sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Pastor “abençoou” merendão do PSDB

Por Henrique Beirangê, na revistaCartaCapital:

Interceptações telefônicas realizadas durante as investigações da máfia da merenda em São Paulomostram que um vendedor da cooperativa Coaf pediu a benção de um pastor para transportar 80 mil reais em propinas. O vendedor Carlos Luciano estava preocupado porque um mês antes um outro integrante da quadrilha havia sido preso com 95,5 mil reais quando se aproximava da cidade de Taiúva, interior do estado.

Na chamada realizada no dia 18 de novembro às 17h16, Carlos Luciano conversa com um pastor sobre a entrega. Carlos diz que está “angustiado” em função da remessa. O pastor responde “não é só você não, amanhã vamos ficar nóis (sic) tudo ansioso esperando a resposta”. Carlos diz que está levando uma “comissão” de 80 mil reais a uma “pessoa de confiança” e seria “onça sobre onça”, possivelmente se referindo a notas de 50 reais. Carlinhos diz esperar a “benção de Deus”.

O vendedor diz que “vai estar orando” e o pastor diz que “Deus vai cuidar”. Lopes acabou sendo preso no início desse ano junto de outros seis investigados. Todos já foram soltos.





Tirando da boca de crianças pobres, a fraude possibilitou só no ano passado ganhos de pelo menos 25 milhões de reais. Tudo ia muito bem, até que a gula dos merendeiros foi ficando cada vez maior, e brigas internas sobre quem levaria a maior parte desse bolo fez um integrante da cooperativa realizar a denúncia em uma delegacia de polícia.

A denúncia deu origem à operação Alba Branca, que apura o envolvimento direto de Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa paulista, dos deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e do deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD).

Nesta semana foram autorizadas a quebra de sigilo de Capez e de seus assessores. Todos já negaram as acusações.

Até o momento já foram citados em depoimentos e interceptações telefônicas os nomes dos secretários da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido; da Agricultura, Arnaldo Jardim; de Logística e Transportes, Duarte Nogueira e do ex-secretário de Educação Herman Voorwald do governo Alckmin.

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AS DUAS MIRIANS: UMA DERROTOU LULA EM 1989; A OMISSÃO DA OUTRA AJUDOU FHC A SE ELEGER EM 1994


por Luiz Carlos Azenha

As últimas horas foram tragicômicas, pelo esforço dos fãs do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em desqualificar Mirian Dutra e o próprio debate que ela gerou ao dar entrevista para a revista Brazil com Z, da Espanha — mais tarde, acrescentou detalhes falando à Folha.
Isso, ainda que FHC tenta admitido a existência do contrato fictício da empresa Brasif.
Que eu tenha lido, disseram que ela recebeu dinheiro do PT para mentir, que é uma tentativa de tirar o foco do triplex e do sítio respectivamente visitado e frequentado por Lula, que ela age movida pelo ódio típico de uma ex. Num país machista como o Brasil, eu não estranharia nem se dissessem que Mirian seduziu FHC e enredou o pobre senador, 30 anos mais velho do que ela, numa armadilha com o objetivo de extorquí-lo continuamente.
Triste, né? FHC, um sociólogo que se dizia de esquerda e foi casado com a antropóloga Ruth Cardoso, defendido pela turma que culpa mulher pelo estupro.
Os dois — FHC e Mirian — tiveram um relacionamento duradouro, cujos detalhes são assunto estritamente privado. Mirian apresentou o seu lado da moeda e FHC está certo ao não travar um debate público sobre isso.
Podemos deixar a hipocrisia de lado?
Quantos homens e mulheres — de poder ou não — têm seus flings, casos, namorados, amantes e assim por diante?
Não foi um orgulho para os franceses o fato de o presidente François Miterrand ter sido enterrado na presença da mulher e da amante?
Hillary Clinton, nos Estados Unidos, um símbolo feminista para parte do eleitorado, não engoliu as patéticas escapadas do Bill para preservar sua própria carreira política? Quem somos nós para julgar?
Porém, não me parece “assunto pessoal” quando um homem poderoso, um senador que tem ao seu lado o PIB e a mídia do Brasil, decide comprar o silêncio de uma ex-namorada.
Mirian decidiu ter o filho (pouco importa de quem).
Vocês já se colocaram no papel dela, uma jornalista que estava prestes a ter o segundo filho? Que mãe não sacrificaria sua vida pessoal — que foi o que ela fez — para ter condições de dar o melhor aos filhos? Enquanto isso, FHC preservou sua carreira!
Espantoso, na verdade, é a conspiração de silêncio que, em nome da candidatura de FHC ao Planalto, ocorreu. Com a conivência pessoal e, pior, institucional, daqueles que mais tarde se beneficiariam das políticas de FHC.
Mirian denunciou que foi levada a dar uma entrevista falsa à revista Veja. E ela não mentiu. Leiam que coisa patética a nota publicada pela coluna Gente da revista Veja, segundo a jornalista engendrada por FHC com o diretor da Veja Mário Sergio Conti, aquele que “entrevistou” o Felipão:
Sim, sim, eu sei: Mirian poderia ter se negado a mentir. Mas, com uma filha de 8 anos — e grávida — quem era a parte frágil na história?
A Globo divulgou ontem, no Jornal Hoje, uma nota:
A TV Globo não interfere na vida privada de seus colaboradores. Esclarece, porém, que jamais foi avisada por Miriam Dutra sobre o contrato fictício de trabalho e que, se informada, condenaria a prática. A emissora informa ainda que em junho de 2004 (e não em 2002) o contrato de colaboradora de Miriam Dutra foi alterado, com mudanças em suas atribuições, o que acarretou nova remuneração, tudo segundo a lei vigente no país em que trabalhava. Por último, a TV Globo jamais foi informada por Miriam Dutra sobre seu desejo de regressar ao Brasil. Ao contrário, ela sempre manifestou o interesse de permanecer no exterior. Durante os anos em que colaborou com a TV Globo, Miriam Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo.
Tudo, de fato, é discutível, menos a afirmação de que a empresa “não interfere na vida privada de seus colaboradores”.
Sem mais, nem menos, Mirian foi despachada para Portugal? Ela assume que pediu a transferência, mas a Globo não sabia o motivo?
Não faz sentido a emissora abrir mão de uma repórter em Brasília e continuar pagando o salário dela sem que ela ralasse tanto quanto os outros correspondentes. Isso não existe!
Depois, Mirian foi transferida para Barcelona, segundo Palmério Dória por influencia de Alberico Souza Cruz, o todo-poderoso do jornalismo da Globo na época.
Mas, vamos combinar? A Globo NUNCA teve escritório, nem correspondente na Espanha. Criou um, de repente, para acomodar Mirian? Pagou a ela 7 mil dólares mensais de salário até 2004 (na versão da Globo) sem que ela tivesse uma presença constante, quase diária, no ar?
Eu fui correspondente da Globo em Nova York. Todo dia tinha trabalho, muito trabalho.
Palmério Dória, em artigo anterior, já havia estimado o “custo do exílio”:
FHC, quando era ministro da Fazenda, isentou de CPMF todos os meios de comunicação. Em 2000 houve o Proer da mídia, que custou entre US$ 3 e US$ 6 bilhões aos cofres públicos. Ele também mudou a Constituição para permitir que a mídia brasileira, então falida, pudesse contar com 30% de capital estrangeiro. E autorizou que o BNDES fizesse um empréstimo milionário à Globo.
Sobre abortos: sim, é um assunto pessoal.
Mas, que fique o registro: muita gente da classe média para cima torce o nariz para o tema por causa da culpa de ter feito ou bancado o aborto alheio. Enquanto isso, mulheres pobres morrem por causa da hipocrisia dos que falsamente se dizem engajados em “preservar a família”.
FHC nunca foi hipócrita neste assunto. Ele perdeu uma eleição para prefeito de São Paulo para o carola Jânio Quadros entre outros motivos por não dizer claramente, em um debate, que acreditava em Deus. Se fez algo incomum em campanhas, como montar num jegue e dizer que tinha “um pé na cozinha”, não foi muito além do que fazem outros políticos para ganhar votos.
O mesmo, no entanto, não se aplica à hipocrisia da Globo.
Em 1989, Roberto Marinho apoiou abertamente a candidatura de Fernando Collor de Mello contra Lula. Dedicou até um Globo Repórter ao “caçador de marajás”.
Na reta final, Miriam Cordeiro apareceu na propaganda oficial de Collor, acusando Lula — que na época do namoro não era casado — de ter pedido a ela que abortasse a filha Lurian e sugerindo que o candidato do PT era racista (ver vídeo abaixo).
No dia seguinte, o Jornal Nacional “repercutiu” o assunto, ou seja, deu asas a um tema que favorecia Collor, ainda que com a suspeita de que o depoimento tivesse sido comprado. Na descrição da própria Globo:
No Jornal Nacional do dia seguinte, os dois lados foram ouvidos. A jornalista Maria Helena Amaral, ex-assessora de Collor, denunciou que Miriam Cordeiro havia recebido dinheiro do PRN para aparecer no programa eleitoral do partido. Mas a ex-namorada de Lula disse que participou do programa espontaneamente e confirmou as denúncias contra o candidato do PT.
Uma forma tinhosa de promover o assunto com “equilíbrio”.

