhões, segundo a pesquisa do professor Luiz Marques, no livro “Capitalismo e Colapso Ambiental”. Para reforçar um pouco mais o poder: as sete principais holdings financeiras dos Estados Unidos – JP Morgan Chase, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs, Metlife e Morgan Stanley detêm mais de US$10 trilhões em ativos consolidados, o que corresponde a 70,1% de todos os ativos dos Estados Unidos. São eles que controlam a riqueza mundial, dos 147 grupos que controlam os 43 mil – uma pesquisa do ETH Instituto Federal Suíço de Pesquisas Tecnológicas, de Zurique, selecionaram as 43 mil corporações entre 30 milhões.

Ricos não podem pagar impostos

Eles constataram que os banqueiros são os intermediários que possibilitam a articulação da rede. É claro que as famílias bilionárias do mundo participam de tudo isso. Sem esquecer, que parte desta fortuna, segundo a Tax Justice Network, pelo menos US$21 trilhões estão em paraísos fiscais. Porque o Planeta ficcional criado pelos conglomerados da mídia instituiu que os ricos não podem pagar impostos. Prejudica os negócios, o crescimento. Uma citação do final do livro de Thomas Piketty – O Capital no século XXI – que definiu 300 anos de dados sobre a desigualdade econômica em 669 páginas:

“- A desigualdade entre a taxa de crescimento do capital e da renda e da produção faz com que os patrimônios originados no passado se recapitalizem mais rápido do que a progressão da produção e dos salários. Essa desigualdade exprime uma contradição lógica fundamental. O empresário tende a se transformar, inevitavelmente, em rentista e a dominar cada vez mais aqueles que só possuem sua força do trabalho. Uma vez constituído o capital se reproduz sozinho, mais rápido do que cresce a produção. O passado devora o futuro”.

A desigualdade será a norma no século XXI

E pode investir em educação, conhecimento e tecnologias não poluentes, nada disso elevará as taxas a 4 ou 5% ao ano, como rende o capital. A experiência histórica indica que apenas países em recuperação econômica, como a Europa nos 30 anos gloriosos pós- segunda guerra, ou a China e os emergentes podem crescer neste ritmo por um tempo.

“- Para os que se situam na fronteira tecnológica mundial e em última instância para o planeta como um todo, tudo leva a crer que a taxa de crescimento não pode ultrapassar 1 a 1,5% ao ano, no longo prazo, quaisquer que sejam as políticas a serem seguidas. Com o retorno médio do capital na ordem de 4 a 5% é provável que a desigualdade das taxas de crescimento já citadas voltem a ser a norma no século XXI, como sempre foi na história.”

O divertimento ao invés da realidade

Conclusão: o Planeta criado pelos conglomerados continua executando a mesma plataforma, desde o século XIX, sendo que somente nos períodos posteriores às guerras mundiais que as fortunas foram taxadas. E o que faremos nós no século XXI? Já sabemos que o aquecimento aumenta, os eventos climáticos se aceleram e o agronegócio continua dominando mais áreas de floresta do planeta. Neste momento, entra a outra parte dos conglomerados de mídia – o entretenimento. A força da Disney Company – faturou US$45 bi em 201- e pagou US$21bilhões pela franquia da séria Star Wars e ainda produzirão outros cinco filmes.

E pretendem vender US$5 bilhões em produtos licenciados – videogames, publicações, música, brinquedos. O mercado é grande: parques temáticos em Paris, Hong Kong, Tóquio, agora em 2016, Shangai, na China. Compraram todos os talentos, a Pixar, de Steve Jobs- era o maior acionista individual da Disney -, os heróis em quadrinhos da Marvel, na figura canhestra do Homem de Ferro, rico, cibernético e arrogante. Depois ainda compraram os estúdios de George Lucas. Total: mais de US$15 bilhões. Ou seja, não acreditem em caos climático, divirtam-se.

No Planeta de mentira informação é entretenimento

A revista das famílias poderosas, a The Economist – fez uma daquelas matérias pegajosas sobre “a força” da Disney, em dezembro de 2015. Um trecho:

“- A estratégia deles é a seguinte: os filmes aparecem no centro, a sua volta estão os parques temáticos, os licenciamentos, a música, as publicações e a televisão, Cada unidade da companhia produz conteúdo e impulsiona as vendas das demais”.

