FOLHA TRANSFORMA A BOA EM MÁ NOTÍCIA
A manchete da Folha de sexta-feira era uma cilada. O título dizia: “Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais”. Parece uma má notícia, mas não é. Na verdade, morrem cada vez menos bebês no Brasil, inclusive os menorezinhos.
De 1990 a 2008, menos bebês de até 28 dias morreram: de 23 entre mil nascidos vivos para 13, uma redução de 36%. Só que a diminuição geral na mortalidade infantil foi mais acentuada (54%), o que elevou a proporção dos neonatais no total.
Não ter reduzido tanto a mortalidade dos mais novos é justificável, já que ela é mais difícil de ser combatida, segundo análise publicada no mesmo dia. “Quanto mais desenvolvido um país, maior o peso dos óbitos neonatais”, dizia o texto.
Os números da mortalidade infantil brasileira ainda estão longe do ideal, mas é preciso saber o que criticar. Um engenheiro de Londrina vendo a manchete lembrou-se de um livro de faculdade: “Como mentir com estatísticas”.
A Folha parece ter um dom oposto ao do rei Midas: os números em que toca viram más notícias.
Suzana Singer
Otávio II, O rei Midas ao contrário:
Tudo que toca vira mentira
esquerdopata
Não deve ser fácil ser ombudsman da Folha. Pelo menos pra quem se pretende decente e coerente, como supõe-se ser a filha de Paul Singer
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