Miriam Cordeiro negou ter recebido 200 mil cruzeiros novos para fazer a denúncia, mas confirmou ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho que estava por conta da campanha de Collor, 45 dias depois dele ter sido eleito!


A Globo ainda defendeu, em editorial de O Globo, no dia do debate final entre Collor e Lula, que os brasileiros tinham o direito de saber detalhes da vida pessoal dos candidatos.
O jornal dos Marinho apresentou Collor, que usara o depoimento de Miriam Cordeiro no programa eleitoral, como vítima de Lula!
Confiram um trecho:
Nos Estados Unidos, por exemplo, com freqüência homens públicos vêem truncada a carreira pela revelação de fatos desabonadores do seu comportamento privado. Não raro, a simples divulgação de tais fatos os dissuade de continuarem a pleitear a preferência do eleitor. Um nebuloso acidente de carro em que morreu uma secretária que o acompanhava barrou, provavelmente para sempre, a brilhante caminhada do senador Ted Kennedy para a Casa Branca – para lembrar apenas o mais escandaloso desses tropeços. Coisa parecida aconteceu com o senador Gary Hart; por divulgar-se uma relação que comprometia o seu casamento, ele nem sequer pôde apresentar-se à Convenção do Partido Democrata, na última eleição americana. Na presente campanha, ninguém negará que, em todo o seu desenrolar, houve uma obsessiva preocupação dos responsáveis pelo programa do horário eleitoral gratuito da Frente Brasil Popular de esquadrinhar o passado do candidato Fernando Collor de Mello. Não apenas a sua atividade anterior em cargos públicos, mas sua infância e adolescência, suas relações de família, seus casamentos, suas amizades. Presume-se que tenham divulgado tudo de que dispunham a respeito. O adversário vinha agindo de modo diferente. A estratégia dos propagandistas de Collor não incluía a intromissão no passado de Luís Inácio Lula da Silva nem como líder sindical nem muito menos remontou aos seus tempos de operário-torneiro, tão insistentemente lembrados pelo candidato do PT. Até que anteontem à noite surgiu nas telas, no horário do PRN, a figura da ex-mulher de Lula, Miriam Cordeiro, acusando o candidato de ter tentado induzi-la a abortar uma criança filha de ambos, para isso oferecendo-lhe dinheiro, e também de alimentar preconceitos contra a raça negra.
Um salto de 1989 para 2012.
A vida privada de Lula foi considerada “noticiável” pela revista Época, dos irmãos Marinho, que escalou sete repórteres — SETE! — para fazer uma denúncia baseada em suposições.
Rosemary de Noronha nunca assumiu ter tido um caso com Lula, nem divulgou documentos comprometedores. Ainda assim, virou notícia em toda a mídia!


Voltem comigo, agora, no tempo.
Vejam como FHC descreveu o dia em que deixou o poder, em 2003, numa entrevista a Mário Sabino, da Veja:
Depois da cerimônia, rumamos, eu e Ruth, para o aeroporto, onde muita gente amiga nos esperava para a despedida. Foi aí que a emoção mais pessoal começou. Abracei assessores que haviam trabalhado comigo durante oito anos seguidos, que faziam parte do meu cotidiano. Embarcamos, então, para São Paulo, ainda no avião presidencial. Ao chegar, troquei de roupa e seguimos para o avião comercial que nos levaria a Paris. Nesse momento, relaxei, tive uma sensação boa de dever cumprido – tanto no plano institucional como no individual. (…) Dormi, então, a minha primeira noite de mortal comum. No dia seguinte, eu e Ruth fomos a Chartres sozinhos, para visitar a esplêndida catedral gótica – um passeio maravilhoso em todos os aspectos, mas principalmente pelo fato de não estarmos mais acompanhados de comitiva, seguranças e repórteres. Recuperei, enfim, minha privacidade. Em Paris, também dispensei os serviços que a embaixada queria me prestar e voltamos a andar de metrô, como sempre fizemos. Uma delícia – e com um efeito muito didático. Porque uma coisa é o Planalto; outra é a planície. Na planície, você é promovido a povo.
Ou seja, FHC aproveitava Paris na condição de “povo”, acreditando ter um filho — um filho! — exilado na Europa.
A essa altura, Mirian era bancada pelo salário da Globo.
Mais tarde, conta, precisou de um complemento, pago por um empresário.
O empresário a que Mirian Dutra se refere é Jonas Barcellos, que mais recentemente deu caronas em seu avião para Lula — e foi denunciado por isso.
Numa entrevista à revista Veja, publicada em abril de 1999, Jonas admitiu que seus amigos eram “um ativo oculto”.
Dentre eles, Jorge Bornhausen, que foi vice-presidente da Brasif e comandou o PFL durante o governo FHC.
Segundo Mirian Dutra, o pefelista Antonio Carlos Magalhães, aliado de Bornhausen, ligado à Globo e todo-poderoso nos bastidores do governo FHC, recomendou a ela que não voltasse ao Brasil.
Conhecendo os bastidores do poder como ela, Mirian, conhecia — tinha sido repórter de política em Brasília –, como enfrentar um presidente da República, a emissora mais poderosa do Brasil — que dava a ela um salário — e o trator ACM, ainda mais tendo dois filhos para criar?
O fato documentado e inescapável é o seguinte: FHC acreditava ter tido um filho com Mirian, que por sua vez assinou um contrato de fachada com a Eurotrade/Brasif para receber pagamentos via paraíso fiscal.
FHC disse a ela que era dinheiro pessoal, dele. Foi remetido do Brasil, via Banco Central? Ou saiu de uma conta no Exterior? A conta, que ele admite ter em Madri, foi declarada ao imposto de renda?
O documento divulgado por Mirian reforça a versão segundo a qual um presidente da República, no exercício do poder, negociou com uma empresa que detinha uma concessão do governo, a Brasif, o pagamento de um salário falso para a ex-namorada. Um cala-boca.