É perfeito, se aliar isso a canais de esportes – ESPN – que fatura a metade da grana na Disney, que é uma das quatro líderes mundiais. As outras são: Google, que mais fatura em publicidade, depois a Comcast, que tem a maior rede de televisão a cabo do mundo, e é proprietária da rede NBC e da Universal. Depois vêm a 21st Century Fox, da News Corporation, de Rupert Murdoch; Viacom, dona da MTV e da Paramount, mas dividiu a corporação, criando a CBS Corporation, outra rede dos Estados Unidos. Na lista agora constam Facebook e Baidu, o Google chinês, em faturamento de publicidade.

85,5% das importações audiovisuais dos Estados Unidos

Mas eles não têm o poder dos conglomerados tradicionais. Faltou a Time Warner Company, dona da CNN, que é outra das bases de informação no mundo, além do Carlos Slim, dono da telefonia na América Latina, que agora tem 16,8% das ações do The New York Times, maior acionista individual. Último dado enjoativo desta que é a praga maior desta era geológica: 85,5% das importações audiovisuais da América Latina – 150 mil horas de filmes, seriados e programas jornalísticos- são originários dos Estados Unidos. E em todos estes conglomerados tem a participação acionária dos maiores fundos de investimento ou de pensões do mundo, como é o caso da Vanguard Group – 160 fundos nos Estados Unidos e 120 fora deles -, que estão processando a Petrobras nos Estados Unidos, e que os Rothschild são acionistas.

A família Rothschild – significa a casa do escudo vermelho, baseado no escudo da cidade de Frankfurt, onde Mayer Amschel Bauer, considerado o primeiro banqueiro internacional começou o império. Segundo a versão popular, com uma fortuna do nobre alemão Guilherme IX, que fugia de Napoleão, e deixou três milhões de libras esterlinas em dinheiro e obras de arte, para ele administrar.

Outros negócios dos Rothschild

Ele investiu bem, conta a lenda, que não dividiu um centavo dos lucros. Também diz a lenda que não são judeus étnicos, mas se converteram ao judaísmo no século oito da era cristã. Os Rothschild, em seus vários ramos, são detentores de tudo o que é importante no mundo. A De Beeres, maior empresa de exploração, lapidação e comércio de diamantes, os extratores de minérios Rio Tinto e Anglo American, como acionistas. O Barão francês Edouard, já falecido, em 2005 comprou 37% do jornal Liberation, considerado um veículo que defende ideias de esquerda.

Recentemente se associaram com os Rockfellers na Rússia unindo ativos de US$40 bilhões. Até hoje, as cotações do ouro são definidas no prédio da N M Rothschild & Co, que no Brasil se chama Rothschild, e trabalha no ramo de assessoria financeira, focada em fusões e aquisições, reorganizações societárias. Conta com 50 escritórios espalhados pelo mundo. No Brasil já prestaram serviços para o Itaú Unibanco, no fechamento de capital da Redecard, fizeram o laudo de avaliação do Santander Brasil, que vendeu parte do controle, além da BM&F, Camargo Corrêa, OI e Ambev.

No Laudo de avaliação do Santander, a Rothschild Brasil esclarece: que não possui informações comerciais e creditícias de qualquer natureza que possam impactar o laudo; não possui conflito de interesse, que lhe diminua a independência necessária ao desempenho da função. E que receberia US$800 mil pelo laudo. Algumas linhas adiante: e mais US$4,5 milhões pelo trabalho de assessoria do Santander S.A., que não é o Santander Brasil. Entenderam: tudo ético, transparente e sustentável. E nós estamos ferrados com este planeta mentiroso, que os conglomerados inventaram.

Najar Tubino, Carta Maior, via http://nogueirajr.blogspot.com.br/2016/01/antropoceno-era-da-manipulacao-da.html#more

TRABALHO ESCRAVO TERCEIRIZADO? ‘NÃO-ERA-COMIGO!’



