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Marildo Menegat é doutor em Filosofia pela UFRJ. Em entrevista publicada na página IHU On-Line em 29/05/2019, ele falou sobre inteligência artificial.
Mais especificamente, sobre aquilo que seria uma espécie de emburrecimento da condição humana devido ao uso que vem sendo dado a essa ferramenta.
Por exemplo, nossos contatos cada vez mais frequentes com atendentes virtuais. Como observa Menegat, esses robôs já se comunicam perfeitamente conosco. Mas:
...não lhes pergunte se o tempo está bom, ou se andam estressados com tanto trabalho. Eles delimitam a conversação na resolução de uma mediação na qual você mesmo se torna a representação de uma coisa, no caso, o dinheiro-consumidor.
Trata-se, afirma o entrevistado, da:
...redução da linguagem a este momento empobrecedor da vida social. Uma troca entre coisas. Na contraparte a este contato, cada vez mais frequente as pessoas vão desaprendendo a riqueza e a inteligência presente no uso cotidiano da linguagem.
Para ele, haveria dois momentos nessa mediação. “Na primeira parte da mediação, a máquina nos roga para deixarmos de lado o especificamente humano e nos concentrarmos na nossa representação de consumidor (dinheiro); na segunda, nos convencemos que o horizonte rebaixado do dinheiro é o zênite do pensamento humano”.
Sendo que:
O atual domínio da técnica confina não apenas a linguagem, mas a imaginação e as capacidades sociais a um estreito cubículo, uma espécie de domesticação que em muito se assemelha ao método que os grandes frigoríficos utilizam para criar animais para o abate.
É assim que a Inteligência Artificial demonstra funcionar à imagem e semelhança da estupidez da sociedade que a vem criando.
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