O contrato entre Mirian Dutra e a Eurotrade/Brasif foi assinado no dia 16 de dezembro de 2002.
Faltavam duas semanas para o presidente FHC deixar o Planalto.
Se a versão de Mirian é verdadeira, FHC teve de pedir o favor a Jonas Barcellos, o dono da Brasif, algum tempo antes de o contrato ter sido assinado.
Com um detalhe importante, mencionado pelo Luís Nassif: os negócios de Jonas Barcellos floresceram nos dois mandatos de FHC.
Por muito menos, Bill Clinton quase sofreu impeachment nos Estados Unidos.
Como o caso de Mirian Dutra só aflorou agora, mais de 25 anos depois do namoro, obviamente não terá impacto retroativo.
O fato é que, com a ajuda da Globo, uma das Mirians derrotou Lula em 1989; e, com a omissão e/ou acobertamento da Globo — e da mídia em geral — FHC se elegeu presidente em 1994. 
http://analisedeconjuntura.blogspot.com.br/2016/02/as-duas-mirians-uma-derrotou-lula-em.html

"Tucanos de SP aparelharam Legislativo, polícias, Judiciário e MP"


Até o mais plácido muar sabe que o poder político é exercido integralmente, no Estado de São Paulo, por um grupo político de direita, extremamente conservador, cujo núcleo é o PSDB, há longas duas décadas. 

As consequências desse fato são notórias: São Paulo vem perdendo, ano após ano, o protagonismo econômico, a participação no PIB nacional definha, a segurança pública é catastrófica, o mesmo ocorrendo nas áreas da saúde e educação, entre outras.

Sob qualquer óptica de avaliação do funcionamento democrático, o Estado de São Paulo estaria situado entre o Zimbábue e a Arábia Saudita.

As últimas medidas do governador Geraldo Alckmin, de decretar sigilo por décadas nos documentos policiais, do metrô e da CPTM, apenas reforçam a falta de transparência de seu governo, useiro e vezeiro em decidir, a quatro paredes, sem nenhuma consulta popular, questões vitais de uma democracia.

O problema de São Paulo é tão sério que um dos maiores juristas brasileiros, Fábio Konder Comparato (foto), é da opinião que os tucanos conseguiram, nesse longo período à frente do Executivo, "aparelhar um sistema de controle, ou pelo menos de influência dominante, sobre a Assembleia Legislativa, as Polícias e também, em grande parte, o Judiciário e o Ministério Público". Segundo ele, "o partido conseguiu, além disso, montar igualmente um esquema de controle do eleitorado, esquema esse, aliás, vinculado à corrupção".

Sua análise é quase perfeita: faltou dizer que o PSDB também exerce controle férreo sobre os meios de comunicação.

Seus próceres são inteiramente blindados por uma imprensa que se lambuza na propaganda oficial.

As considerações de Konder Comparato foram feitas numa entrevista que ele deu ao site Carta Maior.

A íntegra vai a seguir:


Como é possível avançar no combate à corrupção, apesar do bloqueio e das manobras sistemáticas que impedem, por exemplo, investigações e CPIs no Estado de São Paulo?

Fábio Konder Comparato - O PSDB acha-se no governo do Estado há mais de um quarto de século. Durante esse tempo, conseguiu aparelhar um sistema de controle, ou pelo menos de influência dominante, sobre a Assembleia Legislativa, as Polícias e também, em grande parte, o Judiciário e o Ministério Público. O partido conseguiu, além disso, montar igualmente um esquema de controle do eleitorado, esquema esse, aliás, vinculado à corrupção.

A eliminação dessa máquina de poder partidário somente ocorrerá quando tivermos introduzido em nossa organização constitucional algumas medidas, como a eleição do chefe do Ministério Público estadual pelos seus pares, e a autonomia da Polícia Judiciária em relação à chefia do Poder Executivo.

Enquanto tais medidas não existirem, é preciso usar dos poucos recursos disponíveis pelos cidadãos, como a ação popular e outras ações judiciais, bem como representações junto ao Ministério Público, ou até mesmo o Conselho Nacional de Justiça ou o Conselho Nacional do Ministério Público, em Brasília. Como se percebe, não é um jogo fácil.

O sr. vem alertando que a corrupção é um mal endêmico no Brasil. Tivemos algum avanço? 

Konder Comparato - Denomina-se endemia uma doença infecciosa que ocorre habitualmente e com incidência significativa numa determinada população. Pois bem, falando simbolicamente, a corrupção dos órgãos públicos no Brasil é uma endemia cujas primeiras manifestações irromperam já no primeiro século da colonização. Assinale-se que, quando em 1549 aqui chegou Tomé de Souza, o primeiro Governador-Geral do Brasil, ele trazia consigo um Ouvidor-Geral, ou seja, chefe dos serviços de Justiça e Polícia, e um Provedor-Mor, ou seja, o encarregado de dirigir os assuntos econômicos da colônia. Pois bem, ambos haviam sido acusados de desviar dinheiro do Tesouro Régio, quando ainda estavam em Portugal. Ao aqui chegar, o Ouvidor-Geral enviou um ofício enviado ao Rei de Portugal, para declarar que o quadro geral da colônia configurava “uma pública ladroíce e grande malícia”.

Note-se que, à época, os administradores para cá enviados pela metrópole haviam comprado seus cargos públicos, costume já consolidado em Portugal. Aqui chegando, a fim de amortizar o valor da compra de seus cargos e para compensar o sacrifício de viver nesta colônia atrasada e distante, tais administradores procuravam de qualquer maneira ganhar dinheiro. Para tanto, associavam-se aos senhores de engenho e grandes fazendeiros, participando de seus negócios; quando não se tornavam, eles próprios, senhores de engenho ou proprietários de fazendas.

A partir de então, institucionalizou-se a associação permanente dos potentados econômicos privados com os grandes agentes estatais, formando o grupo oligárquico que até hoje comanda este país. Estabeleceu-se desde então o costume da privatização do dinheiro público, usado pelos oligarcas como uma espécie de patrimônio pessoal. Ou seja, corruptos são apenas os que se vendem por dois tostões de mel coado. É o tema do conto de Machado de Assis, Suje-se gordo!

Sem dúvida, a operação Lava Jato parece ter sido o começo de uma mudança nessa longa tradição. Mas é preciso dizer que tal operação tem sido ostensivamente seletiva, pois deixa de lado todas as ladroíces cometidas nos governos anteriores ao PT no poder, abusando do vício dos dois pesos e duas medidas.

Quais os entraves e caminhos que ainda precisamos percorrer para que o poder, efetivamente, “emane do povo”?


Konder Comparato - Para resumir o assunto, o povo jamais teve qualquer espécie de poder político no Brasil. Fala-se habitualmente em reconquista da democracia com o término do regime de exceção empresarial-militar instalado em 1964, e o restabelecimento das eleições. Mas nestas, a vontade popular é sistematicamente falseada pela influência do poder econômico dos oligarcas e as práticas ardilosas dos políticos profissionais.

