quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Lembranças de Hugo Chavez: a Venezuela chegou!
Essa cena provoca calafrios na direita; já os empresários brasileiros faturam muito na Venezuela
Lembro bem do dia em que a Venezuela pediu para ingressar como membro-pleno no Mercosul. Foi em dezembro de 2005, numa reunião do bloco em Montevidéu. Faz tanto tempo que eu ainda estava na TV Globo. Cobri o encontro para o Jornal Nacional.
Lembro que cheguei dois dias antes ao Uruguai, justamente para acompanhar os movimentos de Chavez. Ele hospedou-se num hotel bem no centro de Montevidéu, e com uma comitiva imensa partiu para o municipio de Bolivar (departamento de Canellones), a uns 100 quilometros da capital uruguaia. Lá fomos eu e o cinegrafista Douglas Pina atrás dele.
Chavez foi recebido em Bolivar por uns uruguaios vestidos com aquels roupas típicas de gaúchos... Ao lado de do presidente uruguaio, Tabaré Vasquez, ele caminhou pelas ruas empoeiradas. Foi uma luta pra chegar perto de Chavez. Mas lembro que depois de levar umas cotoveladas dos seguranças consegui até fazer umas perguntas ali, no meio do povo. Depois, o venezuelano passou horas discursando numa pequena escola. Douglas e eu nem acompanhamos o discurso. Precisávamos voltar correndo a Montevidéu, pra gerar o material.
Só no dia seguinte é que Chavez participaria do encontro oficial. Com a presença de Lula.
Lembro, também, da coletiva tumultuada que Lula deu à imprensa brasileira em Montevidéu. Perguntei a ele sobre entrevista que acabara de sair na "CartaCapital": o presidente havia dito, à revista, que parte da imprensa brasileira se comportava de maneira estranha, e chegou a falar em "golpismo".
Tudo isso foi parar no "JN".
Na época, considerei uma pequena vitória pessoal que a fala de Lula - com críticas à imprensa - fosse parar no telejornal da Globo. Vaidade besta.
O fato mais importante do dia, obviamente, era outro: a aproximação definitiva do Mercosul com a Venezuela de Chavez.
Pois bem: só agora, quatro anos depois é que a entrada da Venezuela foi ratificada pelo Congresso brasileiro.
Como as coisas caminham devagar por aqui...
Mas, paciência. Trata-se de uma vitória importante para a unidade da América do Sul. Agora, só falta o Paraguai aprovar também a entrada da Venezuela. O próximo passo será trazer a Bolívia - que por enquanto é só membro-associado do Mercosul.
Acomanhem mais detalhes, na matéria do portal "Vermelho" - http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=121402&id_secao=1.
"O Plenário do Senado aprovou na noite desta terça-feira, por 35 votos a 27, o projeto de decreto legislativo (PDS 430/09) que referenda o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. O texto agora vai a promulgação. Com isso, fica faltando apenas a anuência do parlamento do Paraguai para que o país efetivamente passe a integrar o bloco, pois Argentina e Uruguai também já deram sua aprovação.
O projeto já havia sido aprovado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) no final de outubro, após a realização de uma série de audiências públicas com embaixadores e membros do Ministério das Relações Exteriores. O voto em separado do senador Romero Jucá (PMDB-RR), favorável à adesão, venceu o do relator, Tasso Jereissati (PSDB-CE), contrário à entrada da Venezuela no mercado comum.
A oposição de direita, liderada pelo PSDB e DEM e com auxílio de direitistas do PMDB, como o presidente da Casa, José Sarney, tentaram a todo custo inviabilizar a adesão da Venezuela no bloco. Por trás de argumentos supostamente "técnicos e legais" escondia-se na ação dos oposicionistas uma mera antipatia ideológica pelo governo venezuelano, que adota uma linha declaradamente de esquerda, com viés socialista.
Durante todo o processo de votação, a maioria da base aliada ouviu calada os intermináveis discursos da oposição contra o governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, mas, na hora do voto, exerceu o poder de maioria e aprovou, por 35 votos favoráveis a 27 contra, o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul.
Argumentos a favor
Em defesa da proposta, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que o presidente Chávez "vai morrer um dia" e que o acordo em questão "é com a Venezuela". "Esse mesmo discurso (ideológico) devia ser feito para a China e ninguém fala nada", disse.
A argumentação do governo a favor do ingresso do país vizinho teve em Aloizio Mercadante (PT-SP) sua principal voz, defendendo que essa decisão se justifica enquanto um projeto de integração regional.
"Isolamento político não resolve os problemas entre as nações", destacou o senador petista, acrescentando que a América Latina é "uma região que muito mais do que a Europa precisa se integrar".
Mercadante também destacou a vantagem comercial que significaria a incorporação da Venezuela, descrevendo o país como "sétimo parceiro comercial do Brasil", responsável pelo "maior superávit que temos com o resto do mundo".
Também a favor da incorporação de Caracas, Pedro Simon (PMDB-RS) classificou a sessão do Senado como "histórica", já que seria parte do "nascimento" do Mercosul e seria referência para os livros de história quando o bloco for "um órgão de integração real".
Processo arrastado
A votação do protocolo já se arrastava por três anos e meio no parlamento brasileiro. As discussões do projeto colocaram o presidente Venezuela em rota de colisão com os parlamentares da oposição. Em 2007, Chávez chegou a dizer, em viagem a Manaus, que o Congresso brasileiro repetia "como papagaio o que dizem em Washington". Era uma resposta à moção aprovada no Senado que pedia a reabertura da RCTV, emissora privada que não teve a renovação autorizada pelo presidente venezuelano.
"A importância da Venezuela não é só econômica. É fundamental para a integração da América do Sul. Com o ingresso da Venezuela, estamos alargando o processo de integração, transparência e equilíbrio, até como garantia dos direitos individuais e da própria democracia na região", comemorou Jucá.
Números informados pelo senador afirmam que as exportações brasileiras para a Venezuela passaram de US$ 608 milhões para US$ 5,15 bilhões entre 2003 e 2008 - crescimento de 758% em cinco anos. Hoje, o Brasil tem com a Venezuela seu maior saldo comercial: US$ 4,6 bilhões dólares, valor 2,5 vezes superior ao obtido com os Estados Unidos, de US$ 1,8 bilhão.
De acordo com levantamento do Itamaraty, com a adesão da Venezuela o Mercosul passa a constituir um bloco com mais de 250 milhões de habitantes e PIB total superior a US$ 1 trilhão - o que representa cerca de 76% do PIB de toda a América do Sul.
Para participar do bloco, a Venezuela ainda precisa do aval do parlamento do Paraguai, que deixou as discussões para 2010, quando o Brasil estiver dado o assunto por encerrado. Argentina e Uruguai já aprovaram o protocolo.
do blog O escrevinhador
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