Recentemente, houve mais um flagrante de trabalho escravo em confecção paulista contratada por marca de roupas chiques. Dessa vez, cinco bolivianos foram resgatados. Ali, todos – incluindo menina de 14 anos – trabalhavam mais de 12 horas diárias e viviam em condições degradantes, “situação famélica”, resumiu um dos fiscais.
As “estórias” já são antigas, se repetem e não têm nada de bonito. Costumam ser pequenas empresas terceirizadas que chamam homens e mulheres de baixa instrução e praticam diversas ilegalidades para poder oferecer preços menores.
Mas há outra reincidência – a da justificativa. Em nota, a contratante afirmou que “a empresa cumpre regularmente todas as normas do ordenamento jurídico “. Ou seja, é culpa da terceirizada, não via, não fiscalizava, “não-era-comigo”.
A desculpa também não é nova. Podia citar Pilatus, mas pulemos vinte séculos. Em Nuremberg, os nazistas falaram coisas parecidas: matança industrial de gente não era bem o meu setor, nunca perguntei sobre os vagões, “não-era-comigo”. Nos atuais processos de corrupção, donos de empreiteiras adoram dizer que eram gerentes irresponsáveis os molhadores de mãos, “não-era-comigo”.
É contigo, sim.
Terceirização inconsequente não é necessidade irresistível de quem se dispõe à sofrida tarefa de ser empresário. Terceirizar é opção administrativa semilegalizada que, essencialmente, serve para melhorar rentabilidade. Muito bem querer aumentar o lucro, mas pensemos em meios mais saudáveis.
Serviço terceirizado paga salários inferiores, produz muito mais acidentes, inclusive com óbitos, e gera imensidão de processos trabalhistas. Isso sem falar no troféu de escravidão contemporânea.
Hora de assumir o risco de ter dedinhos decepados e infâncias reduzidas como itens das etiquetas. Também aceite precarização de direitos, abarrotamento do Judiciário e amplo inadimplemento de dívidas trabalhistas no objeto social. Isso tudo, sem falar no troféu da exploração de escravos contemporâneos.
Apenas não diga “não-era-comigo”.
____________________________
[1] Professor e Presidente da AMATRA IV – Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4ª Região.
no: https://jornaleirotalisandrade.wordpress.com/2016/07/23/trofeu-de-escravidao-contemporanea/

Golpistas vão excluir 39 milhões de pessoas do Bolsa Família



A Fundação Perseu Abramo (FPA) lançou o estudo "Os Impactos do Plano Temer nas Políticas Sociais: o Caso do Bolsa Família, uma Análise do Documento Travessia Social – Uma ponte para o Futuro" (lançado pela Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB), que deve orientar a política social do governo federal enquanto Michel Temer ocupar a presidência. Este é um primeiro estudo de uma série que deve analisar os efeitos de um governo pós-golpe sobre a população brasileira.


Leia íntegra do documento

Marcio Pochmann, economista e presidente da FPA, e Ronnie Aldrin Silva, geógrafo e coautor do estudo, apresentaram alguns elementos do relatório. Segundo o estudo, confirmada a reorientação na política social, deve haver um grande retrocesso nas conquistas pós promulgação da Constituição de 1988, sobretudo no que se refere a programas de assistência social e transferência de renda, caso do Programa Bolsa Família (PBF), foco da análise.

“Até a década de 1980, o acesso à política social era determinado pelo registro em carteira assinada, ou seja, a política social agia como reguladora da cidadania. A maior parte da população não tinha acesso aos serviços sociais e dependia da filantropia ou precisava ter recursos para utilizar a rede privada. A Constituição de 1988 altera este padrão de política social e de certa maneira copia a experiência de países desenvolvidos, entre eles os europeus, ao instalar no Brasil uma política social universalista, que se propõe a envolver a todos, independente da condição pretérita”, disse Pochmann.

O presidente da FPA afirma que a principal preocupação do estudo está na tendência de que o novo governo interrompa esta trajetória, possivelmente caminhando para uma política social residual e focalista. “O que nós estamos apresentando aqui parte do pressuposto de que estamos diante de uma alteração profunda na orientação das políticas sociais existente desde 1988”.