Pior ainda: na nossa política, desde os tempos coloniais temos tido uma tradição de dissimulação do poder oligárquico por meio de belas instituições oficiais ocultando a realidade. Nossas Constituições, por exemplo, desde a primeira de 1824, são peças puramente retóricas, incapazes de enfraquecer e, menos ainda, de extinguir o regime oligárquico.

A atual “Constituição Cidadã”, por exemplo, declara em seu art. 14 que a soberania popular é exercida, além do sufrágio eleitoral, pelo plebiscito, o referendo e a iniciativa popular legislativa. Mais adiante, porém, o art. 49, inciso XV vem precisar que “é da competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar referendo e convocar plebiscito”. Ou seja, trocando em miúdos, somente os mandatários do povo tem poder para autorizar as manifestações de vontade deste! É, literalmente, a submissão do mandante à autoridade do mandatário.

E quanto à iniciativa popular, a direção da Câmara dos Deputados já fixou, desde o início de vigência da Constituição, que os milhares de assinaturas necessárias à apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular devem ser reconhecidas, uma a uma, pelos funcionários daquela Casa do Congresso Nacional. É exatamente por isso que até hoje nenhum projeto dessa natureza foi votado e aprovado pelo Congresso Nacional.

Revoltado contra esse embuste jurídico oficial, tentei atuar. Em 2004, em nome do Conselho Federal da OAB, apresentei à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados um projeto de lei de regulamentação do art. 14 da Constituição, para eliminar a interpretação de que o Congresso Nacional tem poderes acima do povo soberano, em matéria de plebiscitos e referendos. O projeto ainda não foi votado em plenário na Câmara, mas já um substitutivo apresentado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania por um deputado do PT veio reafirmar, com outras palavras, que somente o Congresso Nacional tem o poder de autorizar o povo soberano a votar em plebiscitos e referendos.

Em 2005, apresentei a dois Senadores um anteprojeto de Proposta de Emenda Constitucional, introduzindo em nosso país o instituto de recall; isto é, do referendo revocatório de mandatos políticos. O povo elege e pode, portanto, destituir o representante eleito. Obviamente, após nove anos de tramitação, a proposta foi desaprovada em plenário.

Mas saibam que não desistirei de denunciar a impostura política que prevalece neste país sob a forma constitucional.
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A miséria parlamentar


Políticos não primam, naquilo que dizem ou fazem, nem pela coerência nem pela veracidade - ou pela lógica. 

Usam e abusam da demagogia. 

Discursam sobre temas complexos como se estivessem à mesa do botequim da esquina, discutindo os lances do último Corinthians x Palmeiras. 

Não têm nenhum pudor em defender seus próprios interesses, como se os cargos que ocupam fossem meramente um balcão de negócios.

As notas abaixo foram coletadas das agências noticiosas do Senado e da Câmara dos Deputados.

Dão bem uma ideia da irresponsabilidade que domina aquilo que deveria ser um trabalho relevante para a edificação de um país democrático.


A zica do Aloysio

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), em pronunciamento no plenário, associou a epidemia de zika ao descaso do governo federal com o saneamento básico. Citando dados da Organização Mundial de Saúde, lembrou que o aumento no investimento em saneamento reduz os gastos com tratamento de doenças evitáveis, e que um quarto de todos os leitos hospitalares do mundo são ocupados por vítimas de doenças veiculadas pela água.

Aloysio criticou a presidente Dilma Rousseff que, em discurso, referiu-se a “décadas de abandono” do saneamento como se o Partido dos Trabalhadores não presidisse o Brasil há 13 anos. Para ele, as perspectivas de combate ao mosquito transmissor da zika não são animadoras enquanto o governo não cumprir a meta estabelecida no Plano Nacional de Saneamento Básico.

O senador se esqueceu, porém, de dizer que seu partido governa São Paulo há mais de 20 anos, assim como vários outros Estados onde a zika e outras doenças grassam impunes. 

E que os repasses do governo federal para obras de saneamento básico somaram mais de R$ 104,2 bilhões entre 2007 e 2015, financiando 2.914 obras em parceria com Estados e municípios. Dessas obras, 1.058 foram concluídas após o desembolso de quase R$ 64,3 bilhões por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1 e 2), e atenderam cerca de 50 milhões de pessoas com água e esgoto - o equivalente a quase toda a população da Inglaterra. 

Herói das pistas

O Livro dos Heróis da Pátria homenageia brasileiros que se destacaram na defesa e construção da história nacional. O livro, com páginas de aço, fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. 

Proposta (PLS 31/2016) apresentada pelo senador Eduardo Amorim (PSC-SE), à espera de designação de relator na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), destaca que em uma década Ayrton Senna teve 41 vitórias em grandes prêmios da Fórmula 1, conquistou os títulos mundiais de 1988, 1990 e 1991, e a sua morte, em maio de 1994, durante o GP de San Marino, causou uma comoção nacional pouco vista na história do país. 

Para o senador, Senna é um exemplo de superação.

Para muitos outros brasileiros, herói é aquele que dá sua vida em defesa da pátria ou de seus ideais.

Pelo que se sabe, Senna era muito bem remunerado para disputar corridas de F-1 - e ele mesmo não deveria se considerar um herói, mas sim um ótimo profissional.


Santos privilégios

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou na quarta-feira (17) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 133/2015, que torna isenta de pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) os imóveis alugados a templos religiosos e utilizados para a realização de cultos.

O autor da proposta, senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), explicou que o texto constitucional já prevê a imunidade tributária desses templos, mas se torna necessário explicitar que a medida vale também na hipótese de a entidade religiosa não ser a proprietária do imóvel onde exerce suas atividades.

“Como se sabe, os contratos de locação costumam conter previsão de transferência da responsabilidade de pagamento do IPTU do locador para o locatário. Em razão disso, as entidades religiosas, embora imunes a impostos, acabam suportando o peso do referido imposto nos casos em que não têm a propriedade dos imóveis”, esclareceu.

O relator, senador Benedito de Lira (PP-AL), apresentou voto favorável à proposta, que será examinada em dois turnos pelo plenário do Senado.

É o Brasil caminhando rapidamente para se tornar uma república religiosa fundamentalista.


O golpe é tucano

A prioridade da bancada tucana do Senado neste ano será levar adiante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A afirmação foi feita pelo deputado Antonio Imbassahy (BA), em entrevista ao serviço noticioso da Câmara dos Deputados. Ele é o novo líder do PSDB na Câmara. A bancada conta com 53 deputados.

“O impeachment é um processo absolutamente constitucional. Ela cometeu crime de responsabilidade e, portanto, numa democracia, tem que ser afastada”, disse Imbassahy.

Como a presidenta não foi condenada, sequer acusada formalmente de qualquer tipo de crime, o que o novo líder tucano na Câmara afirma, literalmente, é que seu partido persegue um golpe de Estado. 

O impeachment é constitucional, mas para que ocorra é preciso que o chefe do Executivo cometa um crime.

Qual o crime cometido pela presidenta Dilma? 


Democratas ma non troppo

O deputado Pauderney Avelino (AM), novo líder do Democratas na Câmara, elenca as prioridades de seu partido neste ano: "Nós vamos continuar fazendo oposição, por entender que este governo não é capaz de restabelecer a normalidade no nosso país: destruiu a economia, está destruindo o setor produtivo, os empregos, estamos caminhando para trás. São dois anos de recessão, e já se indica um terceiro. Isso significa depressão. Portanto, vamos combater o governo do PT. Vamos instalar a comissão processante para avaliar o pedido de impeachment de Dilma, vamos trabalhar nos plenários da Câmara e do Congresso Nacional, e vamos para as ruas defender essa posição".

