quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Índia pode, Irã não pode....
Do lado esquerdo, o míssil disparado pela Índia, no domingo, o Dhanush, com capacidade de carregar ogivas nucleares de até 500 quilos. A Índia e o Paquistão, que vivem em conflitos, são vizinhos do Irã e ambos possuem bombas atômicas. A comunidade internacional, porém, não deu um pio, porque ambos são aliados dos Estados Unidos.
Do lado direito, o míssil iraniano Sejil-2, de médio alcance, cujo teste foi mostrado pela TV do Irã e despertou nova onda de ameaças de retaliação ao país.
Missil indiano é “bonzinho”; míssil do Irã é “malvado”?
O argumento de que o alcance do míssil iraniano é maior não tem sustentação. O míssil indiano cobre todas as possibilidades de um disparo contra o Paquistão, que é o país que os indianos entendem como ameaça militar. O do Irã – esse é o maior motivo das críticas – teria condições de chegar a Israel.
E o Irã tem que se preocupar com ameaças bélicas de Israel? Transcrevo o que foi publicado pelo G1, em junho do ano ano passado, com base no The New York Times:
“O exército de Israel realizou manobras militares no início deste mês simulando um teste para um possível ataque a instalações nucleares iranianas, de acordo com funcionários americanos citados nesta sexta-feira pela imprensa dos Estados Unidos.Mais de 100 aviões de combate F-16 e F-15 israelenses participaram de manobras ao longo do leste do Mediterrâneo e na Grécia durante a primeira semana de junho, para preparar ataques à distância, demonstrando a “preocupação de Israel em responder às ambições nucleares do Irã”, anunciou o New York Times.(…)
“Se o Irã prosseguir o seu programa de armas nucleares, estão atacaremos” disse Mofaz (vice-premier de Istrael) ao jornal Yediot Aharonot.
É urgente que o mundo desenvolvido – e dono de armamento nuclear, diga-se de passagem – entenda que não pode continuar a agir de forma em que um lado pode se armar, outro não. O resultado disso, como se está vendo, são cada vez mais armas. E construir armas é muito, muito mais fácil do que, depois de tê-las, destruí-las.
Justiça e equilíbrio são ingredientes essenciais de um processo de paz. Sem eles, infelizmente, continuaremos a ver subir foguetes da morte cada vez maiores, por toda parte do mundo. Alguma hora teremos de parar de ficar discutindo quem começou com isso e criar regras que valham para todos, da Índia ao Paquistão, do Irã a Israel. Mas que valham também para os EUA, não é?
Brizola Neto
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