Admitindo a diminuição do universo atendido pelo PBF aos 5% mais pobres e comparando este percentual com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE), a análise do Plano Temer mostra que a tendência é de que hajam apenas 3,4 milhões de famílias assistidas, ou seja, 10,5 milhões de famílias em situação de pobreza devem perder o benefício.

A versão mais recente da Pnad mostra que em 2014 haviam 14,3 milhões de famílias pobres. Tomando estes dados por referência, o número de famílias pobres não atendidas deve aumentar para 10,9 milhões, ou seja, a cobertura deve sair patamar atual de 97,3% do total de pobres assistidos para um atendimento de apenas 23,7% - 39,3 milhões de pessoas seriam excluídas do programa de transferência de renda.
http://segundocliche.blogspot.com.br/2016/05/golpistas-vao-excluir-39-milhoes-de.html

O golpe explicado aos golpistas



convite2

O evento-encenação da "célula amadora" dos terroristas de paintball



Saem bolivarianos e comunistas e agora entram terroristas islâmicos. Sim! Nós também temos terroristas. “Células amadoras” onde o batismo é feito através de webcam, compram armas do Paraguai pela Internet e pretendem fazer “treinos de lutas marciais” a poucos dias dos jogos olímpicos, suposto alvo dos intolerantes religiosos. Isso quem disse foi Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, em uma coletiva convocada numa atmosfera de pompa e gravidade. Uma “investigação sigilosa” que, ao mesmo tempo, pode ser divulgada à Imprensa. E a grande mídia repercute com seus correspondentes no Exterior para que, definitivamente, esse País seja levado à sério. Esse é mais um exemplar de uma longa história de “eventos-encenação” (Umberto Eco) que começa com o casamento de Lady Di e Príncipe Charles, passando pelos mísseis jogados no Sudão e Afeganistão por Bill Clinton para desviar a atenção de um escândalo sexual em 1998 até essa desajeitada estratégia do governo Temer repleta de contradições, timing e oportunismo, com direito a foto de um “terrorista de paintball”.


No ápice do escândalo sexual do presidente Bill Clinton envolvendo uma estagiária e charutos em pleno Salão Oval da Casa Branca em 1998 e a ameaça de sofrer um impeachment, o Governo respondeu ao ataque terrorista a duas embaixadas norte-americanas na África com um ataque de mísseis de cruzeiro contra alegadas posições terroristas no Sudão e Afeganistão. Muitos analistas viram nessa ação uma estratégia para derrubar a pauta midiática do escândalo. O Departamento de Estado falou que tudo foi “mera coincidência”.

E naquele mesmo ano era lançado o filme Mera Coincidência (Wag The Dog) que acompanha um presidente também envolvido em escândalos sexuais que precisa reverter a agenda da mídia a poucas semanas do final da campanha da reeleição. Contrata um conselheiro de relações públicas e um produtor de Hollywood para produzir uma guerra fictícia envolvendo supostos terroristas albaneses em guerra cenográficas em chroma key e muitos vídeos “vazados” para os telejornais – sobre o filme clique aqui.

Tanto na realidade como na ficção, esses exemplos tratam de dois elementos fundamentais na política: o timing e o oportunismo. E quando esses dois elementos estão presentes simultaneamente em um fato político há 99% de possibilidade de tudo ter sido manufaturado, seja em uma False Flag, Inside Job, factoide, pseudo-evento ou um evento-encenação.

Filme "Mera Coincidência" (1998): terrorismo em chroma key

A poucos dias do início das Olimpíadas no Rio, o ministro da Justiça Alexandre de Moraes convoca a imprensa e anuncia que a Polícia Federal prendeu um grupo de dez brasileiros que conversavam em aplicativos de comunicação, como o WhatsApp, sobre intolerância racial, ódio e islamismo. E finalmente foram presos quando os comentários passaram para “atos preparatórios”  como comprar arma pela Internet de uma loja paraguaia e planejar fazer treinamentos de artes marciais.

Uma célula do Estado Islâmico no Brasil? Sim, e para o ministro trata-se de uma “célula amadora”.