Como se vê, o partido tem muitas propostas para sair da crise, que podem ser resumidas numa só: fora Dilma, fora PT!
http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2016/02/a-miseria-parlamentar.html

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Três evidências de que o zika vírus é uma "Operação Pandemia" midiática


Fica cada vez mais evidente que a grande mídia possui uma pauta pré-estabelecida e que ciclicamente ela é “enriquecida” com a, por assim dizer, "Pandemia da Temporada": SARS, Gripe Aviária, Gripe Suína, Ebola... e agora a pandemia Zika. Com o terrível surto de casos de nascimentos de bebês com microcefalia. Apesar de estudos científicos contrários, a mídia e Governo se apressam em estabelecer ligação inequívoca entre o zika e os casos de má formação. Evidências contrárias são imediatamente rotuladas como “teorias conspiratórias” diante da inquestionável “emergência sanitária internacional”. A Crise Zika seria mais uma “Operação Pandemia” midiática?  O objetivo dessa suposta operação seria esconder da opinião pública três outros fatos envolvidos na Crise Zika: o uso intensivo de pesticidas, a vacina TdaP e mosquitos geneticamente modificados.

Desde que o ano iniciou, o jornalismo da grande mídia brasileira parece engessado em uma pauta recorrente de cabo a rabo da sua programação diária: no Brasil, Operação Lava-Jato, corrupção e crise econômica; no Exterior, a catástrofe econômica da Venezuela (que substitui a da Argentina, agora supostamente rediviva após a vitória de Macri), o combate anti-terrorismo e a crise dos refugiados na Europa – o que para a pauta “investigativa” dos correspondentes no velho continente, sempre apressados em buscar “conexões”, terroristas e refugiados quase sempre são a mesma coisa.

 Uma pauta pré-estabelecida e urgente, que obriga os jornalistas a correrem atrás de notícias que a alimente. Na pressa ocorrem as inevitáveis “barrigas” como a mais recente: portais brasileiros (UOL, VOX Internacional etc.) noticiaram uma suposta declaração da ministra da Saúde da Venezuela de que as pastas de dentes estariam faltando no país devido ao insistente hábito da população de escovar os dentes três vezes ao dia.


Na verdade a “notícia” partiu de um site de humor venezuelano, que estressados jornalistas brasileiros leram como verdadeira pela imperiosa necessidade diária de alimentar a pauta e agradar seus editores-chefes.

Mas essa pauta engessada é também “enriquecida” por um tema que periodicamente visita as reuniões dos editores-chefes em seus “aquários”: a Pandemia da Temporada.

As pandemias de cada temporada


Só nesse século, as redações da grande mídia já foram visitadas pela SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome) que ameaçou espalhar-se da China para o mundo entre 2002 e 2003; a Gripe Aviária, onde novamente um surto asiático ameaçava espalhar-se para o mundo (2005); Gripe Suína, onde médicos midiáticos viravam do avesso na TV para tentar diferenciar dos sintomas de uma gripe comum (2009); Ebola, dessa vez a África ameaçando o mundo (2014); e agora o Zika Vírus.

Em todas essas pandemias, a OMS (Organização Mundial de Saúde) se apressa em decretar “emergência sanitária internacional” e a grande mídia em fazer previsões sobre milhões de vítimas potenciais aguardadas em poucos meses.

Por exemplo, o jornal Folha de São Paulo em 2009 antecipou-se em seu espírito patriótico de alertar a nação e, na primeira página, estampou números alarmantes – 53 milhões de brasileiros seriam atingidos pela gripe suína em dois meses, com 4,4 milhões hospitalizados. Nada disso se realizou.


De onde jornalistas tiram notícias?


Mas os jornalistas não tiram isso das suas cabeças estressadas: baseiam-se em digestos de revistas científicas sobre pesquisas em andamento e modelos matemáticos usados por ministérios da Saúde. Eliminam o contraditório, extrapolam os números, destacam números relativos e ignoram os absolutos e temos a Pandemia da Temporada.  


Um exemplo é como a cada final de semana, jornais e revistas alertam os incautos leitores sobre a descoberta de novas “doenças”. Em 20/08/2006 a Folha colocou na primeira página da edição de domingo “Pesquisa liga vírus a obesidade” – a obesidade poderia ser também contagiosa! No meio do texto explicava-se que as pesquisas nos EUA “não eram conclusivas”. Mesmo assim mereceu primeira página e nada mais se falou a respeito.

Diante desse modus operandimidiático, fica difícil não ficar com um pé atrás diante de mais esse fenômeno de “urgência sanitária internacional” alertado pela grande mídia, dessa vez sobre o zika vírus.

O que chama a atenção é como a grande mídia e o Ministério da Saúde rapidamente estão confirmando a associação entre o aumento de casos de microcefalia com o zika. Um vírus que existe desde antes de 1948 e que nunca foram relatadas quaisquer conexões com nascimentos e mortes. O histórico do efeito do vírus é que uma em cada cinco pessoas sempre apresentaram leves sintomas de gripe comum.

O fato é que desde novembro de 2015, 4.000 bebês nasceram com microcefalia no Brasil, país que normalmente apresenta 150 casos dessa má-formação em cada ano. Assombroso aumento de 13 mil por cento. Rapidamente culpa-se a zika vírus transmitido pelo Aedes Aegypti, espécie dominante no mundo dos mosquitos.

Médicos e repórteres investigativos independentes como Jim Stone, Dr. Kathy J. Forti, Jim West e Jon Rappoport, além de artigo na revista científica Naturedos pesquisadores Ieda Orioli e Jorge Lopez-Camelo vêm questionando essa conexão – diagnósticos errados e o impacto midiático poderiam ter aumentado a atenção ao problema de má formação – clique aqui. Previsivelmente, são contestados por órgãos internacionais e governo brasileiro e ganham pouquíssimo espaço nos veículos noticiosos.

O Cinegnose apresenta abaixo três evidências apontados pelos autores acima, levantando suspeitas de que poderíamos estar diante de mais uma “Operação Pandemia” com o objetivo de esconder efeitos perversos de vacinas, interesses de grandes laboratórios e políticas de controle populacional em países emergentes – sempre tendo em vista que os setores de armamentos, farmacêutica e tabaco são os que mais investem em táticas de agenda setting para pautar a mídia mundial.


1. Uso de pesticidas no Brasil


Apontado como centro da crise zika (o zika teria chegado ao país com turistas asiáticos na Copa de 2014 – sempre os asiáticos...), o País usa mais pesticidas do que qualquer nação do planeta. Muitos deles proibidos em 22 outros países. Aqui está um trecho  de um artigo da Environmental Health Perspectives de 01/07/2011“Urinary Biomarkers of Prenatal Atrazine Exposure”:
“A presença versus ausência de níveis quantificáveis do pesticida atrazine ou um metabólito atrazine específico foi associado à restrição do crescimento fetal... e redução do perímetro cefálico... O perímetro cefálico foi também associado à presença do herbicida metolacloro”.

Atrazina e metolacloro são ambos usados no Brasil.


