terça-feira, 8 de junho de 2010

O que pensam os jornalistas


A esmagadora maioria dos jornalistas brasileiros - 89,5% - acha que existe autocensura nas empresas jornalísticas. Os profissionais também definem o profissional brasileiro como sensacionalista (73,6%) e número quase igual (74,1%) acredita que o jornalismo exercido no país é superficial.

Os números nada lisonjeiros fazem parte da pesquisa "Jornalistas Brasileiros no Século 21, visões sobre a profissão", que a jornalista e professora de Jornalismo da California State University de Long Beach, Heloiza Golbspan Herscovitz, concluiu. No seu trabalho, ela ouviu 624 profissionais de todo o país, no ano passado.
Segundo o levantamento, apenas 9,4% dos jornalistas concordou muito que o jornalismo feito no país segue as normas éticas e 55,7% concordou um pouco com essa afirmação. Em suma, dois terços concordam com a afirmação e aproximadamente um terço discorda.
Outros dados interessantes: 45,8% dos jornalistas se definem como sendo de esquerda (resultado semelhante à pesquisa feita por Heloiza em 1998 com jornalistas de São Paulo) e 36,1% se definem como sendo de centro-esquerda, mas poucos se identificam com algum partido político, ao contrário do que foi respondido em 1998. Em 2009, 90,4% declararam não apoiar nenhum partido político; só 6,1% apoiam o PT; e 3,5 % apoiam o PSDB. A maioria não pertence a organizações profissionais (80,5%) e 38% são filiados à Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais.
Heloiza observa que, "como em pesquisas anteriores e em sintonia com jornalistas de outros países", os entrevistados acreditam que o papel da mídia é o de investigar e interpretar os fatos , principalmente os que se referem às ações do governo (79%) e aos grandes problemas nacionais (72,2%). A discussão de temas políticos aparece em terceiro lugar, como indicaram 63,4% da amostra; a discussão de grandes problemas internacionais aparece em quarto lugar (54,8%); e a necessidade de motivar os cidadãos a discutirem temas de interesse público aparece em quinto lugar (51,4%).
O estudo será publicado este ano no livro "The Global Journalist", editado pelo pesquisador David Weaver e o conteúdo da pesquisa também será apresentado em julho na conferência da Association for Media and Communication Research - IAMCR – em Braga, Portugal (http://iamcr.org/congress/braga-2010).

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