por Mauricio Dias, em Carta Capital
Não haverá terceira via como opção concreta de vitória na eleição presidencial de 2010. A disputa terá um caráter plebiscitário, como quer o PT e como não quer o PSDB, os únicos dois partidos com chances reais de vitória.
Há poucos dias, por exemplo, Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, em almoço com empresários paulistas, tomou posição clara sobre a questão. O discurso preparado, lido – uma surpresa no hábito improvisador do mineiro que prefere a superficialidade da frase de efeito puramente político – tocou com firmeza nesse ponto. Desponta um novo Aécio. No mínimo mais candidato do que antes, alertou:
“Precisamos resistir à principal armadilha que começa a ser apresentada à sociedade, a de que a próxima eleição será plebiscitária. Não estaremos dizendo sim ou não ao governo do presidente Lnte Lula. Estaremos escolhendo o nosso futuro. Um futuro que virá, para alguns, apesar do presidente Lula e, para outros, por causa do presidente Lula.”
Aécio quer tirar Lula da disputa. Lula não vai sair. O presidente trabalha o viés plebiscitário da eleição. Em diversas reuniões políticas, acentua o “nós contra eles” ou, como disse em certa reunião com o aliado PSB, “a nossa turma contra a turma do Fernando Henrique”.
Plebiscito é um instrumento da democracia participativa através do voto. Toda eleição tem caráter plebiscitário. Raramente, porém, é o sim contra o não. E essa é a diferença da competição do ano que vem.
“Uma boa administração é um fator plebiscitário. O eleitor tem a perder e não quer perder”, define o estatístico Erich Ulrich, diretor da UP Pesquisa e Marketing, ex-diretor da área de estatística do Ibope.
“A eleição de 2010 será plebiscitária. Haverá a presença de um presidente com uma aprovação em torno de 70% e líder do maior partido de esquerda”, afirma.
Ulrich, que cultiva a dúvida como método de análise eleitoral, evita afirmar se Lula fará ou não o sucessor. Mas não vacila quando diz que “estará na disputa o programa de Lula.”
Esse é o sim contra o não. O voto simbólico que tem embutido o “nós contra eles”. A turma de Lula contra a turma de FHC, como pontua o próprio presidente da República.
A última eleição claramente plebiscitária ocorrida no Brasil completará 60 anos em 2010.
Nota do Aguinaldo: A questão nem é exatamente plebiscitária.
O que está em jogo é uma discussão política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário