domingo, 1 de agosto de 2010

A MÍDIA INFORMA OU MANIPULA ?

Colaborou o "remador" Rui Alves Grilo, de Ubatuba 

Para melhor entender um texto precisamos sempre fazer as seguintes perguntas: qual é a intenção? Qual é o ponto de vista? (olha a situação do ponto de vista de quem está por cima ou de quem está por baixo, da classe dominante  ou da classe dominada? Quem é o autor? Tem credibilidade?

Vamos fazer um exercício para verificar como alguns órgãos de imprensa agem no sentido de manipular as informações e influir nos resultados das eleições.

Em 30/07/10,  a Folha de São Paulo publicou a seguinte manchete: “Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais”. A Folha não mentiu mas a forma como apresentou a manchete leva o leitor a pensar  que a situação piorou  devido ao uso da palavra “sobe”.  No entanto, quando se lê a notícia na íntegra,  o que se percebe é que houve um fato muito positivo, ou seja, em 20 anos houve a redução em 60% da mortalidade infantil, ultrapassando as metas estabelecidas pelo Brasil no seu compromisso com os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODM. O resultado foi tão expressivo que a ONU escolheu o Brasil para apresentar e promover mobilização a nível mundial do resto do planeta em torno dos DM.

Então, o que aconteceu?

Embora a mortalidade infantil tenha reduzido devido às políticas de vacinação e saneamento, a porcentagem de neonatais (bebês até 28 dias) aumentou de 49% para 68%, uma elevação de 39%, o que significa que menos crianças morrem e, entre as que morrem, houve uma maior redução entre as crianças com mais de 28 dias e menor redução entre aquelas com menos de 28 dias.

Essa relação entre números absolutos e proporcionais não é fácil de explicar nem de entender até para quem tem nível superior de educação e requer atenção e reflexão; então, se os últimos resultados do IDEB apontam para um baixo desempenho de leitura e compreensão, provavelmente o leitor comum fixará  apenas a mensagem da manchete desvinculada do resto do contexto.

Qual seria a intenção?

Provavelmente é mostrar o governo Lula sob uma ótica mais negativa, num momento em que ele coloca toda a sua popularidade e bom desempenho para eleger a sua sucessora. É a mesma tática que a Globo usou ao editar o debate entre Collor e Lula, dando ênfase aos momentos em que Lula teve pior desempenho e Collor melhor desempenho.

Assim, na mesma edição, o editorial destaca  uma melhoria no desempenho de São Paulo (governo tucano) na questão da segurança, que é um dos pontos mais criticados pela população.

Também, na mesma edição, o colunista  Fernando de Barros e Silva sai em defesa dos tucanos e contra Aloizio Mercadante no que se refere à questão da educação, que  é um outro ponto bastante questionado pela população.

De que lado a Folha está ?

Todos sabem as vinculações da Folha com a ditadura militar, a qual recentemente chamou de “ditabranda” provocando uma série de protestos e um abalo bem grande na sua  credibilidade.  

O lingüista Noam Chomsky, pesquisador do MIT – Instituto de Tecnologia de  Massachusetts, um dos mais importantes centros de pesquisa do mundo, afirma que “A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental.”  Com isso, espera-se sugestionar e provocar uma resposta ou reação  desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.

Rui Grilo – ragrilo@terra.com.br

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