A coletiva à imprensa foi cercada com toda pompa e atmosfera de gravidade necessárias – o ministro levantou a bola para ao longo do dia a grande mídia chutá-la para frente através dos seus correspondentes internacionais, ávidos pela possibilidade do Brasil também estar no circuito do terrorismo internacional e ser um país respeitado. Sim! Nós também temos terroristas. Embora ainda “amadores”.

A coletiva: pompa e atmosfera de gravidade

Eventos-encenação, telegenia e canastrice


Umberto Eco em seu texto clássico Televisão: a Transparência Perdida(texto do livro Viagens na Irrealidade Cotidiana, Nova Fronteira, 1983) descrevia como a irrealidade cotidiana estava sendo progressivamente transmitida por uma nova forma de TV: a “neotevê” - aquela televisão onde a realidade deixou de ser menos os fatos imprevisíveis e espontâneos do que aqueles habilmente produzidos para se encaixar confortavelmente no script pré-estabelecido da grande mídia – sobre esse conceito clique aqui.

Para Eco, o casamento da família real inglesa (o “Royal Wedding”) em 1981 teria sido o acontecimento inaugural:  produzido e roteirizado para ser telegênico e encaixado na grade de programação da BBC.

São os “eventos-encenação” onde relações públicas, marqueteiros e jornalistas transformam-se em consultores para a produção de eventos que consigam juntar em um único lance timing e oportunismo.

Contando com a rápida repercussão pela Neotevê. Afinal, os eventos-encenação têm appeal, telegenia e canastrice com design cuidadosamente planejado para a mídia – reparem no personagem canastrão criado pelo ministro Alexandre de Moraes:  um misto de Kojak com um estudado olhar grave que frequentemente entra em conflito com sua fala gaguejante e engasgos constantes. Mas diferente do ministro, o velho Kojak da série dos anos 1970 era um policial que não se levava a sério...

Ministro da Defesa: pronto para a ação em seu colete de campanha...

Eventos-encenação são contraditórios


De início, um evento-encenação apresenta muitas contradições pela sua natureza esquizofrênica: embora encenada, tem que aparentar espontaneidade e a fatalidade do destino.

(a) A expressão “célula amadora” ‘e uma contradição de termos: “célula”, um conceito tático de um movimento político organizado, com característica “amadora”. O ministro teve que criar um conceito inusitado para a mídia engolir a história de jovens se comunicando no WhatsApp e comprando armas pela Internet;

(b) O ministro declarou que nomes dos brasileiros seriam mantidos em sigilo para, segundo ele, assegurar o êxito das novas fazes de investigação. Como é possível sigilo em uma ação já amplamente repercutida na mídia pelo próprio ministro. Na Europa e em países acostumados a lidar com atos terroristas, as investigações são sempre mantidas em sigilo para que não sejam atrapalhadas e nem crie pânico desnecessário.

(c) A necessidade da prisão do grupo suspeito veio a partir do momento em que passaram para “atos preparatórios”. A poucos dias das Olimpíadas a “célula” decide (ou foi “acionada”) partir para ação, comprando armas pela Internet e decidindo treinar “artes marciais”. Tudo em cima da hora, numa ação que, mesmo para aqueles que assistem a filmes de ação (provavelmente a formação da “célula amadora”), sabem que uma ação terrorista num evento dessa magnitude levaria meses para ser planejada.

(d) As prisões foram feitas com base em uma única evidência: conversas em aplicativos como WhatsApp. Mas não estamos no país onde juízes tiram o serviço do aplicativo do ar como sanção pelo serviço não fornecer à Justiça os registros de conversas entre usuários? Essa contradição foi apresentada ao ministro na coletiva. Alexandre de Moraes gaguejou mais do que o normal.

Agora vamos ao núcleo político de um evento-encenação: timing e oportunismo. Evento que de tão conveniente, passamos a nos perguntar: quem sai ganhando?

O terrorista de paintball: uma questão de corte do enquadramento

Evidências de encenação


Manchetes de jornais e imagens telejornalísticas morderam a isca oferecida pelos ministros da Defesa e Justiça e desenvolveram a habitual narrativa clichê: brasileiros barbudos, convertidos ao islamismo e, ainda, um deles respondia dúvidas sobre aulas de árabe em um grupo no WhatsApp.

