quarta-feira, 28 de abril de 2010

Olhando para o futuro, sem olhar para o presente



Do Estadão:

Na TV, Serra promete Ministério da Segurança
Presidenciável volta ao ‘Brasil Urgente’ de Datena, adota tom duro sobre questão da violência e usa expressões como ‘engaiolar’ e ‘bandido’

27 de abril de 2010 | 0h 00
por Julia Dualibi
Nove dias depois de ter proposto a formação de um ministério para o deficiente físico, o pré-candidato do PSDB, José Serra, afirmou ontem que, se eleito, irá criar outra pasta, a da Segurança Pública.
As declarações foram feitas ao programa de José Luiz Datena, da Band, durante o qual Serra adotou tom duro para falar sobre segurança. Usou expressões como “engaiolar” os “bandidos” e chamou de “pedófilo maldito” o estuprador de Luziânia, o pedreiro Ademar Jesus da Silva, encontrado morto no último dia 18. Também defendeu a revisão da lei de progressão penal.
“Se for presidente, vou criar o Ministério da Segurança Pública, concentrado só em tarefas da segurança”, declarou Serra, ressuscitando proposta da sua campanha presidencial de 2002, depois de afirmar que o governo tem de “peitar” o assunto.
Embora tenha evitado usar a palavra “promessa”, que, segundo ele, tem “caráter pejorativo”, disse que era um compromisso. A criação de cargos e ministérios é um dos pontos do governo federal mais criticados pelos tucanos. Confrontado com a questão, Serra disse: “O que eu quero é um Estado musculoso, enxuto e que trabalhe bem.”
O tucano afirmou que o governo federal tem que entrar “a todo vapor” na segurança “porque a situação no Brasil é gravíssima”. Disse “ficar revoltado” quando vê o assassino da atriz Daniella Perez, Guilherme de Pádua, “solto, dando entrevista”.
Serra falou, então, de outros casos. “Com esse pedófilo maldito, esse assassino, tinha uma lei no Brasil que mandava fazer exame criminológico. Essa lei foi revogada”, declarou ao defender a volta dos exames.
Questionado se o jornalista Pimenta Neves, condenado por matar a ex-namorada, Sandra Gomide, deveria estar preso, disse: “Acho que sim. Foi uma coisa premeditada, um crime covarde. Atirou por trás e ainda executou. E está solto? Aí é um problema de ele pagar pelo que fez e do exemplo que dá para o resto.”
O tucano disse ser a “favor” dos direitos humanos. “Lutei por isso e luto.” Mas completou: “Bandido tem que ser combatido, enfrentado com dureza. Não tem opção. Não precisa desrespeitar o ser humano, mas tem que engaiolar.”
Serra tem feito ofensiva midiática, com aparições em programas de rádio e televisão populares. A entrevista ao Datena ocorreu quatro dias após a ida da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, ao mesmo programa. No PT, a avaliação foi de que a ex-ministra não se saiu bem. Ontem, questionado sobre se o seu desempenho era melhor que o da adversária, Serra disse: “Tenho algum (traquejo). De fato.” O tucano disse ter sido convidado por Datena.
Nas entrevistas, Serra evita criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem aprovação recorde junto ao eleitorado. Indagado sobre o reajuste aos aposentados em negociação no Congresso, o tucano chegou dizer que confia na decisão do governo: “Apoiarei a posição do governo.” Datena disse que a declaração do tucano era “cômoda”. “Não é cômodo, não. Se sou candidato a presidente, vou estar com as coisas na mão no ano que vem. Confio no (ministro da Fazenda) Guido Mantega. O presidente Lula saberá decidir o melhor. De mim só ouvirá elogio.”
Sapo de fora. Serra comentou os “elogios” que o pré-candidato do PSB, Ciro Gomes, fez a sua candidatura na semana passada quando disse que o tucano é mais preparado que Dilma.
“Sapo de fora não chia”, afirmou. “Não vou dar palpite sobre isso. Claro que prefiro que o Ciro fale bem de mim do que o contrário”, completou. Serra e Ciro não mantêm relação cordial.
Questionado sobre as críticas do pré-candidato do PT, Aloizio Mercadante, a respeito da atuação do governo paulista nas enchentes, disse que responder ao petista é “um atraso de vida”. Foi então indagado se não dava importância ao pré-candidato: “Não muita, para dizer a verdade.”
Os elogios ficaram para a pré-candidata do PT ao Senado, Marta Suplicy. “A Marta dou importância. Eu a sucedi, fomos amigos pessoais.” Sobre Dilma, disse manter relações cordiais. “Sempre foi muito bem na conversa, na franqueza, em tudo, na relação a dois.”

27/04/2010 – 07h54
EUA pedem que cidadãos evitem viajar ao Guarujá devido à violência
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Reportagem Local
O órgão do governo dos EUA responsável pela segurança de seus cidadãos no exterior recomendou, em comunicado, que os norte-americanos “evitem viajar” para quatro das maiores cidades do litoral paulista –Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande– até que a onda de violência da última semana esteja encerrada.
O comunicado do Osac (Conselho Assessor de Segurança no Exterior), ligado ao Departamento da Defesa dos Estados Unidos, é baseado em informações coletadas pelo Consulado em São Paulo.
Em nota, a Prefeitura de Santos afirmou que “a vida na cidade transcorre dentro da normalidade”. A Secretaria da Segurança Pública de SP declarou que a situação nas cidades citadas “está sob controle”.
Além de ser veiculada no site do Osac, a nota é distribuída a todos os cadastrados no órgão, como agências de viagem.
A última vez em que o órgão fez um alerta semelhante sobre cidades paulistas foi em 2006, após a segunda onda de ataques do PCC, quando recomendou aos americanos evitar “viagens desnecessárias” para o Estado.
O novo comunicado se baseia em informações da polícia e em notícias de jornais sobre a série de mortes ocorridas na semana passada. Seis pessoas foram assassinadas em três dias no Guarujá –para efeito de comparação, a cidade teve 53 vítimas de homicídio em 2009, ou menos de cinco por mês.
Hipóteses
Entre as motivações para os crimes investigadas pela polícia, estão ações do PCC e disputa entre gangues locais.
Na primeira hipótese, a suspeita é de que a facção tenha se vingado após a morte de um membro e a prisão de outro, em confronto com a polícia.
Os mortos no Guarujá, a tiros de fuzil e pistola, incluem um policial, o parente de um PM e um mecânico que trabalhava para a Polícia Civil.
Foram mais de 20 assassinatos na região até sexta-feira, alguns com características semelhantes –como autor dos disparos em garupa de moto.
Para o coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, o comunicado do governo dos EUA “desmoraliza” o sistema de inteligência do país. “O que ocorreu foi um episódio, nada mais”, avalia.

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