quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dilma no Datena



Como simpatizante da candidatura de Dilma Rousseff, tento separar o agrado que me produziu a fortemente positiva entrevista dela ao programa do apresentador José Luiz Datena na tevê Bandeirantes no começo da noite de ontem do que devo esperar da imprensa em relação aos políticos.

Como torcedor, é óbvio que adorei a desenvoltura de Dilma, sua forma clara de se expressar e o destemor com que enfrentou todos os assuntos. Já o Datena, em nenhum momento escondeu a simpatia que tem por Lula e por seu governo, sem, no entanto, deixar de fazer questões duras à pré-candidata do PT à Presidência.
Dilma deu um show. Surpreendeu-me. Não se pode negar que é uma grande oradora e que não titubeou uma só vez ao ser questionada. E Datena a questionou. E como questionou. Fez perguntas delicadas, mas deixou a pré-candidata concluir suas idéias. Não fez papel de opositor, mas de entrevistador.
Foi mais duro ou mais suave com ela do que com Serra? Acho que foi muito mais duro, “pero sin perder la ternura”. Acho que foi mais justo com ela do que com Serra, no sentido de ter feito o que manda o jornalismo, ou seja, de ter questionado Dilma muito mais do que ao tucano.
É difícil resistir à tentação de simpatizar com Datena simplesmente porque gostei das levantadas de bola que deu para Dilma – e que deu igual para Serra quando o entrevistou não faz muito tempo, em uma entrevista na qual, pela primeira vez, o tucano se declarou candidato. Mas devo resistir, a fim de tentar manter a lucidez.
Sou um crítico de Datena mesmo que ele reitere sua amizade por Lula quantas vezes quiser. Simplesmente porque acho que ele “espetaculariza” questões muito sérias para serem tratadas com a ligeireza que trata em um programa que aborda assuntos de segurança pública.
Como entrevistador político, acho que Datena opina demais. Parece o Jô Soares ao pretender, muitas vezes, aparecer mais do que o entrevistado. Não quero o Datena levantando a bola para Dilma ou para Serra – quero jornalismo.
E o que julgo jornalismo político? Questionar, extrair informações de interesse do público, revelar ao eleitor o máximo sobre aquele candidato. Contudo,  jamais "fazendo papel de oposição" como prega a dona Judith. Jornalista tem que fazer papel de jornalista, apenas.
Por outro lado, Datena deu a Dilma oportunidade de desfazer várias calúnias que contra ela são assacadas. Às vezes, entrar de sola em questões assim é a melhor forma de ajudar um entrevistado. Mas será que isso é jornalismo?
Enfim, continuo insatisfeito com o jornalismo político inclusive do Datena, mas estou satisfeitíssimo com a performance da minha candidata. Superou minhas expectativas, ainda que em um ambiente amistoso em que animosidades pregressas não predispuseram nenhum dos lados.
Isto é só o que tenho a dizer sobre a entrevista de Dilma ao apresentador da Band. Possivelmente, deve ser um bom sinal. 
by: cidadania.com

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