2. A vacina TdaP


No final de 2014 o ministro da Saúde anunciou que a vacina TdaP (contra coqueluche acelular reduzida, tétano e difteria toxicoide) em gestantes seria obrigatória a partir de 2015.

Em 2011 o CDC (Centro de Controle de Doenças) não conseguiu provar que o uso da vacina era seguro durante a gravidez. Na verdade, a TdaP é classificada pela FDA como droga de Classe C, indicando que não é uma escolha segura durante a gravidez como informa o National Vaccine Information Center: testes adequados ainda não teriam sido feitos com humanos para demonstrar a segurança em mulheres grávidas e nem totalmente avaliados os efeitos adversos potenciais genotóxicos.

O que nos leva a Bill Gates, conhecido como um entusiasta das vacinas, eugenia e controle populacional seletivo. Em 2015 a Fundação Bill & Melinda Gates doou 307 mil dólares para o Programa de Pesquisa de Vacinas Vanderbilt para estudar a resposta das mulheres grávidas ao TdaP. Mas não houve nenhum dado publicado dessa suposta pesquisa.

O aumento de casos de microcefalia no momento em que a TdaP foi implementada em mulheres gravidas brasileiras será mera coincidência? As consequências dessa vacina estariam sendo varridas para debaixo do tapete da “Operação Pandemia”? E agora laboratórios dos EUA estão implementando estudos para o desenvolvimento de uma vacina para o zika. Mais vacinas lucrativas? Laboratórios criam primeiro a doença para depois venderem a cura?


3. Mosquitos geneticamente modificados


Em parceria com municípios brasileiros, a empresa britânica Oxitec, com unidade em Campinas/SP (Mais uma vez, financiada pelo eugenista Bill Gates), vem desenvolvendo pesquisa com mosquitos geneticamente modificados para combater a dengue.

A hipótese científica: mosquitos transgênicos que, quando cruzam com as fêmeas selvagens, geram descendentes que morrem antes de chegar à fase adulta, diminuindo, portanto, a população de insetos adultos. Esses insetos geneticamente modificados não picam, não colocam ovos e nem transmitem a doença.

Em abril do ano passado a Oxitec recebeu aprovação da CNTBios do Ministério da Ciência e Tecnologia brasileiro para a liberação comercial dos mosquitos geneticamente modificados.

Os testes começaram em 2011 em Juazeiro/Bahia e em 2015 se estenderam para Piracicaba/SP.

O Dr. Kathy Forti e outros investigadores rotulados como “teóricos da conspiração” acusam que por trás dessas pesquisas não há ciência, apenas “garantias tranquilizadoras”. Não haveria nenhuma maneira de dizer que elementos tóxicos esses mosquitos transgênicos poderiam estar abrigando, além daqueles que os pesquisadores da Oxitec afirmam.

Suspeitam que em vez de neutralizar a potencialidade nociva do mosquito transmissor da dengue, essa mutação genética traria novas doenças para os brasileiros.


Forti é mais enfático: notoriamente adepto das vacinações forçadas e controle populacional seletivo, Bill Gates teria a realização do seu projeto que vem trabalhando desde 2003 -  mosquitos geneticamente modificados produziriam a necessidade de vacinas uma vez libertados no ambiente. Gates é um forte defensor da tese do controle populacional através de vacinação em massa como solução para as pandemias – leia “With Vaccines, Bill Gates Changes The World Again” in Forbes02/11/2011.

Sem falar que toda essa experimentação em larga escala ocorreria em grandes populações que sequer foram consultadas. Tudo sendo feito através do governo e editais corporativos. “Experimentação humana em larga escala”, acusa também Jon Rappoport da Activist Post – clique aqui.

Operação Pandemia


Todas essas suspeitas são reforçadas pelo documentário da TV espanholaOperação Pandemia (2009) que na oportunidade apontava uma estranha “coincidência”: por trás do processo de produção da vacina Tamiflu para combater a pandemia da gripe suína (que nunca aconteceu) estava Donald Rumfeld, que foi secretário de Estado da Defesa do governo Bush, membro da direção da Biofarmacêutica Gilead Science (detentora da patente do Tamiflu) desde 1968 e que se tornou presidente da companhia ao fazer um acordo com a Roche para fabricar e distribuir a vacina até 2016. Ao lado da histeria midiática da suposta pandemia da gripe suína, o Tamiflu era apontado como a única cura para o vírus H1N1 – assista ao vídeo abaixo e reflita.

Não esqueçamos que os Jogos Olímpicos do Rio estão chegando. Há vários cenários possíveis que poderiam ser criados para serem exibidos a uma audiência de TV global atemorizada. O zika vírus como uma pandemia mundial e uma vacina magicamente descoberta no auge da crise sendo produzida às pressas.

O medo induz à conformidade cega a ordens médicas e governamentais com uma gigantesca estrutura de companhias biofarmacêuticas por trás. Um vírus transformado em micro-terrorista, personagem perfeito para a atual pauta da grande mídia – a ameaça constante do terrorismo e de refugiados sujos, feios e malvados.

Quem é quem no xadrez do impeachment


Os jogos em torno do impeachment não são de fácil diagnóstico. Que existe um movimento articulado, não se discute. Mas existem também tendências internacionais, estados de espírito internos que induzem as pessoas a certas atitudes, de tal maneira que se torna difícil separar o que é conspiração ou tendência induzida pelas circunstâncias históricas.
É evidente que a conspiração atua sobre as características políticas do momento. Mas nem todos que endossam esse movimento agem com intenção conspiratória. Meramente seguem tendências tornando-se massa de manobra.
Para facilitar o raciocínio, vamos separar as principais peças do jogo para tentar remonta-las mais adiante.
Primeiro conjunto: as tendências internacionais

A institucionalização da bestificação do discurso político não é meramente uma obra da mídia. Grupos de mídia são empresas comerciais, com interesses econômicos claros, que atuam quase sempre pró-ciclicamente – isto é, acentuando os movimentos de opinião pública.
Mas não são meros agentes passivos. Em tempos de alta intolerância, o poder dos grupos de mídia se potencializa. Com os ânimos exaltados, os nervos desencapados, a opinião pública fica muito mais suscetível à manipulação. Quebram-se os filtros da verossimilhança, qualquer denúncia cola, avultam as teorias conspiratórias e consegue-se manipular o estouro da boiada através da recriação de alguns mitos históricos, como o do inimigo externo, das ameaças insondáveis à família, do castigo eterno aos ímpios e outros mitos que, tendo como pano de fundo a superstição, alimentaram os piores episódios de intolerância do século 20.
É quando a besta – esse sentimento de intolerância massificado – sai da jaula e passa a ser tangida por palavras de ordem emanadas da mídia ou de lideranças populares. Aí, a  mídia adquire poder de vida e de morte sobre personalidades públicas. Vide o macarthismo, o uso da informação de massa pelo fascismo ou, mesmo sem o modelo de mídia ocidental, mas navegando nas mesmas águas da intolerância, a revolução cultural chinesa.
Os fatores de intolerância

