Extra / O Globo
“Líder do DEM, o senador Demóstenes Torres (GO) reconhece que a oposição, que esteve no poder até 2002, não aprendeu a ir ao embate. E admite que o "marketing da faxina" feito pelo governo está dando certo, o que pode tornar a presidente Dilma Rousseff uma adversária mais "complicada" do que o ex-presidente Lula. Cotado para disputar a prefeitura de Goiânia, o senador diz que companheiros de oposição se acovardaram e batem cabeça por pura vaidade. Para Demóstenes, o DEM paga o preço de ser satélite do PSDB. E defende que a sigla tenha candidato a presidente em 2014....
O que está acontecendo com a oposição?
DEMÓSTENES TORRES: A oposição se acostumou a ser governo. E quis se parecer com o governo. Quis ter comportamento de partido governamental. No mensalão, em vez de buscar o impeachment do ex-presidente Lula, achou que era melhor que ele se esvaísse em sangue. Deu no que deu. Em muitas situações, simplesmente colaboramos com o governo e nos omitimos com esse avanço sistemático que o governo Lula fez em cima da máquina pública, que foi aparelhada. A oposição precisa retomar sua linha programática, porque nós temos eleitores. Tivemos 45 milhões de votos na eleição passada.
Os escândalos se sucedem e a oposição parece patinar...
DEMÓSTENES: No Congresso, a oposição tem batido cabeça por diversos motivos, entre eles a vaidade, especialmente entre os líderes, que, em determinados momentos, desejam mais o flash da imprensa do que produzir mesmo um resultado.
A oposição consegue tirar proveito dos escândalos?
DEMÓSTENES: Falta disposição para o trabalho, porque temos comissões que funcionam terças, quartas e quintas, e muitos não querem a rotina de trabalho. Falta preparo, porque muitos se recusam ao estudo necessário para o enfrentamento com o governo. Se houvesse disposição em sentar, distribuir tarefas e uniformizar linguagens, a despeito das divergências, conseguiríamos posição melhor. Quem tem se beneficiado é a presidente Dilma. Fazendo plenamente a faxina ou não, tomando cautelas ou não para evitar que a corrupção se alastre, combatendo ou não eficazmente, a imagem para a população é a de que ela age contra a corrupção.”
O marketing pegou?
DEMÓSTENES: Pegou e é irreversível. Só com muito trabalho vamos mostrar que, na verdade, a presidente tem poupado os que ela deseja no governo.
Quem a oposição prefere em 2014: Lula ou Dilma?
DEMÓSTENES: A oposição, como diria Aécio Neves, tem de encarar qualquer um. Agora, o presidente Lula, por sua característica tolerante em relação a desvios, conseguiu ter junto de si grande base de partidos, coisa que a presidente Dilma talvez não tenha por ser mais rigorosa. Por incrível que pareça, ela pode ser uma candidata mais complicada, porque pode ser que o eleitor já não queira o modelo Lula.
Dilma conquista parte do eleitorado que votou na oposição?
DEMÓSTENES: É evidente. Isso faz com que tenhamos de ter redobrada vigilância.
Que erros o DEM cometeu?
DEMÓSTENES: O DEM está pagando pelo fato de ser satélite o tempo todo. Nunca se dispôs a ter candidato a presidente da República, ser ator principal. Se comportou como partido acessório do PSDB. Ou isso muda ou o DEM vai continuar ladeira abaixo até o seu sumiço completo.
Para sobreviver o DEM precisa lançar candidato próprio à sucessão de 2014?
DEMÓSTENES: O DEM tem que ter o PSDB como parceiro principal, porque temos história conjunta de longa data. Mas defendo que o DEM tenha candidatos próprios. O DEM, que tem caráter inequivocamente conservador, precisa pôr seu bloco na rua para se firmar. Pesquisas internas demonstram claramente que o eleitorado brasileiro tem muito de conservador. Mas tem muito parlamentar que quer ser de oposição, sem perder os benefícios de ser governo.
Foi isso que levou parte dos filiados do DEM para o PSD?
DEMÓSTENES: Claro. O PSD nasceu como partido governista. Todos aqueles que saíram do DEM saíram com a expectativa de que o PSD será governista. Independentemente de sucesso ou malogro em 2012, o DEM tem a participação definida até 2014. Ali vai se decidir se o partido deve continuar existindo. O Brasil não pode prescindir de um partido liberal, conservador.
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