Os mais altos dirigentes da administração Bush sabiam que a maioria dos presos de Guantánamo estavam inocentes, mas o governo norte-americano da época recusou-se a libertar os indivíduos por razões políticas. A revelação foi feita por um ex-assessor do então secretário de Estado, Colin Powell.
De acordo com Lawrence Wilkerson, citado pelo diário britânico The Times, o antigo vice-presidente, Dick Cheney, e o ex-secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, estavam conscientes de que a quase totalidade dos 742 supostos terroristas enviados, a partir de 2002, para o campo de concentração que os EUA mantêm em Cuba, haviam sido detidos sem qualquer evidência de relação com atos violentos.
«Falei ao secretário Powell dos detidos em Guantánamo. Fiquei sabendo que era da opinião que não só o vice-presidente Cheney e o secretário Rumsfeld, mas também o presidente Bush estava implicado em todo o processo de decisão relativo a Guantánamo», escreve Wilkerson numa declaração datada de 24 de Março deste ano.
No documento, anexo ao processo apresentado por Adel Hassan Hamad, um sudanês encarcerado em Guantánamo entre 2003 e 2007, que se queixa de tortura e maus-tratos perpetrados pelas autoridades norte-americanas, o assessor e ex-militar sublinha igualmente que «a maior parte [dos detidos em Guantánamo] não tinham sido presos pelas forças americanas», mas comprados pelos EUA a mercenários paquistaneses, afegãos e outros por valores entre os 3700 e os cinco mil dólares por cabeça.
«Os prisioneiros [alguns menores de idade e outros de idade já muito avançada] não eram acompanhados de nenhuma acusação» e «não havia meio de saber qual a razão da sua detenção inicial», acrescenta Wilkerson, que sustenta ainda que a Casa Branca não libertou os presos para que não fossem conhecidas as torturas, sevícias e humilhações praticadas, as quais sabiam que prejudicariam muito a administração republicana.
Para Wilkerson «[A Dick Cheney] não o preocupava que os detidos fossem inocentes» ou que «centenas de indivíduos inocentes tivessem de sofrer para se poder deter um punhado de destacados terroristas».
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