Se não é um fenômeno estritamente brasileiro, o que caracterizaria, então, a universalização atual dessas ondas de intolerância?
Está-se em um quadro claro de falência do modelo de economia liberal, que começa em 1972, e de democracia representativa que vigorou em todo século 20.
Nos modelos democráticos, o equilíbrio geral – econômico, social e político - é uma percepção criada pelo trabalho articulado entre quatro setores - Executivo, Legislativo, Judiciário e Mídia -, por um quadro econômico estável, e com válvulas de escape permitindo administrar os conflitos internos, com relativa abertura para processos lentos de inclusão.
A crise de 2008 matou a utopia e trouxe à tona diversos elementos desestabilizadores, como a insegurança econômica e o medo de perda de status social.
A globalização e os grandes movimentos de inclusão trouxeram uma nova população invadindo os mercados de consumo, de lazer, de educação e de opinião. Enquanto o mito econômico se sustentou, foi mais fácil administrar as intolerâncias e preconceitos em relação aos “invasores”. Com a crise e o fim das ilusões, a busca de bodes expiatórios foi bater nas costas dos imigrantes e dos novos incluídos, muito mais concretos para atiçar o primarismo da besta do que movimentos financeiros sofisticados ou as grandes jogadas empresariais.
Somou-se o desmantelamento dos sistemas tradicionais de mídia. O sistema que vigorou no século, a não ser nas fases iniciais da era do rádio, embora alimentasse a intolerância, funcionava também como descarrego das manifestações individuais de seus leitores.
Houve então um estilhaçamento de todas as formas de coordenação e controle da opinião pública em um momento de conflitos étnicos e de ódio interno nos países. A besta arrebentou as grades e invadiu as ruas, as cidades, até as conversas de família.
Principalmente, comprometeu radicalmente um dos elementos centrais dos pactos democráticos: a hipocrisia da democracia representativa.
O primado da separação de poderes criou um conjunto de freios ao poder absoluto. E a ideia genérica de que “todos são iguais perante a lei” legitimou o modelo. Além disso, abriu espaço para a assimilação lenta e gradual das políticas de inclusão, que deveriam acompanhar sempre o pensamento médio nacional.
Cada grupo social precisava, antes, expandir suas ideias, viabilizar-se politicamente para, mais à frente, inserir seus princípios nas leis e na política.
Esse modelo gradual, garantiu a disciplina das chamadas massas, mantendo sob controle as disputas de classe e permitindo a prevalência do poder econômico em todas as instâncias, em alguns casos amenizado por um conjunto de regramentos.
Na política, o poder econômico avançou através dos financiamentos de campanha. No dia-a-dia da economia tornaram-se os parceiros mais influentes de todos os presidentes. Nos Estados Unidos, levaram à guerra contra a Espanha, em fins do século 19, à guerra contra o Iraque, no século 21. No Brasil, FHC buscou seus aliados junto ao setor financeiro; Lula, junto aos grandes grupos da economia real.
A própria prestação da Justiça desdobrou-se em várias formas de proteção aos poderosos, das apelações infindáveis às diversas maneiras de interpretar o “garantismo” – a defesa das garantias individuais – dependendo de grandes escritórios de advocacia. Em alguns casos, como nos EUA, em nome do interesse nacional foi conferido até direito do Presidente da República conceder indulto a crimes econômicos praticados.
Essa mesma parceria manifestou-se em relação à mídia, com os diversos modelos de financiamento dos grupos de mídia subordinando-os a interesses de grupos.
Apenas nas eleições o eleitor tinha condições de se manifestar. Mesmo assim, submetido a formas variadas de controle e manipulação da informação.
Todo esse aparato institucional visava criar uma mediação e controle das demandas públicas. E nem se julgue essa constatação um fator totalmente negativo: não há nada pior para um país ou uma comunidade que uma opinião pública descontrolada, reagindo aos estímulos de líderes de torcida.
Esse mundo desabou.
Em cima da decepção com os modelos econômico e democrático, vieram as novas formas de comunicação das redes sociais, passando a ilusão da democracia direta em todas as instâncias.
Nas ruas, o grito sem a mediação dos partidos e da mídia. No mercado de opinião, a atoarda das redes sociais, nas quais a mídia é apenas um perfil a mais, com seus seguidores. Na Justiça, a busca do justiçamento, a justiça com as próprias mãos e a interpretação de que toda forma de garantismo como maneira de livrar os poderosos dos rigores da lei.
Em cada escaninho de poder, cada detentor de poder, pequeno, médio ou grande, se julga com liberdade para exercitar seu voluntarismo. O descarrilhamento das estruturas de poder se dá para fora e para dentro.
Nesse quadro, dois personagens emergiram exercitando uma violência descontrolada: os grupos de mídia, atropelados pelas novas formas de comunicação; e a oposição aos governos que conseguiram montar políticas vitoriosas de inclusão.
Essas políticas geram novos consumidores, mas também novos cidadãos. O partido que patrocina a inclusão ganha uma massa de votos que desequilibra o jogo de alternâncias no poder, levando a oposição a uma luta extra-eleitoral encarniçada para se manter no jogo. E as armas principais às quais têm recorrido, seja na Fox News, seja na Veja, é a exploração radical da intolerância existente na sociedade.
Segundo conjunto: o caso brasileiro
O caso brasileiro foi montado em cima dessas características globais atuais acrescidas das particularidades internas. Alguns dos episódios condicionantes do momento:
1.    Roberto Civita importa dos EUA o estilo escatológico de Rupert Murdock. Em 2005 há o pacto dos grupos de mídia para enfrentar a globalização do setor. A campanha pró-armamento descobre um mercado promissor na exploração do discurso do ódio e em uma nova direita que nascia.
2.    A enorme inclusão social ocorrida na última década, cujos conflitos foram amenizados pela fase de bonança econômica e explodem com o fim da bonança mundial dos commodities e com os erros políticos e econômicos cometidos por Dilma em 2014 e 2015.
3.    O desmonte da base de apoio do período Lula, somado à corrosão na popularidade da presidente, abrem uma vulnerabilidade inédita no Executivo.
4.    Antes disso, a cobertura intensiva do julgamento do “mensalão”, visando obscurecer a CPMI de Cachoeira, testando pela primeira vez a massificação das denúncias de corrupção de forma continuada. A campanha do “mensalão” ajudou a fixar na classe média a ideia de que a corrupção estava no PT e a solução, no seu extermínio.
Criou-se o clima adequado para os grandes movimentos de manada.
A ira difusa em relação ao desconforto atual, ao sistema político, à lentidão do Judiciário, tudo isto é canalizado contra o governo. E a Lava Jato bateu na imensa mina de corrupção montada em torno da Petrobras e amplificou os ecos não esquecidos do mensalão.
A disfuncionalidade política, de governo e oposição, a desconfiança em relação ao Judiciário (especialmente após a frustração das Operações Satiagraha e Castelo de Areia) ampliaram os movimentos de ação direta, nas ruas.
Terceiro conjunto: a orquestração política
Desse conjunto de fatores germinaram as ações radicalizantes que passamos a analisar a seguir.
Na análise sobre os personagens envolvidos, haverá certa dificuldade em identificar as movimentações.
Para facilitar o raciocínio, vamos dividi-los em três grupos principais:
1.     Aqueles cujo fator mobilizante é a indignação pura e simples. Entram aí movimentos de rua.
2.    O grupo motivado pela disputa corporativa por espaço político. Inserem-se aí procuradores, delegados, juízes de primeira instância, técnicos do TCU (Tribunal de Contas da União)
