Um manifestante vestindo a' máscara em Madrid no 15 de Outubro. Fotografia: Action Press / Rex Features
Escritor discute sua criação que tornou-se como um emblema proeminente do ativismo moderno
De Wall Street a Atenas, nos movimentos "ocupem" em todo o mundo, manifestantes usando a máscara de Guy Fawkes - exatamente como criada por Alan Moore e David Lloyd em V de Vingança, clássica HQ de futuro distópico publicada nos anos 80.
Ainda que a HQ tenha tido grande repercussão e seja quase uma unanimidade como um dos grandes momentos dos quadrinhos contemporâneos, foi após o lançamento da adaptação para o cinema, uma produção que Joel Silver fez (muito mal) em 2006, que o personagem, ou melhor a máscara inspirada em Guy Fawkes se popularizou. Inicialmente a réplica de plástico foi produzida como souvenir pela Warner Bros para promover o filme e foram entregues em exibições. Nos últimos anos ativistas começaram a usar as máscaras em manifestações políticas. Seja para esconder sua identidade (caso do grupo Anonymous, que atua principalmente via internet). ou nas ruas, junto aos movimentos "Ocupar" deste ano - em Nova York, Moscou, Rio, Roma e em milhares de lugares - assim como nas repetidas ações contra o governo em Atenas e nos protestos realizados nos encontros e conferências do G20 e do G8.De Wall Street a Atenas, nos movimentos "ocupem" em todo o mundo, manifestantes usando a máscara de Guy Fawkes - exatamente como criada por Alan Moore e David Lloyd em V de Vingança, clássica HQ de futuro distópico publicada nos anos 80.
A máscara tem estado sempre presente. Julian Assange recentemente saiu vestindo uma , e na semana passada houve uma espécie de embalsamamento oficial da máscara, como um símbolo do sentimento popular, quando Shepard Fairey alterou o seu famoso "Esperança (imagem famosa na para a campanha presidencial de Barack Obama) para retratar um manifestante vestindo uma, como forma de q
Moore já havia se pronunciado que estava contente em ver o símbolo que ajudou a criar se espalhando pelo mundo, e com o propósito que tem. Mas o jornal The Guardian ligou para ele para saber mais do que ele pensa sobre a máscara hoje.
Moore é conhecido por ser um homem reservado, com cabelos grisalhos e uma barba knotty, que prefere viver sem uma conexão à Internet e que quando está envolvido em algum trabalho não assiste televisão por meses em sua casa, "em um ponto obscuro" de sua cidade natal, Northampton. Ele ainda não havia comentado devidamente sobre o fenômeno da máscara do Vingança.
Diferente de Frank Miller, Moore sempre tendeu notoriamente para as políticas de esquerda. Explicando o seu processo criativo, comenta: "Acho que quando estava escrevendo V de Vingança, lá nas profundezas do meu eu, posso ter pensado: não seria ótimo se estas ideias tivessem algum impacto? Então quando você vê essa vã fantasia entrar no mundo real... É uma coisa peculiar. Parece que um personagem que criei há 30 anos deu um jeito de escapar da ficção."
"Aquele sorriso é tão assustador", diz Moore. "Eu tentei usar a natureza enigmática do mesmo para efeito dramático. Poderíamos mostrar uma imagem do personagem de pé ali, em silêncio, com uma expressão que poderia ter sido agradável, alegre ou mais sinistros." Bem como a máscara, os manifestantes do "Ocupar Wall Street" assumiram como slogan "Somos os 99%", como referência a insatisfação com o 1% mais rico da população dos EUA ter controle tão vasto sobre o país. "E quando você tem um mar de máscaras V, eu suponho que faz os manifestantes parecem ser quase um único organismo - este "99%" que tanto ouvimos sobre isso em si é formidável eu posso ver porque os manifestantes.. têm levado a ele. "
Moore disse que começou a ver a máscara sendo utilizada em protestos de rua em 2008, pelo grupo Anonymous. Na época, achou que ela era interessante para os manifestantes protegerem sua identidade contra a Igreja da Cientologia, "já que eles são conhecidos por processar todo mundo".
Mas com a crescente popularidade da máscara, Moore percebeu que a máscara tem seu um apelo maior do que a proteção da identidade: "Ela transforma os protestos em performances. A máscara é dramática; ela cria uma sensação de romance e drama. Manifestações, marchas, são coisas que podem ser bem cansativas, exaustivas. Desanimadoras, até. Precisam acontecer, mas isso não quer dizer que são divertidas - e deveriam ser. (...) [Com as máscaras,] parece que esse pessoal está se divertindo. E a mensagem que passam com isso é muito forte."
Quanto ao fato da máscara ser um produto licenciado da Warner Bros. - a corporação dona da DC Comics e que retém os direitos sobre V de Vingança, e que segundo o Guardian vendem mais de 100 mil máscaras por ano -, Moore diz adorar a ironia. "É meio vergonhoso para uma corporação tirar lucro de protestos anti-corporativos. Não é uma coisa à qual eles gostariam de ser associados. Mas eles não são do tipo que negam dinheiro - vai contra o instinto deles. Vejo mais graça do que aborrecimento nisso."
Enquanto David Lloyd já participou de uma manifestação em Nova York para ver as máscaras que desenhou em uso, Moore diz que seria "meio estranho, não?" ele vestir uma máscara de V. Mas apoia os movimentos: "Provavelmente seria melhor as autoridades aceitarem esta nova situação, que é a história acontecendo. A história acontece em ondas. Geralmente é melhor pegar a onda, não tentar fazer ela voltar. Espero que os líderes mundiais percebam." afirma em tom otimista.
Informações: Guardian, BBC, Wikipedia e Omelete
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