sábado, 7 de agosto de 2010

Minha opinião sobre o debate

Acho que foi uma experiência importante para Dilma. Ela ficou nitidamente nervosa no início, mas isso é perfeitamente normal para alguém que enfrenta pela primeira vez uma situação. No segundo debate, creio que ela deverá se sair melhor e assim sucessivamente. 




O Serra também foi bem, tirando o final bem patético e falso, onde falou que sua filha lhe disse que ele sorriu pouco. Ora, e nós com isso? Seu esforço para chorar, sobretudo, pareceu-me um tanto forçado. Mas no geral ele se colocou razoavelmente bem e não apelou para baixaria. Seu problema é falta de conteúdo. O governo FHC, do qual fez parte, foi uma droga (com exceção do Plano Real) e ele mesmo procurou afastar qualquer comparação, falando em olhar para o futuro, o que não soou nada convincente. 

Em relação à Marina Silva, eu desenvolvi uma enorme implicância para com a moça. Acho uma chata, no pior sentido que se possa imaginar. Essa história de querer acabar com a dialética política no país e criar um grande consenso sobre tudo, me parece uma proposta irracional, apolítica e hipócrita. Mas não se pode negar que é uma mulher de muita classe, o que é importante para melhorar o nível da campanha. 

A presença do Plínio de Arruda Sampaio temperou o debate com pitadas de irreverência. Gostei dele, apesar de não concordar com quase nada do que ele disse. A idéia de limitar a propriedade de terra no Brasil em mil hectares é uma tremenda besteira, porque embute o preconceito da esquerda urbana contra o agronegócio, que se tornou um palavrão, quando é hoje um dos maiores geradores de empregos no país e o campeão de nossas exportações. O mito de que fazendas de soja "empregam pouco" já caiu, porque se poucos tratores são necessários para dar conta do recado, há que se contratar operários para produzir esses tratores, visto que o Brasil se tornou grande produtor, e mesmo exportador, de máquinas agrícolas. Também ignora-se que a soja brasileira está alimentando bilhões de seres humanos, direta ou indiretamente (via ração para animais), e me entristece ver a ignorância generalizada das pessoas em relação à importância disso. Há uma tendência muito egoísta a ignorar a função social de uma atividade só porque ela acontece no exterior, como se um chinês fosse menos importante que um brasileiro. Se a soja brasileira ajudou a melhorar a qualidade da alimentação em toda Ásia, eu acho isso uma maravilhosa contribuição à humanidade. 

Plínio também vacilou ao insistir na choradeira. Tudo bem reclamar um pouco, mas gastar boa parte do seu tempo em lamúrias me pareceu contraditório. O PSOL já tem pouco tempo de TV; se for usar esse pouco tempo reclamando da falta de pouco tempo, então terá zero tempo.

Voltando à Dilma, a gente nota que a "dama de ferro" não é tão de ferro assim. Dilma é um ser humano com várias fragilidades e provavelmente seu jeito rígido e severo é uma defesa. Mas apenas a experiência ensina. 

Serra ganhou pontos com o lance das Apaes, porque ficou no ar sua grave acusação de que o governo persegue as entidades. O vacilo talvez seja mais da assessoria de Dilma, que não teve argúcia suficiente para detectar, na visita recente que Serra fez à Apae, a necessidade de mais informação sobre o tema. 

De resto, vale notar que a audiência do debate promovido pela Band foi pequena, apenas 4 pontos no Ibope, contra 28 pontos para a Globo, que exibiu o jogo Internacional X São Paulo.

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