Vocês reparem:
- Serra pautou caso da Receita; quando Leandro Fortes mostrou que a filha Verônica tinha quebrado milhares de sigilos, Serra trocou de assunto;
- aí veio o caso Erenice, governo nas cordas; quando Erenice foi demitida (sem que se provasse nenhum contato de Dilma com os lobbystas), Serra trocou de assunto;
- aí vieram a moral e os bons costumes; Serra terceirizou os ataques para os bispos (tucano adora terceirizar tudo, até a Inquisição seria terceirizada sob um governo tucano); Dilma perdeu a chance de liquidar a eleição no primeiro turno porque a campanha dela demorou pra dar uma resposta à boataria religiosa; agora, isso também já está respondido, até porque Serra mesmo assinou portaria pró-aborto; suponho até que Serra passou um pouco do ponto, arriscou-se ser carimbado como #aiatoláSerra, perdendo votos de centro, nas classe médias urbanas.
A campanha de Dilma respira aliviada. Pronto, passou… Tolinhos. Agora, virá Petrobrás. Depois, a Dilma guerrilheira. E assim até a reta final.
Como pode um governo com 80% de aprovação aceitar esse jogo? É o costume de jogar na defesa, tocando a bola de lado.
O Lula e a Dilma parecem o Parreira. Time deles só toca a bola de lado. Pode até ganhar desse jeito, mas vai ser nos pênaltis com Baggio chutando a bola pra fora. E tinha time pra ganhar no tempo normal….
Por isso, agora é a hora de deixar o parreirismo de lado, e partir pra cima. Do contrário Dilma e seus apoiadores vão passar um mês pautados pela oposição midiática.
Não sou eu, apenas, quem estou dizendo. É o Mino Carta. Ele sabe das coisas.
Confiram…
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DILMA, MOSTRE QUE É DE BRIGA
Mino Carta, na CartaCapital
O Brasil merece a continuidade do governo Lula em lugar da ferocidade dos eleitores tucanos
As reações de milhares de navegantes da internet envolvidos na celebração dos resultados do primeiro turno como se significassem a derrota de Dilma Rousseff exibem toda a ferocidade – dos súditos de José Serra. Sem contar que a pressa de suas conclusões rima sinistramente com ilusões.
Escrevi ferocidade, e não me arrependo. Trata-se de um festival imponente de preconceitos e recalques, de raiva e ódio, de calúnias e mentiras, indigno de um país civilizado e democrático. É o destampatório de vetustos lugares-comuns cultivados por quem se atribui uma primazia de marca sulista em relação a regiões- entendidas como fundões do Brasil. É o coro da arrogância, da prepotência, da ignorância, da vulgaridade.
É razoável supor que essa manifestação de intolerância goze da orquestração tucana, excitada pelo apoio maciço da mídia e pelos motes da campanha serrista. Entre eles, não custa acentuar, a fatídica intervenção da mulher do candidato do PSDB, Mônica, pronta a enxergar na opositora uma assassina de criancinhas. A onda violeta (cor do luto dos ritos católicos) contra a descriminalização do aborto contou com essa notável contribuição.
Ocorre recordar as pregações dos púlpitos italianos e espanhóis: verifica-se que a Igreja Católica não hesita em interferir na vida política de Estados laicos. Não são assassinos de criancinhas, no entanto, os parlamentares portugueses que aprovaram a descriminalização do aborto, em um país de larguíssima maioria católica. É uma lição para todos nós. Dilma Rousseff deixou claro ser contra o aborto “pessoalmente”. Não bastou. Os ricos têm todas as chances de praticar o crime sem correr risco algum. E os pobres? Que se moam.
A propaganda petista houve por bem retirar o assunto de sua pauta. É o que manda o figurino clássico, recuar em tempo hábil. Fernando Henrique Cardoso declarava-se ateu em 1986. Mudou de ideia depois de perder a Prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros e imagino que a esta altura não se abstenha aos domingos de uma única, escassa missa. Se não for o caso de comungar.
A política exige certos, teatrais fingimentos. Não creio, porém, que os marqueteiros nativos sejam os melhores mestres em matéria. Esta moda do marqueteiro herdamos dos Estados Unidos, onde os professores são de outro nível, às vezes entre eles surgem psiquiatras de fama mundial e atores consagrados. Em relação ao pleito presidencial, as pesquisas falharam e os marqueteiros do PT também.
Leio nesses dias que Dilma foi explicitamente convidada por autoridades do seu partido a descer do salto alto. Se subiu, de quem a responsabilidade? De todo modo, se salto alto corresponde a uma campanha bem mais séria e correta do que a tucana, reconhecemos nela o mérito da candidata.
Acaba de chegar o momento do confronto direto, dos debates olhos nos olhos. Ao reiterar nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff, acreditamos, isto sim, que ela deva partir firmemente para a briga, o que, aliás, não discreparia do temperamento que lhe atribuem. Não para aderir ao tom leviano e brutalmente difamatório dos adversários, mas para desnudar, sem meias palavras, as diferenças entre o governo Lula e o de FHC. Profundas e concretas, dizem respeito a visões de vida e de mundo, e aos genuínos interesses do País, e a eles somente. Em busca da distribuição da riqueza e da inclusão de porções cada vez maiores da nação, para aproveitar eficazmente o nosso crescimento de emergente vitorioso.
CartaCapital está com Dilma Rousseff porque é a chance da continuidade e do aprofundamento das políticas benéficas promovidas pelo presidente Lula. E também porque o adágio virulento das reações tucanas soletra o desastre que o Brasil viveria ao cair em mãos tão ferozes.
P.S. Bem a propósito: a demissão de Maria Rita Kehl por ter defendido na sua coluna do Estado de S. Paulo a ascensão social das classes mais pobres prova que quem constantemente declara ameaçada a liberdade de imprensa não a pratica no seu rincão.
By: Escrevinhador