Mas chega a forçar a barra no limite da irresponsabilidade ao transformar um “terrorista de paintball” em ameaça real aos jogos olímpicos. Em rede social um internauta mostrou a foto utilizada por veículos de comunicação e autoridades na qual um dos suspeitos parece empunhar uma arma de grosso calibre. Essa foto é comparada com a original, sem o corte de enquadramento. Percebemos que a arma é nada mais do que um equipamento usado em paintball para disparar pequenas bolas de tinta nos adversários do jogo - sobre isso clique aqui.

Nada como uma arma escura e um rosto barbado e “étnico” para criar uma ameaça pública...

Timing


A convocação emergencial de coletiva a imprensa veio em momento perfeito - com direito a imagens na TV com o ministro da Defesa Raul Jungmann vestindo uma espécie de colete de campanha e dando novas declarações esquizofrênicas (falava em “calma” e “segurança” após a fala grave e gaguejante de Alexandre de Moraes) acompanhado de militares com roupas de camuflagem como “papagaios de pirata”.

Tudo acontece após o massacre em Nice e a poucos dias dos jogos olímpicos. E também em meio a um ataque em um shopping em Munique, Alemanha. Isso após um outro ataque a machado em um trem em Würzburg, também Alemanha – e, como sempre, o “terroristas” ou se matam ou são mortos no final pela polícia – sobre como identificar o script de um False Flag clique aqui.

Como sabemos, um Estado autoritário deve sempre contar com um inimigo externo para criar legitimidade pelo medo e terror. O atual governo interino de Michel Temer sabe que a sua missão é amarga e ingrata: enfiar goela abaixo do populacho todas as medidas neoliberais antipopulares, antissociais e anti-trabalhistas – Estado mínimo e financismo máximo.

Bolivarianos e comunistas perderam a força de apelo que levou milhares de camisas amarelas às ruas. Agora é o momento de criar um novo inimigo: o poder do Estado Islâmico arregimentar brasileiros através da Internet. Terroristas e homens-bombas estariam entre nós. Muito embora eles já estejam há anos aqui com o crime organizado (PCC) que explode caixas eletrônicos e corrompe a Polícia Militar.

Desviar a atenção da mídia internacional?

Oportunismo – quem ganha?


O impeachment da presidenta Dilma deve ir a julgamento final em agosto, em meio aos jogos olímpicos do Rio. Elevar o alerta de terrorismo é a clássica estratégia de desvio da atenção no momento em que jornalistas e o mundo inteiro estarão olhando para o Brasil.

O fato de Dilma não ter renunciado e ter se convertido em uma “denúncia viva” do golpismo brasileiro ao viajar pelo País e dar entrevistas a correspondentes estrangeiros, transformou-se num problemas de relações públicas para o governo interino.

Um alerta de terrorismo é conveniente para derrubar a pauta midiática atual  concentrada em impeachment + crise econômica + Lava Jato.

Além disso, ganha também a grande mídia, principalmente a TV Globo. Nos últimos anos de queda de audiência vertical pela concorrência da Internet e tecnologias de convergência, é facilmente perceptível no seu telejornalismo a demonização da Internet: terra de ninguém onde ocorrem golpes financeiros, pedofilia, pornografia, pirataria vício, dependência, Deep Web etc.

E agora, além de torcidas organizadas de futebol que marcam encontros violentos pelas redes sociais, temos o Estado Islâmico cooptando brasileiros com “batismos virtuais” diante de um estandarte negro  transmitido por webcam.

Para uma emissora como a Globo que sempre sentou em cima de mercados de novas tecnologias para evitar concorrência com a TV aberta (vide o caso da TV por assinatura nos anos 1990-2000), o governo Temer poderá trazer as condições ideais: crise econômica e recessão para forçar todos, com dinheiro curto, ficarem em casa e ter a TV como única fonte de entretenimento; e demonização das ameaçadoras novas tecnologias.
Vi no: http://cinegnose.blogspot.com.br/2016/07/o-evento-encenacao-da-celula-amadora.html?spref=bl