3.    E há o terceiro grupo, o dos conspiradores efetivos, manobrando as circunstâncias do momento.
Para nossa análise, interessa identificar esse terceiro grupo.
Os pontos que chamam a atenção, por induzir a uma ação concertada são os seguintes, tendo como instrumento de guerra a parceria mídia-Lava Jato:
1.    A estratégia jurídica
A perfeita coordenação entre as estratégias de Gilmar Mendes e Dias Toffoli no TSE e Sérgio Moro na Lava Jato – de encontrar indícios para criminalizar o caixa 1 da campanha de Dilma.
A concatenação entre a Lava Jato e a Zelotes é outro indício de atuação coordenada.
Além disso, a maneira como um juiz de Primeira Instância, no Paraná, conseguiu deflagrar a mais abrangente operação criminal brasileira cujo único elo com sua jurisdição era um doleiro que já tivera os benefícios da delação premiada e voltara a prevaricar.
2.    A estratégia política.
A concatenação entre o fluxo de vazamentos da Lava Jato e as estratégias pró-impeachment da oposição.
A blindagem aos nomes de oposição que surgem nas delações premiadas.
Em momentos mais críticos, a Lava Jato providencia um fluxo maior de factoides destinados a estimular a opinião pública.
3.    A estratégia econômica.
Um viés totalmente internacionalizante, no âmbito do Congresso - toda vez que o governo entra em sinuca, a saída apresentada consiste na flexibilização da Lei do Petróleo e das políticas sociais – e no âmbito da própria Lava Jato e do Ministério Público Federal através dos acordos de cooperação internacional. Parece haver um trabalho articulado para atingir setores de interesse direto dos Estados Unidos: Petrobras com a lei do petróleo, empreiteiras brasileiras (que se tornaram competitivas internacionalmente) e setor eletronuclear.
Na visita do PGR a Washington, por exemplo, levou informações contra a Petrobras e trouxe informações de escândalos na Eletronuclear. Há um ataque sem quartel a todas as políticas visando fortalecer a economia interna, da mesma maneira que na Operação Mãos Limpas.
A ideologia do jogo – expresso não apenas na oposição, na Lava Jato e na própria Procuradoria Geral da República, através da chamada cooperação internacional – é a do internacionalismo. A corrupção é decorrência de uma economia fechada. O mercado liberta, o Estado corrompe.
A não ser os grupos ligados a direitos humanos, o grosso dos procuradores provavelmente esposa essa visão reducionista de mercado.
Os personagens do jogo
Os personagens do jogo serão analisados com base nas informações que tenho sobre eles e nas impressões deixadas pela forma como estão jogando.
Há alguns pontos centrais de articulação – como o Instituto Milenium, que continua cumprindo à altura seu papel de sucessor do velho IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática). Fora ele, não há sinais de locais mais expressivos de articulação.
Entendidos esses aspectos do jogo, vamos aos jogadores.
Congresso
Há um conjunto de personagens secundários que ganharam visibilidade por ecoar a intolerância. Políticos como Carlos Sampaio, Mendonça Neto, Agripino Maia, Aloisio Nunes, Ronaldo Caiado, Roberto Freire, vociferantes, mas personagens menores que apenas atendem à demanda da mídia por catarse. De certo modo, comportam-se como as claques de programas de auditório. Os profissionais se preservam.
São quatro os personagens a serem analisados.
O primeiro deles é Aécio Neves, o candidato do PSDB nas últimas eleições presidenciais. Tem importância apenas pelo recall das últimas eleições.
É politicamente inexpressivo, incapaz sequer de articular de forma consistente interesses mais complexos.
É candidato a um indiciamento próximo por duas razões: em algum momento o MPF terá que mostrar isenção e a cada dia se avolumam mais evidências contra ele. A segunda razão é que ele se tornou uma liderança disfuncional, incapaz de articular um corpo mínimo de ideias e estratégias.
O grupo profissional tem três elementos: Michel Temer, Renan Calheiros e José Serra.
No curto espaço de tempo em que se tornou protagonista político, Temer não demonstrou maior envergadura política. Encampou a tal agenda liberal, surgiu no horizonte político e desapareceu como um cometa fugaz.
Renan é político com uma concepção muito mais sólida de poder. Fareja como ninguém os centros de poder e sabe agir com rigor e objetividade. Provavelmente sua aproximação com a agenda liberal e com as mudanças na lei do petróleo se prendam a essa percepção mais apurada sobre poder. Sob ameaça da Lava Jato, como estratégia de sobrevivência tratou de se aproximar do foco mais influente do poder.
José Serra é o grande articulador. É o político que transita pelos grandes grupos internacionais – lembrem-se do Wikileaks com ele prometendo à lobista da indústria petrolífera flexibilizar a lei do petróleo assim que eleito. Transita também pela mídia e pelo submundo do Judiciário – Polícia Federal e procuradores, com os quais montou uma verdadeira indústria de dossiês. 
Foi curioso o açodamento de Serra e de Eduardo  Cunha assim que se comprovou o desmanche da base de apoio de Dilma: ambos saíram correndo para ver quem teria a primazia de primeiro apresentar o projeto para flexibilizar a lei do petróleo, comprovando que são dois dos maiores operadores políticos do Congresso
Justiça
Os dois personagens centrais dessa articulação são Gilmar Mendes no STF (Supremo Tribunal Federal) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e Sérgio Moro na Lava Jato. São os grandes estrategistas que provavelmente estreitaram relações entre si durante o julgamento do “mensalão”.
Suas estratégias se completam, assim como o recurso recorrente à mídia, Gilmar em episódios ostensivamente manipulados, como o grampo sem áudio, o grampo no Supremo ou o encontro com Lula, factoides que explodiam e desapareciam como fogo fátuo; Moro de forma profissional, abastecendo a mídia com jorros ininterruptos de notícias e factoides.
As ligações históricas de Gilmar com José Serra, o trabalho de cooptação de Dias Toffoli, seu trabalho pertinaz no STF e TSE, o colocam como personagem central da conspiração. O que, convenhamos, não chega a ser nenhuma novidade.
A Força Tarefa da Lava Jato, Moro, os procuradores e delegados, são o epicentro operacional dessas articulações. Mas não conseguiram disfarçar a posição ostensivamente partidária. Já viraram o fio há algum tempo.
Já o problema do MPF é muito mais o de perda de controle sobre os jovens procuradores, devido ao fato do Procurador Geral Rodrigo Janot responder à sua base, e não à presidência da República, como determina a Constituição.
Há três fatores que afetam a imagem do MPF como um todo.
Um deles, as entrevistas políticas do procurador falastrão, Carlos Fernando dos Santos Lima. O segundo, a excessiva politização do MPF do Distrito Federal. O terceiro, o exibicionismo de jovens procuradores, tentando de todas as formas se habilitar aos holofotes da mídia através de representações estapafúrdias.
Mesmo a maneira como se insere na cooperação internacional – na qual é patente o alinhamento com interesses dos Estados Unidos – parece muito mais falta de reflexão interna sobre os aspectos geopolíticos da cooperação, do que qualquer postura conspiratória.
Quanto a Janot, em que pese a blindagem de Aécio Neves, é uma figura pública respeitável, preso a esses dilemas entre garantir a legalidade e, ao mesmo tempo, não remar contra o sentimento de onipotência que acometeu a categoria, após a Lava Jato. Vai acabar se queimando pela incapacidade de disciplinar o exibicionismo de procuradores e de blindar Aécio Neves.
Mídia
Aí se concentra o poder maior, que está na Globo. Veja, Folha e Estadão são  apenas agentes auxiliares, que fornecem as pautas para o Jornal Nacional.
Por Luis Nassif, via Jornal GGN