Análise de Paulo Nogueira Batista, diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) representando o Brasil e mais oito países, em entrevista ao site Viomundo
A situação do Brasil é relativamente melhor. As regiões mais vulneráveis são a área do euro, a União Europeia, depois o resto da Europa, em seguida a África do norte e o Oriente Médio, com as suas próprias crises políticas e as ligações econômicas com a Europa. Outra área vulnerável é o sistema financeiro americano, ninguém sabe em que medida, já que esses dados [da inter-relação entre os bancos] são complexos e pouco transparentes. O resto do mundo sofre por duas vias. Pela via comercial, porque a Europa ainda tem um peso grande, embora declinante. E pelo lado financeiro, porque a Europa tem um peso financeiro importante no mundo.
O Brasil tem trunfos. Por exemplo: reservas internacionais altas, cambo flexível, reservas compulsórias altas no sistema bancário. O Banco Central pode, além disso, continuar atenuando as medidas macroprudenciais adotadas em outro momento. A taxa de juro básica é elevada — caso haja um choque recessivo externo, ela pode ser reduzida. O Brasil tem tido sucesso em manter uma política fiscal mais austera este ano, o que facilita a redução de juros e outras medidas na área de crédito. O Brasil não está imune à crise internacional, mas a minha impressão — sempre pode haver surpresas — é que a posição brasileira hoje é mais forte do que quando houve a crise do Lehman.
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