terça-feira, 25 de outubro de 2011

NO CREPÚSCULO DA VIDA



- Tais Luso de Carvalho
Desde o começo do mundo as mulheres se queixam dos homens e vice-versa. Claro, deve haver muitos motivos, já que somos tão diferentes. As nossas atenções são direcionadas para polos diferentes. Mesmo assim, homens e mulheres sempre se procuram, querem estar juntos porque se completam. Pensei nisso enquanto lia a matéria da duquesa de Alba - 85 anos – e de seu casamento com um homem 25 anos mais jovem – 60 anos. O amor é lindo, faz milagres. Então tá. 

Mas lendo os jornais me pergunto: pra que tanto espanto se todos nós temos o mesmo pensamento quando vemos certas esquisitices? E por que a tal duquesa - dona de um patrimônio de 3,5 bilhões de euros (8,6 bilhões de reais) iria ficar tricotando e regando as flores? O que deveria fazer com esta grana toda? Que sonhe com o amor, se assim achar; se for bom pra ela, deveria ser bom pra nós - que nem conhecemos a pobrezinha. Só dá pra ver que não tem mais tanto tempo pela frente. Mas ela sabe dos seus motivos.

E como uma coisa puxa a outra, pensei em algumas pessoas públicas que têm muita dificuldade em aceitar o passar dos anos. Mas a diferença da duquesa para outras que conhecemos, e que casam com garotões, está no dote da querida octogenária. E com essa grana ela pode optar por qualquer coisa. Claro que muitas de nós, pobres sobreviventes, pensaríamos diferente. Aliás, nem sei o que eu pensaria com este dinheiro na minha conta. Teria medo de enfartar, ter um AVC...

Pois é, muitos sabem envelhecer; outros saem da casinha e não enxergam coisa alguma. Enquanto as mulheres fazem tudo para ficarem jovens para todo o sempre, os homens pensam que serão garanhões eternos. Assim a coisa fica meio difícil de manobrar. Mas diante da fortuna da duquesa, a beleza, a idade e outras diferenças nem contam. Então... Viva a duquesa! Que durma bem e acorde melhor ainda.

Toda essa riqueza mostrada pela mídia e o luxo do castelo não são suficientes para abrandar as ácidas críticas, pela grande diferença de idade. O que sobra para as plebeias? Mas pode ser que com o tempo essas críticas abrandem. E cada um faça o que achar melhor. E se alguém não achar, que importância terá? Coisas assim não impedirão nosso destino: de ir pro brejo, alegres ou tristes.

Pra nós, pobres plebeus, com dinheiro contado, sem títulos de nobreza, sem dote milionário só nos resta levar a vida numa boa e conformados com nosso dinheiro controlado, outro jeito não tem.

Se o nosso amanhecer for lindo e ensolarado, nosso crepúsculo poderá ser agradável, com nebulosidade, mas ainda com um pouco de frescor. Mas, como diz Fernando Pessoa, tudo vale a pena  quando a alma não é pequena!

porto das crônicas

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