"O Ministério da Mobilização do Serra
O fato de não ter aproveitado o governo de São Paulo para estudar a complexa gama de problemas da população, está cobrando seu preço de José Serra. Não há ideias novas sobre nada.
Dias atrás, inquirido sobre as enchentes e desastres naturais, anunciou a proposta de criação de uma Força Nacional de defesa civil que – penso eu, deve ter pensado ele – agiria como um corpo de bombeiros. Para quê, se já existe o corpo de bombeiros? Na ocasião, Serra demonstrou desconhecimento básico da concepção de defesa civil, que é um instrumento de coordenação dos setores envolvidos com atendimento à população.
Aqui, critiquei inúmeras vezes a oportunidade jogada fora por Serra, de não ter mobilizado o estado de São Paulo em torno de um projeto de desenvolvimento, de inovação das empresas.
Tinha-se de tudo no estado: grandes empresas, as melhores universidades, os melhores institutos de pesquisa, as melhores redes de atendimento empresarial, o apoio total da mídia, a melhor infra-estrutura urbana, as melhores cidades médias. Se juntasse todos esses atores, Serra poderia ter montado programas inesquecíveis de capacitação da indústria paulista, dos pequenos e médios empreendedores, poderia ter comandado acordos fundamentais, surfado nas novas ideias, feito uma revolução gerencial, mudado a estrutura de secretariado do governo. Enfim, aqui se teria o laboratório ideal para colocar em prática novas novos conceitos.
Só que, em todo seu governo, Serra não soube apresentar uma nova ideia sequer.
Quando estourou a crise global, poderia ter saído na frente de Lula, com medidas próprias do Estado, grandes concentrações de empresários e trabalhadores contra a crise, medidas fiscais etc. Levou cinco meses para receber representantes da indústria. Para tomar as primeiras medidas, foi quase um semestre. A indústria de máquinas e equipamentos registrava 40% de queda nas vendas, e a única coisa que o estado fazia era ampliar a substituição tributária. Para serem recebidos pelo governador, empresários praticamente ameaçaram uma mobilização na frente do Palácio, junto com CUT e Força Sindical.
Agora, ele anuncia um Ministério da Mobilização... É uma cabeça burocrática. Mobilização não demanda estruturas novas, ministérios novos. É um trabalho de coordenação do que já existe, onde o presidente (ou governador) tem o papel central de mobilizar.
Para Serra, mobilizar exige um Ministério novo. Para quê? Só se for para mobilizá-lo."
FONTE: publicado (18/04) no blog do jornalista Luis Nassif
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